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  • 10/06/2025
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00:00Olá, sejam todos muito bem-vindos, bem-vindas ao nosso Terra Viva Entrevista, o programa que traz
00:17uma abordagem diferente, que promove uma segunda opinião sobre os fatos que estão inseridos no
00:23universo agropecuário dentro e fora da porteira, não é Pedro? Exatamente Flavinha, hoje vamos
00:29falar sobre o agronegócio brasileiro que enfrenta um cenário desafiador em 2025, marcado por
00:35instabilidades econômicas, insegurança jurídica, mudanças regulatórias significativas e nesse
00:42contexto os fundos de investimentos nas cadeias produtivas agroindustriais, conhecidos como
00:46fiagros, emergem como instrumentos cruciais para o financiamento do setor, além de outros
00:52assuntos que a gente vai abordar na entrevista de hoje, né Flávia? Exatamente, então para a gente
00:57falar sobre tudo isso, a gente tem o grande prazer de receber aqui no nosso estúdio para
01:02discutir esses temas o doutor Marcelo Winter, sócio do VBSO Advogados, especialista em direito
01:10comercial e do agronegócio. Seja muito bem-vindo doutor Marcelo, que prazer te receber aqui, viu?
01:16É uma honra para a gente.
01:17Bem-vindo. Bom dia Pedro, bom dia Flávia, prazer é todo meu, obrigado pelo convite para falar
01:22de um tema tão relevante, né? Um setor tão relevante para a economia do Brasil.
01:26A gente que agradece muito a sua participação aqui hoje e começo te perguntando, né? Como
01:31que os fiagros têm contribuído para o financiamento do agro brasileiro, né? Qual que é o diferencial
01:37também em relação às outras linhas de crédito?
01:40Boa. Bom, primeiro mencionar que o fiagro ele foi concebido justamente com esse propósito,
01:46de ser uma solução inovadora para atrair mais financiamento para o agronegócio, dada
01:52a incapacidade do Estado, né? De suprir a necessidade de crescimento do setor. Então, diferentemente
01:57dos outros fundos tradicionais, né? O FIDIC, que é focado em direitos creditórios, o fundo
02:03imobiliário, focado em imóveis, né? Empreendimentos imobiliários e o fundo de participações,
02:08né? O FIP, né? Que é focado em adquirir cotas ou participações acionárias. O fiagro,
02:14ele tem uma política de investimento, uma capacidade de investimento muito mais ampla.
02:18Ele pode investir em todos esses ativos de forma simultânea, evidentemente, que voltados
02:23ao agro. Então, essa flexibilidade do fiago associada aos benefícios fiscais tributários
02:29tem atraído substancialmente o interesse dos investidores. Então, por isso que a gente
02:34tem um veículo de investimento aqui que é muito procurado pelos investidores. Se a
02:39gente olhar de 2023 até hoje, a gente tem um crescimento no número de fiagros,
02:44dessa indústria de fiagros, de mais de 200%. E, por outro lado, ao mesmo tempo, né?
02:49Para os tomadores, para os produtores, também é uma fonte alternativa de captação de
02:53recursos, né? Alternativa às fontes de captações tradicionais, às fontes bancárias.
02:58Então, isso também tem atraído por parte dos tomadores.
03:02Exatamente, doutor. E de que maneira a nova regulamentação dos fiagros influencia
03:07as atividades, né? De forma geral, desses fundos, para os investidores, por exemplo,
03:11pessoas físicas?
03:14Eu imagino que a atratividade das pessoas físicas pelos fiagros, para investir nos fiagros,
03:19tem mais relação com os benefícios fiscais tributários dos investimentos do que com
03:25a nova regulamentação. Evidentemente que a nova regulamentação, ela potencializa a
03:29utilização dos fiagros. Lembrando que a nova regulamentação, ela permitiu essa aplicação
03:35genérica, né? Simultânea, de várias classes de ativo pelo fiago. Então, ela potencializou
03:41a utilização dos fiagros e, consequentemente, atraiu ainda mais o interesse de investidores,
03:47pessoas físicas, que gozam do privilégio da isenção fiscal do imposto de renda.
