- anteontem
O Irã atacou a base aérea americana de Al Udeid, localizada no Catar, e agora bombardeia outra base dos Estados Unidos no Iraque, nesta segunda-feira (23). A base de Al Udeid é a maior instalação militar americana na região, abrigando mais de 10 mil soldados. Segundo um oficial israelense, seis mísseis foram lançados no ataque. Além disso, diversas explosões foram ouvidas em Doha, capital do Catar. A ofensiva é vista como retaliação à operação militar Martelo da Meia-Noite, conduzida pelos EUA na noite do último sábado (21). O correspondente internacional Luca Bassani analisa os desdobramentos do conflito, e a bancada do Linha de Frente, coordenada por Fernando Capez, com comentários de Guilherme Mendes, Maria de Carli, Henrique Krigner e Alexandre Pires, analisa os desdobramentos do cenário.
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NotíciasTranscrição
00:00Muito bem, nós estamos já com o Luca Bassani, lembrando ao nosso ouvinte, ao nosso telespectador,
00:06o Irã acaba de atacar a base aérea americana, a base militar americana localizada no Catar
00:14e agora bombardeia também outra localizada no Iraque.
00:18A do Catar é a maior base militar americana, tem de 10 a 11 mil homens.
00:23Nós estamos aqui com o professor Alexandre Pires, especialista em relações internacionais
00:27e temos agora também, entrando conosco nesse momento, nosso correspondente internacional, Luca Bassani.
00:35Boa noite, Luca Bassani. Sei que onde você está já é noite, só não sei onde você está.
00:41Então, eu pergunto, qual a sua avaliação sobre agora os desdobramentos deste conflito?
00:48O Irã já está fechando o Estreito de Hormuz, o Estreito de Bab el-Mandeb já está fechado pelos rutes.
00:58Então, todo o tráfico de 21 milhões, de 21 milhões de barris por dia que passa pelo Estreito de Hormuz,
01:07mais do que sobe o Mar Vermelho em direção ao canal de Suez, já está comprometido.
01:12China deve entrar no conflito? Como você avalia isso?
01:17E os cargueiros chineses que partem, entrando pelo Turcumenistão e o Paquistão,
01:22desligam o transponder e descarregam hardware, armas no Irã.
01:26Quero ouvir tudo isso nesse momento de você. Boa noite, Luca Bassani.
01:32Boa noite a você, Capês, a todos que nos acompanham aqui.
01:35Mais uma cobertura histórica.
01:37Primeiramente, dizendo sobre os ataques iranianos, eles acabaram escolhendo, pelo visto,
01:42uma daquelas quatro alternativas que nós listávamos ontem.
01:45O ataque às bases norte-americanas dentro do Oriente Médio,
01:49são pelo menos duas dezenas de bases em vários países,
01:52com um contingente de soldados somados chegando aproximadamente a 40 mil homens.
01:59Eles escolheram o Iraque, que é um país que faz fronteira com o Irã, portanto é mais próximo,
02:03e o Catar, que também está do outro lado aí, se a gente olhar no Golfo Pérsico,
02:07a distância também não é muito grande.
02:10Mas eles sabem que, mediante aquela coletiva de imprensa concedida ontem pelo Pete Hegset,
02:16secretário de Segurança Nacional, os Estados Unidos retalharão.
02:21Isso dependerá de quais serão os danos, as perdas.
02:24Será que esse ataque iraniano vai matar algum soldado americano?
02:29Se isso acontecer, a resposta dos Estados Unidos será feroz.
02:33Caso isso não aconteça, se acontecer apenas a perda de aeronaves ou de algum equipamento militar,
02:40provavelmente os Estados Unidos respondam de uma outra maneira.
02:44Aquilo que nós vemos é que o Iraque tem se encontrado em uma posição extremamente isolada.
02:49Inclusive essa ideia, essa aprovação do parlamento de fechar o Estreito de Hormuz é apenas um devaneio.
02:55O Iraque sabe que não tem capacidade de fechar o Estreito de Hormuz por mais do que três dias.
03:00Principalmente se a gente considerar que isso seria interpretado como uma declaração de guerra ao comércio mundial
03:07e violaria várias leis do comércio marítimo.
03:11Inclusive as próprias Nações Unidas estabelecem vários acordos em relação a isso.
03:15E caso isso acontecesse, teríamos uma resposta não só dos americanos, mas dos britânicos e de vários países árabes
03:23dessa coalizão que estão em torno dos Estados Unidos.
03:25Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait, ou seja, o Irã,
03:29não conseguiria de forma alguma manter este fechamento, nem que fosse parcial,
03:34por mais do que 72 horas, na visão de muitos analistas.
03:38Em relação à China, eu acredito que ela vai condenar o ataque às bases norte-americanas,
03:43mas por enquanto vai manter essa posição pragmática.
03:47Se ocorrer problemas no Estreito de Hormuz ou tiver uma dificuldade para que essa rota seja utilizada,
03:57provavelmente a China tome uma postura mais enérgica pedindo a desescalada,
04:02porque a China é um dos países que mais depende desta rota para a sua segurança energética.
04:07Você falou muito bem, 21 milhões de barris de petróleo vem do Estreito de Hormuz para o resto do mundo,
04:14cerca de 20% a 25% daquilo que se consome diariamente em todo o planeta.
04:18A China consome de 4 a 5 milhões e meio de barris desta região,
04:24ou seja, quase 50% do seu consumo diário vem dos países do Golfo Pesco e do próprio Irã,
04:30e um fechamento significaria a perda da sua segurança energética
04:35e também o encarecimento de vários processos de produção.
04:38Então, a China provavelmente não vai entrar no aspecto militar,
04:41mas vai ficar ponderando quais são os maiores danos,
04:44sempre fazendo falas, pedindo a desescalada,
04:47sempre condenando os Estados Unidos e o Ocidente no Conselho de Segurança,
04:51mas não vai tomar partido para ajudar o Irã.
04:54A gente vê que essa iniciativa ousada do regime dos ayatolás
04:58de atacar a maior base norte-americana, o Dade, que fica no Catar,
05:02cerca de 10, 12 mil homens,
05:04ela vai provavelmente produzir uma resposta norte-americana bastante forte,
05:11ainda mais porque o presidente Donald Trump prometeu que faria isso,
05:14e os Estados Unidos têm muitas bases lá.
05:17Não podemos esquecer que a quinta frota da Marinha Norte-Americana está no Bahrein,
05:21ou seja, do lado do Catar e do lado do Irã,
05:24e pode atacar, obviamente, a região costeira do Irã,
05:27a região do campo de par do sul, que produz gás natural.
