A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) defendeu o diálogo entre o Brasil e os EUA para se chegar a um consenso sobre as tarifas, pedindo cautela nas negociações. A indústria mineira é a terceira que mais exporta para o país norte-americano. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Flávio Roscoe, presidente da FIEMG. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Entrevistado: Flávio Roscoe
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00:00A lei da reciprocidade vai permitir que o Brasil possa taxar de volta os países que aplicaram tarifas prejudiciais à economia nacional.
00:09A Federação das Indústrias de Minas Gerais defendeu o diálogo entre o Brasil e Estados Unidos para se chegar a um consenso sobre essas tarifas.
00:16Lembrando que o setor industrial mineiro é o terceiro que mais exporta para os americanos.
00:21Sobre esse assunto a gente recebe aqui no Jornal da Manhã da Jovem Pan o presidente da FIEMG, a Federação das Indústrias do Estado de Minas, Flávio Roscoi.
00:30Presidente, muito obrigado por atender aqui a Jovem Pan e eu já vou começar perguntando ao senhor o seguinte.
00:36O caminho do diálogo, como a Federação tem defendido, é aquele que é o mais apropriado e lhe parece que a gente pode caminhar para isso?
00:46A partir de declarações do vice-presidente e até do próprio presidente Lula ou a gente vai tentar cair na retaliação que talvez seja um caminho não muito bom?
00:56Presidente, bom dia.
00:58Bom dia, Roberto. Prazer em não estar aqui.
01:01A retaliação seria como se nós dessemos um muro na parede.
01:05A economia americana é muito mais forte e com isso as consequências seriam maiores no nosso punho do que efetivamente na parede.
01:16Então, não entendo que essa é a melhor solução para o Brasil, a melhor solução é a do diálogo.
01:24O Brasil, tradicionalmente, ao longo dos 200 anos, é um país alinhado aos Estados Unidos.
01:31E isso reverbera muito positivamente na nossa economia.
01:36E a gente entende que não há, nesse momento, condições de fazer esse desalinhamento.
01:43Por quê?
01:45Porque o maior investidor no Brasil é os Estados Unidos, com quase 26% do investimento direto no Brasil,
01:52pertencente a empresas americanas, que vem produzir aqui, investimento em produção direto.
01:59Além disso, ele é o maior comprador de produtos manufaturados brasileiros,
02:04produtos que nós não temos como desviar comércio.
02:06Com a morte, eventualmente, você pode desviar comércio.
02:09Mas produtos manufaturados, não.
02:12Então, nós entendemos.
02:13E a retaliação também, os Estados Unidos produtos, a maioria dos produtos que os Estados Unidos exportam,
02:19são essenciais para a nossa indústria e para a população de maneira geral.
02:24Flávio, muito bom dia.
02:25Obrigada pela entrevista.
02:27Para que a nossa audiência entenda os impactos,
02:30caso esse tarifácio comece a valer lá no dia 1º de agosto,
02:35quais os principais setores que podem ser afetados com essas tarifas?
02:42Bom dia, Soraya.
02:43De uma maneira geral, nós temos a indústria manufatureira,
02:47principalmente, e alguns setores do agro que exportam comodos.
02:51A vantagem é que as comodos podem ser direcionadas a outros mercados.
02:55No Brasil, nós temos a indústria aeronáutica,
02:58que é uma indústria que agrega muito valor,
03:00é essencial para a aplicação tecnológica no nosso país,
03:03como indústria muito afetada.
03:05Nós temos também todo o polo metalúrgico, siderúrgico,
03:08e não somente aço, semi-elaborados,
03:11mas também ferroligas, ferro guza,
03:14que são produtos essenciais.
03:16E também a indústria de alimento, notadamente na carne,
03:20onde nós temos hoje uma participação americana relevante
03:24nas nossas aquisições.
03:26E, claro, em vários segmentos,
03:29como os Estados Unidos é o maior destino
03:32da nossa exportação de manufaturados,
03:35e o segundo maior destino das nossas exportações em geral,
03:39ele, obviamente, impacta várias cadeias.
03:43O problema são aquelas empresas que são realmente dependentes.
03:46Na sexta-feira mesmo, recebi ligação de algumas indústrias
03:49que exportam 100% para os Estados Unidos.
03:53E já estão planejando dar férias coletivas
03:55a partir dessa semana.
03:58Acho que esse é um ponto importante também, né, presidente Flávio?
04:01Caso a gente tenha manutenção dessas tarifas,
04:04como o senhor destacou,
04:06no primeiro momento se dá férias coletivas
04:07até para se tomar um fôlego.
04:09Mas, infelizmente, isso pode desencadear em demissões
04:12posteriormente nos mais variados setores, não?
04:14Não, com certeza, esse é o cenário.
04:18Com os industriais que eu tenho dialogado,
04:21a maioria tem conseguido manter os embarques
04:23do mês de julho e agosto,
04:24mesmo porque os compradores não conseguem substituir a origem.
04:29E tem esperança que no mês de julho,
04:31aquilo que foi embarcado ainda chegue lá,
04:33tem por ser nacionalizado.
04:34Agora, a partir de setembro,
04:38boa parte das ordens estão sendo canceladas
04:40ou deixadas em stand-by,
04:44quer dizer, temporariamente paralisadas.
04:48Por quê?
04:49Porque aí ele já tem tempo
04:51para procurar um novo fornecedor,
04:55um outro mercado,
04:57que possa suprir os produtos
04:59sem essa tarifa adicional.
05:01Então, o quadro é realmente bastante complexo
05:04e, no segundo momento,
05:06nós teremos demissão em massa
05:08e até encerramento de algumas empresas
05:10que têm uma dependência maior do mercado americano.
05:13Ou seja, Flávio,
05:14existe, de fato, a possibilidade
05:16de redirecionar parte dessa produção
05:20para outros mercados
05:22e até pedir uma orientação mesmo para você,
05:26porque, certamente, empresários
05:27que vão estar diretamente afetados
05:30por esses tarifás,
05:31que já tenham contratos fechados,
05:33embarques programados para agosto,
05:35qual seria a orientação para eles nesse momento?
05:39Eles vão ter que dialogar com os clientes.
05:41Na verdade, é uma discussão caso a caso,
05:44porque depende se aquele produto
05:47o importador consegue trocar ou não
05:50e depende das cláusulas contratuais
05:53de fornecimento de cada contrato.
05:55Acredito que nos meses de julho e agosto
05:57o impacto será menor,
05:59mas, a partir daí,
06:02creio que nós teremos, sim,
06:04rupturas de contrato
06:05e desviar a produção,
06:09principalmente de produtos manufaturados,
06:10é muito complexo,
06:12é muito difícil,
06:14ainda mais no mundo,
06:15no atual cenário.
06:17As commodities têm um pouco mais de facilidade.
06:20Por exemplo, eu não vejo como crítico
06:21a situação do café,
06:22porque está faltando café no mundo hoje,
06:25então, provavelmente,
06:27os Estados Unidos vão adquirir de outro exportador
06:30e o Brasil vai entrar no lugar desse exportador
06:33em outros mercados.
06:35Agora, os demais produtos,
06:37a gente vai ter realmente uma dificuldade adicional.
06:40Nós agradecemos, portanto,
06:43a participação do presidente da FIEM,
06:44Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais,