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  • 07/07/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou taxar países ligados aos BRICS em 10% após o encontro e depoimentos de autoridades na 10ª reunião dos Brics, no Rio de Janeiro. A medida reflete a crescente tensão nas relações comerciais globais e a busca por uma nova ordem econômica.

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Transcrição
00:00A gente já começa falando a respeito do que foi este encontro final, a reunião de encerramento da Cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro,
00:08onde o presidente Lula criticou o negacionismo e o unilateralismo, que segundo ele, corroem avanços do passado e sabotam o futuro.
00:17Daqui a pouco a gente vai ter mais notícias a respeito disso, mas já é certo que essa fala já começa a repercutir.
00:23E eu quero entender, senhor Fábio Piperno, como é que você recebe essa manifestação do presidente Lula, que já está ecoando internacionalmente também?
00:32Olha, primeiro a gente tem que entender o contexto em que isso foi feito.
00:36Tem uma reunião dos BRICS, um bloco, um grupo, tem outras posições, e que, na verdade, como bloco, também passa a agir de uma outra forma.
00:52E a gente não está falando de um bloco econômico, a gente está falando de um grupo que se opõe, enfim, hoje, ao protagonismo, por exemplo, dos Estados Unidos.
01:06O fato é que a gente tem que também estar muito atentos para aquilo que de fato ocorre.
01:11O Brasil, alinhado com o grupo dos BRICS, e isso acontece sem dúvida nenhuma, também é um Brasil que é, talvez, o grande motor, o maior incentivador da tentativa de se fechar um bloco com a União Europeia.
01:34Enfim, o presidente Lula é quem está à frente dessas negociações Mercosul-União Europeia.
01:41Então, o fato do Brasil estar próximo dos países, e de muitos dos países do BRICS, não significa algo excludente.
01:49Não significa que o Brasil esteja dando as costas para o mundo.
01:53Significa, sim, que o Brasil defende um novo realinhamento.
01:57Muito bem, para a gente entender melhor em que contexto tudo isso foi dito pelo presidente Lula, a gente recebe agora ele que está acompanhando cada passo do que foi esse encontro dos BRICS lá no Rio de Janeiro, o Rodrigo Viga, chegando com mais informações.
02:11Explica para a gente, hein, Viga, em que contexto o presidente Lula fez essa crítica ao unilateralismo e ao negacionismo.
02:18Bem-vindo e boa tarde, meu amigo.
02:19Tudo bem, Cobayashi? Boa tarde para você, para o meu sofrido, deve estar doendo até agora, querido amigo Pipe, amigo da bancada, ouvintes, espectadores e internautas da Jovem Pan.
02:31A gente está aqui no Museu da Manhã, aguardando um segundo tempo do presidente Lula, num fórum Brasil-Índia, mas a informação de momento que acaba de chegar é que talvez o presidente Lula não venha para cá,
02:40porque está numa bilateral com o presidente de Cuba.
02:44Meu caro Cobayashi, ouvintes, espectadores e internautas da Jovem Pan, o presidente Lula chegou até a dizer aí que o BRICS está incomodando.
02:53Eu queria começar de uma outra forma, viu, Cobayashi? Dizendo da seguinte forma, que embora não estivesse presente aqui no BRICS,
03:00sem dúvida alguma o presidente dos Estados Unidos ou o governo norte-americano pautou esse encontro com duas manifestações, duas mensagens.
03:08Primeiro, aquela ameaça que a gente vai falar daqui a pouco de sobretaxar os países em desenvolvimento que fazem parte do BRICS e depois saindo em defesa em uma outra postagem ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
03:21Então, o presidente Lula abriu o dia de hoje numa plenária que falava sobre meio ambiente, sustentabilidade, COP30 e também saúde global.
03:29E foi aí que ele usou essa expressão, dizendo que o unilateralismo e o negacionismo estão corroendo ganhos do passado e estão sabotando também o futuro.
