Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
#grandesatores #canalviva

Categoria

📺
TV
Transcrição
00:00Oficio difícil esse de pai. Parece simples, mas não é não. Pra mim é bastante difícil.
00:18Em 1980, em janeiro de 80, me mudei pro Rio de Janeiro e nunca mais saí daqui.
00:23Mostra os dentes. Rapaz, me deu um branco naquela. Como mostra os dentes? Eu não sou cavalo pra ficar mostrando os dentes.
00:31Com licença, eu achei que isso aqui fosse uma emissora séria. Eu não... Ah, peraí, rapaz, peraí, peraí. Eu fui embora da sala.
00:39Eu tive uma infância na zona rural de Bauru. Eu fui menino entre mangueiras, como dizia o Carlos Drummond de Andrade.
00:48E uma vida distante de qualquer expressão artística. Meus pais funcionários públicos.
00:58E com 14 anos, 15 anos, comecei a me despertar pra essa coisa.
01:03Uma família de quatro irmãos, né? Quatro filhos.
01:09Dois meninos, duas meninas.
01:12Teve um período que a gente foi crescendo.
01:15Aí meu pai teve que aumentar a entrada financeira da família.
01:23Então, ele arrendou um espaço no colégio onde nós estudávamos.
01:28Onde minha mãe também trabalhava com uma inspetora de alunos.
01:31E aí nós tomávamos conta da cantina.
01:35Só que a cantina, não tinha espaço pra se montar a cantina nesse colégio.
01:40Então, pegou-se... Tinha um teatro.
01:44E aí um dos camarins ficou sendo a cantina.
01:47Abriu-se um balcão pro lado de fora.
01:50Então, pra você entrar, pra quem trabalhava na cantina,
01:53Então, tinha que passar pela plateia do pequeno teatro, pelo palco e subir.
01:59E assim que eu comecei a parar no palco.
02:01Eu passava pela plateia, achava aquilo engraçado, a caminho do trabalho.
02:07Aí parava no palco, olhava o palco.
02:13E olhava pra plateia.
02:15Aí um dia eu tive coragem e comecei a cantar, imitar, imitar, imitar.
02:19E um dia eu fiquei de frente pra plateia.
02:24Com plateia.
02:25E aí não parei mais.
02:26Lá em Bauru, a gente começou a assistir uma novela
02:28Que marcou toda uma geração.
02:34Irmãos Coragem.
02:36E quando eu via aqueles irmãos brigando por aqui,
02:40Aquela saga dentro daquele folhetim,
02:43Tão clássico.
02:45E que parava o país na época.
02:47Também me parava.
02:48Eu parava na televisão pra ver
02:49O Seu Tarcísio,
02:52Seu Cláudio Marzo,
02:54Cláudio Cavalcante,
02:56E aquele elenco incrível,
02:58E aquela história.
03:00E aquilo me marcou.
03:01Quando eu tinha 17 anos,
03:02Eu tinha que escolher uma universidade,
03:06Uma faculdade.
03:08E aí então,
03:09Até então eu fazia escondido do meu pai,
03:11Teatro Amador, lá em Bauru.
03:12Com o Paulo Neves,
03:14Com o Ricardo Landi,
03:16Dona Celina Alves Neves.
03:19E aí, um dia eu escrevi um texto.
03:23Escrevi, dirigia, atuei, um monólogo.
03:26E convidei meu pai.
03:29Era o grande teste.
03:32Aí eu, nervoso, né?
03:34Um olho no peixe, outro no gato.
03:37Olhando meu pai, olhando meu pai.
03:39Aí no final,
03:41Eu gelei, ele veio pra mim,
03:43Veio, veio crescendo pra mim.
03:46Meu filho,
03:48Você tem jeito pra isso?
03:50Tem faculdade?
03:51Porque ele queria que os quatro filhos
03:53Tivessem um diploma.
03:54Isso que era importante.
03:56Falei, tem pai?
03:57Na USP.
03:58Ah, na USP?
03:59E dá tempo pra fazer a inscrição?
04:01Já fiz, pai.
04:03Então, se você fizer o exame e passar,
04:05Você pode escolher.
04:06Eu tinha tentado também odontologia,
04:08E acho que engenharia também.
