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00:00Olá, bem-vindos e bem-vindas ao Ponto de Vista.
00:12Hoje recebemos aqui no estúdio da TV Tribuna a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, a professora Ivete Caetano.
00:21Vamos falar sobre as lutas da categoria por melhores salários e melhores condições de trabalho e também sobre as bandeiras que os professores defendem para melhorar a educação em Pernambuco.
00:35Presidente Ivete, seja muito bem-vinda e muito obrigado por ter aceitado o nosso convite.
00:40A gente aqui agradece, Fernando, essa oportunidade de falar de educação e também cumprimentar todos aqueles que nos assistem.
00:47Eu queria começar falando sobre a recente campanha salarial, né, que se arrastou por meses esse ano e foi decidida somente no início de junho, né, agora o mês que acabou, estamos no início de julho.
01:00Então, eu queria saber por que essa campanha se arrastou por tanto tempo e só foi decidida na Assembleia Legislativa no início de junho.
01:09Nós temos uma campanha salarial que a gente chama de campanha salarial educacional, porque a nossa pauta é salarial, mas a gente trata da política educacional também.
01:19Fechamos o acordo numa mesa de negociação do qual participam o Sintep e o Poder Executivo, os dois secretários de administração e de educação.
01:28E nós achávamos que estava tudo já acertado, tudo consensuado.
01:35Essa proposta negociada em mesa nós aprovamos em Assembleia, majoritariamente, aprovada por a grande maioria.
01:43Só teve dois votos em abstenções de mais de dois mil professores e trabalhadores em educação presentes na Assembleia.
01:50Então, a gente achava que o projeto de lei, quando chegasse na Assembleia Legislativa, iria fluir, transitar normalmente, sem polêmica, sem nenhum tipo de entrave.
02:02Mas, nosso projeto de lei chegou na Assembleia Legislativa em um momento em que havia uma quebra de braço entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo.
02:11A governadora queria que aprovasse determinados projetos, inclusive o projeto de empréstimo, que ela já tinha, já há mais de 15 dias, colocado na Assembleia Legislativa.
02:23Mas a sua bancada, a bancada da oposição, não queria aprovar esses projetos.
02:28Então, pelo que a gente percebeu do governo do Estado, ou era aprova tudo ou não aprova nada.
02:33A sua bancada não compareceu nas primeiras votações e aí a gente estava no meio de uma situação que a gente considerou muito difícil.
02:42O reajuste era de 6,27%, né? Foi o reajuste final concedido.
02:48Era o que a categoria queria? Vocês conseguiram menos do que esperavam? Como é que foi esse ano?
02:54Numa negociação, a gente nunca consegue 100%, mas 6,27 para toda a nossa carreira.
03:01Nós consideramos isso muito estratégico, porque significa, quando você dá o reajuste na carreira, você contempla os aposentados, você contempla os ativos, você contempla o profissional que é profissional CTD, contrato temporário, os ativos também, os efetivos.
03:20Então, você contempla todo mundo, mas não era só para professor, viu, Fernando?
03:23Sim, para todos os trabalhadores da educação, toda a cadeia, né?
03:27A cadeia dos funcionários que trabalham na escola, né? Como os administrativos e os analistas.
03:33Então, nós consideramos, sim, um reajuste que a gente reivindicou em toda a carreira.
03:39A gente conseguiu, inclusive, destravar as progressões do nosso plano de carreira.
03:44Então, realmente, foi uma negociação que a gente considerou exitosa.
03:47Por isso que a gente não entendeu a posição do governo do Estado de colocar em risco a votação do nosso projeto de lei, porque, inclusive, foi uma questão negociada com o governo do Estado.
03:59Como foi a negociação com os deputados que apoiavam a categoria dos professores e demais trabalhadores da educação?
04:07Quando o projeto de lei chegou na Assembleia Legislativa, a gente já sabia dessa conjuntura, que a Assembleia Legislativa estava há mais de 15 dias sem votar absolutamente nada.