03:39Ele falava muito sobre questões envolvendo saúde e, é claro, uma tecla que ele sempre bate, que é aquela envolvendo ONU e Conselho de Segurança da ONU,
03:49que precisa ser reformado, segundo a visão do mandatário brasileiro.
03:53Lula disse que o BRICS, por essas postagens, nitidamente está incomodando, mas não nasceu para afrontar ninguém.
04:02Apenas com o objetivo, com a meta de alcançar uma trajetória, um caminho diferente, até para que esses países possam ganhar mais voz e protagonismo em todo o mundo.
04:15Vamos ouvir o que disse o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, citando essa postagem envolvendo Trump, que citava Bolsonaro,
04:25e também, depois, envolvendo a questão da sobretaxa, da sobretarifa. Vamos ouvi-lo.
04:31Aquele mundo ficou para trás.
04:35Só os saudosistas daquele mundo, do nazismo, do fascismo, são outros que não estão nos BRICS.
04:43Nos BRICS, a gente quer fortalecer o processo democrático, o processo multilateral, a gente quer a paz, o desenvolvimento e a participação social.
04:52Esse BRICS teve uma novidade extraordinária, que foi a participação, sabe, das empresárias mulheres, que é uma novidade boa, e a participação da sociedade civil,
05:05representada com um documento que será lido pelo chefe de Estado.
05:11Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, a gente vai ter que criar novos paradigmas de participação e não pode repetir os mesmos erros.
05:22Esse, então, presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, mais uma vez, pregou e defendeu medidas urgentes contra a mudança climática
05:33e contra as guerras e conflitos que acontecem mundo afora.
05:37Depois, já numa entrevista coletiva, ele foi mais contundente, mais incisivo em determinados pontos,
05:43inclusive, essa questão envolvendo a ONU, uma defesa por mudanças, que é feita desde a época em que ele era candidato
05:51para o seu terceiro mandato.
05:53Disse que, hoje, a ONU não é mais um palco de debates e, na verdade, virou um shopping apenas de ideologias.
06:00E sobre a inteligência artificial, ele disse que essa nova ferramenta tecnológica não pode ser um instrumento de dominação
06:08dos ricos desenvolvidos sobre os pobres ou em desenvolvimento.
06:14Meu caro cobayage.
06:15Feito.
06:15Rodrigo Viga, você já tinha molhado o bico aí no assunto do presidente dos Estados Unidos,
06:20uma ideia de taxação adicional, é isso, aos países que se alinharem.
06:25Em quantos por cento já se fala em relação a essa possibilidade, hein, meu amigo?
06:29É, vamos dar um passo para trás para entender o porquê dessa postagem.
06:34Aquele texto final da cúpula do Briggs, que foi divulgado ontem, ele falava, meu caro cobayage,
06:41ouvinte, espectadores e internautas da Jovem Pan, sobre medidas unilaterais, falava sobre a preocupação
06:49daqueles que adotam posições contra o multilateralismo e, sem citar mais uma vez, Estados Unidos ou governo
06:56Trump dizia, esse documento final, que era quase que uma afronta ao MC, a Organização Mundial do Comércio.
07:04Veio a contra-resposta do presidente norte-americano, Donald Trump, na Truth Social, né, aquela rede social dele.
07:11Ele dizendo que quem se opor ou adotar uma política anti-americana pode ser sobretaxado, quem?
07:18Do Briggs, né, pode ser sobretaxado em dez por cento em suas tarifas.
07:24Mas, inicialmente, meu caro cobayage, ouvinte, espectadores e internautas da Jovem Pan,
07:30houve um posicionamento formal através de uma nota divulgada pela presidência da República.
07:34Vou até ler a nota aqui para depois entrar mais a fundo nesse tema.
07:38Nessa nota, sem citar Trump ou governo norte-americano, o governo brasileiro diz que a defesa da democracia
07:44do Brasil é um tema que compete aos brasileiros.
07:49E ainda anota, somos um país soberano, não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja.
07:56E esse comunicado complementa dizendo que possuímos instituições sólidas e independentes.