05:32Então, o Irã realmente está numa posição difícil,
05:36mas ele tinha que responder, considerando que a República Islâmica,
05:40na sua retórica, na sua ideologia de nós contra todos,
05:43o Islã contra todo o resto do mundo,
05:46eles precisariam atacar depois daquela operação,
05:49o martelo da meia-noite executada pelos norte-americanos.
05:52Obviamente que agora têm que estar dispostos à tréplica
05:55e a continuação dessa guerra, não sabemos como isso terminará,
05:59mas com certeza os Estados Unidos estão preparados,
06:02ou estavam já preparados, para poder responder a este ataque iraniano também.
06:08Luca Bassani, nós estamos aqui com o professor Alexandre Pires,
06:11especialista em relações internacionais,
06:13Maria Decalho, Guilherme Mendes,
06:15nosso amigo Henrique Kriegner, estão todos aqui.
06:18Eu quero segurar você aqui, te fazer mais uma pergunta,
06:22depois abrir um pouco, para eles perguntarem também para você.
06:25O Irã exporta 90% do petróleo ali para a China.
06:34A China importa 90% do petróleo iraniano.
06:38Está ali ao lado, tem todo o interesse estratégico
06:41e quase que uma dependência econômica, energética, por parte do Irã.
06:46São mais de 3 bilhões de litros que passam diariamente ali pelo Estreito de Hormuz,
06:53que vai ser fechado por 72 horas ou não.
06:57Minha primeira pergunta é,
06:59havendo vítimas em soldados americanos,
07:02não digo vítimas fatais, mas feridos, baixas,
07:06Trump terá que dar uma resposta eficaz para o seu público,
07:10para o público interno.
07:12Então, é possível que haja bombardeios maiores,
07:15danos maiores ao Irã, como vimos no início da campanha contra o Iraque.
07:19Qual a possibilidade da China,
07:23eu não digo engajamento militar direto na guerra,
07:27porque não lhe interessa,
07:28mas intensificar a transferência de tecnologia nuclear,
07:34transferir armamentos pesados,
07:37através de cargueiros, por exemplo,
07:39por mar, mar Cáspio,
07:41através da Rússia,
07:43por avião,
07:43e qual a possibilidade da Rússia
07:45também não permanecer calada.
07:48Não digo entrando diretamente num conflito,
07:50que eu não acredito,
07:52mas de dar um apoio logístico
07:54e manter essa guerra,
07:55uma guerra prolongada.
07:57Neste caso,
07:58qual o risco e quais as consequências
08:01econômicas
08:02para o mundo
08:04e as consequências,
08:06no caso,
08:07de haver um rastreamento
08:09de energia nuclear
08:11destruída
08:12em razão das...
08:15Desculpa,
08:16é que às vezes fica um tiroteio aqui,
08:18fica difícil concatenar o raciocínio.
08:20Você não tem nada a ver com isso,
08:21é coisa nossa.
08:22Então, eu queria que você respondesse
08:23a estas perguntas
08:24e aí sim,
08:25passo rapidamente para você.
08:28Claro, Capês.
08:29Falando sobre a China,
08:30eu acredito que a transferência
08:32de tecnologia militar
08:33não pode acontecer
08:34por conta do tratado
08:35de não proliferação
08:36e não é do interesse da China
08:37que um país fundamentalista islâmico
08:40tenha acesso a armas nucleares.
08:42A aliança que a Rússia
08:44e a China tem com o Irã
08:45ela é apenas por conveniência,
08:48ela não é por eles aprovarem
08:52aquilo que o Irã representa.
08:53É apenas essa antiga dicotomia
08:56que o Irã representa com o Ocidente.
08:59Então, nós estamos no mesmo barco,
09:01mas a China também reprime
09:03os muçulmanos dentro do seu país.
09:05Sabe que o radicalismo islâmico
09:06é um problema que está
09:07nas suas fronteiras
09:08e tem problemas com o Paquistão,
09:11que é uma potência nuclear islâmica
09:14que tem certa afinidade com o Irã.
09:16Os dois juntos não seria
09:18uma boa notícia.
09:20Então, provavelmente,
09:21não haverá essa transferência
09:22porque quebra uma série
09:23de tratados internacionais
09:24e ninguém, até mesmo os russos
09:26e chineses, sabem que seria
09:28mau negócio naquela região
09:30ter mais um país com arma nuclear
09:32porque isso começaria
09:33uma grande corrida
09:34pelo armamentista
09:36por toda essa região.
09:37O Iraque ia querer ter,
09:38a Arábia Saudita ia querer ter,
09:39o Egito ia querer ter,
09:40também a Turquia.
09:41Então, não interessa
09:42para essas potências.
09:44Interessa ter seus aliados
09:45e ter as armas em suas mãos.
09:47Em relação àquilo que a China
09:49pode fazer para ser
09:50um pouco mais engajada,
09:52não do aspecto militar.
09:53olha, poderia compartilhar
09:56algum tipo de inteligência
09:58para prevenir ataques
10:00ou até mesmo
10:00alguns armamentos para defesa,
10:02para ajudar o sistema
10:03de defesa antiaérea iraniana
10:05que é extremamente defasado,
10:06extremamente arcaico.
10:07Mas alguma coisa
10:08para os iranianos
10:09atacarem Israel ou Estados Unidos,
10:11de maneira alguma,
10:12a China quer se responsabilizar
10:13por isso.
10:14A Rússia, a mesma coisa.
10:15A gente vê que eles dão
10:17esse apoio informal
10:20no que diz respeito
10:22ao aspecto militar,
10:23um apoio bastante formal
10:26dentro das Nações Unidas,
10:28mas a Rússia está ocupada
10:29e preocupada
10:30com a sua própria guerra
10:32que acontece nas suas fronteiras
10:33e até mesmo dentro
10:34do seu próprio território
10:35na Ucrânia.
10:36Depois de três anos e meio
10:37sem a definição completa,
10:39muitos homens mortos
10:41em ambos os lados,
10:41mas também muito dinheiro perdido.
10:43Não tem estoque guardado
10:46para poder ajudar o Irã
10:47nesse momento.
10:48Para a economia mundial,
10:49uma guerra prolongada
10:50será, obviamente,
10:51um desastre.
10:52Alguns falam que o fechamento
10:53nem que seja parcial
10:54do Estreito de Hormuz
10:55ou algum tipo de batalha
10:57acontecendo no aspecto naval.
10:59Isso poderia levar
10:59o barril do Brent
11:00para 120, 130 dólares,
11:03o que seria realmente
11:04um absurdo.
11:05E isso seria repassado
11:06para o consumidor final.