04:17Inclusive, a população não sabia que a Assembleia Legislativa estava paralisada.
04:22Então, imediatamente, nós entramos em contato com o governo do Estado, falei com a secretária de administração, Ana Maraíza,
04:29e nós perguntamos se realmente a bancada ia comparecer para votar um projeto de lei que tínhamos negociado.
04:37E ela disse que a bancada iria comparecer.
04:39Então, a gente ficou tranquilo, mas, mesmo assim, a gente ligou.
04:43Eu falei com o presidente da casa, o deputado Álvaro Porto, e disse,
04:47presidente, nós estamos preocupados com essa conjuntura, vai ser garantida mesmo a votação?
04:52Ele disse, Ivete, nós vamos colocar na ordem do dia.
04:54Esse é o nosso compromisso com a educação de Pernambuco.
04:57Nós vamos colocar na ordem do dia.
05:00Se a bancada do governo vai comparecer para a da Cora, a gente não sabe.
05:03Então, a gente começou a ligar para os presidentes das comissões, a comissão de administração,
05:09a comissão da CCLJ, que é de Constituição, Legislação e Justiça,
05:14a comissão de... são três principais, né?
05:19A administração, a CCJ, a de educação e também a de finanças.
05:23Falei com todos os três, quatro presidentes das comissões e eles se comprometeram a colocar em votação na ordem do dia.
05:31E, de fato, realmente, o presidente colocou na ordem do dia, os presidentes também colocaram na ordem do dia,
05:37fizeram a votação.
05:38Então, o projeto tramitou, assim, tranquilamente nas quatro comissões.
05:44Não houve polêmica.
05:46Os deputados queriam fazer emendas, a gente pediu que eles não fazerem emendas, né?
05:50Eles podiam negociar aquilo que eles queriam com o próprio Poder Executivo para enviar depois.
05:54O problema foi no plenário.
05:56Quando foi a primeira votação no plenário, não deu coro porque a bancada do governo não compareceu.
06:01E aí a gente resolveu, a gente convidou alguns deputados para irem conosco no Palácio.
06:06Nós fomos no dia que a votação não deu coro, nós fomos no Palácio e aí a própria governadora recebeu.
06:13O que é que a gente foi fazer no Palácio?
06:15Solicitar que a bancada do governo comparecesse para dar coro.
06:18E aí nós retomamos o diálogo com o presidente da casa e solicitamos que ele fizesse o possível e o impossível
06:25para garantir o coro no dia 25.
06:27Tivemos uma reunião com o presidente da casa na segunda-feira, que estava na ordem do dia, de manhã.
06:33E a gente chamou a categoria para participar dessa conversa com o presidente Álvaro Porto.
06:39Ele se comprometeu e tiveram presentes mais de 15 deputados presentes nessa reunião conosco.
06:45E todos eles se comprometeram em conversar com mais colegas para garantir o coro.
06:50Então, quando foi na segunda-feira, realmente o coro foi garantido.
06:53E a gente finalmente conseguiu aprovar o projeto de lei de reajuste da educação.
06:57Ainda bem que conseguiram.
06:59Agora, essa dificuldade, eu sou filho de professora, minha mãe era professora de colégio estadual também.
07:05Depois foi diretora de escolas.
07:08E ela, assim, essa dificuldade de reajuste salarial da categoria é uma coisa eterna.
07:16Que atravessa governo, entra governo, sai governo.
07:20E é sempre uma luta para conseguir o reajuste dos professores.
07:25Isso acaba afetando, eu imagino, até o trabalho dos professores em sala de aula
07:30e demais trabalhadores da educação também, não só os professores, né?
07:34É uma coisa que se repete a todo ano.
07:37Ou é uma impressão minha isso?
