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Notícias
Transcrição
00:00As imagens do 8 de janeiro vão ecoar por nossa história política por muito tempo.
00:04Mas com que legendas?
00:05Naquele fatídico domingo, veículos de mídia adotaram posturas diferentes
00:09para interpretar as cenas de vandalismo brutal contra as sedes dos três poderes.
00:13Os histéricos logo classificaram como terrorismo.
00:16Outros viram a invasão bolsonarista como um ato claramente golpista.
00:20Os mais cautelosos optaram por chamar os radicais de vândalos,
00:23comparando-os aos black blocs.
00:25Já os simpatizantes da causa bolsonarista relativizaram a violência,
00:28tratando de questionar pela enésima vez o processo eleitoral
00:31e a descondenação de Lula pelo Supremo.
00:34Para estes, tudo seria ilegítimo,
00:36menos a barbárie decorrente da insatisfação dos que se postaram por meses diante dos quartéis.
00:41Simplificações se tornaram um vício da comunicação moderna
00:44via redes sociais e aplicativos de mensagens,
00:47mas são um perigo para a compreensão de fatos complexos.
00:50Elas interditam o debate, contaminam o ecossistema político
00:53e influenciam decisões judiciais, erodindo a democracia
00:57enquanto fortalecem governos populistas.
01:00Essa dinâmica perversa também afeta a vida cotidiana de pessoas simples,
01:04humildes, que são arrastadas a um debate para o qual não foram preparadas.
01:08Tornam-se massa de manobra para táticas de enfrentamento político.
01:12São os ignorantes com iniciativa de Napoleão Bonaparte,
01:15jogados aos leões para sacrifício em nome do líder, do mito.
01:19O dano colateral do 8 de janeiro é o exército de pedreiros,
01:22cozinheiras, professores, lavradores, que tiveram suas vidas interrompidas,
01:26liberdades caçadas e famílias estraçalhadas.
01:29Um rastro de destruição praticamente invisível,
01:32só que bem mais profundo que o visto na Praça dos Três Poderes.
01:35Nesta semana, Alexandre de Moraes liberou 60 detidos pelo 8 de janeiro,
01:39mas outros 1.399 permanecem na papuda.
01:43Não será fácil individualizar condutas sem provas robustas dos crimes cometidos por cada um,
01:47mas a Procuradoria-Geral da República começou a denunciá-los.
01:51Devem responder pelos crimes de associação criminosa armada,
01:54abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
01:56golpe de Estado, dano qualificado pela violência
01:59e grave ameaça com o emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União,
02:04além de deterioração do patrimônio tombado.
02:07Nenhum foi acusado de terrorismo,
02:10pois a lei exige que os atos sejam praticados por razões de xenofobia,
02:14discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia ou religião.
02:18Os que defendem uma interpretação mais ampla precisam lidar com o direito penal,
02:22que não permite analogia em detrimento do réu,
02:25como ressaltou o advogado Fábio Tofik em entrevista a mim no Papo Antagonista.
02:29Para o criminalista, a melhor resposta a ser dada,
02:32inclusive em termos de pacificação nacional,
02:35é aquela dentro da legalidade.
02:37Do estrito cumprimento do figurino legal,
02:40o enquadramento das condutas tem que obedecer os princípios do direito penal,
02:43Por isso, ele diz,
02:45não consigo enxergar terrorismo.
02:47Tofik, que defendeu Lulinha e outros réus do Petrolão,
02:50mantém a coerência e a serenidade que tem faltado
02:53a colegas do Grupo Prerrogativas e a imprensa festiva,
02:56a mesma acusada por Lula e Glenn Greenwald
02:58de se associar à Força-Tarefa da Lava Jato em tempos não tão remotos.
03:02Barbaramente criticada pela espetacularização do combate ao crime,
03:06que inflou egos de agentes da lei e desvirtuou a operação,
03:09a imprensa parece ter esquecido a lição deixada
03:11por outro episódio marcante da cobertura nacional,
03:14O Caso da Escola Base.
03:15Em vez de se guiar pelos fatos,
03:17é arrastada por narrativas sensacionalistas afoitas pela audiência
03:21e agora turbinadas por milícias digitais de sinal trocado,
03:24espertamente usadas pelos populistas de plantão,
03:27repetindo o ciclo vicioso que nos trouxe até aqui.
03:30É um terror.

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