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O podcast Política EM Pauta desta sexta-feira (25/7) trata sobre a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Vale do Jequitinhonha e o lançamento da pré-candidatura de Romeu Zema (Novo) ao Palácio do Planalto em seu primeiro bloco. Na sequência, o programa debate o estudo da Fiemg com a precisão de impactos do tarifaço de Trump para Minas e o Brasil. O último bloco é dedicado à discussão do projeto que implementa a Tarifa Zero nos ônibus em Belo Horizonte.
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NotíciasTranscrição
00:00:00Olá, começa agora mais uma edição do Política em Pauta, podcast do jornal Estado de Minas
00:00:09que debate as principais notícias e os bastidores do poder aqui em Belo Horizonte, Minas Gerais
00:00:14e no Brasil.
00:00:15Essa é a nossa edição do dia 25 de julho de 2025.
00:00:19Meu nome é Bernardo Estilaco, sou repórter da editoria de política do jornal.
00:00:23Estou aqui com o meu colega de editoria, Bruno Nogueira.
00:00:25Tudo bem, Bruno?
00:00:25Tudo joia, Bernardo.
00:00:26É um prazer estar de volta ao Política em Pauta.
00:00:28E com o Denis Lacerda, repórter da editoria de multimídia aqui do jornal, que vem falar
00:00:32um pouco pra gente sobre há quantas andam e qual que é a viabilidade do projeto do Tarifa
00:00:36Zero para os ônibus aqui de Belo Horizonte.
00:00:38Seja bem-vindo, Denis.
00:00:39Obrigado, Bernardo.
00:00:40Obrigado, Bruno.
00:00:41Obrigado quem nos assiste.
00:00:42Bom, vamos fazer aquela rápida escalada aqui dos temas do nosso programa de hoje.
00:00:47No primeiro bloco a gente vai falar sobre uma semana quente ali na porção mais ao norte
00:00:52do estado de Minas Gerais, porque na quinta-feira, ontem, o presidente Lula esteve em Minas
00:00:57novas no Vale do Jequitinhonha, para um evento sobre educação quilombola, fez ali anúncios
00:01:04de investimentos, mas também, é claro, comentou a conjuntura atual da política mineira, nacional
00:01:09e, por que não, internacional, já que estamos vivendo em tempos de ameaça de tarifaço de
00:01:14Donald Trump ao Brasil.
00:01:16também ali na parte mais ao norte de Minas, em Januária, Matheus Simões também esteve
00:01:21num evento ali, né, da Copasa, falou um pouco sobre a política, pediu novamente a unificação
00:01:27da direita, a gente vai falar um pouco sobre esse posicionamento do vice-governador, mas
00:01:31também do governador Romeu Zema, que nessa semana teve aí o anúncio de que, dia 16 de
00:01:37agosto, né, na convenção de 10 anos do Partido Novo, vai lançar sua pré-candidatura
00:01:42a presidência da República.
00:01:44No segundo bloco, a gente vai falar sobre os impactos da sobretaxa de 50% às importações
00:01:50brasileiras aos Estados Unidos, já anunciada pelo presidente Donald Trump, para começar
00:01:55em agosto, com um estudo da FIENG, a Federação de Indústrias do Estado de Minas Gerais, determinando
00:02:01ali, mais ou menos, como é que vai ser o impacto para o país e também para a indústria
00:02:05mineira, em relação a essa medida anunciada já pelo presidente americano, que pode ou
00:02:11não começar a partir do mês que vem.
00:02:14No terceiro bloco, aí sim a gente fala sobre a tarifa zero em Belo Horizonte, um projeto
00:02:19de lei que tramita dentro da Câmara Municipal, a gente já comentou aqui, tramita bem devagar,
00:02:24com o tempo, né, para a sociedade comentar, e nessa semana o Jornal Estado de Minas publicou
00:02:29a matéria do Denis e do Vinícius Prats, uma matéria mostrando como um estudo da Universidade
00:02:34Federal de Minas Gerais, mostra que o impacto para a folha salarial das empresas bancarem
00:02:39esse projeto, que garante a gratuidade nos ônibus da capital mineira, seria bem pequeno,
00:02:44né, não seria um impacto significativo para poder garantir aí Belo Horizonte como a
00:02:49primeira capital do país a não cobrar passagem no seu transporte público.
00:02:55Bom, sem mais delongas, vamos falar sobre o primeiro bloco, né, que Lula veio a Minas Gerais.
00:03:02Eu queria já começar com uma pergunta mais macro, Bruno, para a gente poder fazer essa
00:03:06análise, a gente durante muito tempo comentou aqui no jornal e na imprensa de Minas Gerais
00:03:11de uma forma geral, que Lula passou todo o primeiro mandato sem vir ao Estado, né, o
00:03:16Estado importante, o principal Estado que reflete os resultados eleitorais do país, em 2023
00:03:24ele não pôs o pé aqui em Minas Gerais. Em 2024 ele já ampliou a sua presença e agora
00:03:32em 2025 a gente está em julho e é a quinta vez que Lula vem a Minas Gerais, dessa vez
00:03:37ao Vale do Jequitinhonha. Já é um indicativo tanto da postura de que o presidente anunciou
00:03:43que colocaria mais o pé na estrada, visitaria mais o Brasil, mas também demonstrando a importância
00:03:48eleitoral que Minas Gerais tem. Afinal de contas, no palanque dele ali estavam peças importantes,
00:03:51incluindo o Rodrigo Pacheco, senador e nome preferido pelo PT para concorrer ao governo
00:03:58de Minas em 2026. Claro, no primeiro ano o presidente Lula teve muito uma postura de focar
00:04:03na agenda internacional. Ele viajou muito, ele foi para vários eventos, ele queria colocar
00:04:10o Brasil de volta na mesa de negociação internacional, que é um pouco o que a gente vai tentar ver
00:04:15agora como funciona com o governo Donald Trump, né. No primeiro mandato era o Biden ainda,
00:04:21o presidente dos Estados Unidos e agora com essa mudança, um governo mais desalinhado,
00:04:27mais hostil, então o presidente teve essa postura no primeiro mandato. Agora parece que
00:04:33em 2025 ele realmente está voltando os olhos para casa dele, para Minas Gerais, para o Brasil
00:04:41inteiro, ele vai muito ao Nordeste. Chama realmente atenção que ele é a quinta viagem para Minas
00:04:48Gerais em 2025. Em 2024, se eu não me engano, foram quatro. A primeira, não lembro mais ou
00:04:55ou menos um mês, mas foi para o Belo Horizonte. Foi oito de fevereiro. De fevereiro, bem no início
00:04:59do ano, para anunciar investimentos grandes do PAC em Minas Gerais no estado, né. Foi um grande
00:05:05evento com ministros, né. Praticamente tudo que tinha de investimento do governo federal
00:05:09foi anunciado naquela ocasião. Exatamente. E é o que você falou, Bernardo. Minas Gerais é um estado
00:05:15muito importante em termos eleitorais. O presidente já deixou público a intenção de concorrer de novo
00:05:20ano que vem. É o segundo maior colégio eleitoral, atrás apenas de São Paulo, né. Então o presidente
00:05:28aí marca presença em um território, inclusive, que o governo do estado é hostil a ele, né. Hoje o que a
00:05:34gente tem é um cenário de rompimento total das rebações, a não ser em termos mais técnicos aí, quando a
00:05:39gente fala da dívida do estado. Mas é mais também entre Ministério da Fazenda e o governo do que o
00:05:46presidente Lula e o governador Romeu Zema, né. O governador Romeu Zema, inclusive, que esse ano, se eu não me
00:05:52engano, foi em nenhum evento, praticamente, né. Nem o vice-governador Matheus Moe deve ter ido um ou outro.
00:05:57É, o Zema vai nesses eventos que são mais... que não são eventos do governo federal, né. Ele foi, por exemplo,
00:06:05nas agendas de Ouro Branco e Betim, que foram agendas dentro de indústria, né. No anúncio de investimento
00:06:10investimento na Estelantes, também na Gerdau, em Ouro Branco. Então, é também um ambiente que tá mais
00:06:16protegido ali pro governador Romeu Zema, né. Não é um evento aberto à militância do PT, por exemplo.
00:06:22Exatamente. É um evento que aí vai ser vaiado, por exemplo, provavelmente...
00:06:24Exato. Ele se resguarda nesse sentido, né. Mas, mesmo assim, a gente lembra que essa última oportunidade, né, foi marcada
00:06:32por troca de farpas entre os dois no próprio palanque, né. Então, o Zema falou antes, deu alguns recados velados
00:06:38ali ao Lula. O Lula respondeu logo depois. Como você falou, eles não perdem nenhuma oportunidade
00:06:45de se cutucar. E acho que o Lula ter vindo tanto a Minas Gerais é uma resposta a isso também, né.
00:06:50Uma resposta à forma como o governador Romeu Zema diuturnamente critica, ataca o governo
00:06:56e agora com uma postura cada vez mais de candidato.
00:06:59Exatamente. Inclusive, o governador Romeu Zema vai lançar a pré-candidatura agora em agosto, né.
00:07:04E ele escolheu São Paulo pra lançar essa pré-candidatura, né.
00:07:09Claro, o estado maior, mas importante. Chama atenção também o local que ele escolheu,
00:07:13que é o prédio da Câmara Americana de Comércio no Brasil, né, a Hamsham.
00:07:18Nesse momento de tensões.
00:07:21Pode-se esperar que com o tarifaço a presença de Lula em Minas
00:07:25ela se torne ainda mais intensa porque Minas é um dos estados cotados a ser mais prejudicados
00:07:29contra a taxação dos minérios, taxação do aço e ainda tem esse fato que é um governador
00:07:35que é oposição ao Lula e que, de certa forma, demonstrou uma certa simpatia com a ideia do...
00:07:40Não simpatia, mas justificando o tarifaço como se fosse responsabilidade do governo atual.
00:07:44É, acho que faz todo sentido o presidente voltar os olhos pra agenda nacional
00:07:50justamente pra tentar manter a popularidade dele, que a gente viu que tava caindo agora com o tarifaço.
00:07:56A resposta do governo já deu uma melhorada um pouco na popularidade do presidente.
00:08:00Então aí tem essas agendas mais intensas.
00:08:02São agendas de investimento, de anúncios de investimento,
00:08:05mas que o discurso dele é sempre mais voltado pro âmbito nacional geral, né.
00:08:10Acho que vale citar que o governo vai anunciar investimentos em educação indígena e quilombola, né.
00:08:17O governo pretende, se eu não me engano, construir 250 escovas no Brasil inteiro, nesses territórios, né.
00:08:24Investindo mais ou menos um bilhão.
00:08:26E em Minas Novas, na Ejecutionha, inclusive vai ter um Instituto Federal que o ambola, né.
00:08:32Então, assim, teve esse caráter técnico também.
00:08:36Mas o discurso do presidente Lula é sempre muito popular, muito eleitoral, né.
00:08:41Ele fala, por exemplo, do Donald Trump, que o Trump, fazendo referência ao jogo de truco, né.
00:08:47O Trump trucou, o Lula diz que vai pedir seis, né.
00:08:52Fazendo assim, olha, tô te desafiando, assim.
00:08:55Vamos ver.
00:08:56Eu acho que o presidente acerta em intensificar as agendas por Minas Gerais,
00:08:59principalmente porque nesse momento tenso de negociação é importante o Estado.
00:09:03É, eu acho que pode ser uma resposta ao tarifácio, mas é também, desde já, essa intensificação, uma resposta ao governador, né.
00:09:12Porque, não sei como é feita essa agenda do Lula, né.