03:51Sem dúvidas, né? E como que a legislação tributária atual afeta a rentabilidade e a operação
03:57dos fiagros? Você disse também dos benefícios fiscais. Quais são esses benefícios fiscais,
04:03né? Que os fiagros desfrutam?
04:05Exato. Aqui no caso, a gente está falando de isenção de imposto de renda para o investidor
04:10pessoa física. Evidentemente que os veículos, eles têm que cumprir com uma série de regramentos,
04:16né? E uma série de condicionantes para conceder esse benefício fiscal. Mas se você não tiver
04:22o benefício fiscal, assim como outros instrumentos de financiamento privado do agronegócio, certamente
04:27você vai ter um impacto no interesse e um impacto no custo do financiamento. Então, isso
04:32vai afetar diretamente o veículo fiagro específico.
04:37Agora, como um todo, né? Seja no fiagro ou não, o Brasil passa por uma questão que
04:42a gente sabe muito bem que é a insegurança jurídica, né? Essa imprevisibilidade, apesar
04:47de ter leis, terem regras, né? Serem normatizadas essas leis, inclusive. Temos doutrina, enfim.
04:54São diversos pontos jurídicos aí que nós temos que auxiliam para que nós tenhamos um
04:59estado de direito. Mas a insegurança jurídica afeta diretamente o nosso setor. Isso também
05:04é um entrave para o fiagro ou para qualquer outro ponto que ainda o setor tem para conseguir
05:09avançar. Porque o fiagro foi considerado um grande avanço para o setor, né? Incluindo
05:14até pessoas que não eram do agro entrar nesse campo também.
05:18É isso, Pedro. Na verdade, como você bem comentou, a insegurança jurídica não afeta
05:22um único produto, né? Ela afeta o setor de uma forma geral. E essa insegurança jurídica,
05:28ela pode se materializar em várias frentes, né? E uma delas, por exemplo, é o aumento
05:33do número de processos de insolvência, né? Processos ou pedidos de recuperação
05:37judicial. A gente, desde o ano passado, vem passando aqui por um aumento considerável
05:42no número, né? De pedidos de recuperação judicial. Muitos deles, né? Feitos sem um
05:48fundamento jurídico, fundamento técnico adequado, né? De forma eventualmente irresponsável
05:53por parte de alguns produtores ou alguns empreendedores, né? No setor do agronegócio.
06:00E isso acaba, obviamente, afastando o interesse de investidores, gerando essa insegurança jurídica.
06:06Outro aspecto importante, que é importante mencionar, são também o aumento dos números
06:13de invasões de terras, né? De áreas produtivas. A gente não tinha isso há dois, três anos
06:18atrás, ou melhor, tinha reduzido substancialmente o número de invasões. E desde 2023 para cá,
06:23a gente tem um aumento desse número de forma substancial. Nesse último abril, né?
06:28Que foi chamado Abril Vermelho, salvo engano, a gente teve mais de 100 invasões de áreas
06:34produtivas, tá? E de novo, isso é super importante, relevante para o produtor rural.
06:40E aí, até deixo aqui um recado, se vocês me permitem, né? Para os empreendedores rurais,
06:45para os produtores que sofrem, né? Ou venham a sofrer com esse problema, para se preparar,
06:50deixar a documentação pronta, né? Digo, laudo de produtividade, documentação imobiliária
06:55rural, né? Regular, comprovantes de pagamento de tributos, etc., de qualquer
07:00obrigações socioambientais, para caso necessário, você manejar, poder manejar
07:06uma ação específica de interdito proibitório, para poder se resguardar
07:10face a essas invasões irregulares. Então, pedidos de recuperação judicial,
07:15invasões de terra, irregularidade agrária e fundiária, são vários assuntos que permeiam, né?
07:20Esse tema é insegurança jurídica e, consequentemente, afastam investidores,
07:25credores, financiadores, né? E outros participantes que queiram investir na cadeia do agronegócio.
