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  • 16/07/2025
Em entrevista à JP Ponto Final, o deputado Coronel Tadeu analisou o cenário político e criticou o aumento da violência no Brasil, classificando a situação como uma “epidemia”. Ele defendeu a ressocialização de presos apenas após o cumprimento da pena, criticou a audiência de custódia e alertou para a pressão sobre os agentes de segurança. Também comentou a condenação de Carla Zambelli, defendeu o novo secretário de Segurança de São Paulo, afirmou que o PL da Anistia tem apoio para avançar na Câmara e disse que a unificação das polícias só será possível com mudança constitucional.

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Transcrição
00:00E o senhor é um especialista num assunto que está em alta na política, né?
00:04Porque a política, ela atende a demanda de todos nós do Brasil inteiro
00:11e parece que agora virou o grande debate que é a segurança pública, né?
00:15O senhor sabe por que de repente a segurança pública tomou tanta importância na política por aqui?
00:21Bom, primeiro porque a segurança não está bem mesmo, né?
00:24A gente percebe que pelo Brasil afora que ela apresenta alguns déficits, né?
00:29E a população cobra.
00:31Eu sempre que acompanhei a política, eu sempre percebi esse tema da segurança estando no pódio.
00:38Educação, saúde e segurança.
00:40Às vezes troca um pouco essa ordem, mas a segurança ela sempre esteve presente.
00:44Eu acompanho política desde 1986, mais precisamente, e olha, em todas as campanhas políticas ela sempre esteve presente.
00:52E parece que o momento, parece que essa sensação de impunidade que a gente está percebendo no país
00:58tem feito com que esse tema fique mais acalorado, principalmente aqui na nossa casa, no Congresso Nacional, onde nós produzimos as leis.
01:06Deputado, eu uso um termo assim que pode parecer exagerado, mas eu acho que há uma epidemia de violência no Brasil.
01:14Eu tenho contato, conversado com prefeitos, com representantes de prefeitos, e eles me dizem que a violência interiorizou.
01:21Ou seja, aquela cidade de 20 mil habitantes, prosaica, das pessoas sentadas na calçada, de janela aberta, já não existe mais.
01:29Ou seja, alastrou.
01:31Eu posso continuar usando esse termo, epidemia?
01:34Pode, pode sim.
01:36E principalmente pelos últimos acontecimentos.
01:40As cidades crescem, a população cresce, o número de criminosos cresce.
01:44E a gente não tem percebido.
01:46O principal índice que eu uso para poder retratar isso é o número de homicídios.
01:52Claro que nós já estivemos muito piores.
01:54Nos anos 80, 90, nós batemos mais de 100 mil homicídios por ano.
01:59Mas a diminuição agora...
02:00Na guerra, né?
02:01Exatamente.
02:02Mas hoje ainda está alto.
02:04Está entre 40 e 50 mil.
02:06É muito alto.
02:06Isso é superior a qualquer guerra do mundo.
02:09Basta ver a comparação do que está acontecendo entre Israel e a faixa de Gaza, entre a Ucrânia e a Rússia,
02:15que a gente vai ver que não chega nem perto desse número.
02:18Então o Brasil constantemente está em guerra.
02:20O Rio de Janeiro acaba produzindo um mau exemplo para todo o país.
02:24A gente vê lá que o crime organizado comanda o Rio de Janeiro.
02:28A polícia militar tem dificuldades para poder agir e fazer o seu papel.
02:33E em alguns estados, às vezes, você tem alguns casos pitorescos.
02:36Como eu lembro aqui daquele sujeito de Goiás que saiu migrando de fazenda em fazenda,
02:42fugindo e demorou.
02:44Deu trabalho para a polícia conseguir pegar o sujeito ali.
02:47Acho que foi em 2021, 2022.
02:49Deu trabalho.
02:50E aí você vê nas notícias criminosos, traficantes, contrabandistas sendo soltos,
02:58sendo presos em flagrantes e depois ganhando a liberdade, às vezes, em algumas horas.
03:03E isso vai tirando cada vez mais a autoridade do policial no país.
03:07Eu me incomodo muito com isso.