00:09:17O que eles levam em consideração, mas o Romeu Zema, a gente já mostrou aqui, já discutiu várias vezes.
00:09:23Do último ano pra cá, ou do último ano e meio pra cá, ele intensificou demais as críticas ao governo federal.
00:09:29Muito.
00:09:30Ele, obviamente, sempre foi um opositor.
00:09:32Mas nessa tentativa de se fortalecer nacionalmente como o antipetista maior, né, do país,
00:09:38ele tem feito comentários, ele tem se comportado como um comentarista, né.
00:09:44Então, a cada situação que acontece, ele aproveita pra poder fazer algum tipo de crítica
00:09:49a forma como o governo federal se comporta, assim, em relação a qualquer assunto mesmo, assim.
00:09:55Uhum.
00:09:56Então, ele, talvez, não queira perder esse terreno, né.
00:10:00A gente sempre lembra aqui que, desde a redemocratização, né,
00:10:04todos os presidentes eleitos venceram em Minas Gerais.
00:10:08É o único Estado onde isso ocorreu no Brasil, né.
00:10:11Não existe, não existiu até agora, um caso em que um presidente não foi o mais votado aqui no Estado
00:10:17e repetiu essa dominância no país.
00:10:22E, além disso, é um resultado muito parelho ao percentual das urnas nacionais, né.
00:10:29A variação máxima, eu me lembro em 2022 que a gente fez, era de dois pontos percentuais entre
00:10:35quem venceu em Minas, a forma como venceu em Minas e a forma como venceu no Brasil.
00:10:39Então, eu acho que não perder esse terreno aqui é muito importante,
00:10:44porque em 2022 ele já ficou bem próximo, né.
00:10:46Muito.
00:10:47Foi uma diferença, assim...
00:10:48Menos de um porcento, eu não me lembro.
00:10:50É, menos de um ponto percentual entre Lula e Bolsonaro.
00:10:54Então, ele realmente precisa voltar as atenções aqui no momento em que,
00:10:58domesticamente, quem domina a política é absolutamente avesso à atuação do governo federal.
00:11:04E vale lembrar, né, só pra gente passar pelo Matheus Simões, que esteve em Januário,
00:11:09que se em algum momento a gente já tratou o vice-governador aqui como uma figura refratária
00:11:15a esse discurso beligerante do Zema...
00:11:17Mais moderada.
00:11:18Uma figura mais moderada.
00:11:19A gente lembra, inclusive, que em uma das participações do Matheus Simões
00:11:22com o governo federal em Uberaba...
00:11:25Foi Uberaba ou Uberlândia?
00:11:27Foi no Triângulo Mineiro com o Ministro dos Transportes, Renan Filho.
00:11:33Foi super cordial, né?
00:11:35Os dois trocaram elogios, né?
00:11:37Foi uma postura realmente que até chegou a chamar a atenção de tão afetuosa a relação entre os dois.
00:11:43Mas ele já abandonou esse personagem há alguns meses, né?
00:11:47Inclusive, nos bastidores a gente sabe que ele trocou...
00:11:51A ideia seria que ele tivesse uma equipe de marketing político à parte da do governador Romeu Zema.
00:11:56Essa ideia já desmoronou também.
00:11:58Ele já está junto ao Renato Pereira, que é o contratado do Partido Novo para gerir a pré-campanha de Zema.
00:12:05Então, o Matheus Simões cada vez mais cola a essa ideia muito antipetista.
00:12:09E uma vez que ele vai ser o incumbente na campanha pelo governo de Minas em 2026,
00:12:15se houver a manutenção desse discurso mais agressivo, é muito provável que ele tenha eco também na disputa presidencial.
00:12:24Então, como o Lula e o PT e a esquerda, de uma forma geral, não têm uma figura já estabelecida para a disputa do governo em 2026,
00:12:32mas o Matheus Simões sai muito na frente e, junto dele, Cleitinho ou Nicolas Ferreira, que podem ser outros candidatos à direita também.
00:12:40O Lula vir aqui também tem esse papel, né?
00:12:43Porque ele sabe que, à medida que essas figuras vão se consolidando e esse discurso vai ficando cada vez mais enfático,
00:12:49a possibilidade de que ele perca eleitores aqui é real.
00:12:52Exatamente.
00:12:53É uma coisa que o PT e os membros do partido dizem muito que o partido tem que ter um palanque forte no Estado, né?
00:13:00Porque você bem falou que, em 2022, a disputa já foi muito apertada, menos de um ponto percentual,
00:13:07e o presidente tinha até um palanque consideravelmente forte com o ex-prefeito de Belo Horizonte,
00:13:13Alexandre Calil, disputando o governo do Estado, Alexandre Silveira disputando o Senado.
00:13:18Então, assim, deu para segurar essa onda bolsonarista, né?
00:13:23Mesmo com o Calil perdendo o primeiro turno, o Belo Horizonte deu para segurar ali nessa região metropolitana,
00:13:28que tem mais eleitores.
00:13:30E, agora, é um jogo totalmente diferente, né?
00:13:33Parece.
00:13:34Porque o governo Zema, as pesquisas mostravam um governo mais bem avaliado, né?
00:13:41Ganhou em primeiro turno do Calil.
00:13:43Uhum.
00:13:44E intensificando esse discurso antipetista, que é um discurso fácil em Minas Gerais,
00:13:49porque o governo Fernando Pimentel teve muitas dificuldades, por exemplo, a manter o salário em dia,
00:13:54a manter o repasse aos municípios, que é uma coisa que interessa muito aos prefeitos.
00:13:59Praticamente, prefeito nenhum apoiou o Alexandre Calil, se eu não me engano.
00:14:04Todos estiveram, mais ou menos, ali com o Zema, né?
00:14:06Porque isso é algo que mexe muito com a realidade dos municípios,
00:14:10você atrasar repasses para a saúde, repasses para a educação.
00:14:13Claro que tem a questão da dívida. Como que a dívida vai impactar ano que vem?
00:14:18É uma questão a se pensar.
00:14:21A questão do Matheus Simões chama atenção, né?
00:14:24Que ele também, coincidentemente ou não, escolheu uma região mais afastada também
00:14:28para fazer um evento no mesmo dia, né?
00:14:32Ele foi ao norte de Minas anunciar investimentos para captação de água e irrigação de agricultura.
00:14:38O agro, que é um, dá para dizer, um opositor ao governo Lula, né?
00:14:45O agro não caminha junto com o PT.
00:14:47É mais difícil para o agro ter essa relação.
00:14:50Apesar do Pano Safra sempre bater recordes, né?
00:14:54Mas aí o agro também joga outros argumentos de que a política fiscal compromete os juros...
00:15:00É um setor muito ideologizado também, né?
00:15:03Não tem tanta argumentação técnica nesse tipo de antipatia que existe entre o setor e o Lula.
00:15:10Exatamente. E o que a gente vê atualmente no Senado já é uma pré-campanha, né?
00:15:14O vice-governador chega e diz assim, olha, se o presidente Lula quer vir a Minas Gerais
00:15:18dizer que o Rodrigo Pacheco é o candidato dele,
00:15:21nós temos que lembrar, que são palavras do Simões,
00:15:24que o PT destruiu Minas Gerais.
00:15:27Então a gente está sempre tentando agora ligar o senador Rodrigo Pacheco, que é do PSD,
00:15:32que é um nome de centro, mais centro-direita do que centro-esquerda.
00:15:36Cabe a gente lembrar algumas medidas do Pacheco do passado,
00:15:39como aumentar a pena para vários crimes quando presidente do Senado.
00:15:46Ele encabeçou aquela proposta de veio também para aumentar a pena para a posse de drogas
00:15:52no momento que o STF discutia a descriminalização.
00:15:55E ele também foi candidato à prefeitura de Belo Horizonte, se não me engano, em 2016,
00:16:00justamente tentando ser um contraponto à esquerda.
00:16:03Exatamente.
00:16:04Ele era um dos candidatos mais à direita naquele momento.
00:16:06Então, enquanto a gente tem um candidato de centro, mais centro-direita,
00:16:10o vice-governador Matheus Simões tenta ligar essa imagem do Pacheco com Lula.
00:16:15E é uma imagem que o Pacheco não tem feito mais tentativas de desassociar.
00:16:21Ele veio a público dizer que ele aceita o apoio do Lula, que não tem problema nenhum o PT apoiar ele,
00:16:28e que ele seria feliz com esse apoio porque é o presidente.
00:16:31Então, assim, o Rodrigo Pacheco está num momento em que ele tem que tomar uma decisão, né?
00:16:35Porque ele ainda não deixa claro que ele quer ser candidato,
00:16:38mas, ao mesmo tempo, ele participou de três eventos com o presidente Lula em Minas Gerais nos últimos 40 dias.
00:16:45Ele esteve em Mariana no mês passado, Mariana em contagem.
00:16:50Ele discursou em contagem, discursou ontem também e não fez nenhuma menção à disputa ao governo.
00:16:55Ele fez mais uma defesa à atuação dele em questão dos ataques do 8 de janeiro, né?
00:17:01Dizendo que ele tem o orgulho de ter sido presidente do Senado, que deu posse ao presidente Lula,
00:17:06que ajudou o presidente Lula efetivamente em ser o presidente, né? Contornar toda aquela situação.
00:17:13Então, ele já dá sinais de que ele está mais alinhado com o PT.
00:17:17E ele diz claramente, estaremos juntos em 2026.
00:17:21Algumas pessoas entendem como um sinal de que ele está deixando claro quem vai ser candidato.
00:17:27Outros, quem vai apoiar o presidente Lula na tentativa de reeleição,
00:17:31o que é uma coisa que talvez desagrade, por exemplo, o PSD, né?
00:17:35Que é o partido dele, que o Gilberto Kassab tende a estar de outro lado, né?
00:17:41É, isso é interessante que você lembrar de como o Matheus Simões tem se referido ao Pacheco,
00:17:47faz parte também dessa guinada dele à direita.
00:17:51E a colar com o discurso do governador Romeu Zema, citar cada vez mais o senador Rodrigo Pacheco.
00:17:59E faz sentido, né? Porque quando ele determina e encara um alvo,
00:18:05ele também se coloca como a figura diante da qual os outros candidatos de direita devem circular.
00:18:11Ele quer ser esse nome da unificação da direita, ele fala isso repetidas vezes, né?
00:18:17Desde aquele café da manhã que ele teve com o jornalista,
00:18:19todas as oportunidades públicas de comentar o cenário eleitoral, ele fala sobre isso.
00:18:24Diz que já tentou dissuadir o Cleitinho da campanha,
00:18:26o Cleitinho, em um primeiro momento, se silenciou,
00:18:30mas depois falou que não vai desistir, se for o que o povo quer.
00:18:33Está se aproximando de Nicolas Ferreira, né?
00:18:38Tem participado de eventos junto do deputado federal, que também é um dos cotados
00:18:43e é um nome com bastante recol eleitoral aqui no estado.
00:18:48Então, ele faz isso como uma forma também de encontrar na política atual, né?
00:18:53Onde você precisa de determinar um adversário, não só nas urnas, mas também de ideias.
00:18:59Ele tenta o tempo todo colar Pacheco a Lula, tentar colar Pacheco a esquerda
00:19:04e não só a esquerda, mas essa esquerda demonizada que a direita brasileira
00:19:08ou a extrema direita brasileira, que cooptou praticamente todo esse campo,
00:19:12quer passar o seu eleitorado.
00:19:14Então, o cenário do Pacheco é muito interessante, né?
