Lula viaja para a Colômbia e o risco de falar besteiras é alto

O Antagonista

O presidente Lula (PT) embarca no final da tarde desta terça-feira, 16, para a Colômbia, onde deverá cumprir uma série de compromissos ao lado do presidente Gustavo Petro. Esse será o quarto encontro entre os dois líderes em menos de um ano e meio. - Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:   https://bit.ly/planosdeassinatura   Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.    https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.   Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Vamos falar sobre Lula.

00:02Lula está na Colômbia com Gustavo Petro.

00:05E como é que tem sido essa passagem dele por lá?

00:09Que casca de banana ele escorregou ou não escorregou?

00:14Que casca de banana ele poderá escorregar, né?

00:17Vamos lá, o Lula saiu ontem à noite do Brasil.

00:23É uma viagem de praticamente 24 horas.

00:25Mas ele tem aí uma agenda bastante cheia na Colômbia.

00:30Ele chegou agora, a gente estava acompanhando aqui.

00:32Ele acabou de chegar à Casa de Narinho,

00:35que é o equivalente ao Palácio do Planalto, né?

00:39O Palácio da Alvorada.

00:40É, o equivalente ao Palácio do Planalto colombiano em Bogotá.

00:43Ele vai se encontrar agora com o presidente colombiano Gustavo Petro.

00:48Primeiro eles têm uma reunião fechada.

00:50Depois uma reunião chamada de ampliada,

00:54onde entram aí ministros dos dois países.

00:57Se tem aí uma discussão um pouco mais institucional, né?

01:03Depois eles vão partir para o momento que talvez seja aí o mais esperado

01:09e a possível casca de banana que é a entrevista coletiva que os dois vão fazer, né?

01:16É importante a gente lembrar que ambos são governos de esquerda.

01:21O Lula é o primeiro presidente de esquerda brasileiro,

01:24que foi eleito em 2003.

01:26E o Petro, eleito em 2022, também foi o primeiro governo de esquerda eleito na Colômbia, né?

01:34Então, assim, há uma afinidade ideológica entre os dois,

01:38mas principalmente há uma agenda ideológica,

01:40ou uma agenda regional e global muito comum aos dois.

01:45O Petro e o Lula têm uma agenda ambiental ali muito forte, né?

01:50A conversa dos dois sobre a agenda ambiental é sempre muito relevante.

01:55E tanto o Petro quanto o Lula se importam muito com a eleição venezuelana

02:02que vai acontecer, ou se espera que aconteça, em 28 de julho.

02:06A gente já discutiu isso aqui algumas vezes.

02:09O Maduro não deve deixar que essas eleições se tornem, de fato, democráticas.

02:18Ele já escolheu os candidatos, mesmo os de oposição,

02:21que não são aí muito...

02:23Como é que é a palavra?

02:27Eles não são um risco à ditadura bolivariana.

02:32E ambos vão aí tratar desse tema.

02:37Eles defendem a eleição venezuelana como está hoje.

02:41E muito provavelmente eles vão ser questionados pela imprensa nesse momento.

02:46Outro tema que eles podem ser questionados

02:48é sobre posicionamento dos dois países em relação ao Irã, né?

02:52O Brasil, a gente já mostrou na Cruzoé,

02:55durante o final de semana não criticou o Irã,

02:59e foi criticado por isso, né?

03:01Não criticou o Irã pelos ataques a Israel.

03:04E a Colômbia, por incrível que pareça,

03:06o Gustavo Petro tem um posicionamento ainda mais radical

03:09que o Lula nessa situação, né?

03:12O Petro já ameaçou cortar relações com Israel,

03:15e foi antes o Lula quem chamou o que ocorre na faixa de Gaza,

03:21ali na guerra contra o Hamas, de genocídio.

03:23Então, assim, o Lula já deve estar um pouco aí

03:27de barbas de molho, vamos chamar,

03:31porque da última vez que ele deu uma entrevista coletiva

03:34durante uma viagem internacional

03:36foi em Addis Abeba, na Etiópia,

03:39quando ele inventou de comparar

03:41o que ocorre na faixa de Gaza ao Holocausto.

03:46E isso gerou aí semanas e semanas de crise diplomática

03:50e mesmo crise política no Brasil, Inácio.

03:53Muito bem.

03:54Aliás, sua voz de locutor também é muito bem-vinda.

03:58Você que tem uma voz de locutor,

03:59o pessoal elogia muito a sua voz aqui no nosso chat,

04:01com total justiça.

04:03Eu queria que você também falasse

04:05sobre essa atitude do Maduro

04:06de fechar a Embaixada do Equador

04:08em solidariedade, imagino, ao México.

04:12Absolutamente um ato para jogar internamente

04:18mais um elemento de inimigo externo,

04:21mostrando que ele não se dobra ao inimigo.

04:24Além da Guiana, agora temos ele rompendo relações

04:28com o Equador, que não teve nada a ver com a história dele.

04:33Sim, a gente pode chamar a relação dele

04:35de um pouco extrema

04:38na linha do que as outras nações estão fazendo,

04:43mas a reação dele, de fato, foi extrema.