07:39Não, eu acho que a educação, os trabalhadores em educação,
07:42dentre os profissionais que têm nível universitário,
07:45eles ganham, nós ganhamos abaixo da média.
07:49Então, todos os profissionais que têm, passam pela universidade,
07:52nós também passamos e nós ganhamos abaixo da média.
07:55Nós, não é só a gente que está dizendo isso, as pesquisas indicam
08:00que a falta de valorização dos docentes e dos trabalhadores em educação
08:04compromete a qualidade do ensino.
08:07Porque você imagine, uma sala de aula, ela é muito complexa.
08:10Você tem alunos com todo tipo de problema.
08:14Você tem alunos com seus sonhos, com seus projetos,
08:17mas com suas dores, com as suas dificuldades.
08:20Então, um profissional que trabalha com 45 alunos numa sala,
08:24ao longo da semana, ele trabalha com 400 estudantes.
08:28Esse profissional precisa ter uma estabilidade financeira.
08:31Ele precisa ter uma tranquilidade da sua renda
08:33para ele pegar a sua energia psíquica, emocional e mental
08:37e concentrar em ajudar os alunos.
08:40Então, se você tira os profissionais dessa área
08:43e coloca eles numa luta pelo seu salário,
08:46você está prejudicando a educação.
08:49Você está comprometendo a qualidade da escola pública.
08:52Professora, e as condições das escolas?
08:55Em muitos casos, a gente vê que a falta de estrutura
08:59afeta não só os professores, os trabalhadores em educação,
09:03mas também os alunos, não é?
09:04A falta de estrutura, eu acho que nos últimos anos,
09:07aqui na Rede Estadual de Pernambuco,
09:10ela tem piorado bastante.
09:11Nós nunca tivemos uma escola por excelência,
09:14com toda a estrutura.
09:15Mas eu acho que a falta de recursos,
09:18a diminuição de recursos,
09:20a falta de um planejamento da administração pública
09:24para fazer as reformas,
09:26para fazer a manutenção,
09:27tem ocasionado, né?
09:29Porque a quadra precisa de manutenção,
09:32o banheiro precisa de manutenção.
09:33Então, quando você não tem esses recursos nas escolas,
09:37então tudo vai se deteriorando,
09:39tudo vai se acabando.
09:40É como na nossa casa.
09:42Se a gente não faz a manutenção,
09:43tudo vai se acabando.
09:44É a torneira que emperra, né?
09:46É a pia que dá problema.
09:48Então, a gente tem problemas esses,
09:50que eu acho que são conjunturais,
09:52e também a gente tem problemas estruturais,
09:55que como não houve um investimento pesado
09:57na estrutura das escolas,
09:59a gente teve esse ano,
10:00a gente teve teto de escola caindo,
10:03inclusive escolas novas, né?
10:05A gente tem quadra descobertas
10:08para que os alunos possam exercer
10:10suas atividades esportivas.
10:12A gente tem o calor imenso
10:15com essa crise climática.
10:18A gente não só sente nas enchentes,
10:20nas grandes tragédias ambientais.
10:23Você sente no dia a dia.
10:24Quem trabalha no ar-condicionado não sente.
10:27Essa, inclusive, era a minha próxima pergunta.
10:29Desculpe interromper.
10:30Quais são os problemas hoje mais comuns
10:32que a gente encontra nas escolas públicas?
10:35Calor, umidade, goteira,
10:38cheiro de esgoto,
10:39às vezes dentro da sala de aula
10:41a janela está muito próxima,
10:43sei lá, algum esgoto
10:44e os alunos sentem dentro da escola
10:47a falta de segurança.
10:49O que é que preocupa mais
10:51as pessoas, os alunos e professores
10:54que estão nas escolas da rede estadual?
10:57Os problemas são muitos, variados
11:00e realmente complexos.
11:03Mas eu citaria, eu acho,
11:04primeiro essa questão do calor extremo.