00:19:18Porque todas as forças alheias a ele tentam puxar ele à esquerda.
00:19:22Na verdade, o Lula tenta puxar ele à esquerda e o Simões tenta empurrar ele à esquerda.
00:19:27Não só o Simões, né? Como todo o bolsonarismo de uma forma geral.
00:19:31A gente lembra que no último domingo, por exemplo, teve manifestação na Praça da Liberdade
00:19:36e a pauta, mesmo antes da definição do Alexandre de Moraes
00:19:41para que houvesse o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente,
00:19:44era fora Lula, fora Moraes e fora Pacheco.
00:19:48O Pacheco é a persona não grata entre o bolsonarismo.
00:19:52O Pacheco é uma das autoridades que o governo americano anunciou a retirada do visto.
00:19:57Isso é muito importante também porque isso dá uma chancela internacional a essa sanha entreguista
00:20:05dos brasileiros que preferem ser governados por Trump do que por Lula.
00:20:10Então, todas essas forças empurram o Pacheco à esquerda.
00:20:17Ao passo que Lula tenta atraí-lo à esquerda e o PT mineiro de uma forma geral também.
00:20:22E ele fica ali tentando desviar de todas essas forças, de todas essas balas.
00:20:28E o que a gente tem visto nas últimas ocasiões é que ele tem se mostrado menos resistente, pelo menos.
00:20:36Ele não chega no palanque e faz um discurso eleitoral.
00:20:39Acho que isso nem é da...
00:20:40Não é do fetil dele, né?
00:20:42Não é da característica dele.
00:20:43Não é da característica dele.
00:20:44Ele é um cara muito institucional, né?
00:20:46Tem um discurso até um pouco burocrático.
00:20:48Mas é bem o que você falou porque ele tem essa versão do bolsonarismo, né?
00:20:52O bolsonarismo rejeita o Rodrigo Pacheco de todas as maneiras.
00:20:55Só que ele não vai conseguir mais se colocar como um cara de centro se ele quiser ser eleitoralmente viável, né?
00:21:00Nem de centro e nem de direita mais.
00:21:02De direita já era.
00:21:04Hoje a figura dele é uma figura de centro de esquerda e esquerda.
00:21:09Pelo menos pro eleitorado de direita e extrema-direita.
00:21:12É, cabe entender se ele vai querer abraçar essa persona, né?
00:21:17Porque a gente sabe, as eleições as pessoas usam essas máscaras, né?
00:21:23Investem do que for conveniente eleitoralmente e não tem nenhum problema nisso.
00:21:28Isso faz parte do jogo, né?
00:21:29A gente pode lembrar do próprio Calil ao lado do Lula no palanque contra o Zema e dois anos depois
00:21:36juntam o de Zema pra apoiar Mauro Tramonte aqui na prefeitura de Belo Horizonte.
00:21:40Então, isso faz parte do jogo.
00:21:42Então, tem que ver o quanto o Pacheco tá disposto a entrar de cabeça nessa jogatina.
00:21:49Eu acho que com tantos ataques à figura dele, não tem mais muito pra onde ele correr, né?
00:21:54Inclusive, ontem ele disse outra coisa no discurso, que ele tem orgulho de não ser, entre aspas,
00:21:59o povo da pátria, né?
00:22:00E fazendo uma referência ao 8 de janeiro.
00:22:02Diz que o 8 de janeiro não foi...
00:22:03Então, é um altar e fácil.
00:22:04Altar e fácil.
00:22:05Dizendo que o 8 de janeiro não foi um passeio no parque, né?
00:22:08Que foi efetivamente uma tentativa de golpe.
00:22:11É ver o que acontece com o Rodrigo Pacheco, né?
00:22:13Porque ele tem um caminho difícil.
00:22:15Ele soa muito uma...
00:22:17Ele me lembra um pouco o próprio Geraldo Alckmin, que também era essa pessoa que tinha um discurso
00:22:21muito institucional, uma pessoa que se colocava como direita, mas hoje é o vice-presidente
00:22:26na chapa do Lula.
00:22:27Imagino que talvez seja um paralelo que a gente possa tentar encontrar entre os dois.
00:22:31É um bom paralelo e, assim, a gente vai falar do Alckmin, né?
00:22:35Vamos.
00:22:36Mais no segundo bloco.
00:22:37Mas, pra adiantar, ele é um cara que se mostrou um trunfo importante pro governo Lula
00:22:43nesse momento agora.
00:22:44Exatamente.
00:22:45Demorou 3 anos pra ele ser valorizado como essa frente ampla.
00:22:50Era uma das grandes críticas, né?
00:22:52Principalmente numa visão mais liberal do governo Lula, dos liberais que apoiaram o Lula
00:22:58contra o Bolsonaro, de que a tal frente ampla que elegeu o Lula tava totalmente escanteada
00:23:02dentro desse governo, né?
00:23:03A gente não vai falar, por exemplo, da Simone Tebet, que foi...
00:23:07que teve uma quantidade de votos importante no primeiro turno, né?
00:23:10Foi a terceira, né?
00:23:11Foi a terceira colocada e foi a primeira a vir a público e dizer que apoiaria o Lula no
00:23:16segundo turno.
00:23:17Ela ganhou o ministério, mas ficou meio escanteado.
00:23:19E é um ministério importante, inclusive.
00:23:21O Alckmin também tem um ministério importante, a vice-presidente.
00:23:23Mas agora...
00:23:24Enfim, vamos falar mais disso.
00:23:25Mas só pra gente fechar o primeiro bloco, Bruno, vamos falar sobre esse anúncio, né?
00:23:29No dia 16 de agosto a gente vai ter, então, o Zema em São Paulo anunciando que a sua pré-campanha
00:23:37a presidência da República, como é que você vê essa situação e como que você
00:23:44acredita que pode impactar o governo de Minas Gerais essa...
00:23:48Claro.
00:23:49A pré-candidatura do governador Romeu Zema é natural, porque o governador de Minas Gerais
00:23:54sempre tem essa possibilidade, né?
00:23:56A gente fala, ah, o governador Romeu Zema não é tão conhecido fora do Estado, não tem,
00:24:00talvez, tanto carisma pra disputar a presidência.
00:24:03Mas aí, lançar a pré-candidatura é colocar seu nome na mesa de negociação.
00:24:07Você não vai negociar uma chapa se você não é nem pré-candidato.
00:24:11Então, por exemplo, quando ele anunciou, quando teve esse anúncio por parte do Novo, né?
00:24:17Teve muito também aquela questão de que o Romeu Zema procurou o ex-presidente Jair Bolsonaro,
00:24:22que teria conversado com ele avisando que ia lançar sua pré-candidatura, né?
00:24:26E que o Bolsonaro teria sinalizado, ok, falando assim, ah, não tem muito o que eu fazer,
00:24:31mas é justo, é bom que tenha mais candidatos da direita no primeiro turno.
00:24:35É, Bolsonaro com outras preocupações.
00:24:37É, com o turno da Zemeira já, então, enfim.
00:24:40Outro, Bolsonaro, né?
00:24:43E agora ele não pode mais manifestar tão publicamente, né?
00:24:46Ele não pode usar a rede social.
00:24:48Então, o governador Romeu Zema, ele sai na frente, assim, no sentido de que,
00:24:54sendo governador de um estado tão importante como Minas Gerais,
00:24:57ele talvez já tenha alguns votos aí para negociar, né?
00:25:01Porque, para lembrar, ele foi eleito em primeiro turno, tem um governo mais ou menos bem avaliado ali.
00:25:06Agora, como que ele vai negociar esses apoios?
00:25:09Como que ele vai consolidar essa candidatura dele?
00:25:12Porque, para lembrar, é uma pré-candidatura.
00:25:14Ele pode retirar o nome no futuro.
00:25:17Depende muito do que as pesquisas vão dizer, né? Eu acho.
00:25:22É.
00:25:23A priori, a visão que eu tenho do ponto de vista doméstico dessa decisão,
00:25:28desse evento, pensando nos simbolismos, né?
00:25:33A partir de agosto, é que Zema também, com isso, consegue, enfim,
00:25:38ter até, inclusive, uma percepção geral da população de que está entregando o governo a Matheus Simões.
00:25:46É, exatamente.
00:25:47Ele não é oficial, obviamente, ele vai seguir como governador,
00:25:50vai seguir participando dos eventos, vai se licenciar provavelmente só no que vem, né?
00:25:55É, só no prazo máximo, acho que é mais ou menos em abril,
00:25:58que a lei eleitoral determina o que eles chamam de descompatibilização, né?
00:26:04Isso.
00:26:05Mas, assim, de qualquer forma, ele já está se anunciando.
00:26:08Olha, galera, eu estou pensando em 2026 o que ele já estava pensando há muito tempo.
00:26:13Há muito tempo, é.
00:26:14Ele já mostrou aqui em algumas matérias, né?
00:26:16A matéria que eu fiz com o Vinícius, que fala sobre redes sociais,
00:26:19mostra como a participação digital do governador está cada vez mais voltada
00:26:25para os assuntos nacionais do que para os assuntos domésticos.
00:26:28E uma outra matéria que a gente fez olhando as agendas em eventos privados, né?
00:26:35O evento que o Zema é chamado para participar como palestrante, para poder dar opiniões políticas
00:26:40e não opiniões como chefe do executivo estadual.
00:26:44Mais da metade desses eventos aconteceu fora de Minas Gerais.
00:26:48Então, assim, ele já está realmente nesse caminho.
00:26:52E a oficialização da pré-candidatura chancela, né?
00:26:56Oficializa que, a partir de agosto, o Zema vai olhar para fora de Minas Gerais
00:27:02com muito mais carinho do que para dentro.
00:27:04Então, para mim, isso é, pelo menos nessa primeira percepção, é o impacto simbólico disso.
00:27:11Tanto que a gente está preparando agora para domingo um balanço do que foi a relação interna
00:27:17na política do Zema, né?
00:27:18A gente fez um levantamento de todos os projetos enviados pelo governador
00:27:22à Assembleia Legislativa desde o seu primeiro ano, em 2019,
00:27:26para poder ver o que foi aprovado, o que foi arquivado,
00:27:29quanto tempo ele demorou para aprovar seus projetos.
00:27:32Vamos ouvir os deputados para poder dizer, fazer uma avaliação de como foi o governador
00:27:36Romeu Zema.
00:27:37Sai no domingo, convido a quem está nos ouvindo a acompanhar também.
00:27:41Mas porque eu acho que é um marco simbólico de que a gestão de Zema efetiva
00:27:48dentro de Minas Gerais vai se esmaecendo ao ponto de que Simões vai controlar, de fato,
00:27:54toda a gestão aqui da cidade administrativa.
00:27:58Esse recado vai tanto para Minas quanto para todo o Brasil,
00:28:02porque agora ele sendo oficialmente, digamos, pré-candidato,
00:28:06o nome dele sempre estará nas pesquisas de intenção de voto,
00:28:09os veículos nacionais vão passar a dar mais atenção ao que ele fala,
00:28:12justamente porque agora existe essa chancela.
00:28:15Exatamente.
00:28:16O que ele falou vai fazer em São Paulo?
00:28:17É, essas questões dos eventos que ele tem feito ao longo do Brasil em todo
00:28:20chama atenção porque ele também sempre escolhe eventos empresariais em estados
00:28:24muito importantes em termos eleitorais.
00:28:26A gente fala de São Paulo, a gente tem falado do Distrito Federal, Brasília e também Rio Grande do Sul.
00:28:32Ele tem ido muito a esses estados.
00:28:34Santa Catarina também vai.