08:01Ninguém está acima da lei, sobretudo aqueles que atentam contra a liberdade e o Estado democrático de direito.
08:08Aí, veio o encerramento da cúpula do Briggs, em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
08:14deu a chance para conversar com a imprensa nacional e internacional.
08:19Aí foram feitas críticas diretas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
08:23por conta não só desse posicionamento nas redes sociais, mas também por ter saído em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
08:32afirmou mais uma vez que o Brasil não aceitará qualquer tipo de interferência externa
08:37e pediu para que Trump, quando der palpite, der palpite na vida dele, e não no país alheio, no caso Brasil.
08:45Vamos ouvir mais um pouco o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
08:49Porque eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República,
08:58de um país do tamanho dos Estados Unidos, ficar ameaçando o mundo através da internet.
09:09Não é correto.
09:12Ele precisa saber que o mundo mudou.
09:14Sabe, não, não, não, não, não queremos imperador.
09:22Nós somos países soberanos.
09:25Se ele achar que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também.
09:34Existe a lei da retiprocidade.
09:36Eu acho muito, acho muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais.
09:52Sinceramente, tem outras coisas e outros fóruns para um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos
09:59falar com outros países.
10:01As pessoas têm que aprender que respeito é bom.
10:07Respeito é muito bom.
10:09A gente gosta de dar e gosta de receber.
10:11Esse é o clima, pelo menos na retórica, na narrativa, nessa relação entre Brasil e Estados Unidos.
10:22Estados Unidos e Brasil, se antes era tudo meio velado, nas entrelinhas ou nas sublinhas,
10:30agora está muito claro, muito nítido, transparente, translúcido e com nome e endereço.
10:37O governo norte-americano, presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele não estava presente,
10:44mas pautou praticamente toda a cúpula do BRICS, que está terminando o presidente Lula,
10:48logo mais à noite, voltando para Brasília, capital federal, para, como se diz popularmente,
10:53tomar conta da casinha, meu caro Kobayashi.
10:55Muito obrigado, Rodrigo Viga.
10:58Antes de encerrar, Viga, só uma observação.
11:01O Fábio Pipermi falou que, em relação a ele e você, existe um bilateralismo na frustração,
11:06na tristeza, na angústia, vindas aí do mundo futebolístico, viu?
11:13É, é isso aí.
11:14É, não é guerra não, mas eu tenho o domo de ferro com relação ao time dele.
11:18Perfeito, Rodrigo Viga, diretamente do Rio de Janeiro.
11:22Vamos discutir o que interessa, meus amigos, vamos lá.
11:25Vou com você, quer complementar algo, senhor Fábio Pipermi?
11:28Eu queria só uma coisa, rapidamente.
11:30No fim do começo aqui, Donald Trump já ameaçando taxar em 10% esses países todos aliados aos BRICS.
11:34Claro, ele ameaça toda hora, porque, afinal de contas, ele age como o xerife do mundo.
11:38Isso, então, veja, descontando, né, a parte que o presidente claramente jogou para a torcida, né,
11:45O fato é que ele tem razão quando ele critica o que ele chama de unilateralismo, né?
11:51O mundo não tem xerife, o mundo não tem dono.
11:54Então, os blocos, os países, eles precisam conversar, eles precisam negociar.
12:00Eu continuo muito defensor das saídas e das negociações multilaterais.
12:06Vamos estrear, Bruno Musa?
12:08Quero a sua opinião sobre o anúncio feito por Donald Trump e a reação brasileira do presidente Lula.
12:12Bom, vamos lá. Primeiro, eu, falando filosoficamente aqui das ideias, das tarifas em si,
12:20eu entendo o motivo pelo qual o Trump tem anunciado isso.
12:24Correção dos déficits comerciais e do déficit em conta corrente de forma estrutural nos Estados Unidos.
12:29O diagnóstico, eu concordo.
12:30Não necessariamente com o remédio que são as tarifas.
12:33Eu acredito que essas tarifas, elas geram distorções no comércio que acabam trazendo consequências.