11:06Nós tivemos, Fernando,
11:08professores e estudantes passando mal,
11:11desmaiando em sala de aula
11:12por conta do calor extremo.
11:14A crise climática,
11:15ela trouxe isso para dentro das escolas.
11:18E as escolas não têm uma arquitetura
11:20onde a gente tem uma ventilação
11:22propícia ao tempo que a gente está hoje.
11:25Então, a gente citaria a questão
11:28do calor extremo
11:29e a necessidade de uma política
11:30de climatização das escolas.
11:33A gente citaria a estrutura sucateada
11:36das escolas,
11:37que é isso que você falou.
11:39É muro caindo,
11:40é umidade nas paredes,
11:42é chuva que entra de rodo,
11:45assim,
11:45quando a gente tem
11:46um volume maior de água na cidade.
11:50É a questão da toda a parte estrutural,
11:53digamos,
11:54que envolve toda a estrutura da escola.
11:56E eu acho que outro problema
11:57que a gente citaria
11:58é a questão da merenda.
12:00A merenda,
12:01porque, inclusive,
12:02o governo federal aumentou
12:03os recursos da merenda escolar.
12:06Mas o governo do Estado,
12:07ele diminuiu os recursos estaduais.
12:09Então, ficou...
12:10Ou seja, tirou de um lado,
12:11colocou do outro,
12:12ficou elas por elas, digamos.
12:13Elas por elas.
12:14Era para ter tido uma ampliação.
12:16Então, assim,
12:18e também a má administração,
12:20ela provoca também
12:22uma oferta de pouca qualidade
12:24e também de pouca quantidade.
12:26Então, se um governo,
12:27ele troca o seu secretário
12:30com muita frequência,
12:31e a gente pode dizer
12:32que o atual governo trocou,
12:34porque é o terceiro secretário,
12:36não é só o secretário que se troca,
12:38é toda a equipe administrativa
12:40que vem com ele.
12:41Então, tudo é um eterno recomeçar.
12:43Então, uma das coisas que explica
12:46esses problemas hoje na rede estadual
12:48é o governo não ter uma equipe permanente,
12:52uma equipe que realmente consolide
12:54um atendimento à merenda escolar,
12:57à climatização das escolas,
12:58o fardamento, o kit,
13:01a reforma e a manutenção das escolas.
13:03A gente falou aí de vários problemas.
13:06Se eu perguntasse a senhora
13:07qual o maior problema enfrentado hoje
13:09nas escolas da rede estadual,
13:12qual seria?
13:13A gente não consegue dizer
13:15qual é o maior problema.
13:16A gente consegue dizer
13:17os maiores problemas.
13:19Merenda,
13:20climatização das escolas
13:21e a manutenção
13:23e a reforma das escolas.
13:25Nós entregamos,
13:26no ano passado,
13:27uma lista com 250 escolas
13:30que precisavam de reparo urgente.
13:33Urgente é assim,
13:33se não fizer isso,
13:34o teto pode cair,
13:35o muro pode cair.
13:36O governo não conseguiu ainda resolver
13:39nem 15% dessa lista.
13:42Então, citaria esses três problemas
13:44mais sérios.
13:45Ok, professora,
13:46vamos fazer um rápido intervalo.
13:48Você que está acompanhando,
13:49não saia daí.
13:50A gente volta já já.
13:51Estamos de volta hoje.
14:05O Ponto de Vista recebe a presidente
14:07do Sindicato dos Trabalhadores
14:09em Educação de Pernambuco,
14:11Ivete Caetano.
14:13Professora,
14:14vamos continuar essa entrevista.
14:15Eu queria voltar um pouquinho
14:16um assunto que a gente falou
14:17muito rapidamente no primeiro bloco,
14:19que é a questão da merenda escolar.
14:21A senhora dizia que o governo federal
14:24aumentou um pouco a verba,
14:27mas o governo estadual diminuiu
14:28e acabou ficando empatada a coisa.