11:07Então, até mesmo os brasileiros,
11:09a 15 mil quilômetros
11:09de distância do conflito,
11:12sentiriam no bolso
11:13caso essa guerra
11:14se prolongue no tempo.
11:16A grande dúvida é
11:17qual será a resposta
11:19dos Estados Unidos.
11:20Será que se soldados americanos
11:21ficarem feridos
11:22ou morrerem,
11:24o Ayatollah Khamenei
11:25e aquela cúpula clériga
11:27dos mulas,
11:29assim chamados,
11:30no chiísmo,
11:31será que eles serão atingidos
11:33e isso promoveria,
11:34talvez,
11:35uma tentativa brusca
11:36de mudança de regime
11:37por parte dos Estados Unidos
11:39através das vias militares?
11:40São muitas possibilidades.
11:42Obviamente que muitos
11:44dos países não alinhados
11:45diretamente vão continuar
11:46pedindo a desescalada,
11:47o Brasil é um deles,
11:49mas os impactos
11:50tendem a ser globais,
11:51infelizmente,
11:52o início de mais uma guerra
11:54prolongada
11:55numa região geoestratégica
11:56extremamente importante
11:58e com o agravante
11:59de ser entre duas grandes
12:01potências bélicas regionais,
12:04Israel e também o Irã.
12:06Enquanto falávamos
12:07de Israel e Hamas,
12:08é um grupo terrorista,
12:09um grupo paramilitar,
12:10que fica escondido em túneis
12:12dentro da faixa de Gaza.
12:13Quando falamos do Irã,
12:14é um país que tem
12:15dificuldades na sua marinha
12:17e na sua aeronáutica,
12:18mas tem centenas de milhares
12:20de homens nos seus dois exércitos,
12:22seja na Guarda Revolucionária
12:23Islâmica,
12:24seja no exército convencional
12:25e também tem
12:26essa grande dificuldade
12:29de poder dialogar
12:30com os demais países
12:31para encontrar um caminho
12:32para a paz.
12:33Muito bem,
12:34nós estamos aqui
12:34com o professor
12:35Alexandre Pires,
12:37ele vai dirigir a pergunta
12:38a você,
12:38o Irã pode retalhar
12:39através dos seus próxys,
12:40tem muitas coisas
12:41que podem acontecer.
12:43Você está em Moscou,
12:45Luca?
12:47Sim.
12:47Está em Moscou,
12:48muito bem,
12:48mas não precisa falar
12:49exatamente aonde
12:50para a sua segurança.
12:51Alexandre Pires,
12:52a sua pergunta
12:53para Luca Bassani.
12:55Olá, Luca.
12:56Luca,
12:57você que está aí na Europa,
12:58a Europa já sofreu
12:59vários choques,
13:00ou seja,
13:01desde o começo da guerra
13:02na Ucrânia,
13:03ela já teve choques
13:04ligados à energia,
13:06de canais de escoamento,
13:08logística,
13:09e agora vem mais
13:10esse conflito
13:11que afeta também
13:12a Europa.
13:13Qual tem sido ali
13:14a percepção da Europa
13:15com relação a isso?
13:16Ou seja,
13:17Israel e Irã
13:18já subiu para o primeiro lugar
13:19de preocupações
13:21ou ainda
13:22eles estão preocupados
13:24com esse conflito
13:24que está acontecendo
13:25ali na fronteira,
13:26Ucrânia e Rússia?
13:29Ou seja,
13:29como que o mundo europeu
13:31tem lidado com isso
13:32sabendo que eles já
13:33estão com o orçamento
13:34extremamente esticado,
13:35gastando mais com a OTAN,
13:37gastando mais com defesa,
13:39eles também estão tendo
13:40que fazer com que
13:42a sua economia
13:43volte a funcionar
13:44porque ele estava
13:44desacelerado.
13:45Como você tem percebido
13:47aí a reação
13:48e como os europeus
13:49têm visto
13:50esse novo conflito?
13:52Olá, professor.
13:54Realmente é uma questão
13:55que é bastante delicada
13:57para os europeus,
13:58tanto aquela
13:59que se desenrola
13:59na Ucrânia
14:00como essa que se desenrola
14:01agora dentro
14:02do Oriente Médio.
14:04No caso da Ucrânia,
14:05apesar de ser
14:06uma guerra
14:07que está
14:08nas fronteiras
14:09da Europa,
14:10da União Europeia,
14:11falando assim
14:11de forma mais
14:13simplificada,
14:14a gente tem
14:15que este conflito
14:16já foi
14:17praticamente
14:18monetizado
14:19pelo mercado,
14:20ou seja,
14:20as pessoas já sabem
14:21até que ponto máximo
14:23ele vai.
14:24A Rússia também
14:25vive um momento
14:26de fadiga militar,
14:27ela tem
14:28obviamente
14:28a superioridade militar,
14:30a supremacia militar,
14:31mas é um momento
14:32de fadiga,
14:33nenhum dos lados
14:33faz grandes avanços,
14:35temos muitos
14:35bombardeios,
14:36mas as sanções
14:37também já foram
14:38contabilizadas,
14:40a energia já
14:41encareceu bastante.
14:42No caso do Oriente Médio
14:43isso se preocupa mais,
14:44porque muitos
14:45dos fornecedores
14:46que se tornaram
14:47principais
14:48para a Europa
14:49depois do começo
14:50da guerra
14:51com a Ucrânia
14:52estão no Oriente Médio
14:53também.
14:53Os Estados Unidos
14:54é um dos grandes
14:55exportadores
14:57de petróleo e gás
14:58para os europeus,
14:58mas também o Catar,
15:00a Arábia Saudita,
15:00muitos desses países
15:02que fazem o caminho
15:03desde o Estreito
15:04de Hormuz
15:05ou o Estreito
15:05de Baba Mandeb
15:06pelo canal de Suez
15:07até chegar no Mediterrâneo.
15:09Então nós vemos
15:10que a Europa
15:10se preocupa bastante,
15:12tem pedido
15:12para que os países
15:14envolvidos
15:15façam um movimento
15:17de desescalada,
15:18façam um movimento
15:19diplomático
15:20para tentar encontrar
15:21uma solução,
15:22mas a gente sabe
15:23que no fundo
15:23os mais poderosos
15:24sempre decidem
15:25e os Estados Unidos
15:26quando tomaram
15:27a decisão
15:28de participar
15:28diretamente
15:29dessa guerra
15:29agiram
15:30por sua espontânea vontade,
15:35livre e espontânea vontade.
