A postura do presidente Lula sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos continua repercutindo pelo mundo. Desta vez, foi um vencedor do Nobel de Economia que defendeu a posição do presidente brasileiro. O repórter Eliseu Caetano traz detalhes do assunto. Acompanhe a análise de Carla Beni em Tempo Real.
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00:00E agora a gente vai direto para os Estados Unidos chamar o Eliseu Caetano, porque parece que a postura do presidente Lula sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos continua também repercutindo pelo mundo.
00:12Dessa vez foi um vencedor do Nobel de Economia que defendeu a postura do nosso presidente.
00:18Eliseu Caetano, direto dos Estados Unidos, boa tarde meu amigo, bem-vindo em tempo real. O que ele falou sobre Lula?
00:24Oi Márcia, muito boa tarde para você, para o Bruno e para todos que nos acompanham em tempo real com tudo aquilo que é notícia aí no Brasil e também aqui no exterior.
00:34A gente vem chegando com essa notícia direto dos Estados Unidos, porque como você bem disse, a situação envolvendo o Brasil e Estados Unidos nesse tarifasso está rendendo bastante e não apenas aí ou aqui nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro.
00:50Dessa vez a mais recente crítica internacional à política comercial dos Estados Unidos veio do ganhador do prêmio Nobel de Economia, o Paul Krugman.
01:00Ele classificou como bullying a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas unilaterais a parceiros comerciais estratégicos, incluindo aí o nosso país, o Brasil.
01:12Em um artigo publicado, Krugman não só condenou a estratégia protecionista adotada pela Casa Branca, como também elogiou a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
01:24Segundo o economista, ao se opor abertamente às tarifas, Lula tem razão de denunciar o comportamento dos Estados Unidos, que segundo ele agem de forma coercitiva em nome dos interesses internos.
01:39Krugman citou ainda diretamente a declaração de Lula, feita no Palácio do Planalto na última semana, aquela na qual o presidente brasileiro criticou a decisão americana de sobretaxar o aço e o alumínio brasileiros.
01:53Para o Nobel de Economia, esse tipo de medida tenta forçar parceiros comerciais a aceitarem regras ditadas por Washington.
02:04E segundo ele, isso ainda representa uma ameaça à ordem mundial multilateral.
02:11Krugman defendeu ainda que o Brasil e outras nações busquem fortalecer alianças econômicas alternativas e que diversifiquem os seus mercados de exportação como resposta ao isolacionismo norte-americano.
02:27É claro, Márcio e Bruno, que a fala de Krugman reverberou, principalmente entre economistas e diplomatas, após a confirmação de que Trump estuda estender as tarifas a outros setores da indústria brasileira,
02:43caso não haja um alinhamento mais rígido com as normas de origem americanas.
02:49O governo Trump, como a gente tem acompanhado, vai impor essas tarifas de 50% para alguns produtos brasileiros a partir do próximo dia 1º de agosto, ou seja, a partir da próxima sexta-feira.
03:03E até por isso, o nosso companheiro Bruno Pinheiro estava agora há pouco atualizando todas as informações, as notícias vindas lá da capital americana de Washington DC,
03:13com relação a essa comitiva brasileira que segue lá e que vai ter compromissos, Márcia, ainda hoje e amanhã.
03:21Inclusive, amanhã vai haver uma coletiva na Embaixada do Brasil em Washington.
03:25Na matéria de Bruno Pinheiro agora há pouco, a gente viu a embaixadora Maria Luísa Viotti, que segundo consta por aqui,
03:33corre o sério risco de ter que deixar o país caso os Estados Unidos e o Brasil rompam as relações.
03:39A gente vai seguir acompanhando isso, Márcio.
03:41Obrigada, Eliseu Caetano, pelas informações, continua por aí, porque agora, gente, vamos repercutir quais os efeitos para a economia global dessas medidas.
03:51Vamos chamar ao vivo a economista e professora da FGV, Carla Bene, que vai entrar agora em tempo real com a gente.
03:59Carla, muito bem-vinda, obrigada pela participação mais uma vez.
04:02Eu fiz uma listinha aqui, Carla, de países que já acertaram com os Estados Unidos, além da União Europeia, que foi o mais recente, com vários países,
04:19O Brasil também não pode negociar nesse sentido?
04:22Por exemplo, vamos fazer isso, fazer aquilo, mas, por exemplo, a nossa soberania, o Pix, a gente não abre mão.
04:27Existe um tipo de negociação nesse sentido, Carla?
04:31Olha, o Brasil está aberto a negociações, como vocês já amplamente anunciaram isso, então, a negociação, ela continua, a mesa está aberta.