03:08Como policial e como cidadão brasileiro, eu nem sei mais qual é o coração que bate forte.
03:13Se é o de cidadão brasileiro ou se é por ter sido policial 30 anos.
03:18Era tão instinto, né?
03:19Isso me incomoda demais.
03:21Pois é.
03:22E qual é a origem?
03:23O que aconteceu para o crime organizado ficar tão organizado assim?
03:27Aos poucos, Zé Maria, a avaliação que eu faço é que, aos poucos, a lei foi sendo afrouxada.
03:33Aquela coisa de apertar o nó da corda mesmo, esse nó não está tão forte como antes.
03:40E a própria lei permite algumas brechas.
03:43Se a gente vê o histórico dessa lei de execuções penais que nós temos no Brasil,
03:48eu poderia dizer assim, num palavreado bem chulo,
03:52é uma vergonha.
03:53Isso é uma vergonha ter uma lei de execução penal do jeito que é.
03:57É visita íntima, é auxílio-reclusão, é saidinha de Natal, saidinha de Páscoa, de Dia das Crianças.
04:04E muitas vezes você vê algumas aberrações.
04:06O sujeito sai, por exemplo, no Dia das Mães e nem mãe ele tem.
04:10Ou seja, alguma coisa que está sendo feita...
04:12Então que matou a mãe e sai...
04:14Eu também chego até o ponto, né?
04:16O sujeito matou a mãe e é beneficiado com a saidinha do Dia das Mães.
04:19O sujeito matou a família e é beneficiado com a saidinha de Natal e Ano Novo.
04:26Então você acaba ficando desacreditado, né?
04:29Então agora quem produziu essas leis, infelizmente, sai ali do Congresso Nacional.
04:34Mas veja bem, deputado, há o argumento de que é preciso adaptar, né?
04:37Nós vamos encontrar com esse cidadão que foi preso e tal ali na esquina, né?
04:42Não seria o caso de fazer essa adaptação depois de cumprir a pena?
04:46Quer dizer, eu acho necessária a adaptação.
04:48Mas eu acho que tem que ser depois de cumprir a pena.
04:51Eu acho que eu estou 100% com você.
04:53O sujeito recebeu uma pena, cumpre a pena.
04:56E tem mais, né?
04:58Cumpre trabalhando, ressarcindo o Estado, ressarcindo a vítima, né?
05:04E aí tentando produzir algum dinheiro para a família dele que ficou aqui do lado de fora.
05:09Porque hoje nós é que pagamos essa estadia dele.
05:11A estadia é boa, não é boa?
05:13E cara, né?
05:13É muito cara.
05:14Às vezes mais cara, em determinados lugares aí, são mais caras do que você educar uma criança.
05:20Então eu prefiro muito mais canalizar esse dinheiro para a educação de uma criança.
05:24O custo varia, mas em média é 25 mil por mês.
05:29Exatamente.
05:29É muito caro.
05:30Será que uma criança custa tudo?
05:31É 25 mil reais para cada preso, né?
05:32Pois é.
05:33Será que uma criança custa tudo isso?
05:34Não.
05:34Então não é mais fácil canalizar, focar em outras coisas.
05:38E olha, oportunidade não falta.
05:40Eu converso com empresários em São Paulo que todos adorariam ter uma parte da sua produção,
05:46seja lá o que for, sendo canalizada, por exemplo, por um presídio, fazendo com que o preso
05:51trabalhasse, ficaria mais barato para o empresário.
05:54Ele conseguiria até competir com produtos estrangeiros.
05:57E isso ajudaria o preso, porque ele está trabalhando e ele está ressarcindo o Estado.
06:02O senhor é o coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
06:04Ralou muito em viatura, né?
06:06Trinta anos.
06:07Trinta anos de viatura.
06:08Pelo menos até o posto de major ali, eu ia muito para a rua.
06:12Depois a gente acaba, infelizmente, abraçando algumas funções administrativas.
06:18Então cai para trás da mesa, né?
06:20Muito contra gosto, mas trabalhar na rua é muito mais...
06:23Como é que o senhor viu?
06:24O senhor deve ter percebido a evolução e a diferença.
06:27do crime, né?