12:39Mas, de novo, compreendo os motivos pelos quais ele tem feito isso.
12:43Agora, voltando um pouco aqui no discurso que nós vimos do Lula, tem algumas coisas que me chamam a atenção.
12:50Primeiro, a grande parte da narrativa, como o próprio Piperno falou, de jogar para a torcida.
12:55Eu anotei aqui alguns pontos em que ele fala, ora, o Trump não pode sair ameaçando por aí e colocando taxas.
13:00Se ele defende a soberania de cada país, ele está defendendo que o próprio Trump deve ser soberano no país dele
13:06e fazer o que ele quiser, concordando ou não.
13:09Fazer o que ele quiser dentro das regras constitucionais americanas, obviamente.
13:13Dito isso, o Lula vem a público e fala assim, ora, se ele taxa, vamos taxar também.
13:20Vamos ver quem tem coragem.
13:21Porque taxar os Estados Unidos na reciprocidade como eles fazem, as consequências também são mais severas.
13:27E a gente vê que o Trump pressionando o BRICS tem até um sentido pela fraqueza que está sendo essa cúpula.
13:37O Xi Jinping não veio, o Putin não veio, o que acaba por enfraquecer a própria cúpula em si.
13:44E aí ele fala, no primeiro trecho que nós colocamos aqui, sobre fortalecer a democracia dentro dos BRICS.
13:52Analisemos quais são os países dos BRICS.
13:54Inicialmente era Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
13:59Depois entra Etiópia, Irã, que estava sentado à mesa.
14:03Quem mais?
14:04Arábia Saudita.
14:05Enfim, países que não são democráticos.
14:08Que tipo de democracia você quer fazer com países que são autoritários por natureza?
14:12Então tudo isso me gera total sensação que, mais uma vez, ele joga para a plateia e os dados, as falas dele, não se concretizam com o que a vida real está empregando.
14:25Então eu acho que, de novo, tudo isso traz consequências e reitero o que o Piperno falou aqui no final, sobre as negociações e o multilateralismo.
14:33Eu concordo amplamente com isso, eu venho da mesma escola que o Milley, vamos negociar mercados abertos, mercados livres e isso surte efeito para todo mundo.
14:42Isso está muito claro.
14:43Agora, a questão é com quem nós vamos alinhar, nos alinharmos e com quem nós vamos negociar.
14:47E você, senhor Alangani, como viu essas manifestações do presidente, essas críticas todas aí que ele faz, há uma certa independência, ele quer mesmo valorizar os blocos todos, faz sentido, isso é bom ou é ruim para o Brasil?
14:59Tem vários aspectos na fala dele, um dos aspectos é que ele diz ali, ah, que são democracias que fazem parte dos BRICS, então os regimes autoritários ficaram lá no passado.
15:11Não é verdade, né? Se a gente pegar, por exemplo, China, é um país, é uma ditadura, Rússia, é um regime autocrático.
15:18Se a gente pegar a Índia, está longe de ser uma democracia, África do Sul idem, né?
15:23Então, veja, não são países democráticos. Essa fala é descolada da realidade.
15:28Quando ele fala do multilateralismo, e aí eu concordo, ele faz uma crítica muito sutil aos Estados Unidos, né?
15:36Não cita nominalmente os Estados Unidos, ainda bem que ele não fez isso, justamente para não escalar essa retórica e essa briga comercial,
15:44mas ele está dando um recado ali de que deve-se buscar mais globalização.
15:51Concordo absolutamente aqui com o Musa e com o Piperno.
15:54Eu acho que o mundo de hoje vai nessa direção e não dá...
15:59A globalização, ela tomou um corpo, Koba, que não dá mais para você voltar atrás.
16:03Por mais que haja uma guerra tarifária, por mais que o Trump coloque barreiras protecionistas,
16:09ninguém mais leva muito isso a sério.
16:11A China retalhou, o Trump voltou atrás, chegou ali num meio termo.