00:28:36Agora, se ele quer ser esse cara da direita, acho que ele começou um pouco mal,
00:28:40porque essa semana ele também teve uma treta ali com o Eduardo Bolsonaro.
00:28:44Ele disse que o Eduardo Bolsonaro, na questão do tarifácio, arrumou um problema para a direita brasileira,
00:28:50dizendo que é um problema não só econômico, mas também o discurso muda um pouco.
00:28:56E o Eduardo Bolsonaro criticou forte o governador, o Eduardo Bolsonaro, que também é cotado.
00:29:04Ele pode ser um dos candidatos caso o pai dele autorize.
00:29:08A gente tem essa coisa também no clã Bolsonaro.
00:29:12Dizendo que, olha, o governador está mal informado,
00:29:16que o governador está alinhado ali com os interesses financeiros de uma certa elite e tudo mais.
00:29:21Sempre defendendo o país.
00:29:22A mesma crítica que ele fez ao tarifácio.
00:29:24Exatamente. Outro cotado forte também com o governador de São Paulo.
00:29:28É, se não é ser de direita defender os interesses de uma certa elite industrial e financeira...
00:29:33É, nada mais é, né?
00:29:34É, pelo amor de Deus, né?
00:29:36O Eduardo Bolsonaro arrumou um problemão, não foi para o Zema e para o Tarcisa.
00:29:40Ele arrumou um problemaço para o Brasil, né?
00:29:42Que está refém do pai dele.
00:29:44Ou a gente dá anistia para o Bolsonaro ou a gente vai ter que lidar com o tarifácio do Trump.
00:29:50É o que ele fala repetidamente, né?
00:29:52O real confesso, Eduardo Bolsonaro, deputado do Texas.
00:29:56Então, assim...
00:29:58Eu acho que o Zema vai escapar dessa bala com facilidade.
00:30:01É, com certeza.
00:30:03Depende muito...
00:30:05Qual a linha vocês acreditam que ele vai seguir?
00:30:07Porque a impressão que eu tive é que o Zema deu uma guinada para o bolsonarismo.
00:30:09Quando ele se candidatou em 2018, ele tentou ser uma figura meio moderada.
00:30:13Tanto que ele só fez citar o Bolsonaro no último debate e tudo.
00:30:17Mas ele recentemente estava fazendo várias publicações nas redes sociais, assim...
00:30:21Desesperadamente pedindo anistia, usando inteligência artificial para poder...
00:30:25É, e ele continua assim.
00:30:26Só que o Bolsonaro tem essa coisa mais bem ideológica, né?
00:30:31Ele não tem outra pauta.
00:30:32A pauta dele é o pai dele e ele vai defender isso da maneira que eu for.
00:30:35Não é a direita, né?
00:30:37Essa é a minha questão, assim...
00:30:39E talvez o bolsonarismo esteja entrando nessa junto com ele, sabe?
00:30:43Eu acho que é o momento de separar a direita e o bolsonarismo, e o campo do Bolsonaro, né?
00:30:48Eu acho que é uma oportunidade inigualável, né?
00:30:52De, como eu já disse na última edição aqui do programa,
00:30:56uma oportunidade única de mostrar que é capaz de andar com as próprias pernas, né?
00:31:00Mesmo que alinhada a todas essas pautas, né?
00:31:03E eu acho que ele não vai se desvincular dessas pautas,
00:31:07mas ele ainda é governador do estado, né?
00:31:10Então, assim...
00:31:11Vamos já ir pro segundo bloco, aproveitando essa discussão.
00:31:15Acho que só pra citar, a direita tem outros pré-candidatos já também.
00:31:18O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o governador do Pará...
00:31:22Do Paraná.
00:31:23Ah, o Ratinho Júnior.
00:31:24Sim.
00:31:25Então, sim.
00:31:26É uma disputa, tá?
00:31:27Que são mais moderados em relação a esse alinhamento com o Bolsonaro.
00:31:32Exatamente.
00:31:33Tem o Tarcísio também.
00:31:34Tem o Tarcísio que é cotado.
00:31:35Não diz que vai ser, nem que vai ser.
00:31:37Só que o Tarcísio já é muito mais alinhado, né?
00:31:40É.
00:31:41Agora, vamos pro segundo bloco, então, pra poder falar sobre esse estudo da FIENG.
00:31:44Porque, né?
00:31:46No momento...
00:31:47A água, né?
00:31:48Chegou no pescoço do pessoal.
00:31:50A gente tá chegando em agosto e com agosto chegando, o Trump não dá indicativos de que vai negociar com o Brasil tão cedo.
00:31:58O Tarifácio tá cada vez mais próximo de se tornar uma realidade e, por isso, a indústria do Brasil, de uma forma geral, tá desesperado tentando encontrar vias de negociação.
00:32:08E, nesse sentido, né? As figuras que lideram as federações, no caso de Minas, o Flávio Rosco, que lidera a FIENG, ele tem mudado a sua postura.
00:32:19A gente já falou aqui na última edição com a Alessandra, que ele tá um cara muito menos ideológico, né?
00:32:27É... A FIENG fez um estudo muito interessante sobre o impacto do Tarifácio no longo prazo, no Brasil e em Minas Gerais.
00:32:34Como é que eles fazem isso?
00:32:36Eles não consideram apenas a taxação. A taxação é o ponto principal, claro.
00:32:40Mas eles consideram como o Brasil pode perder investimentos, como o Brasil pode perder mercado com outros países,
00:32:47como o Brasil pode ver uma invasão de produtos no seu mercado interno também,
00:32:52porque vai dificultar não só as exportações brasileiras para os Estados Unidos, mas as importações.
00:32:58O Brasil também é possível perder mercado ali, sabe?
00:33:01É... Fica mais difícil negociar com as empresas americanas.
00:33:05A FIENG estima que o PIB de Minas Gerais, em 5 a 10 anos, pode cair 21,5 bilhões.
00:33:14Isso é 2% do PIB do Estado.
00:33:17Isso é um impacto muito grande para o país, para Minas Gerais.
00:33:23E isso pode resultar na perda de 187.061 vagas de emprego, formais e informais.
00:33:30Justamente por isso algumas empresas talvez tenham que reduzir suas operações,
00:33:36algumas podem até fechar.
00:33:38Então, é um impacto muito severo em Minas Gerais que tem os Estados Unidos como o principal exportador,
00:33:46o principal destino de muitos produtos importantes, como o café.
00:33:51Minas Gerais é o maior exportador de café, é o maior produtor.
00:33:55A gente fala do Brasil, mas se Minas Gerais fosse um país, seria o maior produtor de café do mundo.
00:34:00O Brasil é o maior produtor do mundo, né?
00:34:02Exatamente. E se Minas Gerais fosse um país, seria maior do que o Brasil, inclusive, se a gente retirasse.
00:34:09Então, tem uma questão muito importante nisso.
00:34:12Porque se Minas Gerais perde o mercado consumidor de café nos Estados Unidos,
00:34:18para onde vai esse mercado?
00:34:20Minas Gerais já vende para os outros países, não tem muito para onde ir mais.
00:34:24Já vende para a Europa, já vende para a China.
00:34:27Quando a gente conversa com alguns produtores, eles falam muito da Ásia, sem ser da China,
00:34:33mas da Coreia e do Japão, que é um mercado que tem crescido também.
00:34:38No Brasil, essa queda no PIB seria de R$ 175 bilhões,
00:34:45o que representa uma retração de quase um ponto e meio percentual.
00:34:51É algo muito severo em cinco e dez anos.
00:34:55Então, o Brasil precisa negociar essa tarifa.
00:34:58Não tem jeito de falar que 50% não tem como.
00:35:03O estudo é interessante porque esses números são no caso de o Brasil decidir não retalhar.
00:35:09Se o Brasil decide retalhar, explodir uma guerra comercial.
00:35:14A FIENG tem estimativas para a questão de...
00:35:18O Brasil retalhou por 50% e os Estados Unidos responde aumentando a taxa para 100%.
00:35:23Aí, o Brasil responde de novo aumentando para 100% também.
00:35:27E aí...
00:35:28E é outro estudo.
00:35:29É outro estudo.
00:35:30É outra coisa que vai acontecer.
00:35:32As perdas no Brasil chegam a quase meio trilhão.
00:35:37É outra parte a meio trilhão.
00:35:39É 600 e poucos bilhões.
00:35:41Em Minas Gerais, mais de cento e poucos bilhões também.
00:35:45Então, assim, o governo federal tem que correr atrás.
00:35:49A gente fala muito que o impacto local em Minas Gerais, mas quem é responsável por essa negociação,
00:35:55não tem muito o que fazer, é o Ministério da Indústria, do Desenvolvimento e do Comércio,
00:36:00hoje chefiado pelo vice-presidente Giraldo Alckmin, e o Ministério das Relações Exteriores.
00:36:04Quem tem que conversar são eles.
00:36:06Os Estados, o que eles tentam fazer é proteger os seus produtores.
00:36:11São Paulo, por exemplo, anunciou abrir linhas de crédito.
00:36:14Isso é uma solução.
00:36:15Em Minas Gerais, o vice-governador Matheus Simões criticou como que o Itamaraty e o Ministério da Indústria
00:36:23têm lidado com essas negociações e disse que também já estuda medidas variativas
00:36:28para segurar esse primeiro impacto.
00:36:30Porque se a taxação realmente acontecer, Donald Trump tem essa tendência de recuar,
00:36:37é agora em agosto, né?
00:36:39E essas medidas são todas a curto prazo, né?
00:36:42Não tem como garantir linha de crédito para 5 anos.
00:36:45Sempre, para 5, 10 anos.
00:36:47É complicado.
00:36:48Mas eu acho interessante que esse estudo tenha sido feito pela FIENG agora
00:36:51e amplamente divulgado, né?
00:36:53A gente sabe como funciona isso, né?
00:36:55Eles atuam junto aos meios de comunicação, procuram, e a gente divulga
00:36:59porque realmente é muito importante esse tipo de análise.
00:37:02Mas demonstra, do ponto de vista político, uma preocupação muito grande da FIENG, né?
00:37:08O Flávio Roscoe tem se mostrado essa figura que vai olhar tecnicamente para o problema.
00:37:13Ele era um cara que se aproximava muito da ideologia e da política
00:37:19nos seus discursos anteriores, mas desde a carta de Donald Trump
00:37:22está se colocando como um cara que defende a indústria,
00:37:25que é o seu papel, a sua função, muito tecnicamente, né?
00:37:30Com dados, com números que mostram os impactos que isso pode ter.
00:37:33E ele se encontrou justamente com Geraldo Alckmin, né?
00:37:36O que mostra essa necessidade de ter contato com quem vai fazer essa negociação, né Bruno?
00:37:40Corroborando com o que você disse,
00:37:42corroborando também com o que o DN já tinha falado,
00:37:44que o Geraldo Alckmin, nessa situação do tarifácio,
00:37:47ele se apresenta como o cara do governo Lula
00:37:53capaz de lidar com a situação de forma sóbria, né? Tranquilo.
00:37:58Pois é, ontem ele solicitou uma agenda com o vice-presidente Geraldo Alckmin,
00:38:04que foi encarregado dessa questão, justamente pela gravidade e pelo prazo curto, né?
00:38:10Essas entidades, FIEM e FIESP, têm tido essa postura porque,
00:38:14apesar da justificativa do presidente Donald Trump não ser uma justificativa técnica,
00:38:19porque ele manda na carta que ele tá taxando o Brasil por causa do julgamento do Bolsonaro,
00:38:25por causa do julgamento das big tax, ele distorce o dado de que os Estados Unidos
00:38:31teriam déficit, teriam superávit, né, déficit isso, né, na balança comercial com o Brasil, né,
00:38:37que ao contrário, os Estados Unidos têm um lucro de 410 bilhões de dólares nos últimos 15 anos no comércio.