06:29Quando o senhor viu a mudança do tipo de crime e do criminoso também?
06:34Hoje está diferente.
06:36Sim.
06:36Depois da Constituição de 88, eu acredito que a sociedade teve que se adaptar a essa
06:42nova norma, que ela é muito mais, diria assim, flácida.
06:48Parece que a Constituição de 67 era um pouco mais rígida, ela apertava mais.
06:52E a Constituição de 88 veio com algumas brechas.
06:55Algumas garantias exageradas.
06:57Exato.
06:58Essas garantias é que me preocuparam.
07:00E o que aconteceu foi que a gente viu esse afrouxamento acontecendo aos poucos.
07:05Em especial do ano 2000 para cá.
07:09Muitas coisas foram aprovadas após o ano 2000.
07:13E aí, onde infelizmente está escrito na lei, não vou nem aqui tecer críticas ao
07:20judiciário, porque às vezes ele tem que cumprir a norma que está escrita.
07:23O juiz tem que aplicar a lei.
07:24Exato.
07:25O que está escrito na lei.
07:26Então, tudo começou aqui dentro do Congresso Nacional.
07:29Então, é oportunidade, eu pelo menos agora como deputado, eu tenho a oportunidade de começar
07:34a rever algumas coisas.
07:35Aquilo que vem, não só de dentro da minha concepção, como do meu eleitor, que pede essas
07:44mudanças.
07:45Então, o que a gente tem feito é apresentar propostas para ver se a gente consegue voltar
07:50um pouco no tempo e ser um pouquinho mais duro com o marginal.
07:54Ser realmente, fazer com que ele cumpra a pena que já estaria de bom tamanho.
07:58Deputado, isso é uma tese de observação.
08:02Eu tenho a impressão que o crime vai mudar muito, vai migrar.
08:05Hoje, um assaltante que ele vai assaltar um restaurante, um bar, como antigamente, chegava
08:12com revólver, agora com a pistola, o último modelo, mas ele não leva dinheiro, não tem
08:18mais dinheiro.
08:19Se ele chegar num restaurante, ele vai levar 50 reais, 100 reais.
08:23Eu conheço restaurantes que tem o final de semana inteiro, não chega com 200 reais.
08:27é tudo dinheiro eletrônico.
08:29Mas eu não estou dizendo que o crime acabou migrou.
08:32Então, os golpes estão dando muito mais dinheiro e não tem tanto risco assim.
08:37Isso não diminuiria o crime violento?
08:39Quer dizer, continua sendo crime, mas não com o uso de arma, mas um computador como arma.
08:44A tecnologia faz com que o crime migre.
08:48Isso desde os anos 70.
08:49Isso já está acontecendo.
08:50Isso vai acontecer, porque o que você falou, não tem dinheiro em espécie.
08:53Mas o crime cibernético, ele vai acabar avançando cada vez mais.
08:59É o golpe no WhatsApp, é o golpe do cartão de crédito e por aí vai.
09:03Toda sorte de crimes que vai mexendo com a tecnologia, tanto a favor do bandido como contra ele.
09:09Os bancos ficam aí em guerra o tempo todo, evitando isso.
09:12Mas tem alguns crimes que eles são originários do comportamento humano.
09:18São aqueles crimes passionais.
09:20E o número de homicídios fala isso.
09:22O celular virou uma mercadoria.
09:25Tem celular de 10 mil reais que de repente você pode vender no mercado negro a 2, 3 mil reais.
09:30É um valor absurdo.
09:31E isso acontece.
09:32O próprio carro, é claro que as polícias aí acabam tendo que se virar de todas as formas
09:39para tentar fiscalizar ou vigiar cada vez mais o roubo de carro.
09:45Mas ele existe ainda.
09:46Então é um patrimônio grande.
09:48Uma picape no interior, por exemplo, no interior de São Paulo,
09:51você não pode deixar uma picape de 200, 300 mil reais solta pelas ruas
09:58porque você vai perder o carro e ele vai fazer dinheiro com aquilo.
10:01Então tem algumas coisas que ainda vão se perpetuar.
10:05Mas essa migração está acontecendo.
