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  • ontem
Transcrição
00:00O que mais me chamou a atenção nessa busca por um consenso nessa declaração
00:04acerca da inteligência artificial durante o encontro dos BRICS
00:07é, por um lado, a extensão dessa declaração, porque ela tenta abordar
00:12um número de aspectos, de impactos e do progresso da inteligência artificial
00:17que é uma coisa gigantesca.
00:19Então ela fala sobre AGI, que é o desenvolvimento da inteligência artificial de uso geral.
00:25Ela fala sobre o impacto nos empregos, nas carreiras das pessoas,
00:30em como criar condições para o ser humano continuar sendo relevante.
00:34Fala sobre a propriedade intelectual, que talvez seja o ponto ali que teve maior convergência,
00:40que teve maior diálogo a respeito dele.
00:43Mas uma série gigantesca de temas a respeito do desenvolvimento, do uso, da não concentração,
00:49a busca por um multilateralismo, então, evitando o que seria uma concentração
00:55de poucas empresas de tecnologia.
00:57Mas aí, o que eu quero chamar a atenção, de fato, é para dois aspectos que me parecem
01:02que são essenciais e vão muito além dessa declaração ou dessa busca por consenso
01:07entre esses 11 países.
01:09O primeiro ponto é que, dentro desse grupo, de fato, quem só é uma potência em relação
01:15à IA é a China.
01:16E nós temos outros dois países que fazem massivos investimentos,
01:19eu estou falando da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes,
01:23que fazem grandes investimentos para usar a inteligência artificial,
01:27inclusive nos seus governos, no cerne dos seus governos.
01:30Mas de todo o grupo, a única potência de inteligência artificial é a China.
01:34Então, fica um pouco a impressão dos países tentando estabelecer uma série de critérios
01:39capitaneados pelo Brasil, mas, na verdade, eles são consumidores, eles não têm referência,
01:47não têm protagonismo nesse mercado.
01:49Então, isso enfraquece, no final das contas.
01:51E até por isso que a propensão da China é justamente abordar, ter uma abordagem um pouco
01:58mais na defensiva, um pouco mais cautelosa, para não criar grandes compromissos com uma
02:03parte importante do mundo, para que ela tenha mais liberdade para as suas empresas.
02:08Então, isso fica bastante claro.
02:10O segundo ponto é que é óbvio que parte do objetivo desses encontros é chegar em acordos
02:16que são bastante amplos, que não são desdobrados em ação, mas o que nós vemos aqui,
02:23na verdade, é uma carta de boas intenções.
02:25Então, não se vê formas para solucionar esses conflitos, esses dilemas,
02:31você não encontra muitas proposições práticas, então é muito mais no campo das ideias,
02:37é muito mais encontrar consensos em torno de alguns dos temas que eu diria que eles
02:42são praticamente óbvios, que eles são de consenso geral.
02:45Então, é quando você tem um termo lá dizendo que não se quer que a inteligência artificial
02:49seja prejudicial para as pessoas.
02:52Ora, parece uma frase de bom senso, mas, ao mesmo tempo, a pergunta que fica é
02:57qual é o aspecto prático disso?
02:59Como isso será alcançado?
03:00Qual é a proposição de agenda, de medidas e tudo mais?
03:04Então, eu fiquei, enfim, me chamou a atenção, fiquei impressionado pela extensão dos temas,
03:11pela falta de algo mais concreto e algo mais prático, e eu tenho um pouco de dificuldade
03:17de imaginar qual vai ser a relevância prática nos próximos meses e anos dessa discussão.
03:25Então, talvez isso amadureça, talvez isso evolua, mas nesse momento não dá para ver esse caráter
03:33de praticidade, de algo que possa caminhar, por exemplo, com o que aconteceu na Europa
03:38anos atrás em relação à proteção dos dados, que aí sim, essa discussão aconteceu como bloco,
03:44ela se consolida, mas de uma forma muito tangível, de uma forma muito prática,
03:50tanto que virou modelo para várias outras partes do mundo.
03:55Obrigado.
03:56Obrigado.
03:57Obrigado.
03:58Obrigado.

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