15:36Então eu acredito
15:37que neste momento
15:39a preocupação
15:40na Europa
15:40cresce
15:41e aquela pergunta,
15:43se uma guerra
15:43surgir
15:44nesta região
15:45do mundo
15:45e mais fornecedores
15:47forem inviabilizados
15:48de mandar
15:48essas commodities
15:50energéticas
15:50para a Europa,
15:51de quem a gente
15:52vai comprar?
15:53Os Estados Unidos
15:54já têm vendido,
15:55alguns países
15:55do norte da África,
15:56Argélia,
15:57Líbia e tal,
15:58mas a falta
15:59que fará
16:00para o mundo
16:00todo e não
16:01só a Europa
16:02destes produtores
16:04caso aconteça
16:04uma guerra
16:05prolongada
16:05ou o fechamento
16:06do state
16:06ormuz,
16:07essa é uma
16:07preocupação
16:08que todos
16:09nós devíamos
16:09ter,
16:10porque com
16:1020%,
16:1125%
16:12daquilo
16:13que é
16:13produzido
16:14impedido
16:15de chegar
16:15até seu destino
16:16final,
16:17isso faz com
16:18que o mercado
16:18que é globalizado
16:19e que as cadeias
16:20de produção
16:21que são
16:21interligadas
16:22automaticamente
16:23se encareçam
16:24da noite
16:25para o dia
16:25e todo mundo
16:26sofra principalmente
16:27aqueles mais
16:28pobres,
16:28como nós sabemos
16:29que a inflação
16:30sempre atinge
16:31as classes mais
16:32baixas,
16:32infelizmente.
16:33E é claro,
16:34há duas
16:35preocupações,
16:36Luca Bassani,
16:37primeiro,
16:38de se o conflito
16:38se alastrar
16:39e virar
16:39uma guerra mundial,
16:40segundo,
16:41a preocupação
16:41com Israel
16:43também,
16:43que pode ser
16:44alvo de uma
16:45retaliação
16:45mais para frente,
16:46sabe-se lá
16:47quando,
16:47não significa
16:48necessariamente
16:49imediata
16:50a retaliação.
16:51Tudo isso
16:51preocupa bastante
16:52Henrique Krieger,
16:53que ele dirige
16:53uma pergunta.
16:54Luca,
16:55boa tarde,
16:55a minha pergunta
16:56é mais focada
16:57na situação
16:57realmente da Rússia,
16:58a gente sabe
16:59que a Rússia
17:00teve essa reunião
17:01agora com o Irã,
17:02repetiu as palavras,
17:04Putin repetiu as palavras
17:05também do Ayatollah Khamenei,
17:07dizendo que os ataques
17:08americanos
17:09foram um grande erro,
17:11e aí também
17:12se colocando
17:13de certa maneira
17:14à disposição.
17:15Se a gente pensar
17:16em outras alternativas,
17:18que não só militares,
17:20tropas,
17:21ou até mísseis,
17:22que outras maneiras
17:23a Rússia
17:24poderia estar articulando
17:25para poder
17:26fazer uma
17:27represália
17:29aos Estados Unidos
17:30e ao próprio Israel,
17:32também considerando
17:33que o Irã
17:33não tem mísseis
17:34que são
17:35transcontinentais
17:35ou que possam
17:36chegar em solo americano?
17:38Essa é uma ótima
17:39pergunta,
17:40Krieger,
17:41porque os russos
17:42também têm feito
17:43essa pergunta
17:43para si mesmos,
17:44porque sabem
17:46as limitações
17:46que têm
17:47em relação ao dinheiro
17:48e ao seu arsenal
17:49para poder
17:50ajudar o Irã,
17:51mas a gente sabe
17:52também que a Rússia
17:53tem uma das agências
17:54de inteligência
17:55mais capazes
17:56do mundo,
17:56talvez não no mesmo nível
17:57da Mossad
17:58ou da CIA,
17:59mas muito superior
18:00àquela que possui
18:01o Irã,
18:01então o compartilhamento
18:02de inteligência
18:04para poder realizar
18:05operações de sabotagem,
18:07ataques cibernéticos,
18:08a Rússia teria
18:09essa capacidade
18:10de ajudar o Irã,
18:11nem que fosse
18:11de forma indireta,
18:13e isso teria
18:13uma necessidade
18:15que o país tem
18:15nesse momento,
18:16porque o grande
18:17problema do Irã
18:18não é o número
18:19de homens
18:19ou a coragem
18:21que as pessoas têm
18:22de entrar numa guerra,
18:22mas a sua defasagem
18:24tecnológica,
18:25eles produzem
18:25muitos mísseis,
18:27muitos drones,
18:28a gente consegue ver
18:29o estrago que causou
18:30em Israel,
18:31mas em outros aspectos
18:33falta muita tecnologia,
18:35principalmente
18:35em uma guerra moderna,
18:36uma guerra
18:37que o Irã
18:37nunca lutou,
18:38Israel,
18:39querendo ou não,
18:40por estar cercado
18:42de inimigos,
18:43sempre tem que
18:44atualizar o seu exército,
18:46atualizar o seu arsenal
18:47para poder combater
18:49a guerra moderna,
18:51a guerra híbrida
18:51que nós temos.
18:53O Irã não,
18:53o Irã desde a década
18:54de 80 não combate
18:56diretamente,
18:56ele tem as suas
18:57próxias que ele
18:58financia,
18:58mas muitas delas
18:59seguem o sistema
19:00de guerrilhas
19:01ou até mesmo
19:01usam os seus drones,
19:02não tem um vasto
19:04sistema militar
19:05desenvolvido,
19:06e exatamente por isso
19:07que a Rússia
19:07poderia suprir
19:08essa necessidade,
19:09se os russos vão
19:10fazer isso ou não,
19:11aí é uma outra questão,
19:12porque obviamente
19:13que há operações
19:15do outro lado
19:16de inteligência
19:17que conseguiriam ver
19:18através dos rastros
19:19que os russos
19:20estão envolvidos
19:21e isso poderia
19:21se transformar
19:23em novas sanções,
19:24em novos problemas
19:25para a Rússia
19:26que já tem muito
19:26em seu prato
19:27para resolver
19:28durante este momento,
19:30mas é sempre
19:31uma questão
19:32extremamente importante
19:33da gente observar,
19:35porque o Irã,
19:36como eu disse,
19:36é um país isolado
19:37internamente
19:39no Oriente Médio
19:39e tem alianças
19:40circunstanciais
19:41com a China
19:42e com a Rússia
19:43pelo antagonismo
19:45que representa
19:45o Ocidente.
19:46Se não forem
19:47esses dois países,
19:48o Irã está
19:49completamente abandonado.