04:10Eu sei que eu passei na IAD da USP,
04:13E lá fui pra São Paulo,
04:15Com despedida clássica,
04:17Na porta, com mala,
04:18Família toda emocionada,
04:20Dizendo,
04:21Boa sorte,
04:22Estaremos aqui torcendo sempre por você.
04:25E ficaram torcendo.
04:26Lilia Cabral,
04:28Nós pegávamos,
04:30Na época da IAD,
04:31Ônibus,
04:32Ali na Avenida Rebouça,
04:35E o ônibus sempre lotado,
04:36Porque a escola era noturna.
04:38E eu me lembro que eu pegava antes.
04:40Então,
04:41Quando ela entrava no ônibus,
04:42Eu já estava.
04:44E brigando por um assento.
04:45E quando eu estava sentado,
04:46Eu cedia gentilmente.
04:48Ela lembra isso até hoje.
04:50Ou então,
04:50Quando ela não queria sentar,
04:52Eu segurava pelo menos
04:54Os livros dela.
04:56Enfim,
04:57Os cadernos.
04:58Eu fazia escola de teatro.
04:59Tínhamos feito esse ciclo de leituras
05:01De textos proibidos.
05:03E,
05:04De alguma forma,
05:05Teve uma leitura fora da escola,
05:07Num sindicato,
05:08Do Rasga Coração do Vianinha.
05:10E me chamaram,
05:11Porque eu tinha lido na escola,
05:12O Manguari,
05:13Que é o personagem adulto e tal.
05:16E aconteceria uma leitura,
05:19Dentro do sindicato,
05:20Não me lembro qual,
05:21Com o Raul Cortez fazendo Manguari.
05:24Então,
05:24Me chamaram para fazer o filho.
05:26E nessa leitura,
05:28O Raul falou,
05:29Olha,
05:29Eu acho que o Abu Janra
05:30Está precisando
05:31De um tipo como você,
05:33Para um pequeno papel,
05:34Uma novela,
05:35Que vai começar,
05:35Assim,
05:36Chamado,
05:37Salário mínimo.
05:39Do Francisco de Assis.
05:40Eu falei,
05:40É,
05:41É,
05:41Procura o Abu Janra
05:42Lá na TV Tupi.
05:44E lá fui eu.
05:46Aí,
05:46Tentei marcar,
05:47Uma vez,
05:47Dois,
05:47Não consegui.
05:48Insisti,
05:48Agendei,
05:50E entrei na sala do Abu Janra.
05:53Ah,
05:53Seu Abu Janra,
05:54Seu Edson,
05:54Aquilo.
05:55E ele estava numa reunião.
05:57E aí,
05:59Ele falou,
06:00Pois não?
06:01Eu falei,
06:01Eu sou o Edson,
06:02O Raul.
06:03Ah,
06:03Pois não?
06:05É,
06:06Mostra os dentes.
06:08Falei,
06:08Como?
06:09Mostra os dentes.
06:12Rapaz,
06:12Me deu um branco naquela hora.
06:13Falei assim,
06:13Como mostra os dentes?
06:14Eu não sou cavalo
06:15Para ficar mostrando os dentes.
06:16Com licença,
06:17Eu achei que isso aqui fosse uma emissora séria.
06:19Eu não.
06:19Não,
06:19Peraí,
06:20Rapaz,
06:20Peraí,
06:20Peraí,
06:20Eu fui embora da sala.
06:22Ele me pegou no corredor.
06:24Foi uma brincadeira.
06:25Falei,
06:25Não,
06:25Mas não é uma brincadeira estranha e tal.
06:27E depois ficamos amigos,
06:28Um querido,
06:29Formamos um grupo.
06:30Cristina Santos.
06:34Bom,
06:36Quantos vocês conseguiram isso?
06:38Como,
06:39Como o senhor sabe,
06:40Eu sou o namorado da Vilma, né?
06:44E praticamente a gente até quase ficou novo.
06:46É salário mínimo ou é salário mínimo?
06:51Ótima oportunidade
06:52Para pedir a mão da Vilma em casamento.
06:56E um dono.
06:58Que maravilha.
07:03Isso é 1978.
