35 mil comprimidos de Viagra para as Forças Armadas

O Antagonista

No Papo Antagonista desta terça-feira (12), Claudio Dantas comentou os dados do Portal da Transparência que apontam que as Forças Armadas compraram 35 mil comprimidos de Viagra no ano passado, em oito pregões. Os militares também gastaram R$ 3,5 milhões com próteses penianas. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL​  Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com​  Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista​ https://www.twitter.com/o_antagonista​ https://www.instagram.com/o_antagonista

Transcript

00:00também pesquisando, descobri aqui que a Conitec,

00:05que é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS,

00:10ela recomendou em fevereiro o uso do princípio ativo do Viagra

00:15no tratamento de pacientes com hipertensão arterial pulmonar, beleza?

00:19Só que a prescrição, neste caso, a prescrição recomendada pela Conitec,

00:26ela é uma prescrição combinada da sildenafila com a bosentana,

00:33que é um outro fármaco, o outro princípio ativo.

00:36Então, o que foi aprovado para o SUS é a combinação, a prescrição combinada,

00:43sildenafila, que é o princípio ativo do Viagra, com bosentana, não é só a sildenafila.

00:49E também a sildenafila, aqui nesse caso da recomendação, é 20 miligramas,

00:55e não 25 miligramas, 25 e 50 miligramas, que é a miligrama do Viagra.

01:02Até quando você vai comprar o genérico, o genérico do Viagra, o citrato de sildenafila,

01:08ele é vendido a 25 miligramas e 50 miligramas,

01:11que é justamente a compra que as Forças Armadas fizeram.

01:13Neste relatório, a Conitec descreve essa enfermidade,

01:19que é uma enfermidade rara, é raro, tá?

01:23Causa pressão alta nos vasos sanguíneos, que irrigam os pulmões.

01:26A doença de natureza grave e progressiva, ela afeta a cada ano 1,9 a 3,7 pessoas,

01:33a cada um milhão de pessoas.

01:34Então, é uma doença rara.

01:37Os sintomas incluem dispineia progressiva, fadiga crônica, edema de membros inferiores,

01:43acúmulo de líquido no abdômen, alteração de sons cardíacos, desmaios, coloração azulada da pele.

01:48A doença pode levar à insuficiência cardíaca e à morte, tá?

01:52Então, assim, a avaliação de corporação SUS da terapia combinada destes medicamentos

01:55como alternativas complementares de tratamento foi demandada

01:58pela Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumo Estratégico do Ministério da Saúde.

02:03Beleza?

02:05No SUS, então, já existem esses protocolos para tratamento da RAP, né?

02:09Com o uso dessas, não só da silnenofila com a bosentana, mas também de nifedipino,

02:15anlodipino, liloprosta e ambrizentana.

02:20Devido à complexidade do diagnóstico, vejam isso aqui, tá?

02:25Devido à complexidade do diagnóstico e às características da doença,

02:28O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da doença, da RAP, tá?

02:36Ela, ele recomenda que o acompanhamento dos pacientes seja multiprofissional,

02:41feito de preferência em centros especializados.

02:45Então, aqui o questionamento que se faz é

02:47com base em que a Marinha, a Aeronáutica e o Exército compraram esse medicamento?

02:55Precisa justificar a compra.

02:59Ah, ela tem 10 pacientes, 20 pacientes, 50 pacientes.

03:08Com hipertensão arterial, pulmonar, nos hospitais militares, da família militar.

03:15Não precisa dizer quem são, naturalmente, mas é preciso dizer que tem.

03:23É preciso explicar.

03:24Eu tenho 15 pacientes, precisamos atender esses pacientes, porque não tem sentido.

03:29Primeiro que não é, é praxe as Forças Armadas comprar um medicamento que é usado no SUS.

03:33Por que não compra direto no SUS?

03:39Aliás, é a mesma, porque não tem esse negócio de, ah, vamos doar, comprar pra doar pro SUS.

03:44A gente viu os hospitais militares vazios na época da pandemia,

03:49enquanto as pessoas estavam morrendo nas filas dos hospitais públicos.

03:53E aí diziam o quê?

03:55Braga Neto e afins.

03:57Não, não, hospital militar é pra militar, pra família militar.

04:00O civil, que dê seu jeito.

04:05Então, assim, tá mal explicado.

04:08Não seria difícil explicar, tá certo?

04:11Seria muito fácil.

04:13Tá aqui, ó.

04:14O Globo, o Folha, o Antagonista, tá aqui, ó.

04:18Nós temos 10 pacientes, 15 pacientes.

04:21Essa quantidade de medicamento tá pra tratamento de um ano,

04:24desses 20 pacientes aqui que nós temos,

04:27com acompanhamento dos hospitais militares.

04:30Beleza, tudo certo.

04:33Só que aí a coisa vai complicando.

04:36Aí hoje sai a notícia que o Exército gastou 3 milhões e meio com próteses penianas.

04:47Infláveis.

04:4760 próteses penianas infláveis no Exército.

05:01Segundo as especificações,

05:04são próteses de silicone com comprimento que varia de 10 a 25 centímetros.

05:09Deve ser de acordo com a patente.

05:11O capitão é de 10 centímetros.

05:15O general é de 20.

05:17Se for 4 estrelas, é 25.

05:20Ah, gente, desculpa.

05:22O objeto é indicado por casos de disfunção erétil.

05:27E não é barato.

05:29A compra de 10 próteses autorizada aqui em março de 2021,

05:31valor de 50 mil cada, 50 mil cada prótese,

05:35para o Hospital Militar da área de São Paulo.

05:37Depois, em maio, teve outra compra.

05:3920 próteses para, ao custo de 57 mil cada,

05:42para o Hospital Militar da área de Campo Grande.

05:44Em outubro do ano passado, terceiro pregão.

05:47Compra de mais 30 próteses orçadas em 60 mil

05:49no Hospital Militar da área de São Paulo.

05:54Ah, meu.

05:55Aí não, né?

05:56Tchau, tchau, tchau, tchau, tchau.

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