00:38:44Então, essas entidades, elas estão correndo atrás.
00:38:48O Fábio Rosco foi ao encontro do vice-presidente e, justamente porque,
00:38:53a gente fala, eu falei do café, mas a indústria também é muito afetada
00:38:57porque Minas Gerais exporta muito ferro nos Estados Unidos, muito ferro, aço,
00:39:03é um estado minerador, obviamente, né, então ele acredita que as empresas,
00:39:09essas empresas produtoras de ferro, de aço, de outros produtos manufaturados,
00:39:15são altamente competitivas no mercado e tem os Estados Unidos como destino de 80% dessa produção.
00:39:22Os Estados Unidos é um dos principais parceiros comerciais do Brasil,
00:39:26é o segundo maior parceiro comercial do Brasil com 12% dos produtos brasileiros indo pra lá.
00:39:31A princípio parece um número baixo, 12%, mas é um impacto muito grande pra indústria isso, né.
00:39:37Então, ele disse que essas tarifas podem inviabilizar muitas dessas operações.
00:39:44E ele disse que o vice-presidente-geral do Alckmin reforçou que está trabalhando, né,
00:39:49pra reduzir essas tarifas e, se não for possível, o governo brasileiro quer adiar o início dessa cobrança, né,
00:39:57pra talvez tentar mais tempo de negociação, que geralmente tem acontecido com as negociações com outros países.
00:40:03Mas é aquilo.
00:40:05Geralmente, a questão com os outros países, o Donald Trump tem uma justificativa técnica.
00:40:10No Brasil, ele tem uma justificativa política, uma tentativa de interferência no poder judiciário.
00:40:15Essa é até uma das questões do estudo, porque o estudo é muito técnico.
00:40:19Ele trata sobre, realmente, um impacto baseado em tecnicidades.
00:40:23Só que, justamente, a proposta do tarifasso surgiu ideologicamente, tanto que aquilo que foi a justificativa técnica,
00:40:30ela até é questionada, porque o Trump alegou que o tarifasso seria pra justificar um certo descompasso
00:40:36entre a economia, entre a política econômica, entre o Brasil e os Estados Unidos,
00:40:40sendo que os dados mostram que, na verdade, os Estados Unidos tem um superávit na balança comercial com o Brasil.
00:40:45Todos os dados técnicos e avaliações econômicas relacionadas ao tarifasso escancaram, gritam que ele não faz nenhum sentido.
00:40:57A própria carta dele, como o Denis está falando, a única parte que ele faz uma justificativa totalmente econômica, ela está errada.
00:41:07Então, assim, as outras questões são questões discutíveis.
00:41:12Se o Brasil está interferindo na liberdade de expressão de empresas americanas aqui, por conta das redes sociais, das big techs,
00:41:22se o Brasil está fazendo uma caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, é tudo discutível do ponto de vista político ideológico.
00:41:30Por mais que delirante que possa ser essa discussão, é uma discussão que está em aberto.
00:41:37Então, por isso que é difícil, né, pra Flávio Roscoe, pra Fiesp, pra Geraldo Alckmin sentar numa mesa e querer esperar de lá uma resposta que seja sóbria, né,
00:41:47que seja baseada em números, baseada em uma relação de multilateralismo, né.
00:41:54Olha, vai ser ruim pros Estados Unidos também.
00:41:56Exatamente.
00:41:57Tem que se abster dessa quantidade de produtos que eles importam do Brasil.
00:42:00Vai ser horrível pro Brasil, mas tem impacto lá.
00:42:03Não faz muito sentido você querer atrapalhar uma relação que é superavitária, né.
00:42:08Então, é complicado porque você está lidando com a imprevisibilidade de quem tomou a decisão baseado em questões alheias a toda a parte econômica.
00:42:17Então, a gente faz toda essa conversa aqui, mas no final das contas o que vai ser decidido não está sendo baseado nessa questão mais pé no chão.
00:42:27Talvez um dos outros únicos pontos técnicos é que o presidente Donald Trump disse também na carta que as empresas brasileiras que queiram se situar nos Estados Unidos seriam bem-vindas, assim.
00:42:38Posteriormente, ele também fala um pouco sobre a questão do PIX, por exemplo, dos meios de pagamento eletrônico, que já é também outra discussão.
00:42:46Da pirataria.
00:42:47Da pirataria, que, enfim, causa um atrito ali na relação comercial.
00:42:53Talvez, mas coisa pequena, né.
00:42:56E aí fica difícil negociar.
00:42:58Uma das coisas que o Roscoe também disse é que o governo brasileiro precisa tomar algumas medidas para proteger o mercado nacional.
00:43:07E aí o governo brasileiro já tentou acionar a OMC, mas é aquela coisa também.
00:43:13A gente está tratando de um país que todas as relações multilaterais são desprezadas, né.
00:43:19Os Estados Unidos acabou de sair de novo da Unesco, que é a Organização da ONU para Educação.
00:43:25Então, os Estados Unidos talvez não se importe tanto com o que a OMC possa falar e tem que ver qual é o poder da OMC nisso.
00:43:32Mas, talvez, para a indústria brasileira sejam importantes medidas anti-dumping, contra a concorrência desveal de outras empresas que podem tentar se aproveitar disso internamente dentro do Brasil, né.
00:43:45A FIENG e essas entidades reclamam muito da concorrência da China com o aço chinês entrando no país, né.
00:43:55Então, são vários pedidos que tem, mas é muito difícil negociar nesse momento.
00:43:59É, vamos ver os próximos capítulos, né.
00:44:02Acho, assim, politicamente seria interessante que, né, mesmo Zemo, Tarcísio e a direita, de uma forma geral,
00:44:08aproveitar essa oportunidade e se descolar dessa coisa delirante, assim.
00:44:12Eles não vão fazer e não tenho esperança de que façam, mas deveriam, né, porque afeta muito o país, né, afeta emprego, afeta economia.
00:44:21E se a gente tá falando de uma direita liberal, faz sentido que a gente deixe de lado nossa atividade industrial,
00:44:28nossa atividade de exportação em prol de uma única causa que é a anistia Jair Bolsonaro.
00:44:35que eu acho muito importante, porque quando a gente começar a falar sobre possíveis retaliações,
00:44:41e eu já tenho lido muito por aí que as possíveis retaliações são descritas ou traduzidas como a declaração de guerra tarifária,
00:44:53ou a declaração de uma guerra econômica por parte do Brasil.
00:44:56A minha opinião é que essa visão é uma visão completamente descabida dos fatos, né, porque se o Brasil anunciar uma retaliação,
00:45:04o Brasil vai estar abrindo uma guerra econômica, a guerra tá aberta, né, anunciou.
00:45:09Eu acho que é uma questão de que a gente possa ter uma forma de responder a uma medida completamente descompensada, autoritária, predatória, né,
00:45:17e que afeta o Brasil não do ponto de vista só do executivo.
00:45:21Determina, por exemplo, que o executivo, que é quem comanda as questões econômicas do país,
00:45:26faça uma ingerência sobre outro poder, que é o poder judiciário, que é independente.
00:45:30Isso é uma premissa, a premissa básica da constituição brasileira.
00:45:36Então, é a gente aceitar que a gente vive num país, né, soberano e com as suas próprias regras, independente...
00:45:44Poder pensar na retaliação. Isso não significa abrir uma guerra, né, porque a situação vai piorar com a retaliação,
00:45:51o Bruno já trouxe aqui, obviamente, mas a gente não pode perder de vista porque que isso tudo começou, né.
00:45:56Isso tudo começou com uma chantagem, uma chantagem que tá relacionada à anistia ao ex-presidente.
00:46:02É, o que o presidente Lula disse.
00:46:03Esse é um preço que a gente tá disposto a pagar pro Bolsonaro não ser preso?
00:46:07O Brasil tá disposto a pagar esse preço? Todo o Brasil.
00:46:10Não só os não-bolsonaristas, não só a esquerda, mas a indústria tá disposta a pagar?
00:46:15A direita tá disposta a pagar?
00:46:16É, não é nem ser preso, né, é a questão de ele ter um julgamento correto e ele tem que ser julgado pelo que ele fez.
00:46:22Ele está sendo julgado.
00:46:23Ele tá sendo julgado pelo que ele fez. O que os Estados Unidos querem é que o Brasil pare de julgar um cidadão brasileiro.
00:46:28Ele tá sendo julgado como todos os outros, com direito de defesa, direito do contraditório e tudo.
00:46:35Essa narrativa de que o STF esteja perseguindo o ex-presidente Bolsonaro, muitas pessoas vão até discutir isso,
00:46:43mas tecnicamente nada mostra isso, né.
00:46:47As decisões são embasadas, tem parecer da Procuradoria Geral da República, tem investigação da Polícia Federal,
00:46:56que são instituições independentes também, não são instituições que se relacionam totalmente assim.
00:47:00É.
00:47:01Muito difícil, né.
00:47:03É o que o presidente Lula disse ontem, né.
00:47:06O Brasil quer conversar, o Brasil quer negociar, mas os Estados Unidos não querem.
00:47:10Então, tem muito o que fazer.
00:47:12Vamos ver, né.
00:47:13Cenas dos próximos capítulos e dos próximas semanas aqui no Política em Pauta.
00:47:18Com certeza isso vai ser muito discutido.
00:47:20Olha, essa, só pra gente dizer, né, já que a gente tá falando de próximos Política em Pauta,
00:47:25uma inédita edição do programa sem Propag, hein.
00:47:29Sem Propag.
00:47:30Vou falar a palavra aqui só pra gente não passar em branco.
00:47:32Exatamente.
00:47:33Deixar o marco.
00:47:34É, Propag foi citado.
00:47:35É porque a assembleia tá de recesso.
00:47:37É.
00:47:38Até tem notícia, né.
00:47:39Tem.
00:47:40Se a gente abrir aqui no Jornal da Semana, obviamente tem notícia sobre isso.
00:47:44Mas a gente comenta mais na semana que vem.
00:47:46Porque vamos pro terceiro bloco pra poder falar de taifa zero.
00:47:50Aí uma medida, um projeto que tá tramitando na Câmara Municipal em meio a tantas discussões
00:47:59inócuas, né.
00:48:00A gente pode ter dois dias, datas comemorativas no mesmo dia.
00:48:05A gente pode ter dia do legendário.
00:48:07A gente pode...
00:48:08Tem.
00:48:09Financiar a parada LGBT.
00:48:10A gente tem que ter o dia sem camisinha, o dia com camisinha.
00:48:14Tanta bobagem.
00:48:16Agora incentiva a Bet.
00:48:18Incentiva a Bet.
00:48:19Que vamos falar também.
00:48:20No meio disso tudo a gente tem um projeto importante.
00:48:23Um projeto que afeta muito a população e que pode ser revolucionário, né.
00:48:27Colocar Belo Horizonte no mapa brasileiro como a primeira capital sem passagem de ônibus.
00:48:35Sem passagem de transporte público.
00:48:37E o Denis vai falar pra gente aqui sobre essa matéria que ele escreveu na quarta-feira.
00:48:42Que mostra que existe já um estudo da UFMG que corrobora com os estudos já feitos pelo Tarifa Zero.
00:48:48Os movimentos que corroboraram tecnicamente com a produção desse projeto de lei, né.
00:48:53Que é assinado por mais de 20 vereadores de Belo Horizonte.