04:44E há uma diferença, Márcia, entre os outros países e o Brasil, quando o Brasil, ele não apresenta um resultado negativo no balanço com relação às nossas contas.
04:58Ou seja, os Estados Unidos, eles têm o benefício de que a gente gasta muito mais com eles do que eles conosco.
05:08Então, nós somos deficitários na nossa balança.
05:12Então, esse já é o primeiro ponto que vai mudar um pouco a conversa, né?
05:17Mas, para além dessa questão, o que, basicamente, o presidente Trump deseja é algo que ele possa apresentar como vitorioso.
05:27Então, nessa negociação, é aqui que está o X da questão, né?
05:32O que o Brasil tem para oferecer para o governo americano, de uma forma que ele possa anunciar como ele ganhou, digamos assim, a disputa.
05:43E como nós temos uma mistura de questões políticas com questões econômicas, fica muito difícil, Márcia, porque isso daí se mistura.
05:54Então, quanto que o Brasil pode fazer de investimentos lá nos Estados Unidos para fazer essa apresentação, digamos assim?
06:02Isso tudo é possível.
06:04Só que vai ser muito mais por setor do que de uma forma, digamos assim, globalizada.
06:10Eu estava conversando com alguns representantes, tanto do Ministério da Agricultura, de uma ala do mercado externo, na verdade,
06:22e que eu ouvi que eles não estão conseguindo contato nem mesmo com a representação aqui, com a embaixada.
06:29E que o foco agora é na abertura de novos mercados.
06:32Isso reflete aqui dentro, no quesito econômico, nessa tentativa de encontrar novos mercados?
06:40Enquanto isso não acontece, a gente vai conseguir ver um resultado na economia, um impacto aqui dentro?
06:47De que forma que vamos sentir esse reflexo, Carla?
06:51Olha, Bruno, o que a gente tem observado é o seguinte.
06:54Como o governo Trump, ele veio, a proposta do Trump era essa, ele veio extremamente agressivo, belicoso,
07:02e essas elevações de tarifas que são feitas para todos os países, de uma forma geral,
07:07elas extrapolam o campo específico do comércio internacional.
07:13Então, o que isso produz?
07:14Exatamente isso que você falou.
07:16Se você é um exportador brasileiro, a tua preocupação agora é arrumar novos parceiros,
07:22porque durante o governo Trump você vai ter uma indecisão muito grande.
07:27E isso já está acontecendo, Bruno.
07:30Os exportadores estão buscando novos parceiros individualmente e o próprio Brasil.
07:36No entanto que o governo brasileiro, recentemente, abriu o mercado de carnes.
07:42Por exemplo, para o Vietnã e para o México.
07:44Então, nós estamos fazendo outras parcerias comerciais,
07:48porque o próprio governo americano, ele está provocando uma falta de credibilidade.
07:56No entanto que ele ameaça, recua, ameaça, recua.
08:00Então, isso daí é um movimento que a gente tem.
08:03Que interessante, eu peguei uns dados agora para a gente poder conversar.
08:07O dólar está tendo a maior queda desde a década de 70.
08:11Então, esse é um reflexo do quê?
08:14De investidores que estão indo para outros países justamente por causa da instabilidade do governo americano.
08:23Agora, Carla, eu vi que a Úrsula von der Leyen,
08:27que foi a que negociou com o Trump no final de semana a União Europeia,
08:32os acordos fechados com a União Europeia,
08:34ela disse em algumas entrevistas,
08:35Eu espero que Trump mantenha a sua palavra e que essa tarifa se estenda durante todo o governo dele.
08:44Existe um medo e uma instabilidade do mercado de que Trump queira renegociar daqui a seis meses
08:49e impunha mais tarifas e mais tarifas.
08:52Você analisa dessa forma também?
08:54Sim, sim.
08:55E o pior é que não é assim, não é uma análise específica minha ou dela propriamente.
09:00É o próprio reflexo dele.
09:03No entanto, se você pegar a negociação dele com a China agora, nesse exato momento,
09:08qual que é o objetivo?
09:10Vê se prorroga por mais 90 dias,
09:13porque a possibilidade de você fazer um acordo duradouro,
09:17ele é muito instável.
09:20Então, sim, Márcia, é exatamente isso que está acontecendo,
09:24porque internamente o governo Trump tem uma grande pressão enorme,
09:29que é a de apresentar esses acordos,
09:32porque ele tinha anunciado 90 acordos em 90 dias
09:37e ele não está entregando esse volume todo.
09:40E quanto que isso vai começar a refletir nos preços internos,
09:45porque ele pode ter que recuar.
09:48Então, dificilmente esses acordos serão garantidos até o final do mandato dele.