19:51Inclusive hoje
19:51o ministro das Relações Exteriores
19:53iraniano,
19:54Abbas Agracht,
19:55fez seu caminho
19:55até o Kremlin,
19:57encontrou-se
19:57com o presidente Putin
19:58para pedir uma ajuda
20:01de forma mais formal
20:02e isso não foi
20:03por acaso,
20:04isso foi proposital
20:04para mostrar
20:05que o Irã
20:05não é isolado,
20:06da mesma maneira
20:07que o Putin
20:08realiza
20:08as diferentes conferências
20:11do BRICS,
20:11convida um monte
20:12de países africanos
20:14e latino-americanos
20:15para visitar a Rússia,
20:16para mostrar para o mundo
20:17que não está isolado
20:18agora que a Europa
20:19e o Ocidente
20:20aplicam várias sanções,
20:22o Irã faz o mesmo movimento,
20:24mas a gente sabe
20:25que no caso iraniano
20:26a situação é muito mais frágil,
20:28muito mais delicada
20:29do que aqui na Rússia.
20:31É, Luca,
20:32e a gente tem que considerar
20:33para o envolvimento
20:34ostensivo da Rússia
20:36nessa guerra,
20:37primeiro,
20:38o bom relacionamento
20:39que o Putin
20:40tem com o Trump,
20:41que está sendo muito generoso
20:43com a Rússia
20:44na guerra com a Ucrânia,
20:45pode ser que ele não
20:45queira irritar o Trump,
20:47e também um bom relacionamento
20:48com o Bibi,
20:48tem uma comunidade judaica
20:50muito forte,
20:50muito grande na Rússia,
20:52também as ações
20:53devem ser
20:54mais discretas,
20:55não ostensivas.
20:57Maria de Carli
20:58está aqui,
20:59professora Maria de Carli
20:59quer dirigir uma pergunta
21:00também.
21:02Oi, Luca,
21:03tudo bem?
21:04Bom falar com você,
21:05não nessa ocasião,
21:06infelizmente,
21:06relatando notícias
21:08tão bombásticas
21:09e preocupantes
21:11para o mundo
21:12como um todo.
21:13Minha pergunta
21:13é mais em relação
21:14ao cenário doméstico
21:15norte-americano
21:16e a atuação
21:17dos Estados Unidos
21:18neste conflito.
21:19Ao entrar
21:20e bombardear
21:21essas três usinas
21:22feitas no sábado
21:23à noite,
21:24os Estados Unidos,
21:25na verdade,
21:26o governo Trump
21:27fez algo que ele disse
21:27que não iria fazer
21:28na sua campanha,
21:30justamente que criticava
21:31as missões eternas
21:33dos Estados Unidos
21:34em países como o Iraque,
21:36como o Afeganistão,
21:37que foi responsável
21:38por um déficit
21:39de mais de 2 trilhões
21:40de dólares
21:41no orçamento
21:41norte-americano
21:42nos últimos 20 anos.
21:44Nesse sentido,
21:44eu pergunto para você
21:45e aí também,
21:46rapidamente falando
21:47que os apoiadores
21:48do Trump
21:48não apoiavam
21:49grande parte,
21:49não apoiavam
21:50essa inserção
21:50dos Estados Unidos
21:51neste conflito.
21:53Pergunto para você,
21:53os Estados Unidos
21:54se envolvem
21:55em mais uma guerra
21:56sem fim
21:57como as que eles
21:58cravaram lá
21:59nos anos de 2000
22:00ou foi algo
22:01mais pontual
22:02e como isso
22:03impacta a imagem
22:04do governo Trump
22:05nesse momento?
22:07Boa tarde a você,
22:09Maria,
22:10também muito bom
22:10encontrá-la por aqui.
22:12Eu acho que são
22:12questões muito relevantes
22:14porque o presidente Trump
22:15ele faz a sua política
22:16externa
22:17muito espelhada
22:19naquilo que pode
22:20acontecer
22:21na política interna.
22:22O que quer dizer isso?
22:24Que ele,
22:25por ser um presidente
22:25que foi eleito
22:26com a pauta maga
22:27do Make America Great Again,
22:29uma pauta mais isolacionista,
22:31vamos olhar
22:31para os nossos próprios
22:32problemas,
22:33imigração,
22:33a pauta woke,
22:35esses diversos problemas
22:36relacionados com as
22:38pautas ambientais,
22:39ele acaba ao mesmo tempo
22:41virando as costas
22:42para aqueles mais
22:43intervencionistas
22:45que acreditam
22:46que os Estados Unidos
22:47têm um papel de xerife
22:48do mundo
22:49de fato
22:49para executar.
22:51Quando a gente vê
22:51a ação de ontem
22:53há uma divisão
22:53bastante clara
22:54entre os democratas
22:55e alguns republicanos
22:56maga
22:57que acham que é um erro,
22:58que a intervenção
22:59norte-americana
23:00ela é desnecessária,
23:02olham para o Iraque
23:03e vem um péssimo
23:04exemplo daquilo
23:05que representou
23:07a intervenção
23:07norte-americana,
23:08muito dinheiro gasto
23:09e poucos resultados
23:11colhidos,
23:11a mesma coisa
23:12no Afeganistão,
23:13na Líbia,
23:14na Síria,
23:14etc.
23:15No caso em questão
23:16agora,
23:17depois que o Irã
23:18ataca,
23:19se tivermos soldados
23:20americanos feridos
23:21ou mortos,
23:22aí todo o público
23:23americano vai apoiar
23:24a continuação
23:25dessa guerra.
23:26Há esse aspecto
23:26muito patriótico,
23:27muito nacionalista
23:28e um amor muito grande
23:29às forças armadas,
23:31o agradecimento
23:32ao serviço
23:32oferecido pelos soldados,
23:35à nação,
23:35então isso pode favorecer
23:37a escolha de Trump
23:39de continuar essa guerra.