16:15Hoje mesmo ele tweetou o acordo com o Japão, falando,
16:18olha, a gente tem um comércio com vocês muito injusto, mas vamos seguir em frente.
16:24Então, quer dizer, o mundo real se impõe que não dá mais para você voltar atrás com o processo de globalização.
16:31Quer ou não, é multilateral.
16:33Sr. Fábio Piperno, uma coisa que chamou muito minha atenção foi o presidente Lula falando de improviso
16:38ali neste encerramento e o mundo todo olhando aqui para o encerramento da cúpula dos BRICS.
16:43São países muito importantes nas relações comerciais, nos conflitos que estão acontecendo no Oriente Médio.
16:49A Rússia é participante e isso foi assunto mais uma vez do presidente Lula pedindo a paz.
16:54Mas como é que você vê uma fala que é tão aguardada, tão assistida, sendo feita de improviso?
17:00Porque daí, no final das contas, acabou o presidente falando em construção de estados democráticos sentado ao lado do Irã.
17:07Por outro lado, ele também falou de se respeitar a autodeterminação dos povos, a soberania dos estados,
17:12criticando as ações de Donald Trump na sua função de presidente dos Estados Unidos.
17:17precisaria ter ali um apoio um pouco mais institucionalizado, um discurso redigido pelo Itamaraty, por diplomatas?
17:26Como é que você vê essa ideia do presidente de falar de improviso em relação a matérias internacionais?
17:32A carreira do presidente Lula não foi feita como de discursos redigidos pela sua assessoria,
17:37por mais gabaritada que seja a do Itamaraty.
17:40Então, é claro que, de vez em quando, está sujeito a algum deslize.
17:45Quando o presidente fala em democracia, claramente não está se referindo aí aos parceiros de BRICS.
17:52Aliás, de bloco algum, porque em todos os blocos há nações com um viés autocrático,
18:00enfim, até mesmo ditaduras explícitas.
18:05Não vai, enfim, não vai longe.
18:06No próprio bloco dos BRICS, além dos países já citados aqui pelos colegas,
18:11tem o Egito, que aliás é grande aliado dos Estados Unidos daquela região do mundo.
18:15Enfim, o general Alcís deu um golpe lá em 2002 e continua até hoje.
18:20Então, veja, realmente, eu diria para você que o DNA democrático
18:25não é uma característica comum a esses países que fazem parte do BRICS.
18:30Isso não dá a ninguém, a nenhum outro país, o direito de se autonomear o xerife do mundo.
18:39Então, nesse sentido, essa é a parte mais correta desse discurso, desse pronunciamento aí do presidente Lula.
18:47Ou seja, hoje ninguém mais manda em ninguém.
18:50Não adianta continuar pensando assim.
18:52E vejam só, na questão, inclusive, do comércio exterior, da balança comercial com os Estados Unidos,
18:58seria importante, inclusive, que os Estados Unidos tratassem o Brasil com um pouco mais de atenção,
19:05porque com o Brasil eles são superavitários.
19:07Eles não são superavitários com o resto do mundo, mas com o Brasil, por enquanto, são.
19:11Deixa eu receber o Zé Maria Trindade, que se junta ao nosso time aqui.
19:14Zé, estamos discutindo aqui a manifestação, o discurso do presidente Lula no encerramento da cúpula dos BRICS,
19:20e ele falou sobre vários assuntos, incluindo a situação do presidente americano, as suas ideias de taxação.
19:27Ele falou que não é razoável que o presidente fique ameaçando pelas redes sociais, ficar taxando os outros países todos.
19:34Como é que você vê esse enfrentamento, ainda que numa cerimônia, ainda que num discurso,
19:40do presidente brasileiro para com o presidente americano?
19:43Zé Maria Trindade, bem-vindo, boa tarde.
19:46Pois é, eu estava acompanhando aqui, doido, para enfiar a minha colher aí nessa panela, nessa conversa boa.
19:52Seja bem-vindo, Bruno. Grande abraço, Piperno.