07:10Caramba.
07:13Eu tinha 20 anos.
07:17Caramba.
07:18Eu peguei na verdade o final da TV Tupi.
07:21Eu fiz esse trabalho,
07:22Depois eu fiz uma outra novela que era As Caivotas,
07:26Do Jorge Andrade.
07:27E quando a Tupi fechou,
07:41Alguém me chamou aqui na TV Globo.
07:45O Herval Rossana me chamou para fazer Marina.
07:52Uma novela das 18 horas, já aqui no Rio de Janeiro.
07:56Em 1980, em janeiro de 80, me mudei para o Rio de Janeiro e nunca mais saí daqui.
08:01Eu fazia uma pessoa que trabalhava na Ípica do Rio de Janeiro e cuidava dos cavalos,
08:07Mas ele também tinha o sonho de competir.
08:10E, na verdade, nós usávamos, porque o doutor Roberto Marinho, na época, havia levado um tombo,
08:17Então ele não podia mais montar, estava proibido pelos médicos.
08:20E ele começou a ceder os animais para as cenas, porque ele queria ver os animais.
08:28A gente se viu hoje à noite?
08:30Você está sendo em casa? Você vai apoiar?
08:33Silvio de Abreu!
08:36Eu já perdi a conta de quantas vezes eu cruzei com o senhor Silvio de Abreu,
08:42Um amigo querido, um profissional incrível, aí nesse mercado nosso.
08:47Silvio de Abreu!
09:17Deus nos acuda, que eu fazia um galã romântico, assim, era uma comédia romântica, na verdade,
09:27Com o personagem da Cláudia.
09:30Foi onde, aliás, eu conheci Cláudia, assim, já tinha feito uma novela com ela, que foi Sassari Campo,
09:35Mas nessa novela nós começamos a namorar e fizemos uma família, uma história.
09:43Como é que se diz, eu te amo em espanhol?
09:48Real.
09:50Verdade?
09:51Que Rei Sou Eu?
10:00Uma novela que demorou para sair, né?
10:04Eu não sei bem porquê, mas eu sei que ela ficou um pouco engavetada durante alguns anos,
10:10Era uma ideia do Cassiano.
10:13Mas uma ideia que deu tão certo, num momento tão propício, uma homenagem à Revolução Francesa,
10:19Um capa-espada, uma novela de época, e com um paralelo com a realidade política brasileira.
10:27O que você quer de mim?
10:30Eu quero que você me ensine a atirar.
10:33Atirar?
10:34É, porque se espanta.
10:36Você está pensando em matar alguém?
10:37Claro que não.
10:38Então por que a ideia?
10:40Me deu vontade.
10:42Aline, você está pensando em fazer alguma coisa?
10:44Você quer me ensinar ou não quer?
10:46Não.
10:47Tem um fato muito divertido que eu me lembro, que nós fizemos aulas com o grupo do Flamengo,
10:52Aqui no Rio de Janeiro, de Esgrima.
10:55E é um grupo pequeno que luta esgrima no Brasil, porque não é um esporte popular.
11:01Então a TV Globo contratou esse grupo do Flamengo para serem os espadachinhos lá.
11:07Alguns eram soldados, outros eram os bandidos.
11:10E eu sei que a novela foi crescendo e a turma do Jean-Pierre matava muitos.
11:17Eles tentavam avançar e aí tinha o confronto, aí morriam alguns, morriam tantos.
11:22Mas e aí? Não era um grupo grande.
11:24Então aqueles mesmos atletas, atores, voltavam com outros bigodes e outras perucas.
11:32De vez em quando você ia lutar a espada e ia dizer, mas eu conheço isso aqui, já matei ontem, matei anteontem.
11:38Era divertido.
11:39Foi uma experiência incrível.
11:40Jorge Fernando, Guel Arraes dirigindo.
11:42No momento, assim, brilhante.
11:46Eu acho que foi um grande momento da televisão, né, desse período, da TV Globo.
11:52E eu fico sempre pensando, será que não vamos fazer de novo, né, o Que Rei Sou Eu 2?
12:00Porque eu acho que poderia ser feito, já que é uma história de época.
12:04E acho que muito contemporânea ainda, nas suas falcatruas internas e coisas políticas e tudo mais.