23:40Agora,
23:41se a gente pega
23:41tanto Afeganistão
23:42quanto Iraque,
23:44Síria,
23:45onde os Estados Unidos
23:46conseguiram estabelecer bases,
23:47eu não acho
23:48que essa guerra
23:49será de ocupação
23:50territorial,
23:51até pela geografia
23:52iraniana,
23:53muitas das suas montanhas,
23:54dois corpos de água
23:55muito importantes,
23:57de um lado nós temos
23:58a parte do Oceano Índico,
23:59que está próximo
24:01ao Golfo Pérsico,
24:02o Golfo Arábico
24:03e outro o Mar Cáspio,
24:04um país que tem
24:0590 milhões de pessoas,
24:07nenhum dos outros países
24:08que os Estados Unidos
24:09invadiu anteriormente
24:10tinha tanta população,
24:12então é muito difícil
24:13eles conseguirem
24:14se estabelecer,
24:15principalmente,
24:16porque desde
24:16a República Islâmica,
24:18em 1979,
24:20esse antagonismo
24:21criado para os Estados Unidos,
24:23o grande Satan
24:24e para Israel,
24:25o pequeno Satan,
24:26ele permeia
24:27toda a sociedade,
24:27por mais que os iranianos
24:29mais jovens
24:30não gostem
24:30do governo atual,
24:32saibam que o governo
24:33dos ayatollahs
24:34é tirânico,
24:35é contra as mulheres,
24:36é um governo que mata
24:37e que imprisiona
24:39os seus inocentes,
24:40eles também não gostam
24:41dos Estados Unidos,
24:42não necessariamente
24:43porque eles têm
24:43a versão atual
24:44governo que iam querer
24:45um governo colocado
24:46pelos Estados Unidos
24:47da América
24:48e tudo isso dificulta
24:49um processo de ocupação
24:50com bases militares,
24:52com soldados americanos,
24:54o Irã também tem
24:55forças armadas
24:56de centenas
24:57de milhares de homens,
24:58então isso representaria
25:00também um grande número
25:01de baixas
25:02para o exército norte-americano,
25:03algo que nenhum presidente
25:04quer ter nas suas costas,
25:06quer ter como um fardo
25:07a carregar
25:08para o resto da vida,
25:09então eu acredito
25:10que poderá sim
25:11se expandir
25:12essa guerra
25:13com mais ataques,
25:14principalmente com submarinos
25:15que os Estados Unidos
25:17têm naquela região
25:18que conseguem lançar
25:18mísseis de cruzeiro
25:19e uma guerra mais aérea
25:21de destruição
25:22de infraestrutura
25:22ou até mesmo
25:23de assassinato
25:24de pessoas importantes
25:26perto do governo.
25:26Agora, de ocupação,
25:28boots on the ground,
25:29como foi no Iraque,
25:30eu acho bem pouco provável
25:31pelos impactos internos,
25:33como você bem trouxe,
25:34que isso traria
25:35para o presidente Donald Trump
25:36que devemos lembrar
25:38que está apenas
25:38nos seus primeiros
25:39seis meses de mandato,
25:41ainda tem três anos e meio,
25:43governar com uma guerra
25:44desse tamanho nas costas
25:46o restante do seu mandato,
25:48os outros sete oitavos
25:50do mandato
25:51não vai ser nada fácil.
25:52Lucas, ainda mais um debatedor
25:55quer fazer uma pergunta
25:55antes que a gente parta
25:56para o debate,
25:58a gente tem que analisar
25:59também as declarações
26:00do Celso Amorim,
26:01que foi ministro
26:02das Relações Exteriores
26:03e assessor especial
26:04nessa área
26:05do presidente Lula,
26:07muito mais alinhado
26:08com o Irã do que com Israel,
26:11o Brasil, inclusive,
26:12retirou o seu representante
26:13diplomático de Israel,
26:15dizendo que há a possibilidade
26:17de uma guerra mundial,
26:19que você já fez
26:20a análise aqui.
26:21Então, eu fiz esse entróito
26:23porque o Guilherme Mendes
26:24vai fazer também
26:25a sua pergunta
26:26para você.
26:28Luca, boa tarde,
26:30para você aí,
26:30boa noite,
26:31queria te fazer
26:31a seguinte questão.
26:33A gente sabe
26:34como a briga,
26:35tal qual uma guerra
26:35quando começa
26:36e nunca sabe
26:37quando termina,
26:37não é?
26:38Israel usou agora
26:39um artifício
26:40muito parecido
26:41com aquele
26:41que os Estados Unidos
26:42usou em 2003,
26:43ao invadir o Iraque.
26:44dizia-se que lá
26:46havia armas de destruição
26:48em massa
26:48e que o governo iraquiano
26:51teria participado
26:52dos ataques
26:53de 11 de setembro,
26:55não é?
26:56E, no fundo,
26:57depois nada disso
26:58se confirmou.
27:00Luca,
27:00a minha questão
27:01é bem objetiva.
27:02O quão hoje
27:03a comunidade internacional
27:04e, sobretudo,
27:05as Nações Unidas
27:05bastante enfraquecida
27:07vai aceitar
27:09o vão
27:10da credibilidade
27:11a essa narrativa
27:13americana
27:13e a narrativa
27:15israelense,
27:16já que o direito
27:17internacional
27:18mais uma vez
27:18foi violado
27:19e, ao que parece,
27:21usando-se os dados
27:22oficiais da própria
27:22Agência Americana
27:24de Energia Nuclear,
27:25o Irã não estava
27:26tão perto assim
27:27de conseguir o seu
27:28objetivo de bomba atômica
27:30como o presidente
27:31Trump, principalmente,
27:33e também o primeiro
27:34ministro Netanyahu
27:35alardearam.
27:36Você acha que
27:37essa crise
27:38de credibilidade
27:39e os casos
27:40precedentes
27:41podem, de alguma
27:41maneira,
27:42mobilizar,
27:43sobretudo a Europa,
27:44que corre o risco
27:44de pagar um preço
27:46alto com o terrorismo
27:47na medida em que
27:48o mundo árabe,
27:49toda vez que é
27:50provocado,
27:51sobretudo de forma
27:52injusta,
27:53lança a mão
27:53de ações terroristas
27:55também para se,
27:57entre aspas,
27:58vingar dos seus
27:58agressores?
27:59Como é que você
28:00enxerga essa
28:01guerra de narrativas
28:03e, sobretudo,
28:04o ataque à luz
28:05do direito internacional,
28:06não é?
28:07Pois é, Guilherme,
28:08é bom também
28:09reencontrá-lo aqui.
28:10Eu acho que,
28:11da mesma maneira
28:12que muitos paralelos
28:13podem ser traçados
28:14da invasão do Iraque
28:15com essa guerra atual,
28:18os erros que ela
28:19representou,
28:20a invasão do Iraque,
28:21no começo deste milênio,
28:23eles também serviram
28:24para que os americanos
28:25aprendessem algumas coisas.
28:26Eu acredito que a gente
28:27não pode imaginar
28:28que eles vão repetir
28:29o mesmo erro,
28:30sendo que isso foi
28:31muito negativo
28:31para a imagem deles
28:32em todo o mundo,
28:33principalmente no Oriente Médio,
28:35e muito negativo
28:36internamente.
28:37o público americano
28:38que perdeu milhares
28:40dos seus homens
28:41e muito do seu dinheiro
28:42condena também
28:43aquela decisão
28:44de George W. Bush
28:45naquele momento.
