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  • 29/05/2025
O cirurgião Alexandre Nogueira explica que a cirurgia bariátrica não apenas melhora a qualidade de vida, como também aumenta a sobrevida dos pacientes. Estudos mostram que ela contribui para o melhor controle de doenças como diabetes, hipertensão e apneia do sono - todas com potencial de mortalidade. Além disso, promove melhora da autoestima. “A cirurgia é um tratamento seguro e eficaz, que oferece melhor qualidade de vida e maior longevidade ao paciente obeso”, afirmou o especialista.

Reportagem: Dilson Pimentel
Imagens: GRAVAÇÃO NO ESTÚDIO

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Transcrição
00:00Você falou há pouco sobre a obesidade e suas doenças.
00:03Por que é tão importante a gente falar sobre a obesidade e suas doenças?
00:07Porque a obesidade não se trata só do ganho de peso.
00:11É claro, é importante, mas não é uma questão estética, é uma questão de saúde.
00:16Porque quando o paciente é obeso, certamente ele tem mais chance de desenvolver doenças
00:21que correm junto, que andam junto com a obesidade.
00:24Diabetes, apnea do sono, hipertensão arterial.
00:28Eles têm mais chance de desenvolver derrames, são AVCs, problemas cardiorrespiratórios,
00:34osteoarticulares, isso traz algumas limitações para o doente.
00:38Então, quando se fala em obesidade, no tratamento da obesidade,
00:41você acaba secundariamente tratando todas essas doenças também,
00:44que são de relevância e de importância.
00:47Porque são doenças que, ao decorrer da evolução natural, elas podem matar o indivíduo.
00:53Com base na sua experiência, aqui no Pará, qual é o cenário em relação à obesidade?
00:58Ele é preocupante?
00:59Os números têm aumentado?
01:01Quem só pode nos falar sobre isso?
01:03Na verdade, a obesidade é uma doença mundial, de números alarmantes.
01:08E o Pará não foge a esses números.
01:10Nós temos hoje no Pará 30% a 35% de pacientes obesos.
01:15Certamente, nem 2% deles, desses pacientes elegíveis a tratamento cirúrgico,
01:21certamente nem 2% estão sendo operados até o momento.
01:2430% a 35% de pacientes obesos.
01:2735% de pacientes obesos.
01:28Dentre eles, algo em torno de 20% obesidade de primeiro grau,
01:3210% obesidade de segundo grau
01:35e 5% obesidade mórbida, que é a obesidade severa ou de terceiro grau.
01:41Esses pacientes, se não forem abordados, se não forem medicados
01:45em uma fase inicial em obesidade de primeiro grau,
01:48certamente, ao longo da evolução da sua vida,
01:51eles chegarão a uma obesidade extrema.
01:53Então, por isso, a importância desse tratar a obesidade em uma fase logo inicial.
01:5730%, 35%, qual é o perfil?
02:00São jovens?
02:00São adultos?
02:02Um pouco, normalmente, é dividido entre homens e mulheres,
02:06um pouquinho mais homens.
02:09E são pessoas jovens, né, que estão em um momento de trabalho,
02:13de produção e, às vezes, se sentem limitados por conta da doença
02:17e das doenças associadas à obesidade.
02:19Doutor, a partir de que momento?
02:21Quais são os sinais de que a obesidade está se tornando algo preocupante?
02:26Isso é desde a infância.
02:27Então, tem que ser cuidado desde a infância,
02:29sedentarismo,
02:33alimentação.
02:34Então, os pacientes têm que, desde cedo, ser educados a mudar os hábitos alimentares,
02:38mudar os hábitos comportamentais.
02:40Isso é importante porque, ao longo da vida...
02:42Hoje, a sociedade moderna é uma sociedade sedentária.
02:45Hoje, a pessoa não levanta nem para ligar ou ligar uma televisão, por exemplo.
02:48É tudo no controle remoto.
02:49Então, se isso não for mudado desde cedo, esse paciente tende a ser, certamente,
02:56paciente obeso no futuro.
02:57É claro que envolve outros fatores genéticos, hormonais, comportamentais.