12:16Uma vez o Lima Duarte me falou, uma coisa que eu guardei pra sempre.
12:22Ele falou assim, Edson, eu passei muitos anos da minha vida tentando saber se eu era ator.
12:29Trabalhando como ator.
12:29Aí, depois de muitos anos, eu descobri que eu era ator.
12:34Aí, passei muitos outros anos tentando descobrir que tipo de ator.
12:39É assim que é um pouco o nosso ofício.
12:42Nós vivemos por etapas e acho que nós não podemos pular essas etapas.
12:48Eu sempre tive no Lima, já que eu estou falando dele, no Tarcísio, no Cuoco e tantos outros, no Tony, no Fagundes, atores mais velhos do que eu, uma referência.
12:59Eu acho que é fundamental.
13:00Mas ser ator precisa cumprir estas fases para ser um ator com consistência.
13:11Olha, ofício difícil esse de pai.
13:21Parece simples, mas não é não.
13:22Pra mim é bastante difícil.
13:23Difícil porque a necessidade de você ter um olhar distinto para cada um dos filhos.
13:30Eu tenho dois.
13:31Em idades diferentes, um menino, outra menina.
13:37Porque você não ensina.
13:40Toda a sua experiência de vida, não adianta.
13:45Adianta o seu se debruçar, sabe?
13:49O seu olhar, a sua dedicação.
13:51Porque cabe ao pai orientar.
13:55E você jamais vai conseguir fazer esse papel se você não estiver atento.
14:01Então, exige atenção.
14:03Exige você parar as suas outras coisas e olhar o que está acontecendo ali para você poder interferir.
14:10Agora, eu tenho sorte.
14:14Porque meus filhos são maravilhosos.
14:16E acho que nem exigem tanto assim do pai.
14:20Porque eles estão, muitas vezes, até me orientando com a simplicidade deles diante das coisas.
14:28Não se faz produções de teatro sem uma parceria.
14:35Não se faz uma administração de uma vida como a minha, com tantas agendas e coisas.
14:42Se não tiver uma pessoa por trás te dando essa estrutura.
14:46E a Elvira é uma pessoa que não era dessa área, que eu puxei.
14:51E eu duvido que ela saia hoje desse meio.
14:53Porque eu sei que ela foi mordida e está aí fazendo produções de teatro para mim, para o filho, Pedro Garcia Neto.
14:59E uma pessoa muito competente que abraçou também o ofício e que espero que esteja comigo sempre.
15:07Porque sem ela eu não saberia fazer muitas coisas.
15:11O Pedro, ele veio morar comigo, junto com a mãe, com a Elvira.
15:17Ele tinha uns 3, 4 anos.
15:19E aí eu ajudei a criá-lo, de alguma forma, eles moravam comigo e tal.
15:26E aí foi crescendo.
15:28Aí ele voltou para Bauru, morou um tempo com a minha mãe, a avó dele.
15:33E, de repente, Pedro estava lá em Bauru fazendo teatro amador com as mesmas pessoas com quem eu tinha começado a fazer teatro.
15:40E aí eu fiquei surpreso e fiquei aguardando.
15:47Aí ele não queria assinar o nome celular, ele queria uma coisa independente.
15:51E eu comecei a observar e assistir os espetáculos dele.
15:55Ele fez a CAL aqui no Rio de Janeiro e foi criando.
15:58Daqui a pouco ele queria produzir os espetáculos dele.
16:01Aí produziu o Ecos.
16:03Foi me dando um orgulho daquilo.
16:05E aí, de repente, veio uma proposta de um trabalho juntos.
16:10E nós fizemos.
16:11Nem um dia se passa, sem notícias suas, da Daniela.
16:16E foi, enfim, maravilhoso.
16:20Uma experiência de estar no palco dividindo com aquele menino que veio com 3 anos para a minha casa.
16:29E aí estava no palco dividindo.
16:30Esse prazer é incrível.
16:31Eu adoro família.
16:33Eu estou sempre juntando, sempre agregando, propondo encontros.
16:41Eu acho que minha mãe vai fazer 80 anos.
16:46E estava lá morando em Bauru, trouxe para o Rio.