28:46Então, eu acho
28:47que o presidente Donald Trump
28:48não vai errar novamente
28:50como fez os seus antecessores.
28:53Agora, a gente sabe
28:54que, no caso do Iraque,
28:56as provas que foram mostradas
28:57eram muito frágeis.
28:59Inclusive, as Nações Unidas
29:00não aprovaram uma invasão,
29:02uma intervenção americana
29:03no Iraque.
29:04Os Estados Unidos
29:05quebraram o direito internacional
29:06naquele momento.
29:07Agora, para todos os efeitos,
29:09também quebraram,
29:10mas é mais robusta
29:11a causa contra o Irã.
29:13Por mais que eles estivessem
29:14relativamente longe
29:15de uma bomba atômica,
29:16a grande pergunta é
29:17se eu enriqueço o urânio
29:19para fins civis,
29:20preciso apenas de 3% a 5%
29:23de urânio enriquecido,
29:25por que eu vou enriquecer ele
29:26a 60% a 70%
29:27como o Irã
29:28comprovadamente já enriqueceu
29:30segundo a Agência Internacional
29:31de Energia Atômica?
29:32Essa é uma boa pergunta.
29:34Por que enriquecer
29:35de 15 a 20 vezes a mais
29:36do que o necessário
29:37para fins civis
29:38se eu não quero criar
29:39uma bomba atômica?
29:40Eles estão mais perto
29:41do nível militar,
29:43do nível bélico,
29:44de 90%
29:45do que do nível civil.
29:46E essa porcentagem
29:47comprovada extensamente
29:49pela Agência Internacional
29:50de Energia Atômica,
29:51400 quilos de urânio
29:53enriquecido
29:53acima de 60%,
29:55inclusive que foi retirado
29:56da usina de Fordow
29:58antes do ataque norte-americano
30:00segundo a agência
30:01e segundo os próprios iranianos.
30:03por que enriquecer
30:04o urânio tanto assim
30:05sendo que você
30:06não quer fins bélicos?
30:08Aí a narrativa
30:09não se encaixa
30:10e os Estados Unidos
30:11e Israel
30:12se viram no direito
30:13de atacar.
30:14Não estou aqui julgando
30:15se é certo ou não
30:16o ataque,
30:16mas que no caso iraquiano
30:19não tinha provas
30:19nenhumas
30:20e no caso iraniano
30:22há agências internacionais
30:23trazendo essas provas
30:25aí é uma questão
30:26bastante diferente
30:27e que será analisada
30:29obviamente
30:29durante os próximos dias
30:31e pelos historiadores
30:32no futuro
30:32assim como nós fazemos
30:33com o conflito do Iraque
30:35que para todos os efeitos
30:36foi um grande erro
30:37e os americanos
30:38têm noção disso também.
30:40Lembrando,
30:41Louca,
30:41claro,
30:41você bem colocou
30:43que o Irã
30:43não é um país árabe,
30:46pelo contrário,
30:47é um grande rival
30:47da Arábia Saudita,
30:49é um país muçulmano
30:50chiíta em sua maioria,
30:52enquanto que
30:53a Arábia Saudita
30:55é um país muçulmano
30:56sunita.
30:58Sunita.
30:59Muito bem.
30:59Diante dessas perguntas,
31:01Louca,
31:01vamos debater um pouco aqui,
31:03você consegue conosco
31:05aqui também,
31:06vou explorar um pouco mais
31:07o nosso professor
31:08especialista
31:10em relações internacionais,
31:11professor Alexandre Pires.
31:14Professor,
31:15mais uma vez,
31:15muito obrigado
31:16pela sua participação
31:18aqui conosco
31:18no Linha de Frente.
31:19Minha pergunta
31:20é a seguinte,
31:22nós estamos mesmo
31:23à beira
31:25de um colapso
31:26energético
31:27que pode afetar
31:29o Brasil,
31:30que já vem aí
31:31capengando
31:32no déficit fiscal,
31:34um governo gastão,
31:36desperdiçando
31:36dinheiro público,
31:37tem déficit fiscal,
31:39não se preparou,
31:39inflação está aí,
31:41dificuldade de pagamento
31:42das contas
31:43saúde e educação
31:44em 2027.
31:45Eu pergunto a você,
31:47essa crise
31:48pode bater
31:49as portas
31:50do Brasil?
31:51E número dois,
31:52o senhor concorda
31:53com o Celso Amorim,
31:55que foi ministro
31:55das Relações Exteriores,
31:56assessor especial
31:57nessa área
31:58do presidente Lula,
31:59de que ele teme
32:00por uma guerra mundial?
32:02É possível
32:03que haja uma guerra mundial
32:04com envolvimento
32:05maior
32:06da China
32:07e da Rússia,
32:08sobretudo se essa guerra
32:09se estender no tempo?
32:10Colapso econômico
32:11e guerra mundial,
32:12eu quero ouvi-lo.
32:13Capês,
32:14o Brasil já vem
32:15estressado
32:17do ponto de vista econômico,
32:18ou seja,
32:19a inflação é mundial,
32:20o Brasil não tem conseguido
32:21baixar os juros,
32:23e obviamente
32:23um aumento
32:24do preço do petróleo
32:25pressionará o Brasil
32:27e pressionará a Petrobras,
32:29a Petrobras vai fazer
32:29um reajuste
32:30ou a gente vai manter
32:32artificialmente
32:32o preço baixo
32:34levando a um colapso
32:35da companhia.
32:36Então,
32:36todos esses choques
32:38que acontecem
32:38no Oriente Médio,
32:39eles têm um reflexo
32:40no Brasil,
32:41sobretudo via combustíveis,
32:43essa parte econômica
32:44é importante,
32:45mas nós temos que lembrar
32:45que o Irã,
32:47em razão das sanções,
32:48ele não participa
32:49ativamente
32:50desse comércio
32:51de petróleo.
32:52Ele tem os seus parceiros
32:53por meio das frotas
32:55fantasmas,
32:56consegue escoar
32:57para a China,
32:58consegue escoar
32:59para a Índia,
33:00vários países
33:01que se aproveitam
33:02dessa situação,
33:03mas o grosso mesmo
33:05ali do petróleo
33:06é da Arábia Saudita,
33:07só que isso vai pressionar
33:08a Arábia Saudita
33:09a aumentar
33:11a sua produção
33:12e isso vai criar
33:13uma tensão
33:13dentro da OPEP.
33:15Por quê?
33:15Tem um detalhe importante
33:16que nós estamos esquecendo.
