Os preços do petróleo dispararam mais de 8% após os recentes ataques entre Israel e Irã. As ações da Petrobras fecharam o pregão desta sexta-feira (13) com alta de 2,46%, a maior desde de 2022. O repórter Rodrigo Viga traz detalhes do assunto.
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NotíciasTranscrição
00:00Os preços do petróleo disparam após os recentes ataques de Israel ao Irã.
00:07O Rodrigo Viga está ao vivo aqui com a gente do Rio de Janeiro, trazendo todos os detalhes.
00:13Bom dia de novo, Viga.
00:16Tudo bem, Bia? Bom dia pra você.
00:19Bom dia mais uma vez pro Nonato, pro nosso ouvinte espectador internauta da Jovem Pan.
00:23Quase nunca quebra o protocolo, né, Bia?
00:25Mas vou começar pelo começo, como diz o Sabe, hoje.
00:28Existe um clima de expectativa para o aumento do preço do óleo diesel aqui no mercado interno.
00:35Isso por conta da guerra deflagrada entre Israel e Irã, Irã e Israel.
00:42Isso porque os preços do barril do petróleo do tipo Brent, que são uma referência para a Petrobras,
00:48que é a formadora de preço aqui no mercado interno,
00:50Esse preço do Brent, ele literalmente disparou nesse primeiro dia útil da guerra entre os dois países, Irã e Israel.
00:59O petróleo do tipo Brent, Bia, estava oscilando ali na dezena de 60 dólares, né?
01:05Mas agora sofreu uma disparada de 7% e fechou a cotação desta sexta-feira a 74 dólares e 23 centavos.
01:16A gente teve reunião no Conselho de Administração da Petrobras nesta sexta-feira, Bia,
01:21e esse é claro, inevitavelmente, é um assunto da pauta debatido e discutido.
01:27O fato é que já havia, segundo o mercado, uma espécie de gap para o preço do óleo diesel.
01:34O preço do óleo diesel estaria sendo vendido aqui dentro 11% mais baixo do que os parâmetros referências internacionais,
01:41de acordo com a abicom, a associação que representa a indústria de combustíveis,
01:47os importadores de combustíveis aqui do Brasil.
01:49Ou seja, haveria um espaço, uma margem para a Petrobras mexer no preço do óleo diesel,
01:55ou seja, puxar, elevar o preço do óleo diesel.
01:57Lembrando que nesse ano de 2025, a Petrobras já reduziu os preços do diesel em três oportunidades.
02:04Porém, recentemente, no comecinho agora, no mês de junho, promoveu uma queda no preço da gasolina de 5,6%,
02:12algo que não acontecia há mais de um ano e meio.
02:15Fica, então, esse clima de expectativa com relação à mexida no preço do óleo diesel que pode acontecer nos próximos dias.
02:24Petrobras normalmente não internaliza, não traz de fora para dentro essas instabilidades e pressões internacionais,
02:32mas dado que foi uma alta muito significativa do arreio do petróleo,
02:37que ela saiu da dezena de 60 e foi para quase 75 dólares,
02:40um reajuste internacional no preço do Brent de 7%.
02:45E como há também essa possibilidade, esse espaço, essa margem para um aumento de preço,
02:50é preciso ficar alerta, é preciso ficar atento em relação a esta possibilidade.
02:55E do ponto de vista inflacionário, que é sempre uma preocupação quando se fala em preços de combustíveis,
03:01o diesel tem menos impacto para o IPCA do que a gasolina.
03:06Então, ficamos aí aguardando os próximos movimentos da estatal brasileira de petróleo e gás,
03:12que formam seus preços nas refinarias, mas na ponta, aqui nas bombas,
03:16quem define são os revendedores e os postos de combustível.
03:19Lembrando que nesta sexta-feira, ainda por conta da guerra, do conflito entre Israel e Irã,
03:25as ações da estatal brasileira de petróleo dispararam, subiram 2,5% na B3, a Bolsa de Valores brasileira.
03:34Inclusive, as empresas de petróleo do Brasil, Brava, Prio, Petro Recôncavo,
03:40foram os grandes destaques do pregão desta última sexta-feira,
03:44porque o barril do petróleo é mais caro, em tese pode aumentar as receitas
03:50oferidas pelas petroleiras, não só do Brasil, mas também de todo mundo.
03:55Atenção, muito importante com relação à perspectiva de um eventual aumento
04:00no preço do óleo e diesel no curto prazo, viu, Bia?
04:04Ficar atentos por aqui, Viga, também contamos com você
04:08para nos informar durante toda a programação da Jovem Pan.
04:11Obrigada, até mais e vamos girar esse assunto com os nossos comentaristas.
04:16Mônica, a gente falava, por exemplo, da importância dos Estados Unidos mediarem esse conflito
04:23e uma alta no preço, por exemplo, do petróleo, altas na Bolsa, como o Viga citou,
04:28refletem não só aqui no Brasil, como nos próprios Estados Unidos.
04:32É ali um movimento que atinge todo mundo, envolvido diretamente ou não.
04:38Claro, esse conflito lá no Oriente Médio já está impactando o preço do petróleo há muito tempo.
04:43no ano passado teve aquele ataque dos rutis diretamente a navios petroleiros.
04:48E isso impacta, e é claro que o aumento do petróleo impacta o mundo inteiro.
04:51Mas no Brasil especialmente.
04:53Primeiro porque é um país majoritariamente rodoviário,
04:56o transporte no Brasil se faz ainda por caminhões.