14:32Que outros problemas a gente tem
14:34para que a merenda escolar
14:36seja oferecida para os alunos
14:39uma merenda de maior qualidade?
14:41Além disso, Fernando,
14:43o governo do estado também descumpriu
14:45a lei que determina
14:47que 30% da merenda escolar
14:49é a alimentação escolar,
14:50porque é o lanche, o almoço
14:51e o lanche da tarde.
14:53Ele deveria ser oriunda
14:55da agricultura familiar.
14:57O governo não tem cumprido
14:58com essa lei.
14:59Nós pontuamos isso
15:00na campanha salarial.
15:02O governo disse que esse ano
15:03cumpriu o ano de 2025,
15:05mas não apresentou realmente
15:07evidências de que houve
15:08esse cumprimento.
15:10A gente pode dizer que a merenda
15:11tem sido insuficiente
15:12e ela não tem sido de qualidade.
15:15Então, isso é um problema grave,
15:18porque nós estamos com...
15:20A rede estadual de ensino,
15:21ela cobre mais de 500 mil alunos,
15:25mais de meio milhão de estudantes
15:28que estão nessa idade,
15:30dos 10, 12 anos aos 18 anos,
15:32é exatamente a fase
15:33onde ele precisa se alimentar.
15:35A nutrição é uma condição
15:37para o desenvolvimento dele,
15:39inclusive físico.
15:40Então, a alimentação escolar,
15:42a merenda,
15:43ela é fundamental
15:44para garantir o desenvolvimento
15:46desses estudantes.
15:47Então, se ela vem pouca
15:48e se ela vem com a qualidade ruim,
15:51ela compromete o desenvolvimento
15:52dos estudantes.
15:53Então, a gente pode citar também
15:55essa questão como um problema
15:58da merenda escolar.
15:59Agora, também tem uma questão
16:00que o governo do Estado fala
16:02que a merenda escolar
16:03deve ser preparada na escola,
16:05deve ser feita na escola.
16:07As escolas têm estrutura?
16:08A gente tem, acho que,
16:10mais de mil escolas da rede estadual.
16:13Essas escolas têm estrutura
16:15para ela própria fazer a merenda?
16:18Tem cozinha, por exemplo?
16:19São mais de 1.156 escolas.
16:23As escolas não têm essa estrutura,
16:24porque o fogão, a geladeira,
16:27todos os equipamentos,
16:28os pratos, as panelas,
16:30elas pertencem às empresas
16:32terceirizadas que fornecem
16:34a alimentação escolar.
16:36O governo informou que vai escolarizar,
16:40quer dizer, não vai mais terceirizar.
16:42Significa que ele vai ter que fazer
16:44concurso para a merendeira,
16:47para o pessoal que vai preparar,
16:49as cozinheiras que vão preparar a comida,
16:52vai ter que comprar equipamentos
16:53que não são equipamentos leves,
16:55são equipamentos grandes e pesados,
16:57como geladeira, fogão imensos,
17:00para você cozinhar para 400, 800,
17:031.800 estudantes,
17:05que esse é o volume de estudantes
17:07em uma escola estadual.
17:08Então, o governo vai conseguir fazer isso
17:10daqui para o final do ano?
17:12Eu não sei, porque ele não conseguiu
17:14garantir o kit escolar,
17:15de um ano para o outro.
17:17Mas ele disse que estava no horizonte
17:19e que eles iriam escolarizar.
17:21Nós esperamos que o governo realmente
17:23consiga dar conta do recado
17:25e fornecer essa estrutura.
17:27Com relação às escolas em tempo integral
17:30ou escola de educação integral,
17:33o governo, a Secretaria da Educação,
17:36no caso, conversa com o sindicato
17:38sobre quais escolas vão ser escolhidas
17:41para que funcionem em tempo integral
17:44ou essa escolha é feita exclusivamente
17:47pela Secretaria?
