O Cidadania deve aprovar em junho a resolução de sua Executiva Nacional que permite o avanço das negociações para que o partido forme uma federação com o PSB. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Roberto Freire, ex-presidente do Cidadania.
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00:00Falando de política agora, o Cidadania deve dar um passo decisivo em junho rumo à formação de uma federação com o PSB.
00:09A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo.
00:12E sobre as recentes federações, sobre o cenário político, a gente recebe aqui no Jornal da Manhã o ex-presidente do Cidadania, Roberto Freire, a quem nós já agradecemos.
00:23Muito obrigado por atender aqui ao jornalismo da Jovem Pan, senhor Roberto Freire. Bem-vindo.
00:28Bem-vindo, você já. Muito obrigado, prazer estar conversando aí com vocês e a sociedade brasileira.
00:38Eu queria ouvi-lo sobre essa possibilidade de federação com o PSB, em que pé está isso?
00:43À medida em que o partido tem uma federação, é federado ao PSDB, e a informação que eu tinha é que legalmente só poderia ser desfeito no ano que vem.
00:53Como é que está isso, senador?
00:54Olha, você definiu bem. Qualquer federação, ela tem, ponto de vista legal, de durar uma legislatura.
01:05Nós, quando fizemos a federação com o PSDB, ela tem um fim determinado em 26, na data que foi realizada lá em 2022.
01:17Portanto, vai continuar, do ponto de vista formal e do direito, a relação da federação cidadania PSDB.
01:29Mas há já essa decisão, inclusive do partido, de acabar com a federação do PSDB, já foi comunicado, inclusive, ao próprio partido parceiro.
01:42E essa hipótese com o PSDB é aventada e parece que caminha, embora esteja marcado um congresso nacional, onde haverá discussão sobre o futuro do cidadania.
02:01Eu estou afastado da direção e não tenho participado dos debates, até porque eu sou muito mais preocupado em seguir o rumo que o cidadania vinha
02:15e que teve papel importante, inclusive em 2022, quando articulou a candidatura da Simone Tevitt.
02:23Até porque a nossa posição é uma posição de centro-esquerda que, evidentemente, já de há muito, não é de agora,
02:32tenta fazer um adornamento da esquerda brasileira, vindo desde o PCB, quando mudamos para a PPS,
02:41e a ideia de superar essa tóxica polarização que o Brasil tem entre Lula, Petit e bolsonarista.
02:49Isso, evidentemente, tem se representado um atraso para o Brasil.
02:54E o cidadania trabalhava no sentido de juntar forças democráticas que viriam da centro-direita até a esquerda,
03:04que, como nós nos definimos, democrata e iluminista, para tentar exatamente fazer com que o Brasil voltasse a ser
03:13uma sociedade pluralista que ela é, mas sem esses contornos, evidentemente, absurdos de imaginar que nós só temos essa disjuntiva.
03:24Ou é bolsonarista ou é lulista.
03:26Isso, evidentemente, é de uma pobreza intelectual, é de um atraso político que nós precisamos superar.
03:33E essa continua sendo uma posição que eu achava que o cidadania, para ser até digno do seu fio histórico,
03:41do velho PCB, pudesse estar concretizando ou, pelo menos, tentando articular no Brasil.
03:52Então, nesse sentido, o senhor acredita que essa tendência de federações e uniões é um movimento inevitável para 2026?
04:01Ah, sem dúvida.
04:03Até porque não é... tem dois aspectos. O primeiro dele é de sobrevivente.
04:09Você tem um quadro que, a partir de uma reforma política que pouco se fala, mas foi uma grande reforma, que é a cláusula de desempenho.
04:21Quando você definiu a cláusula de desempenho, você colocou um cenário futuro de redução partidária.
04:28Nós tínhamos uma centena de partidos que, evidentemente, colocava com a democracia disfuncional.
04:38Isso, o Congresso era de tremenda dificuldade articular junto ao Executivo.
04:44Então, nós temos uma série de problemas em função disso.
04:47Mas, de algum tempo para cá, desde essa reforma, a gente vem reduzindo o número de partidos.
04:53E uma forma concreta de enfrentar esse processo, que é objetivo, a cláusula de barreira reduz o número.
05:01Os partidos começam, mesmo antes de serem barrados pela cláusula de desempenho,
05:08resolvem fazer as federações, que foi um mecanismo que ajuda nesse processo.
05:13Nós estamos vendo que não é apenas sobrevivência.
05:17É um processo que aí é esse segundo aspecto.
05:21É de maior participação, maior efetividade na ação e maior presença na cena política nacional.
05:30Por quê? Porque você está vendo o PP, que é um grande partido, com a União Brasil,
05:35e formaram uma federação recentemente.
05:38Não são só os pequenos, não são só aqueles que estão buscando a sobrevivência.
05:43Não, é também aquele que quer aumentar a sua presença, a sua efetiva integração e participação
05:52no processo político com muito mais força.
05:54Então, essa é uma tendência natural.
05:57Agora, o que é necessário é que você crie com certa concepção política,
06:05mais ou menos comum.
06:07Não é juntar o que não pode ser juntado do ponto de vista da política,
06:13do que propõe para o país, a sua visão de mundo.
06:17Você, por exemplo, se isso não valesse a pena,
06:21você poderia ter até no apoio à criminosa invasão russa da Ucrânia,
06:28você poderia juntar bolsonarista e lulopetista, porque Lula e Bolsonaro apoiam Putin.
06:34Mas não é isso.
06:35Aqui, internamente, seria impossível, improvável.
06:39Apesar de algumas semelhanças nas suas reações,
06:43são, evidentemente, forças antagônicas.
06:46Então, não é possível uma federação.
06:49Eu digo muito isso, estou preocupado, porque eu vejo que o nosso papel,
06:57o papel do cidadania, eu ainda sou filiado,
07:00apesar de não estar participando muito efetivamente,
07:04mas eu sou daqueles que acham que o papel do cidadania
07:08era de construir uma alternativa democrática,
07:12uma consertação de forças democráticas.
07:15Não é que os outros não são, mas é chamando democrática.
07:18Por quê? Porque você precisa dizer que eu votei em Lula no segundo turno
07:25para defender a democracia, mas Lula hoje é um adepto e apoiador de ditaduras.
07:32Isso é uma contradição.
07:33É evidente que nós não podemos continuar com isso.
07:37Acho que, inclusive, o cidadania tem que ter esse papel.
07:40E vejo, até com muito bons olhos,
07:43mesmo que o cidadania não queira, eu vou me integrar nisso,
07:46eu, pessoalmente, vou em relação a uma possibilidade de consolidar a candidatura
07:52do Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.
07:55Por quê? Porque eu acho que ele consegue reunir
07:59as forças que parecem e pretendem e têm espaço concreto na sociedade brasileira
08:06superar essa polarização.
08:09Perfeito. Roberto Freire, ex-presidente do Cidadania,
08:12conversando com o ouvinte aqui do Jornal da Manhã.
08:15Muito obrigado pela gentileza. Um bom dia ao senhor.