03:02A obesidade é uma doença multifatorial e, é claro, que tem que ser abordada de uma
03:05forma conjunta também.
03:07Sobre o Congresso Norte, o que mais você acha importante deixar claro?
03:10O que a gente vai deixar bem claro é que existem vários tipos de tratamento para tratar
03:17a obesidade e que a cirurgia, hoje, é o tratamento mais eficaz no controle da doença,
03:24da doença obesidade mórbida, que hoje é uma cirurgia segura, eficaz e de excelente
03:31custo-benefício para o paciente.
03:33Perfeito.
03:34Doutor, eu queria aproveitar agora para conversar com o senhor.
03:36Agora, no dia 20 de maio, o Conselho Federal de Medicina publicou mudanças para a realização
03:44da cirurgia bariátrica e metabólica em adultos e adolescentes.
03:48O que muda a partir de agora?
03:50Então, essa é uma resolução do Conselho Federal de Medicina, resolução 2429, que
03:54foi de abril de 2025 e foi publicada no Diário Oficial da União, agora, dia 20 de maio.
04:01Muda os critérios de indicação.
04:02Os pacientes, hoje, acima de 14 anos, são elegíveis à cirurgia.
04:08Antes não era, era a partir de 16, só que os doentes de 14 a 16 anos, os adolescentes
04:14de 14 a 16 anos, eles precisam ser obesos mórbidos com doenças associadas e, evidentemente,
04:19passar por uma equipe multiprofissional e ter o consentimento de seus familiares.
04:23Eles precisam também entender que o tratamento não acaba com a cirurgia.
04:28Eles precisam, além da cirurgia, mudar hábitos comportamentais, hábitos alimentares.
04:31Então, eles precisam ter esse entendimento.
04:34Os pacientes, em relação ao limite de idade para cima, superior, não tem mais limite.
04:40O paciente idoso pode ser operado, desde que tenha condições clínicas, após uma avaliação
04:45clínica, tenha condições para se submeter à cirurgia.
04:48Doutor, de uma maneira geral, quem é que pode fazer a cirurgia?
04:52Com essa resolução, agora, ainda tem também a questão do obeso grau 1, porque a obesidade
04:59é classificada de acordo com o índice de massa corpórea.
05:02O IMC é um cálculo que se faz dividindo o peso do paciente em quilos pelo quadrado
05:08e sua altura em metros.
05:09Quando esse cálculo dá acima de 40, o paciente é obeso mórbido e ele tem indicação desse
05:15tratamento cirúrgico, acima de 35 a 40, é um paciente de obesidade segundo grau e
05:22ele tem indicação de tratamento cirúrgico, desde que tenha doenças associadas.
05:26Eu posso citar aqui para você centenas, uma centena de doenças.
05:30Hipertensão, diabetes, osteoartrite, apnea do sono, enfim, várias doenças.
05:35Então, se o paciente tiver um grau 2 de obesidade associado a alguma doença, ele também é
05:40elegido à cirurgia.
05:41E com a nova resolução do Conselho Federal de Medicina, não só foi a idade, também
05:45os pacientes acima de 30, ou seja, obesidade de primeiro grau, que já tenham doença como
05:51diabetes tipo 2, uma doença apnea do sono grave, doença do refluxo com indicação de
05:56cirurgia.
05:57Esses pacientes também foram incluídos como elegíveis para tratamento cirúrgico.
06:02Então, aumentou muito a quantidade de pacientes elegíveis para a cirurgia.
06:08Quais são as vantagens para quem faz a cirurgia?
06:10Em que que isso melhora a qualidade de vida dessas pessoas?
06:14Além de melhorar a qualidade de vida, o paciente fica, ele aumenta a sobrevida, os estudos mostram
06:22que o paciente com cirurgia bariátrica, ele tem uma sobrevida maior, ele vai ter um controle
06:27certamente melhor da doença diabetes, da hipertensão arterial, da apnea do sono, que são doenças
06:33que podem matar, vai ter melhor autoestima.
06:38Ou seja, a cirurgia é um procedimento, é um tratamento, é uma alternativa de tratamento
06:43para o paciente obeso seguro, que vai trazer melhor qualidade de vida desse paciente e maior
06:47longevidade, certamente.
06:49E os riscos?
06:50Hoje, é importante ressaltar que os riscos da cirurgia hoje são em torno de 0,1% a 0,2%,
06:58ou seja, é uma cirurgia altamente segura, que tem riscos, como qualquer tratamento cirúrgico,
07:04e esses riscos, claro, devem ser avaliados pela equipe médica e equipe multiprofissional,
07:09e isso deve ser repassado ao paciente.
07:10Porém, eu garanto que hoje a cirurgia bariátrica é um tratamento cirúrgico muito seguro,
07:18com 0,1% a 0,2% de taxa de mortalidade, que é uma taxa semelhante, por exemplo,
07:23a quem vai fazer uma cirurgia de útero, uma esterectomia, por exemplo.
07:26Então, é uma cirurgia segura e de baixo custo para o paciente.
07:30Ela é uma cirurgia rápida ou cada caso é um caso?
07:33Cada caso é um caso, evidentemente que os pacientes com obesidade extrema têm uma complexidade
07:38maior, mas é uma cirurgia que, a partir do momento em que foi padronizada os tempos cirúrgicos,
07:47é uma cirurgia relativamente, mas é rápida, em torno de uma hora e meia de cirurgia,
07:52mas eu acho que o tempo cirúrgico não é tão importante.
07:55O importante é se falar da segurança da cirurgia mesmo.
07:58Não importa se ela vai ser rápida ou um pouco mais lenta, é o que eu falo para os pacientes.
08:01O importante é que seja uma cirurgia segura e sem intercorrência para você.
08:05Agora, doutor, não é só fazer a cirurgia.
08:08Além da cirurgia, é preciso manter.
08:11Como é que funciona esse pós-cirurgia?
08:13Evidentemente, assim como qualquer tratamento, a cirurgia bariátrica é uma etapa do tratamento do obeso.
08:20Ele tem que entender que, ao operar, ele precisa mudar hábitos comportamentais,
08:26ele precisa mudar hábitos alimentares para ter um excelente resultado cirúrgico.
08:31E isso é fundamental que ele entenda essa questão.
08:35Qual é a diferença entre a cirurgia bariátrica e a metabólica?
08:38A cirurgia bariátrica é uma cirurgia, mais ou menos, para denominação, para redução de peso.
08:45Só que, secundariamente, ela também traz alterações metabólicas com melhora hormonais,
08:53melhoras do diabetes, melhora da apertação arterial.
08:56Então, são cirurgias com nomenclaturas diferentes, mas que têm o mesmo mecanismo de ação.
09:01Qual é a mensagem que o senhor deixa para a população em relação a esse tema que a gente abordou,
09:07principalmente para quem está com esse problema e ainda tem um certo receio de fazer a cirurgia?
09:13A mensagem que eu digo é para se cuidar desde cedo,
09:16porque quanto mais precoce o cuidado, mais precoce o tratamento, melhores o resultado.
09:23Foi por isso, inclusive, que a resolução do Conselho Federal de Medicina
09:26diminuiu o IMC para indicação de cirurgia para 30 com comunidade,
09:32porque a ideia é não deixar esse indivíduo chegar à obesidade extrema.
09:36Porque a gente sabe que se ele não se cuidar enquanto tiver o sobrepeso,
09:40enquanto tiver obesidade de grau leve,
09:43esse paciente, se não tomar esses cuidados precocemente,
09:45ele chegará a uma obesidade em grau mais severo logo, logo, se não tiver o devido dos cuidados.
09:51Perfeito.
09:52Então, Tietchan, muito obrigado mais uma vez.
09:53Eu que agradeço pela oportunidade, pelo espaço, tá?
09:56E esperamos que logo, logo, todos tenham oportunidade de se cuidar.
10:01Isso é o mais importante, porque a cirurgia é segura, é eficaz,
10:05melhora a qualidade de vida e aumenta a longevidade das pessoas.
10:08Muito obrigado.
10:09Obrigado.

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