17:48Como é que funciona?
17:49Como é que tem funcionado esse processo?
17:52No estado de Pernambuco,
17:53implantou as escolas de tempo integral,
17:55não de educação integral.
17:58Aqui, sem consulta nenhuma à categoria,
18:01sem consulta nenhuma ao sindicato,
18:04sem consulta nenhuma à sociedade.
18:06Hoje, tem a política da educação integral,
18:09do MEC.
18:10Aí, eles estão exigindo que isso seja feito
18:12em consulta com a comunidade escolar.
18:15Mas a gente reafirma que as escolas
18:17da rede estadual de Pernambuco
18:19não existe educação integral,
18:22de formação integral.
18:23E existe educação de tempo integral.
18:26É só o tempo que tem integral.
18:28Ele fica de 7h30 às 17h.
18:31Mas ele não tem todas as áreas de conhecimento
18:33para ele se desenvolver.
18:35Ele não tem música,
18:36que é obrigatório por lei.
18:38Ele não tem atendimento psicológico.
18:41Ele não tem teatro.
18:42Ele não tem dança.
18:43Ele não tem todas as dimensões
18:45que são importantes para o desenvolvimento
18:47principalmente dos nossos adolescentes e jovens.
18:50Você tem as áreas de conhecimento necessárias
18:53para você fazer um Enem,
18:55para você ir para a faculdade,
18:56como matemática, português, filosofia, história.
18:59A formação da cidadania tem.
19:01Mas essa outra dimensão,
19:03para que ele se desenvolva plenamente,
19:05isso não existe.
19:06Então, por isso que a gente diz
19:07que a escola não é de educação integral.
19:10Hoje, a rede estadual, a escola,
19:12é de tempo integral apenas.
19:14Outro assunto que eu queria abordar com a senhora.
19:17A segurança ou a falta dela nas escolas
19:21continua sendo um problema sério
19:23enfrentado tanto por professores quanto por alunos?
19:27Hoje, a questão da segurança pública
19:29é um problema da sociedade.
19:31A escola é parte da sociedade,
19:33portanto, ela sofre todos os problemas
19:36da insegurança na sociedade.
19:39Hoje, a gente tem um elemento a mais.
19:42Além da criminalidade,
19:45desses grupos que existem na comunidade,
19:50que fazem esse trabalho de tráfico,
19:53a gente tem hoje uma organização criminosa
19:57que existe na internet e nas redes sociais.
20:02Então, eles se organizam ali para atacar as escolas.
20:05Esse esquema todo foi desmontado
20:09quando o Flávio Dino,
20:12que era o ministro da Justiça,
20:15ele desbaratou uma série de organizações criminosas
20:19que atacavam de forma violenta as escolas.
20:23Você veja, a gente não teve ataque às escolas
20:25nos últimos anos.
20:26De 2020, 2 para cá, 23, 24, 25,
20:31porque isso foi desmontado pelo governo federal.
20:34Mas eles ainda existem,
20:36eles ainda se organizam,
20:38principalmente aliciando
20:39e manipulando exatamente esses adolescentes,
20:44que é exatamente a idade propícia
20:46para manipulação,
20:49porque eles estão em formação.
20:51Então, muitas vezes, a gente alerta aos pais
20:53que o seu filho, quando está no quarto,
20:55no computador, no telefone,
20:57ele não está no quarto,
20:58ele não está em segurança na sua casa.
21:00Ele está na internet,
21:01que é uma terra sem lei,
21:02onde tem criminosos que podem aliciar ele
21:04para a violência,
21:06para o tráfico,
21:07para o crime,
21:08inclusive para se voltar contra a sua própria família,
21:11como foi o caso de uma criança,
21:13de uma adolescente de 14 anos,
21:15que matou o pai, a mãe e o irmão bebê.