33:18Uma das,
33:18dos motes
33:19de campanha
33:20do Donald Trump
33:21é baixar a inflação
33:22americana.
33:23O que ele tem feito?
33:25Liberado ali licenças
33:26para o que ele chama
33:27de fracking,
33:28que é o gás de xisto.
33:30Muitas dessas empresas,
33:31elas já estavam operando
33:33no limite de lucratividade
33:34com o barril
33:35a 65 dólares.
33:38Então,
33:38para os Estados Unidos,
33:39esse conflito
33:40que faz com que
33:41o barril
33:42chegue a 75
33:43não é ruim
33:44do ponto de vista econômico.
33:45Muitas daquelas indústrias
33:46que já estavam
33:47no limite
33:48da lucratividade
33:49conseguem agora
33:51ter um respiro.
33:52Então,
33:52o lado triste
33:53de um conflito
33:54é que um conflito
33:55militar tem uma reverberação
33:57econômica
33:57e para alguns
33:58acaba sendo
33:59vantajoso.
34:00E o espírito
34:01ali americano
34:02já vem mudando
34:03uma pesquisa
34:03da Econge agora
34:04que eu acabava de ler
34:05e já dizia
34:06que existe um apoio
34:08de quase 70%
34:09dos republicanos
34:10e depois
34:11independentes
34:12e democratas
34:13menos,
34:13mas há
34:14um apoio maior.
34:15E nós temos
34:15um detalhe importante.
34:16esse aspecto
34:18econômico
34:19hoje
34:19está secundarizado
34:21em razão
34:21do conflito
34:22China
34:23e Estados Unidos.
34:25Então,
34:25a China
34:26provavelmente
34:27vai ser o maior
34:27prejudicado.
34:29A China,
34:30quanto mais caro
34:31o petróleo,
34:32pior para ela,
34:34porque ela é
34:34altamente dependente
34:35disso.
34:35Agora,
34:36com relação
34:36ao outro ponto,
34:37Capês,
34:38com relação
34:38a uma terceira
34:39guerra mundial...
34:40Antes da guerra mundial...
34:41Nesse ponto,
34:42eu queria explorar
34:42um pouco mais
34:43essa sua análise.
34:44Tá.
34:46Caso...
34:47Claro que há 70%
34:48dos republicanos
34:49favorável
34:50a esta operação,
34:52porque ela foi rápida
34:53e, aparentemente,
34:55segundo divulgou o Trump,
34:56bem-sucedida.
34:58Minha pergunta é,
34:59e se essa guerra
35:00tornar-se uma guerra
35:01duradoura,
35:03houver realmente
35:04embaraços,
35:05tanto no estreito
35:05de Hormuz,
35:07que ali,
35:07olhando o mapa
35:08ao lado direito
35:09da Arábia Saudita,
35:10quanto no estreito
35:11de Babel Mandev,
35:12que dá o acesso
35:12do Mar Vermelho
35:13ao Canal do Suez,
35:14isso provocar
35:15um aumento
35:16constante
35:18no preço
35:19do óleo,
35:20do petróleo,
35:21isso gerar
35:22inflação
35:22nos Estados Unidos,
35:24alta
35:25dos juros
35:26para o FED
35:27segurar a inflação
35:28e, consequentemente,
35:30alta dos juros
35:31aqui no Brasil também.
35:33Qual a possibilidade
35:33disso acontecer
35:34antes que o senhor
35:35entre na segunda parte
35:36da pergunta,
35:36que é sobre
35:37o risco
35:38de uma guerra mundial?
35:39Professor,
35:40tudo isso depende
35:41da capacidade
35:42dos Estados Unidos
35:42de aumentar
35:42sua produção interna.
35:44Se a capacidade
35:45deles for mais rápida
35:47do que essa restrição
35:48externa,
35:49provavelmente,
35:50eles não vão sofrer
35:51tanto com a inflação
35:53como nós
35:53poderíamos esperar.
35:55Mas nós sabemos
35:56que a capacidade
35:57de produção
35:57não se dá
35:58do dia para a noite.
35:59Eu começo a explorar
36:00uma jazida ali,
36:01um poço,
36:02ele vai demorar
36:03um tempo
36:03para dar um retorno.
36:04E se a guerra
36:05se prolonga,
36:06tem que ver
36:06qual vai ser
36:07a capacidade
36:07de investimento
36:08dos Estados Unidos
36:09nesse conflito.
36:10Nós temos que lembrar
36:11que essas bombas
36:11que foram lançadas,
36:13elas já estavam pagas.
36:15Chegam na casa
36:15de bilhões ali,
36:16esses bombardeiros,
36:17essas bombas custam
36:18na casa de milhões.
36:20Então,
36:20esse não é o problema.
36:21A questão é você
36:22prolongar o conflito,
36:23Capês,
36:23como você disse,
36:24e você ter que fazer
36:25novos investimentos.
36:26porém,
36:27tem um outro lado importante,
36:29a efetividade do ataque.
36:31Grandes inimigos americanos
36:32podem ser atingidos agora.
36:34O Irã,
36:34para a população americana,
36:36era um grande oponente
36:37geopolítico.
36:38Então,
36:38ela vai ter um apoio ali.
36:40Se isso fazer com que a China
36:42fique enfraquecida,
36:44muitos americanos
36:45vão apoiar.
36:46Se isso fizer com que a Rússia
36:48se afaste da China,
36:49se afaste do Irã,
36:51tome uma distância,
36:52isso também vai ser visto
36:53como positivo.
36:54mas guerras e conflitos
36:56são dinâmicos.
36:58Quando eu conversava
36:59aqui na Jovem Pan,
37:00no momento em que aconteceu
37:02o ataque americano,
37:03eu falava que se houvesse
37:04uma janela de oportunidade,
37:06poderia acontecer um ataque.
37:07Eu estava pensando
37:07em coisa de quatro dias.
37:09Estava acontecendo
37:09enquanto eu falava.
37:11Então,
37:11nós não sabemos
37:12o que a Rússia e a China
37:13vão ver.
37:14E tem um detalhe importante também,
37:16que se a China se envolve
37:17e a Rússia se envolve
37:18no conflito,
37:19eles vão revelar
37:20as verdadeiras capacidades deles.
37:22A Rússia já não está
37:23muito bem
37:24em termos de avaliação
37:26de tecnologia militar
37:27no conflito com a Ucrânia.
37:28Caso a China faça o mesmo,
37:30ela também vai revelar
37:31sua capacidade.
37:33Então,
37:33os Estados Unidos
37:35poderiam sim,
37:36sem muito gasto,
37:37talvez manter
37:38a sua supremacia militar.