Em entrevista exclusiva a 'O Antagonista', a infectologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin, derruba a tese da "imunidade do rebanho" sem vacina, incentivada por Jair Bolsonaro e seus assessores. E também descarta o uso da hidroxicloroquina.
"É uma falácia e muito perigosa. Não temos uma vacina, então essa imunidade teria que ser conseguida com as pessoas se infectando." No caso da Covid-19, seria necessária a contaminação de 70% a 90%. "Estamos falando de, no mínimo, 140 milhões de brasileiros."
Segundo ela, considerando uma taxa de mortalidade conservadora, de 0,5% a 0,7%, teríamos ao final do processo pelo menos "1 milhão de mortos" - um genocídio.
Garret, que acompanha nos EUA os estudos referentes a tratamentos para a Covid-19, também descarta o uso da hidroxicloroquina. "Já temos três estudos concluídos¹. Nenhum mostrou eficácia da hidroxicloroquina. Um tivemos que parar porque houve um número maior de óbitos."
A infectologista explica ainda que a pesquisa sobre infectados em Nova York, divulgada pelo governador Andrew Cuomo, foi manipulada no Brasil.
Constatou-se, sim, que 64% das pessoas contaminadas pelo coronavírus estavam em isolamento domiciliar. "Não foi mostrado que, a grande maioria, era de idosos que moravam com pessoas que não estavam se isolando."
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¹Links para os estudos citados sobre hidroxicloroquina:
'Outcomes of hydroxychloroquine usage in United States veterans hospitalized with Covid-19' https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.04.16.20065920v1.full.pdf
'Observational Study of Hydroxychloroquine in Hospitalized Patients with Covid-19' https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2012410
'Association of Treatment With Hydroxychloroquine or Azithromycin With In-Hospital Mortality in Patients With COVID-19 in New York State' https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2766117
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