00:48:56Começou ali com a Isa Lourença, do PSOL.
00:48:59Que mostram que o principal ponto de discussão dessa questão, que é o financiamento que viria das empresas em Belo Horizonte.
00:49:10Não teriam realmente um impacto real na folha dessas empresas.
00:49:14Como é que é esse estudo, Denis?
00:49:15E como é que está andando essa ideia do Tarifa Zero em Belo Horizonte?
00:49:18Pois é.
00:49:19Nos últimos anos, mobilidade se tornou talvez o grande assunto da política belo-horizontina.
00:49:25Muito por conta dos aumentos das tarifas cada vez maiores a cada ano.
00:49:29E que chegaram num ponto onde é insustentável pra muitas pessoas conseguirem bancar o seu deslocamento.
00:49:34Era pro assunto, e está sendo o assunto em mobilidade, a questão do novo contrato das empresas de ônibus.
00:49:41Que a atual concessão se encerra em 2028.
00:49:43Mas agora, no meio desse caminho, entrou uma nova pauta.
00:49:46Que tem unido esquerda e direita a ter sido uma pauta suprapartidária.
00:49:49Que é a questão da Tarifa Zero.
00:49:50Como o Bernardo bem citou, esse projeto, caso aprovado, Belo Horizonte seria a maior cidade do Brasil
00:49:57e a primeira capital do Brasil a ter o fim da cobrança das passagens nos ônibus.
00:50:01O fim das catracas nos ônibus.
00:50:03E é um assunto suprapartidário.
00:50:06Mas ainda existe uma certa resistência das pessoas.
00:50:08Especialmente pela falta de esclarecimento sobre como que isso seria bancado.
00:50:13E a proposta desse projeto é de que a maior parte do que hoje é utilizado com Vale Transporte
00:50:22seja substituído por uma taxa que será cobrada das empresas estabelecidas na cidade.
00:50:28Então, cada empresa pagaria uma taxa por funcionário.
00:50:33Essa taxa, nesse estudo, ela é de 185 reais.
00:50:38Um pouquinho maior do que o que está no projeto de lei, que é de 169 reais.
00:50:43E essa taxa, ela iria subsidiar a maior parte do custo da tarifa de ônibus.
00:50:48Porque hoje a tarifa de ônibus em Belo Horizonte, a tarifa em si, aquilo que as pessoas pagam nos ônibus,
00:50:54ela hoje custeia apenas 26% do transporte coletivo.
00:50:59A maior parte ou vem do subsídio que é pago pela prefeitura e que se tornou uma política pública
00:51:04ou então vem do Vale Transporte que as empresas pagam para os funcionários.
00:51:08E a ideia é que o subsídio continue por parte da prefeitura e que as empresas paguem a passar essa taxa por funcionário.
00:51:15Essa taxa, ela seria cobrada a partir do décimo funcionário, a partir do décimo vínculo empregatício.
00:51:22Isso significa que empresas com 9 funcionários ou menos deixariam de pagar Vale Transporte
00:51:28e empresas que tenham mais de 10 funcionários, uma empresa que tem 15, ela pagaria apenas do décimo funcionário para frente.
00:51:35Uma empresa com 200 empregados pagariam do décimo funcionário para frente.
00:51:39Então assim, já haveria uma desoneração, digamos, das empresas pequenas que tem poucos funcionários,
00:51:46elas deixariam de ter esse custo de Vale Transporte e para as pessoas teria duas desonerações.
00:51:51A primeira é que ela não teria mais a cobrança do 6% em cima do Vale Transporte,
00:51:58aquele desconto na folha salarial, isso não teria mais.
00:52:01E essas mesmas pessoas, elas fora do deslocamento do trabalho,
00:52:05o ônibus que ela pegue o fim de semana, o ônibus que ela pegue para ir para uma faculdade,
00:52:08para ir buscar o filho na escola ou para ter acesso a serviço de saúde,
00:52:12ou até mesmo para gastar no comércio, gastar com lazer, ela deixaria de ter essa cobrança, a tarifa seria zerada.
00:52:19E esse estudo está sendo feito com base numa expectativa de aumento de demanda também.
00:52:25Porque em todas as cidades onde foi implantado tarifa zero, cidades pequenas que foram implantadas,
00:52:30houve um aumento da demanda. As pessoas passaram a utilizar mais o transporte público,
00:52:34as pessoas passaram a deixar o carro em casa para poder usar o transporte público,
00:52:38e hoje o transporte público de Belo Horizonte é orçado anualmente em 1,7 bilhão,
00:52:45e esse estudo é feito com base numa expectativa de aumento que pode chegar a aumento de 20% na demanda,
00:52:52e com aumento de custos chegando até 2 bilhão.
00:52:54Ou seja, mesmo que haja um aumento de demanda que é esperado que ocorra,
00:52:59esse estudo mostra isso, que é possível bancar isso com essa taxa de R$189,00 por mês
00:53:06de cada funcionário das empresas a partir do décimo funcionário.
00:53:09Alguns setores, o estudo é detalhado nesse sentido que alguns setores
00:53:13eles teriam aumento na folha salarial maior, outros menor, expectativa, claro.
00:53:18Mas, no geral, a expectativa é de que a folha salarial no município de Belo Horizonte,
00:53:23ou seja, tudo aquilo que as empresas gastam com Vale Transporte,
00:53:27haveria um acréscimo de 0,91%.
00:53:30Então, seria um custo relativamente baixo pelos benefícios...
00:53:33Um aumento médio, né?
00:53:35Isso, um aumento médio seria esse, de 0,91%.
00:53:38Menos de 1% é para poder conseguir zerar a tarifa de Belo Horizonte hoje,
00:53:42que, vale lembrar, é uma das mais altas do país, de R$5,75,
00:53:47apenas na primeira passagem, porque a maior parte das pessoas...
00:53:51Não a maior parte, mas muitas pessoas usam mais de um ônibus
00:53:53para fazer o seu deslocamento para o trabalho,
00:53:55e aí esse valor de R$5,75 aumenta e chega a quase R$10,00.
00:53:59Isso é interessante, né?
00:54:01Porque eu acho que o principal ponto dessa pesquisa, pelo menos a minha sensação,
00:54:06é demonstrar esse percentual médio do aumento para as empresas,
00:54:10porque de tudo que está sendo discutido agora,
00:54:13o único ponto que é criticado, questionado,
00:54:17é essa questão do impacto para o empregador, né?
00:54:20Que a gente sabe que tem um peso muito grande dentro, inclusive, da Câmara de Vereadores,
00:54:25existe uma preocupação popular com a garantia do emprego, né?
00:54:31Que talvez isso signifique que os patrões vão demitir as pessoas,
00:54:34mas demonstrar que existe um aumento, mas esse aumento não é tão significativo,
00:54:39eu acho que é o grande trunfo desse estudo, né, Denis?
00:54:41Pois é, existem muitas pessoas comentando,
00:54:44pessoas que estão com essa resistência à tarifa zero,
00:54:47falando, por exemplo, não existe almoço grátis,
00:54:49então agora com a tarifa zero haverá,
00:54:51já pode esperar a prefeitura aumentando, por exemplo, o valor do IPTU,
00:54:54para poder bancar isso.
00:54:56Só que, na verdade, a proposta atual, ela nem considera um aumento do subsídio,
00:54:59isso pode ocorrer se a demanda aumentar muito,
00:55:01mas não considera isso no primeiro momento.
00:55:03Ou seja, a prefeitura, as empresas vão gastar um pouquinho a mais na folha,
00:55:07e a prefeitura não gasta nem um centavo a mais.
00:55:09Exato, já começa por aí.
00:55:11E, ah, pode haver um aumento no preço dos produtos e dos serviços em Belo Horizonte
00:55:16por conta desse custo a mais na empresa.
00:55:18Só que esse custo, ele é de 0,91%, em cima da folha salarial,
00:55:22que, por si só, ela é apenas um dos fatores que influenciam
00:55:27na precificação de um produto ou de um serviço.
00:55:29Ou seja, o aumento, se ocorrer, seria mínimo.
00:55:32E existe ainda uma outra questão, e o pessoal que está articulando a tarifa zero
00:55:37diz que esse será o próximo levantamento, será a próxima pesquisa
00:55:40a ser lançada pela Faculdade de Ciências Econômicas do FMG,
00:55:43que fez esse estudo do impacto na folha salarial,
00:55:45que é o impacto no comércio e o impacto no setor de serviços.
00:55:49Porque nas cidades onde foi implantada a tarifa zero,
00:55:52o que se observou é de que houve um aumento na arrecadação dos municípios,
00:55:56porque as pessoas, com esse valor que as pessoas deixaram de gastar com deslocamento,
00:56:01elas passaram a comprar mais, passaram a consumir mais,
00:56:04as pessoas passaram a frequentar mais lojas, frequentar mais serviços,
00:56:07porque agora ficou mais facilitado tendo ônibus o tempo todo de graça.
00:56:11Sai no fim de semana, né?
00:56:12Exatamente. Então, assim, nesse primeiro momento a perspectiva é de um investimento.
00:56:17Seria um investimento que seria feito para conseguir bancar a tarifa zero,
00:56:21esse aumento da folha salarial, mas a esperança, o que se espera a longo prazo,
00:56:26a médio, na verdade, prazo, é de que haja um aumento na arrecadação do município,
00:56:30que haja um aumento no faturamento das empresas.
00:56:32É, gente, isso acho que é economia básica, né?
00:56:35Quando a gente está na escola a gente aprende que o mercado consumidor fortalecido,
00:56:38com mais dinheiro, vai gastar mais na cidade, né?
00:56:41Acho que uma coisa muito interessante é como esse custo pode ser diluído nisso, né?
00:56:47Porque, na verdade, se você melhora toda a economia da cidade, todo o ecossistema,
00:56:52as pessoas compram mais, vão mais no cinema, por exemplo, vão mais no shopping,
00:56:57você melhora a economia no geral, né?
00:57:00Essa questão dos 6% de desconto é um valor muito alto para as pessoas, né?
00:57:07Desconto muito severo para o trabalhador, assim.
00:57:10Eu acho que é muito interessante esse estudo e acho que é economia básica.
00:57:14Eu acho que seria até contra-producente negar esse tarifa zero.
00:57:24Eu acho que seria muito importante para a cidade.
00:57:26Acho que a cidade só tem a ganhar com isso.
00:57:28Pois é, e a gente está falando de uma perspectiva econômica,
00:57:30de uma perspectiva de comércio, de uma expectativa de setor de serviços,
00:57:33mas uma das bandeiras do tarifa zero é que as pessoas tenham mais acesso à saúde,
00:57:36as pessoas tenham mais acesso à educação, tenham mais acesso ao lazer.
00:57:40A cidade, né? O que a cidade tem para oferecer, né?
00:57:42Exatamente.
00:57:43As pessoas deixam de ir a eventos gratuitos porque precisam de pegar um ônibus domingo, né?
00:57:48Dois ônibus.
00:57:49Quem vai sair com a família gasta 5,75 para quatro pessoas.
00:57:54Isso é um custo muito alto no final do mês.
00:57:57Pois é.
00:57:58Pois é.
00:57:59Em 2023, hoje a maior cidade em Minas Gerais que tem a tarifa zero,
00:58:04e se não me engano é a segunda maior cidade do Brasil que tem a tarifa zero, é a Ibirité.
00:58:07Fica aqui na região metropolitana de Belo Horizonte.