04:45É importante a gente colocar que, obviamente,

04:48o Maduro é um líder

04:50ligado à esquerda latino-americana

04:53e o presidente do Equador,

04:58que é o Daniel Nobô,

04:59ele se elegeu numa plataforma de direita.

05:01Assim, obviamente,

05:05isso torna ambos aí, digamos,

05:07concorrentes políticos,

05:08mas é importante a gente dizer

05:10que no início do ano aí

05:11houve uma crise diplomática, por exemplo,

05:14entre o Maduro e o Javier Milley,

05:17presidente da Argentina,

05:19por conta de um avião

05:21que foi apreendido ainda

05:23no governo do Alberto Fernandes

05:24e o Milley, um avião que era do Irã,

05:27que estava sob a tutela da Venezuela,

05:31e quando esse avião foi preso na Argentina,

05:34a Argentina encaminhou ele para os Estados Unidos,

05:35que aí desmontou o avião.

05:37Então, aí, assim,

05:38isso foi uma crise diplomática grave

05:41com o chanceler venezuelano

05:45chamando o governo agente de neonazista,

05:49mas nem por isso

05:50o Maduro ordenou o fechamento

05:53de todos os consulados

05:55e da embaixada venezuelana

05:57em Buenos Aires, né?

05:59Mas a decisão

06:01de criticar o governo venezuelano,

06:05ou melhor,

06:05de criticar o governo equatoriano,

06:07ela não é, assim,

06:08de todos cabido dado

06:10o que aconteceu.

06:10A gente falou isso

06:11logo na segunda-feira,

06:14no dia 8, né?

06:16Quando, logo após

06:18a invasão da embaixada venezuelana,

06:21a embaixada mexicana

06:22no Equador.

06:25Exato.

06:25Então, desde então,

06:28a crítica da comunidade internacional

06:30tem sido muito pesada

06:31em relação ao Equador,

06:32que não pediu desculpas oficiais

06:35pela atuação.

06:37O México encaminhou uma denúncia

06:39à Corte Internacional de Justiça,

06:42em Haia,

06:42pedindo a suspensão do Equador,

06:45da ONU,

06:45que não deve acontecer,

06:47aí existem muito poucas chances

06:48de que isso aconteça.

06:49E ontem,

06:52durante uma reunião

06:53extraordinária

06:55da CELAC,

06:56que, enfim,

06:57é a comunidade

06:58dos estados latino-americanos

07:00e caribenhos,

07:01ou seja,

07:01praticamente todo

07:02o continente americano

07:04dos Estados Unidos

07:05para baixo,

07:06uma reunião extraordinária

07:07foi feita

07:08para discutir

07:12essa questão

07:12do Equador

07:14e do México,

07:15e um dos que falou

07:16foi o presidente Lula,

07:17e a gente até citou

07:18na Cruz OEC,

07:19e o discurso dele

07:20foi bastante incisivo.

07:22Ele cobrou

07:22um pedido formal

07:23de desculpas

07:24por parte do Equador

07:26e disse que o Brasil

07:28vai apoiar essa ação

07:29pedindo a suspensão

07:31do Equador

07:33na ONU,

07:34que foi aberta

07:34pelo México.

07:35Então, assim,

07:36a reação do Maduro

07:38foi despropositada

07:41e até, digamos,

07:42quase que destacada

07:43dessa discussão.

07:45Ele não cita,

07:46ele cita que há

07:47uma solidariedade

07:48ao México,

07:49mas dá para ver

07:50que ele tem

07:50os próprios motivos

07:51de, tal como

07:53Dom Quixote,

07:53arranjar inimigos

07:55com o vento.

07:57Mas a crítica

07:59ao Equador,

08:00ela permanece ainda

08:01entre vários estados,

08:02inclusive o brasileiro.

08:05É,

08:05e é uma crítica justa,

08:07se a gente for pensar,

08:08porque invadir

08:09uma embaixada

08:10não é algo trivial.

08:12É um desrespeito,

08:13claro,

08:13às regras internacionais,

08:15e o Equador,

08:16não interessa

08:17se o presidente

08:17é de direita

08:18ou de esquerda,

08:19deu aval para isso,

08:21o presidente

08:21deu esse aval

08:22pessoalmente

08:23e deve pagar

08:24agora o preço

08:25para isso,

08:26o preço político

08:26internacional.

08:28Mas, como você mesmo

08:29disse,

08:29essa meio que

08:30bravata da Venezuela

08:31é mais para reforçar

08:33esse discurso

08:34de que o Maduro

08:36é durão,

08:37ele faz aquilo

08:38que quer

08:39em nome do seu povo,

08:41tira a embaixada,

08:42fecha a embaixada

08:43na Argentina,

08:44fecha a embaixada

08:44no Equador,

08:46faz um mapa novo

08:47com a Guiana,

08:48a Esequiba,

08:49mesmo que lá

08:50não tenha uma alma

08:51viva do governo

08:52venezuelano,

08:53enfim,

08:54mais do mesmo.

09:13e aí

09:18e aí

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