19:54E olha, Alan e a você, Kobayashi, são dois ângulos para serem analisados aí nesta fala do presidente Lula.
20:06Lula, ele tem razão, muita razão, quando ele critica a forma.
20:12Um presidente da república, de qualquer país, não deve continuar falando e tratando de assuntos sensíveis
20:20e, de certa forma, que balançam a economia através das mídias sociais.
20:26Então, isso aí é quanto à forma.
20:29O presidente Lula criticou a forma que Donald Trump vem tratando esses assuntos.
20:35Aumentar tarifa, isso muda a vida de muita gente.
20:39Isso impacta preços em várias partes do país e em vários produtos.
20:43Então, não dá para ficar aleatoriamente falando, ah, eu vou aumentar tarifa.
20:48Porque quem vai comprar já começa a comprar mais, para evitar a execução do aumento da tarifa.
20:55Isso muda, inclusive, o valor de certas empresas que trabalham naquele setor.
21:00Então, quanto à forma, o presidente Lula tem toda a razão em dizer que não se deve tratar de assuntos assim
21:08nas mídias e nas plataformas.
21:11Mas é que as relações internacionais mudaram muito.
21:15Eu acompanhei aqui, por exemplo, o Itamaraty, que tem uma grande formação de diplomatas.
21:21O mundo inteiro reconhece a qualidade da escola Rio Branco.
21:25Então, assim, houve uma mudança, primeiro, no tratamento das relações entre países.
21:31E ficou, sim, mais comercial.
21:33Então, se fecha os olhos para regimes, para posicionamentos em nome do comércio,
21:39em nome da troca de mercadoria e, por que não dizer, de progresso também.
21:44Então, isso é uma mudança.
21:45E, talvez, chegamos a isso aí, de que todos os presidentes possam formar uma plataforma,
21:52um grupo, sei lá, de WhatsApp para discutir assuntos.
21:56Mas, por enquanto, isto ainda é estranho.
21:59Isto quanto à forma.
22:01Agora, quanto ao mérito, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
22:05na minha opinião, ele deu uma sacudida no mundo.
22:08Mudou o eixo do mundo, o eixo político, o eixo econômico e o eixo social.
22:12E até a maneira de discutir as coisas, né?
22:14Ficou muito mais transparente.
22:16E, nesse aspecto aí comercial, ele entendeu que, se nada for feito,
22:21os Estados Unidos estarão sendo engolidos em pouco tempo pela China.
22:25A China já tem um movimento no mundo inteiro e tal,
22:29muito mais intenso do que os Estados Unidos, que tem uma liderança,
22:32é um poderio bélico muito superior, enfim, e ainda é o grande líder mundial.
22:38Então, é preciso analisar dos dois pontos.
22:40E, no segundo ponto, no conteúdo, o presidente norte-americano tem razão.
22:44Em defender.
22:45Agora, veja bem o cuidado que ele não teve.
22:48Durante uma reunião do BRICS, criticar o BRICS, ou seja,
22:51isso repercutiu muito mais do que a própria reunião do BRICS.
22:56Quer dizer, isso ficou mais importante e vai dar, está dando mais notícia,
23:00do que o próprio encerramento dos BRICS e aquela tradicional foto de família BRICS.
23:04Uma foto de família, todos ali, pousando para uma foto muito bonita, inclusive, né?
23:09Vocês viram o fundo da foto ali com cor covado.
23:13A foto é bonita, meu querido Alan Ghani.
23:15Eu quero saber o conteúdo ali.
23:16Quero saber mais ainda, se você concorda com o Zé em relação a essa crítica à forma.
23:20Porque o presidente americano, ele tem adotado isso como comum no dia a dia, né?
23:25Seus principais anúncios são feitos nas redes sociais.
23:28Até o ataque às bases nucleares iranianas foi anunciado primeiro nas suas redes sociais
23:35e só depois, mais de hora depois, inclusive, foi que o Pentágono, a Casa Branca,
23:41deram seus comunicados oficiais.
23:42Você acha que é um caminho sem volta, esse uso das redes?