21:20Então, assim,
21:21a gente também alerta
21:22que é preciso existir uma regulação das redes sociais,
21:25porque a gente precisa proteger
21:27as nossas crianças,
21:28os jovens e os adolescentes.
21:30Professora, eu soube que o Sintep
21:33elaborou uma cartilha
21:35e lançou uma campanha de conscientização
21:37para combater o assédio sexual
21:40nas escolas.
21:42Esse material dá dicas
21:43tanto aos professores
21:44quanto aos alunos
21:45para perceberem
21:46esses sinais de abuso sexual.
21:50Como tem sido a recepção
21:51a essa receptividade,
21:53seja de professores ou alunos,
21:56a essa cartilha?
21:56Na realidade,
21:58é uma necessidade
21:59que a rede tem,
22:01porque a gente tem resultados
22:02de pesquisas,
22:04inclusive do DISC-100,
22:06que é o DISC-denúncia
22:07para os casos de abuso sexual,
22:10que é na escola
22:11onde o estudante,
22:13inclusive está aqui,
22:15Prevenção ao Abuso Sexual,
22:17é uma cartilha elaborada pelo Sintep,
22:20mas a gente está fazendo isso
22:22numa discussão com o Ministério Público,
22:24com as instituições
22:25que defendem as crianças
22:26e os adolescentes.
22:28E as pesquisas indicam
22:30que o local
22:30onde a criança e o adolescente
22:33faz a denúncia
22:35de que foi abusado,
22:36de que está sofrendo violências,
22:39é na escola,
22:41é no professor que ele confia.
22:43Então, a escola
22:43é um local de acolhimento,
22:46de pertencimento
22:47e de proteção.
22:49Então, nós resolvemos
22:50fazer essa cartilha
22:51porque o governo do Estado
22:52não faz.
22:53A gente já pediu,
22:54colocamos isso na pauta
22:55de reivindicações.
22:56Vocês precisam elaborar
22:57uma cartilha
22:58para orientar
22:59os nossos profissionais
23:00de como proceder
23:02para identificar
23:03os sinais de violência
23:05que a criança passa.
23:07Porque,
23:08eu não sei se você sabe,
23:10Fernando,
23:10mas a grande maioria
23:12dos casos,
23:13mais de 70%
23:15dos casos de abusos sexuais,
23:18é por pessoas conhecidas.
23:20é o pai,
23:21é o padrasto,
23:22é o vizinho,
23:23é o primo,
23:27é o amigo do pai,
23:28o amigo da mãe.
23:30Por que eu estou falando
23:30no masculino?
23:31Porque a grande maioria
23:32dos agressores
23:33são do gênero masculino.
23:36Então,
23:37isso também é um indicador,
23:38porque se a maioria
23:39dos abusos acontecem em casa,
23:42qual é o local
23:42onde a criança
23:43vai se sentir protegida?
23:45A escola,
23:46o seu professor.
23:47Então,
23:47ele deposita nele
23:49confiança
23:50em relação
23:50a essa questão
23:52dessa denúncia.
23:52Então,
23:53nós achamos que a cartilha,
23:54sim,
23:55ela está sendo procurada,
23:57inclusive,
23:57por conselheiros tutelares
23:59que participaram
24:01do debate.
24:02Professora,
24:03outro ponto
24:03que eu queria abordar,
24:05eu estou sabendo
24:05que vocês têm feito
24:07uma mobilização
24:08no sindicato,
24:09no Sintep,
24:10para que sejam mudados
24:11os nomes
24:12de escolas públicas
24:13que homenageiam figuras
24:15da época
24:16do regime militar,
24:18sejam militares,
24:19sejam ministros
24:20do regime militar.
24:22E eu queria saber
24:23em que ponto
24:24está essa campanha?
24:26Existem muitas escolas,
24:27por exemplo,
24:27em Pernambuco,
24:28com nomes
24:30de generais,
24:31de presidentes militares.
24:33Como é que está
24:33a situação
24:34e qual é
24:35a proposta,
24:36exatamente?