10:07E isso pode reduzir o número de crimes violentos e tal,
10:12mas continua sendo crime do mesmo jeito.
10:15É preciso que a legislação se antecipe exatamente aos bandidos.
10:20Eu recentemente fiquei surpreso.
10:23Um amigo meu que tem um restaurante que implantaram lá uma maquininha falsa
10:29e ele faturando e mandando dinheiro para a conta do bandido.
10:34E a diferença era uma letra maiúscula.
10:37Era o mesmo nome, só que tinha as letras maiúsculas.
10:41E era outra conta ainda.
10:43Eu fiquei surpreso com esse tipo de golpe.
10:45Veja bem, você está vendendo, passando a maquininha e está mandando dinheiro para outra conta.
10:50Mas a segurança pública é muito mais do que isso.
10:52E a gente vê que os presídios são dominados.
10:58Brasília é um caso raro que há uma luta lá.
11:01Me disseram que é uma luta diária para evitar que o crime organizado tome conta do presídio.
11:07É, realmente há essa fragilidade mesmo.
11:10Em São Paulo existe.
11:11Claro que São Paulo é um estado muito bem vigiado.
11:13Eu não conheço, não domino muito bem o sistema penitenciário do Brasil.
11:18Certa vez eu fui visitar pela Comissão de Segurança Pública os presídios lá do estado de Alagoas.
11:24E lá vi que em alguns presídios eles estavam apertando mesmo.
11:27Estavam apertando a vigilância, evitando o celular, essas comunicações de dentro do presídio para fora.
11:33Aquelas ordens que os líderes davam para os seus comparsas aqui fora fazer determinadas ações.
11:39Então eu vi que eles estavam muito empenhados em deixar o sistema um pouco mais sério.
11:43Mas é difícil, porque precisa investir nessa área, principalmente na área de tecnologia.
11:49Hoje nós temos uma população carcelária absurda.
11:52São quase 700 mil presos do Brasil todo.
11:55Você manter todos eles guardados ali, sendo vigiados 100% do tempo, não é tarefa fácil.
12:02O próprio preso ele danifica, às vezes, um sistema de vigilância, um sistema de alarme,
12:07o sistema de tranca das celas.
12:09Então há diversas ocorrências que acontecem que o dia a dia do presídio ele não é fácil.
12:14Ele carece de investimento mesmo.
12:16O interessante é que uma das críticas que eu mais escuto do sistema de segurança
12:21é sobre a audiência de custódia.
12:23A audiência de custódia solta muito.
12:27Isso não seria positivo?
12:28Quer dizer, dá a chance para o preso se defender?
12:35Você me deu uma deixa agora.
12:38Você me deu uma oportunidade de falar do projeto que eu apresentei há duas semanas atrás.
12:44Eu fico inconformado com isso.
12:47E a notícia é que...
12:48Deputado, eu conheço um policial que disse que já prendeu a mesma pessoa oito vezes.
12:52Pois é.
12:54É debochar da autoridade do policial quando a audiência de custódia faz um negócio desse.
13:00É debochar.
13:01É simplesmente desmoralizar a autoridade policial.
13:05E eu falo isso porque convivo aí.
13:07Polícia militar, polícia civil, polícia penal e guardas municipais.
13:12Nós vemos o esforço que todas essas instituições estão fazendo 24 horas por dia
13:17para tentar trazer um pouco de segurança para a sociedade.
13:20Aí o juiz solta na audiência de custódia.
13:24Então eu não gosto muito.
13:25Isso fica atravessado na minha garganta.
13:28E olha que nós aprovamos isso em 2019.
13:31Eu dei o meu voto sim ao pacote anticrime na época lá do então ministro da Justiça Sérgio Moro.
13:37Votei sim a favor.
13:38E hoje eu sou um deputado arrependido de ter aprovado essa alteração no Código de Processo Penal no artigo 310.
13:46E apresentei esse projeto pedindo para acabar com a audiência de custódia.
13:50Vamos encerrar com isso.
13:51Não dá para a gente ser tão leniente, tão frouxo com o bandido
13:54e soltar ele 24 horas depois dele ter sido pego com 500 quilos de cocaína, por exemplo.
14:00É, um absurdo.

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