04:59Então isso impacta o preço de todos os produtos.
05:02E vale lembrar, para quem tem cabelos brancos como eu,
05:06que quando houve a guerra do Yom Kippur, quase quebrou o Brasil,
05:09exatamente por causa do aumento do preço do petróleo.
05:12O Brasil estava em franco, o desenvolvimento estava dando um boom.
05:15E essa guerra veio, por causa do aumento do custo,
05:19segurar e aí não quebrou o Brasil, mas quase.
05:23Então o impacto é muito pesado para o nosso país.
05:27Esperamos que esse conflito rapidamente se direcione para uma resolução.
05:31Não precisa parar totalmente, mas que volte-se a se falar em negociações
05:35e que os bombardeios cessem, porque daí acalma novamente o mercado do petróleo.
05:40O Henrique Kriegner também está com a gente.
05:43Queria te ouvir, Kriegner, a respeito disso.
05:45Nós tivemos um alerta tanto do Reino Unido quanto da Grécia
05:49para que os países tenham algum cuidado ali, os seus navios,
05:53inclusive na questão do Estreito de Hormuz.
05:56Inclusive o alerta é para que países sob bandeiras,
05:59tanto do Reino Unido quanto da Grécia,
06:01evitem o Sul do Mar Vermelho e também o Golfo de Adem
06:05para que não sofra nenhum tipo de retaliação.
06:08Por enquanto, não há nenhuma informação de problemas verificado por ali
06:13e a gente lembra sempre ali passa pelo menos um quinto do petróleo em todo o mundo.
06:17O Irã é um dos maiores produtores de petróleo do mundo
06:19e ainda que venda parte disso para a China.
06:22Mas seria inevitável mesmo esse reajuste no preço do petróleo
06:26a partir de um momento de tensão e de instabilidade, né, Kriegner?
06:30Exatamente, Nonato.
06:31E realmente esse impacto não vai passar despercebido na economia brasileira.
06:35Acho que é seguro dizer que a última coisa que o Brasil precisava agora nesse momento,
06:40tanto político, mas especialmente econômico,
06:43é de uma crise internacional fazendo o preço do petróleo subir.
06:47A Mônica lembrou muito bem aqui o altíssimo nível de transporte de cargas
06:52que nós temos aqui no Brasil, sendo feito pela modalidade rodoviária.
06:55E não só isso também, mas esse é um número que chama muito a atenção.
06:58E vale a gente trazer aqui para o cenário as recentes tentativas do Banco Central
07:04de anunciar cortes aí nas taxas, na taxa Selic.
07:08Diante de uma inflação teoricamente um pouco mais controlada, taxa de juros alta,
07:14a Selic poderia sofrer aí uma queda e se tivermos uma incerteza muito confirmada
07:21ou um aumento aí na inflação iminente no cenário internacional impactando também aqui
07:27no cenário brasileiro, econômico brasileiro, nós vamos ter sim a reversão desse quadro.
07:33Ou seja, aquilo que poderia ser uma redução na Selic não vai mais acontecer.
07:37E aí fica a dúvida quais outras medidas o Banco Central precisaria tomar nessa guerra contra a inflação.
07:43Mônica, o Henrique citou agora a complicação para o cenário nacional também.
07:50A gente já vem num momento econômico complicado e, claro, que o cenário internacional influencia.
07:56Isso pode influenciar, inclusive, a vida, por exemplo, do governo federal nas próximas decisões.
08:01Aí já pensando que ano que vem, por exemplo, é ano de eleição.
08:04Pois é, eu acredito que o fato de ser ano de eleição influencia muito mais
08:09porque ele fica tomando essas medidas eleitoreiras que buscam mais a aprovação do eleitor
08:15do que efetivamente atacar os problemas econômicos do Brasil.
08:20Nós já vimos no início da edição uma discussão sobre a questão do IOF
08:24e ninguém fala em cortar emendas, ninguém fala em cortes importantes que têm que ser feitos.
08:28O governo não está disposto a cortar na própria carne,
08:31não está disposto a fazer as reformas que precisam ser feitas para resolver a economia
08:36e aí vai jogar tudo na culpa do conflito que fez subir o valor do petróleo
08:40que nós sabemos que não é o único culpado, apesar de ser realmente algo que vem agravar
08:45uma situação que já não está fácil.
08:48Professor Marcos Vinícius de Freitas, para a gente fechar aqui esse bloco de análises,
08:53qual é a sua impressão a respeito disso, já que temos conflito também na Ucrânia
08:57com a Rússia, que também afeta a economia global, agora mais esse enfrentamento no Oriente Médio.
09:03Qual é a perspectiva que a gente tem, professor?
09:06Uma vez eu estava em sala de aula e eu dizia que nós deveríamos mandar a conta global desses conflitos
09:12para quem os cria nesse processo todo, porque você vê, a gente teve a Covid,
09:18aí uma situação complexa, globalmente falando, que parou o mundo e que até agora não se recuperou
09:26e quando se esperava alguma coisa, veio a guerra da Ucrânia, depois veio a questão de gás
09:30e agora vem a questão do Irã.
09:32Isso tudo gera um cenário global de desabastecimento, de desaceleração econômica
09:39e além disso, temos aí também o tarifaço do presidente Trump, que se revelou aí
09:45num grande erro estratégico do governo norte-americano, então nós estamos em tempos complicados
09:51e o grande problema é que a economia global precisa crescer para que se tenha a esperança
09:57de uma vida melhor, né?
09:58Esse é o grande desafio atualmente dos governos.