00:58:10E eu fui lá em 2023, poucos meses depois de ter sido implantado a tarifa zero,
00:58:14e eu conversei com o secretário de transportes na época,
00:58:16e ele disse justamente que era um projeto,
00:58:20e detalhe, ele foi lançado lá em Ibirité por um prefeito que é um prefeito de direita.
00:58:24A ideia era essa, de que a longo prazo se observasse,
00:58:28que a longo prazo acontecesse isso, de aumentar a arrecadação do município,
00:58:31e ele até comentou.
00:58:32Hoje as pessoas daqui de Ibirité, quando elas vão fazer compras,
00:58:34elas pegam um ônibus e vão para o barreiro fazer compras em Belo Horizonte.
00:58:38A nossa expectativa é de que tendo a tarifa zero aqui,
00:58:40as pessoas não só passem a ficar aqui para poder pagar,
00:58:44para poder consumir as suas coisas,
00:58:46justamente porque antes, para a pessoa ir do bairro dela até o centro de Ibirité,
00:58:51Ibirité ela pagava uma tarifa e pagando um pouco a mais ela chegava no barreiro.
00:58:54Como para ir até o centro de Ibirité a tarifa zerou,
00:58:57a expectativa era que não só as pessoas passassem a consumir mais em Ibirité,
00:59:02como esse valor que ela deixou de pagar no transporte,
00:59:05ela gastasse no comércio, ela gastasse no setor de serviços.
00:59:08Interessante.
00:59:09Isso é muito interessante.
00:59:10A gente já vive no Brasil pelo menos duas décadas de sucesso em programas de transferência de renda,
00:59:17Bolsa Família e outras modalidades.
00:59:20E os estudos que acompanham a eficiência desse tipo de programa,
00:59:28de forma quase unânime, pelo menos no que a gente lê e tem acesso,
00:59:32eles mostram que um dos resultados que é perceptível,
00:59:37independente da métrica que se avalia,
00:59:40é que o trabalhador assalariado,
00:59:42a gigantesca maioria das pessoas do país,
00:59:46e obviamente a gigantesca maioria das pessoas que usam transporte público,
00:59:50qualquer economiazinha que elas têm no mês,
00:59:53qualquer dinheirinho que sobra que elas têm no mês,
00:59:55ou um valorzinho a mais que entra,
00:59:57ele é gasto.
00:59:58Não é um dinheiro que a pessoa vai pegar e vai juntar e vai botar numa poupança,
01:00:02porque a população brasileira tem necessidades prementes.
01:00:06Então assim, você tem muito mais necessidades e vontades do que o seu salário no final do mês
01:00:13é capaz de oferecer, de permitir.
01:00:16Se entra um dinheirinho a mais, você vai satisfazer esse tipo de necessidade,
01:00:20desde que seja uma alimentação, uma necessidade básica,
01:00:24ou um lazer, uma necessidade também humana,
01:00:27de que as pessoas vivam a cidade.
01:00:29Então, se você tem esse descontinho aí de 6% do Vale Transporte e deixa de ter no seu salário,
01:00:35você não vai pegar esse dinheiro e não vai fazer nada com ele.
01:00:38É um dinheiro que vai recircular na cidade e é óbvio que essas pessoas vão gastar.
01:00:41Não é como se a vida de todo mundo estivesse tranquilo, de boa,
01:00:44qualquer dinheiro a mais que entrar eu vou poder juntar.
01:00:47Não, eu vou resolver um problema que talvez eu estava remediando
01:00:50porque eu não estava com esse dinheiro a mais,
01:00:52vou arrumar alguma coisinha em casa,
01:00:54ou então vou comprar aquele negócio que eu estou precisando
01:00:56e não estava podendo comprar porque estava faltando,
01:00:59o orçamento estava apertado.
01:01:00Então, a gente sabe, via esses estudos que mostram o resultado dos programas de transferência de renda,
01:01:07que a população brasileira vive numa situação que qualquer ganho,
01:01:12qualquer dinheiro a mais no final do mês é reinvestido.
01:01:16Ele circula de novo na economia, ele fomenta o setor de serviço,
01:01:20ele fomenta o setor de comércio.
01:01:22Então, não é também como se Belo Horizonte fosse sofrer
01:01:26porque as empresas de ônibus vão parar de arrecadar
01:01:29ou as empresas que pagam o Vale Transporte vão passar a ter que pagar para todo mundo
01:01:36e não só para quem usa o transporte.
01:01:38Eu acho que, como o Bruno falou e como o estudo mostra,
01:01:42inclusive esse próximo estudo do FMG talvez seja ainda mais forte
01:01:46para poder dar aderência à população e até ao empresariado de uma forma geral
01:01:54a esse projeto de tarifa zero, porque fomenta a economia da cidade,
01:01:58a cidade mais viva, com mais circulação de pessoas e mais circulação de dinheiro também.
01:02:03Dois pontos até na sua fala, primeiro, 6% no salário é um valor muito alto
01:02:10e que realmente vai fazer muita diferença no orçamento de muitas pessoas.
01:02:14Por exemplo, uma pessoa que ganha 2 mil reais, 6% é 120 reais por mês.
01:02:17Isso é muito dinheiro quando você olha um 120 reais que vai estar agora disponível na sua renda.
01:02:23É, deve fazer uma compra, para casa, muitas coisas.
01:02:27Mas tem uma questão que eu acho que muitas pessoas têm essa dúvida também.
01:02:32E se a gente implanta a tarifa zero, as empresas talvez decidem retalhar?
01:02:36Porque a gente sabe que a qualidade deixa a desejar ainda.
01:02:39Tem alguma garantia de que talvez também se precise fazer um investimento em qualidade?
01:02:44Então, esse projeto da tarifa zero, ele estabelece um período de transição de 4 anos.
01:02:50Então, seriam 4 anos para que...
01:02:53Não foi detalhado como que seria, mas poderia, por exemplo, ser um modelo igual
01:02:57algumas cidades adotam, que é a tarifa zero aos domingos.
01:02:59Que é um dia onde há uma queda na demanda pelo transporte público
01:03:02e que isso pode até fazer com que as pessoas voltem a utilizar ônibus.
01:03:05É uma coisa que tem acontecido em São Paulo.
01:03:07Esse exemplo, isso não está detalhado no projeto de lei.
01:03:10E justamente esse período de 4 anos, ele coincide com o fim do atual contrato.
01:03:13Então, a ideia é que, sendo aprovado a tarifa zero,
01:03:16que o próximo contrato já seja feito nos moldes da tarifa zero,
01:03:20nos moldes do fim da cobrança e que isso estabeleça regras e questões para as empresas.
01:03:25A questão de retaliação, ela...
01:03:28Num primeiro momento, ela parece pouco provável.
01:03:31Primeiro porque as empresas até agora não retalharam essa ideia.
01:03:34E segundo porque, em alguma medida, a tarifa zero é benéfica para as próprias empresas de ônibus.
01:03:39Porque, por exemplo, hoje as empresas não têm mais os cobradores nos ônibus,
01:03:44mas as empresas, elas ainda fazem a gerência da cobrança da tarifa,
01:03:48que os motoristas fazem a cobrança.
01:03:49As empresas pagam o adicional para o motorista estar fazendo essa dupla função.
01:03:53As empresas é que sustentam, entre aspas, mas elas que promovem os aplicativos que temos hoje
01:03:58de pagamento para o aplicativo, de recargo para o aplicativo,
01:04:01seriam coisas que as empresas não teriam mais a obrigação de fazer.
01:04:04A questão da evasão, por exemplo, as empresas já não mais teriam,
01:04:08porque não teria porque ter evasão, já que não tem cobrança de tarifa.
01:04:11E, principalmente, as empresas é que tentaram, no primeiro momento, pleitear o subsídio.
01:04:17Desde o primeiro subsídio que aconteceu aqui em Belo Horizonte,
01:04:20que foi lá atrás na pandemia, com o adiantamento do Vale Transporte
01:04:24e depois com a implantação do subsídio como política pública,
01:04:27as empresas, elas viram isso com bons olhos.
01:04:29Primeiro porque isso é uma renda, é uma receita que ela é meio que garantida.
01:04:35É, estabilidade.
01:04:36Estabilidade.
01:04:37E as empresas, elas estão tentando, pelo menos estão ensaiando este movimento,
01:04:41talvez visando a próxima licitação, que é de serem melhores vistas pela população.
01:04:47E você tendo a tarifa zero, você não só já melhora isso em alguma medida,
01:04:51como você também não tem mais aquele stress do começo de todo o ano,
01:04:55que é do aumento da tarifa, que é uma coisa que as empresas, elas acabam
01:04:59ficando muito manchadas em cima disso.
01:05:01As empresas, elas estão com esse discurso de serem mais transparentes
01:05:04e elas estão pleiteando o subsídio.
01:05:06As empresas estão pleiteando o subsídio com o governo estadual,
01:05:08a princípio isso não está avançando, mas estão pleiteando isso também.
01:05:12Então, é pouco provável que tenha retaliação, porque a tarifa zero para as empresas em si
01:05:16não faria muita diferença.
01:05:17Elas continuariam basicamente arrecadando o mesmo tanto que elas arrecadam hoje.
01:05:21Isso é interessante desse ponto de vista das relações públicas das empresas,
01:05:26porque realmente você tem um ponto que é quase unânime entre o Belo Horizonte,
01:05:30que existe uma máfia do transporte público, que todos os prefeitos da história da cidade
01:05:35estão encomunados com essa máfia.
01:05:38Não cabe a gente entrar nesse mérito aqui, mas eliminando a tarifa
01:05:45e não havendo uma represália das próprias empresas, a imagem tende a melhorar, obviamente.
01:05:51Até porque não dá para piorar, né?
01:05:52Não dá para piorar.
01:05:53E justamente tem essa perspectiva da concessão, da nova concessão,
01:05:57que vai ser daqui três anos, ainda não se sabe exatamente como será feito.
01:06:00Mas tem isso.
01:06:02E essa questão, a tarifa zero virou um assunto suprapartidário.
01:06:05Políticos de esquerda, políticas de direita já perceberam que isso dá voto,
01:06:09isso tem apoio popular e isso efetivamente melhora a vida das pessoas.
01:06:14Acho que esse é o grande assunto que uma Câmara Municipal tem gerência, né?
01:06:18Que pode atuar, né?
01:06:19A Câmara Municipal não pode atuar sobre muitas coisas, mas pode atuar sobre isso.
01:06:22Acho que uma questão interessante que os vereadores parecem sair a começar a discutir
01:06:27são os horários dos ônibus também.
01:06:29Porque ontem, se eu não me engano, teve uma audiência pública para discutir o horário noturno, né?
01:06:34Porque é uma grande questão em Belo Horizonte que a gente sempre fala que é a capital dos bares, né?
01:06:39Teoricamente teria uma vida noturna muito agitada, mas não tem ônibus, né?
01:06:44De noite praticamente, né?
01:06:45É, não tem como quem vai no bar voltar, muito menos quem trabalha.
01:06:48Exatamente.
01:06:49Hoje, os ônibus, o horário noturno dos ônibus de Belo Horizonte, ele já é o mesmo de antes da pandemia.
01:06:56Isso, quando foi estabelecido o subsídio, isso foi determinado.
01:06:59Então, mesmo que hoje a demanda do transporte seja consideravelmente menor do que era o patamar
01:07:04antes da pandemia, os horários noturnos continuam os mesmos.
01:07:07Só que a questão é que as pessoas não voltaram a utilizar os ônibus de madrugada.
01:07:11Tanto pela facilidade que os aplicativos geraram, assim, quanto também pela falta de segurança de madrugada.