23:45Você acha adequado?
23:46Ou você se associa a essa crítica quanto à forma de se manifestar em relação a questões importantes?
23:51Olha, você sabe que eu e o Zé, quando a gente fala de rede social, a gente tem aí alguns atritos, né?
23:57Eu sei, por isso que eu perguntei, né, o Alan Ghani?
23:59Mas nessa, eu vou estar com ele.
24:02Quando são pronunciamentos muito importantes, aí eu sou a favor de uma certa formalidade da liturgia,
24:09passar pelas instituições, passar pelo filtro das instituições.
24:14Essa comunicação direta, eu sou a favor, muitas vezes, né?
24:18Quando, sei lá, a gente está falando de críticas abertas, mas quando a gente fala de Estado,
24:23chefe de Estado, aí eu, como um bom conservador, eu defendo essa liturgia e os canais tradicionais.
24:31Bruno Musa, seja bem-vindo aqui.
24:32A gente instiga o debate, viu?
24:34Esse é o 3 em 1 aqui da Jovem Pan.
24:35Eu quero saber a sua opinião também.
24:37Se faz sentido passar pelas instituições, diferenciar a pessoa física ali da pessoa jurídica, né?
24:43A pessoa do cargo.
24:45E aí, qual a sua opinião?
24:46Bom, vamos lá. Em essência, eu, como Alan, eu também sou conservador.
24:49Então, eu tendo a manter, conservar as instituições, como ele próprio falou, a liturgia.
24:55Mas o grande ponto é que talvez a comunicação no mundo de hoje esteja mudando.
25:00E a forma como eu, com 43 anos, eu sinto que eu tenho uma determinada dificuldade em me adaptar a isso.
25:07Mas talvez seja uma comunicação nova que tenhamos que nos adaptar a ela, né?
25:11Porque ela é mais rápida. Ela, ao mesmo tempo, traz consequências positivas ou negativas.
25:17Mas, de fato, é algo que o objetivo, muitas vezes, é atingido de maneira muito mais rápida.
25:22Então, uma coisa que, de novo, em essência, eu concordo com o que o Alan falou.
25:26Mas eu me questiono se a gente não tem que colocar à prova aquilo que nós acreditamos que sempre tenha sido.
25:33A comunicação e que hoje, realmente, de fato, mudou, né?
25:38Olha só, agora são 16 horas e 26 minutos.
25:40Um rápido intervalo para você que está na rádio.
25:43Por aqui, a gente segue debatendo.
25:45E o que eu quero trazer agora para o nosso debate é o seguinte.
25:48O presidente Lula tem feito diversas críticas ao presidente americano, Donald Trump.
25:52Só que, aqui no Brasil, em encontros bilaterais,
25:56Vocês acreditam que o fato dessa crítica ter sido feita no bloco dos BRICS
26:00tenha gerado, de fato, a reação do Donald Trump pela relevância?
26:05Isso não dá a importância que o BRICS tem, de acordo com o que diz o próprio presidente Lula, hein, Piperno?
26:10Eu acho que, à medida que o presidente Trump partiu para o ataque,
26:14ele aumentou, inclusive, a importância desse encontro,
26:17que não contou com a sua maior estrela, que é o presidente chinês.
26:20Que não veio ao Brasil, até porque esteve no Brasil outro dia, agora, em novembro.
26:24Então, ele achou que, né, talvez fosse desnecessário vir ao Brasil de novo,
26:29participar dessa cúpula outra vez, e mandou lá, enfim, o representante.
26:33Também é uma forma que o Putin não pode, porque, enfim, tem aí mandado de prisão contra ele.
26:38Mas, de qualquer forma, seria uma reunião, seria um encontro quase que protocolar, né,
26:46sem grandes temas na agenda, temas, pelo menos, de grande impacto.
26:53Mas, à medida em que o presidente Trump se mostrou incomodado,
26:59aí essa reunião, ela ganha, sim, uma dimensão que, muito provavelmente, ela não teria.

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