16:49Aí a Elvira estava num canto da cidade.
16:52Pus perto da minha mãe, por um acaso, perto de mim.
16:56Então estamos ali, para o lado da Barra, morando mais ou menos próximos.
17:01E aí tem o Pedro também, que está por ali.
17:03E eu acho que o Aguinaldo tem a capacidade de escrever grandes papéis masculinos.
17:07Eu acho que isso é incrível.
17:09E o Flamel era um personagem que tinha essa força, esse poder.
17:15E fez um grande sucesso.
17:33Foi um grande sucesso.
17:35Foi um período que eu perdi meu pai.
17:37E para mim, eu me lembro que a gente estava começando a gravar a novela.
17:40E o Paulo Biratã, a gente estava entrando no Projac, com uma cidade cenográfica, uma grande cidade.
17:48Toda montada.
17:49Ele parou o Sétimo uma semana para que eu fosse até Bauru e participasse do enterro e tudo mais.
17:58E da despedida.
18:00Enfim, essa parte triste de despedida e tudo.
18:04E aí, quando eu voltei, voltei cheio de vontade para trabalhar.
18:10E até uma forma de homenagear o meu pai, que naquele encontro de muitos anos atrás, ele decidiu o meu futuro.
18:18Que se ele dissesse, não filho, você não deve seguir essa carreira.
18:22Por qualquer motivo que ele dissesse, ou por preconceito, porque também era uma profissão, na época, assim, estranha, no interior de São Paulo.
18:32Mas ele teve a sensibilidade de sacar.
18:34Então, a minha volta para iniciar esse trabalho foi com essa vontade de homenagear o meu pai.
18:41Eu só penso em você.
18:47Desde que nós éramos crianças.
18:50E você prometeu ser minha.
18:56Explode Coração.
18:57Nós começamos com a direção do Denis Carvalho, Marcos Paulo, no Japão.
19:05A história de um amor via internet, de um grande empresário com uma cigana.
19:11E uma história das 21 horas, das 20 horas, novela das 8.
19:18E que foi incrível.
19:19Uma responsabilidade, assim, de um papel grande, né?
19:23Dessa reunião depende o futuro da empresa.
19:26Da sua empresa.
19:28Que, afinal, é sua.
19:30Júlio, volta aqui, Júlio.
19:33Júlio, volta aqui, Júlio.
19:35Júlio!
19:36E depois venho encontrar a glória em América.
19:40Fazendo o tio, o Glauco.
19:45Começa a olhar.
19:46E aí, ele começa a se incomodar.
19:48Aquela menina olha para ele.
19:50Com aquele misto, né?
19:51De anjo.
19:53E aquela tentação.
19:54E diz...
19:55Oi, tio.
19:56Tio.
19:57Eu queria fazer uma entrevista com você.
19:58Com o trabalho da escola.
19:59Mas comigo?
20:00Mas por que?
20:01Logo comigo.
20:02Logo?
20:03Atende a Lurdinha.
20:04E esse oi, tio, eu comecei a escutar pelas ruas do Brasil.
20:10Quando eu escutava oi, tio.
20:12E eu olhava, assim, achando que fosse encontrar uma adolescente.
20:14Não.
20:15Era uma senhora de 80 anos, brincando de adolescente.
20:18De provocar, né?
20:20Com essa malícia no olhar.
20:22Que a Cléo tem muito disso.
20:24Dona Flora e seus dois maridos fazendo o Vadim.
20:39Que é um personagem.
20:40Quem não gostaria de ser o Vadim?
20:42Que está no inconsciente coletivo.
20:45Essa coisa do masculino que morre e volta.
20:48Volta invisível.
20:50Podendo bulinar a esposa.
20:52Um fanfarrão como ele.
20:54Não!
20:54Não, Patinho!
20:56Deu dinheiro!
20:57Não!
20:58Não!
20:58Não!
20:59Patinho!
21:00Patinho!
21:01Olha essa porta, Patinho!
21:02É carnaval!
21:04Patinho!
21:05Coisa de volta, meu Deus!
21:07Eu adoro fazer televisão.
21:10Eu acho que nós temos um veículo que é muito bem feito no nosso país.