24:37O que é que o Sintep quer?
24:38Que a lei seja cumprida.
24:40Nós já,
24:41já existem várias leis
24:43que proíbem,
24:44a lei que criou
24:45a Comissão Nacional
24:46da Verdade,
24:47a 12.528,
24:50ela prevê isso,
24:51que é proibido
24:52a homenagem
24:53a torturadores,
24:55ditadores,
24:56violadores dos direitos humanos.
24:58Mas também existe
24:59uma lei estadual,
25:00que é a lei 16.626,
25:06que ela estabelece isso,
25:08é 26 ou é 28,
25:09que ela estabelece
25:10também essa proibição
25:11proíbe atribuir
25:14a instituições públicas
25:17o nome desses
25:18que já foram acusados,
25:20ou que foram responsáveis,
25:23como os presidentes
25:24da República,
25:25que foram responsáveis
25:26pelos atos
25:27de exceção.
25:29Eu imagino que o presidente
25:31Marechal Castelo Branco
25:33deva ter escolas
25:35com o nome dele
25:36no país todo.
25:37É um dos que mais tem.
25:39Aqui em Pernambuco
25:40tem casos de escolas
25:41com o nome
25:42do Castelo Branco também?
25:43Tem, tem.
25:44Tem a Escola de Referência
25:45e Ensino Médio,
25:46Presidente Humberto Castelo Branco,
25:47aqui pertinho,
25:49em Tigipiol, Recife.
25:52Nós temos Castelo Branco
25:53também aqui,
25:54Paulista,
25:55na cidade de Mirueira.
25:57Nós temos também
25:58Arthur Costa e Silva
25:59na cidade do Recife.
26:01Temos Marechal Costa e Silva
26:04na cidade de Abreu Lima.
26:05e pelo interior afora também.
26:08Por que é importante isso?
26:10Porque a homenagem...
26:12Para que haja essa mudança
26:13do nome das escolas,
26:14o que é que se tem que fazer?
26:18A homenagem,
26:19o que é que significa
26:20você homenagear um torturador
26:22ou um responsável
26:23pela tortura e assassinatos?
26:26Você eterniza aquele nome.
26:28Você eterniza o que a pessoa fez.
26:30A memória é isso.
26:32é a capacidade de eternizar
26:34aquele fato histórico,
26:36aquele feito.
26:37Então, como é que uma escola
26:39eterniza quem foi responsável
26:43por atos de exceção,
26:45de tortura,
26:46quando você tem um compromisso
26:48com uma escola
26:49com respeito à paz,
26:51respeito à democracia?
26:52É isso que nós ensinamos
26:53aos nossos estudantes.
26:55Respeito às instituições,
26:57respeito ao Estado Democrático
26:58de Direito,
26:59respeito às leis.
27:00Nós ensinamos uma cultura
27:02de paz,
27:03uma cultura de cidadania.
27:06Então, é contraditório.
27:08Então, por isso que a gente
27:09entregou ao governo do Estado
27:10ofício para que eles
27:12imediatamente façam mudanças
27:15com consulta às escolas
27:16de qual nome deveria substituir.
27:19Não tivemos até agora resposta,
27:21mas nós já acionamos
27:23o Ministério Público Federal
27:25para que ele realmente provoque
27:27o governo do Estado
27:28a cumprir a legislação.
27:30Professora, chegamos ao final
27:31da nossa entrevista.
27:33Muito obrigado
27:33por sua participação aqui
27:34no Ponto de Vista.
27:36O CITEP agradece
27:37e também aí o seu compromisso
27:39com a educação
27:40que fica presente
27:41nessa entrevista também.
27:43Obrigado a você também
27:44pela audiência e companhia.
27:46A gente volta
27:47na semana que vem.
27:48E aí
27:53E aí
27:54E aí
27:55E aí
27:56Legenda Adriana Zanotto
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