01:07:16Mas isso também pode estar relacionado diretamente com a tarifa.
01:07:19Você mora na Savasse, você trabalha na Savasse, você mora num lugar onde pegando dois ônibus
01:07:26você vai pagar quase R$11,00, você olha o aplicativo e tá lá R$20,00, você faz esse esforço de pagar um pouco a mais
01:07:31pra poder voltar pra casa...
01:07:33Mais rápido, mais segurança.
01:07:34Exatamente.
01:07:35E a perspectiva do aumento de demanda que a tarifa zero promove, ela pode beneficiar isso.
01:07:39Hoje, tanto a Sumobi quanto as empresas, elas estão resistentes, por exemplo, a aumentar o quadro de horários de madrugada
01:07:45ou aos domingos, onde o ônibus é a cada 50 minutos.
01:07:48Muito por conta de que tem muita linha que roda vazia, tem muito ônibus que roda vazia.
01:07:52Com a tarifa zero, pode ser que mais pessoas voltem a utilizar o transporte e naturalmente
01:07:57haja uma demanda de aumento de horários.
01:07:59Hoje, uma linha que tem um horário, uma viagem por hora, mais pessoas utilizando, pode aumentar pra dois, três, quatro.
01:08:06O Denis lembrou, né, que não tá muito bem, não tá explícito no projeto, né, a forma como vai se dar essa transição.
01:08:13Isso, geralmente, fica a cargo do executivo, né, que faz a regulamentação da lei.
01:08:17Então, portanto, vai ficar a cargo, se for aprovado, vai ficar a cargo da Prefeitura e do Álvaro Damião.
01:08:23E ele já deu entrevista, inclusive, a gente aqui no programa Em Minas, né, parceria do Jornal com a TV Alterosa,
01:08:28em que ele cita essas questões de ônibus e ele fala, ó, não sou contra o tarifa zero.
01:08:33Quem, em sã consciência, vai ser contra ônibus de graça, né?
01:08:37Agora, a gente tem que ver como é que vai ser feito essa tributação,
01:08:41como é que vai ser feito o financiamento desse projeto, etc.
01:08:45Ele tá em medo de que empresas de Belo Horizonte vão pra cidades vizinhas,
01:08:50mudem a sede, né, pra poderem ter que pagar essa taxa.
01:08:54Esse tipo de estudo é muito importante pra tirar a força desse tipo de argumento, né?
01:09:01Olha, se fizer isso, é quase uma mesquinharia, né?
01:09:05Porque, pô, a cidade tá oferecendo aqui uma possibilidade de aumento de circulação de dinheiro e tal.
01:09:12E, assim, se cair no colo...
01:09:14A gente tem que lembrar que esse projeto tá tramitando de forma bem lenta na Câmara.
01:09:18O que a gente já disse aqui é, pra mim, pelo menos, é interessante pro projeto,
01:09:22porque ele não é votado rapidamente, a gente ainda tá na discussão das comissões
01:09:26antes do primeiro turno, e dá tempo de sair em estudos como esse da FMG
01:09:30pra gente poder discutir e tornar essa pauta conhecida de todo mundo,
01:09:35de todo mundo que pega ônibus, principalmente.
01:09:37Precisa ser, né, olha, não vai anenar demais, vai ser bom por isso, isso e aquilo.
01:09:42Ah, você tem dúvida nesse ponto? Esse ponto tá explicado aqui.
01:09:45E que vai cair no colo do prefeito Álvaro Damião, se a Câmara Municipal aprovar,
01:09:49a possibilidade de ser um prefeito histórico na cidade, né?
01:09:53De ser um cara que zerou a tarifa dos ônibus, porque, obviamente,
01:09:58que isso fica muito mais atrelado à imagem do prefeito do que à imagem dos vereadores.
01:10:02Com certeza.
01:10:03Então, e o Álvaro Damião tem essa preocupação, e aí eu até passo a bola pro Denis aqui,
01:10:09que ele até percebeu que nessa mesma entrevista ele foi falar que o Damião gosta sempre de
01:10:14lembrar das suas raízes no Concórdia, né?
01:10:16Ele é um cara da cidade, de fato, que conhece a periferia da cidade.
01:10:20Esse foi o principal trunfo dele na campanha com o Ford Noman, inclusive,
01:10:23dá penetração ao Ford Noman nas periferias da cidade.
01:10:28Mas aí ele vai lembrar do ônibus que ele pegava no Concórdia, ele até comete uma gafe, né, Denis?
01:10:32Pois é. Nessa entrevista que ele deu pro estado de Minas, pra em Minas,
01:10:36ele cita, ele quer demonstrar que ele entende as mazelas que as pessoas utilizam no transporte público,
01:10:42e ele citou que ele entende o que as pessoas passam no 1504,
01:10:46que é a linha de ônibus que atendia a região do Renascença, a região do Concórdia,
01:10:51que é a região onde o Álvaro Damião cresceu, se estabeleceu,
01:10:54só que a parte curiosa é que essa linha não existe há quase 30 anos.
01:10:57Então é isso, ele cometeu essa gafe, ele tentou demonstrar um conhecimento,
01:11:01uma proximidade com a população, cometeu, teve esse excesso, digamos assim,
01:11:06mas no discurso ele tem um discurso, em vários momentos, voltado pra questão do transporte.
01:11:12Muitas vezes falando bobagem, igual uma entrevista que ele deu, se não me engano, pra TV Horizonte,
01:11:16onde perguntado sobre a questão dos articulados do MOV, que hoje estão sucateados,
01:11:21que não há uma definição se serão substituídos ou não,
01:11:23ele citou que um dos motivos pros ônibus serem sucateados é que eles fazem
01:11:27curvas de 90 graus ali na região central, coisa que os articulados não poderiam fazer,
01:11:31o que não faz o menor sentido do ponto de vista mecânico e do ponto de vista das fabricantes.
01:11:35Os ônibus foram projetados pra fazer isso.
01:11:37Eles são articulados por algum motivo.
01:11:39Eles são articulados por algum motivo.
01:11:41A questão é essa, o transporte virou um grande triunfo eleitoral,
01:11:45virou um grande assunto discutido, debatido pela população.
01:11:48Não à toa o projeto do Tarifa Zero, ele é feito com a autoria de 22 vereadores.
01:11:55Isso é mais do que a maioria da Câmara, que hoje é 41 vereadores.
01:12:01Porém, para que esse projeto seja aprovado é necessário dois terços da Câmara.
01:12:07Então, ainda faltam seis votos para que o projeto possa ser efetivamente aprovado.
01:12:13E a bancada do governista vai ser muito importante pra isso, né?
01:12:17Assim, vai ser um cara importante pra ou liberar ou pedir pra que a bancada do governo vote a favor.
01:12:23Exato. Desses 22 autores, 22 vereadores que tem autoria no projeto,
01:12:29grande parte deles são de esquerda, a esquerda foi em peso nesse projeto,
01:12:32mas existe um ou outro ali que é de centro, existe um ou outro ali que é de direita,
01:12:36mas ainda não temos uma definição de como que a base governista irá.
01:12:41Se o prefeito irá efetivamente dizer pra ir nisso e naquilo,
01:12:46ainda não temos essa resposta, mas a princípio é isso.
01:12:48O Álvaro, ele não demonstrou nenhuma resistência a esse projeto
01:12:51e conversando com as pessoas, uma parte das pessoas tem dúvidas de como será bancado.
01:12:55Se estudos como este e outros mostram que dá pra bancar sem aumentar o imposto,
01:12:59que dá pra bancar de uma maneira que não vá trazer prejuízos pra economia,
01:13:02não haveria problemas de ser aprovado,
01:13:04até porque isso seria uma coisa positiva pra imagem dos vereadores e pra imagem do prefeito.
01:13:08É, chance de ouro aí na mão do Álvaro Damião,
01:13:11a gente pode ver se os vereadores aprovarem.
01:13:14Vale lembrar que ele tá nas comissões,
01:13:16tá na última comissão de ser votado em primeiro turno,
01:13:18mas o último avanço dentro dessas etapas na Câmara Municipal se deu
01:13:23a partir da não apresentação de um relatório dentro da comissão,
01:13:28perdeu o prazo, o relator que era o Juninho Los Hermanos,
01:13:30que é um dos vereadores mais ligados à prefeitura,
01:13:33um dos vereadores mais alinhados ao governismo.
01:13:36Então, ele preferiu não se manifestar, não apresentou um relatório.
01:13:42Isso é um indicativo de que a prefeitura ainda tá pesando em cima do muro,
01:13:48tentando entender como é que ela vai se posicionar em relação a essa situação.
01:13:52Vamos ver como serão os próximos capítulos, mas assim,
01:13:56do ponto de vista até do que o Álvaro Damião representa,
01:13:59e representa de fato, porque ele é uma figura da periferia de Belo Horizonte,
01:14:04oriunda da periferia de Belo Horizonte,
01:14:06e quer representar como um cara que não abandonou essa origem,
01:14:11é um projetaço, é uma grande oportunidade.
01:14:14Vai ser um desafio porque parece que esse assunto tá pegando na população também.
01:14:19A gente vê muitos artistas fazendo campanha, influenciadores fazendo campanha.
01:14:24Vamos ver.
01:14:25É, deve ser o tema aí.
01:14:27Tomara que seja, né?
01:14:28É muito bom que quando a política é discutida na rua,
01:14:31com temas que são propositivos dessa forma, né?
01:14:34É muito bom falar da Câmara Municipal aqui de Belo Horizonte no programa nesses termos.
01:14:39Bom, a gente vai ficar ficando por aqui.
01:14:41O programa hoje foi longo, mas temas muito importantes.
01:14:44Tivemos a participação especial do Denis pra falar desse assunto da tarefa zero.
01:14:48Bruno, obrigado aí pela participação mais uma vez e a gente volta na semana que vem.
01:14:51Muito obrigado, Bernardo, Denis.
01:14:53Sempre um prazer receber o aqui.
01:14:54Denis é nosso busólogo, né?
01:14:55Especialista em ônibus aqui no jornal.
01:14:57Denis sabe tudo, sabe tudo das linhas aqui de BH.
01:15:01Denis, as portas estão abertas pra comentar esses e outros assuntos.
01:15:04Com sorte o Tarifa Zero também vai voltar à pauta desse programa.
01:15:08Obrigado.
01:15:09Muito obrigado pelo convite e tomara.
01:15:12Tomara que possa voltar aqui talvez falando sobre a votação em primeiro turno,
01:15:16a avança do projeto, enfim.
01:15:18Com certeza, amor.
01:15:19Voltará e falaremos desse tema aqui no Política em Pauta.
01:15:23Bom, você que nos ouviu até agora, a gente está disponível no Spotify,
01:15:27no seu agregador de podcasts favoritos.
01:15:29Você pode assistir também a gente no canal do YouTube do Portal Ai,
01:15:32junto com todos os outros podcasts aqui do Jornal Estado de Minas,
01:15:35da TV Alterosa também e os vídeos das notícias mais importantes.
01:15:40A cobertura completa de política com tudo que vai acontecer nos próximos capítulos de Tarifa Zero,
01:15:46o tarifácio do Trump, o avanço da política eleitoral em Minas Gerais,
01:15:51Matheus Simões, Zema, Rodrigo Pacheco, Lula...
01:15:53Propag.
01:15:54Propag, claro.
01:15:55Você vê no em.com.br, barra política.
01:15:58Obrigado e até a próxima.
01:15:59Tchau.
01:16:00Tchau.
01:16:01Tchau.
01:16:02Tchau.
01:16:03Tchau.
01:16:04Tchau.
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