21:17Nós temos uma das maiores televisões do mundo.
21:20Nós temos autores incríveis.
21:24Que passeiam com essa leveza toda dentro dessa linguagem de folhetim através da comédia, através dos romances, de comédias românticas também.
21:40E sempre com um olhar agudo na sociedade.
21:47E isso eu acho que é raro.
21:52Nem todos os países têm essa televisão tão rica.
21:54O nível de produção que nós temos aqui no Brasil é incrível.
21:59Quando você fala para um ator ou diretor ou um profissional de televisão norte-americano, eles ficam assim, como assim?
22:06Vocês fazem este nível de produção com essa quantidade?
22:12Vocês fazem numa novela das oito horas da noite a quantidade de produto de três longas metragens por semana?
22:22Eles não querem acreditar.
22:24E é verdade.
22:24Nós aqui no Brasil adquirimos uma técnica, nós atores, que tem uma qualidade, enfim, que se vê na tela, quer dizer, qualidade de interpretação, de naturalismo, seja o que for.
22:42E com a capacidade de realização, de produtividade incrível.
22:48Porque você, um protagonista de novela, é uma loucura.
22:54A sua vida se torna aquilo.
22:56Você trabalha oito, dez horas por dia e você vai para casa para decorar 40 cenas para o dia seguinte.
23:03Não é todo mundo que consegue isso.
23:05O Garoto e Garota Celebrar cai perfeitamente para esse momento da nossa revista.
23:10É por isso que o patrocínio de vocês é fundamental.
23:13Mas a iniciativa da revista é muito boa.
23:15Eu não tenho dúvida que vai ser ótimo associar nossa marca à revista.
23:19Eu tenho certeza que vai ser um grande sucesso para nós todos.
23:22Eu sou um cara que usa a minha cabeça, nessa parte mais cerebral minha, para me organizar.
23:28Porque eu acho que você se organizando, fica mais fácil de visualizar e de atender essas demandas todas de uma vida como a minha,
23:37numa cidade como essa, no ofício que eu tenho e tudo mais, com os filhos e tudo isso.
23:45Então, dizem que o pisciano é muito sonhador, muito sonhador.
23:50Eu acho que eu sou sonhador, eu quero ser sempre, eu quero ser antes de sonhador, curioso.
23:54Tem um poeta argentino que diz assim, quando eu morrer, estiver deitado na minha sepultura, eu vou me levantar toda manhã daquela sepultura,
24:07cruzar o cemitério, atravessar o muro e vou até a banca de jornal, porque eu vou querer saber o que eles continuam fazendo.
24:15É essa curiosidade.
24:19E a curiosidade, acho que tem a ver com essa coisa de ser ator, é a curiosidade pelo outro, né?
24:27A atenção, o olhar para o outro, né?
24:30Não em você, no outro.
24:32Como é esse outro, né?
24:33O que eles andam fazendo? O que você está fazendo?
24:37E um outro que diz que eu saio de casa todos os dias, porque eu sei que eu vou encontrar na próxima esquina,
24:41o improvável, né?
24:45O inesperado.
24:46É feliz por ter construído tudo que eu construí, da maneira como eu construí,
24:52e aquilo que eu almejo, aquilo que eu quero para o meu futuro,
24:58são coisas também bastante interessantes que dão uma coerência àquilo que eu sou.
25:05Então, eu acho que eu estou com uma história bacana, um presente cheio de trabalho, de vivacidade,
25:13e com um futuro aí, quem sabe, com uma bela luz no final do túnel.
25:17Vamos ver.
25:18Eu acho que ser ator é uma coisa muito simples.
25:21É você ter a capacidade de se comunicar, de contar uma história,
25:25de você emocionar, de você fazer pensar,
25:28de você interferir na vida do outro.
25:31Simples assim.
25:32Mulheres, cheguem.
25:35Chegou a confusão.
25:37Prozina, eu estou faminto, sabe?
25:39Estou faminto.
25:39Escuta, está pronta a comida?
25:40Está pronta?
25:41Não faz isso.
25:43Corneta, Prozina, corneta.
25:44Eu toco corneta e o seu nono enche o saco.
25:47Ah, mas eu respeito com o seu pai, eu vi bem.