07:31Sem dúvidas, né? E a legislação tributária atende à complexidade das cadeias produtivas do agro,
07:38uma vez que tivemos uma reforma que ainda precisa passar por ajustes, né?
07:43Ter um decreto.
07:45Exato, Flávia. A reforma, obviamente, traz muita incerteza ainda, né?
07:51Demanda e requer ainda uma regulamentação específica, seja infralegal ou legal.
07:57A gente não sabe qual é o real efeito, né? Dessa reforma tributária.
08:01Mas o fato é que o propósito da reforma, que era simplificar, não foi atingido, né?
08:06Pelo menos a proposta que foi enviada aí para o Congresso.
08:11A gente tem uma complexidade, a aplicação do IBS, do CBS.
08:16Você tem produtores que não vão estar sujeitos a essa tributação?
08:19Como é que isso vai se portar? Qual que é a natureza do produto?
08:22Se vai gerar isenção ou não?
08:24Então, a gente está no meio de um momento de incertezas,
08:28mas a gente pode dizer que a complexidade continua
08:30e isso também, obviamente, afeta o setor como um todo.
08:34É, a gente olha a cumulatividade de impostos, bitributação, mudanças de regras fiscais.
08:42São gargalos para quem produz, para quem investe, né?
08:45A gente vê uma queda de braço também entre os poderes.
08:50Tudo isso acaba culminando naquilo que o produtor, que é um grande investidor, olha e fala.
08:55Como é que eu vou fazer agora, né? De que forma isso vai entrar?
08:58Existe alguma forma hoje que o direito enxerga nesse sentido?
09:02Vocês hoje olham como advogados, que seria um instrumento claro, objetivo,
09:08para conseguir trazer essas regras hoje mais claras, mais transparentes e dessa fluidez?
09:15É, veja, Pedro, eu não sou um especialista em direito tributário,
09:20isso é uma questão bem complexa, né?
09:22Então, eu não posso te dizer qual seria um caminho mais adequado
09:27para simplificar todo esse organograma, né?
09:30Esse ambiente tributário, mas o fato é, isso deveria vir do legislativo, né?
09:37Deveria vir junto com a reforma, né?
09:39A gente criar um ambiente mais simplificado, mais propício
09:43para a gente ter o desenvolvimento do setor produtivo
09:45e, consequentemente, fazer riqueza para o país, né?
09:48A gente sabe a importância e a relevância do agronegócio para o país,
09:50para a economia do país e a gente mereceria mais prestígio aí
09:55nesse contexto tributário.
09:57Isso inclui também no caso das RJs também, né?
10:00Sem sombra de dúvida.
10:02Eu acho que a gente passou por uma reforma legislativa
10:05na lei de RJ recentemente, né?
10:09Melhorou um pouco, né?
10:10Seja nos critérios de elegibilidade para o pleito do pedido
10:14de recuperação judicial, mas a gente ainda tem algumas situações
10:18que merecem melhorias e, em especial, a uniformização das decisões judiciais.
10:23A gente tem muita simetria entre o entendimento dos juízos locais,
10:27é onde é feito o pleito, né?
10:29O pedido de recuperação judicial e o entendimento dos tribunais superiores.
10:33A partir do momento que a gente tiver uma uniformização, né?
10:36Uma consolidação das decisões, dos entendimentos,
10:39a gente vai ter um ambiente melhor, mais seguro e mais previsível, né?
10:43Tudo que o investidor, o financiador precisa é previsibilidade, né?
10:48Para ele poder precificar o dinheiro, precificar uma transação mercantil.
10:53Hoje a gente não tem.
10:54Hoje a gente tem a simetria entre as decisões e os entendimentos
10:58gerando esse ambiente de instabilidade e insegurança.
11:01Seria uma padronização não só de esferas,
11:04mas também dentro do próprio, do municipal, do estadual,
11:08do âmbito federal, das regras em si, é isso?
11:11Com certeza, com certeza.
11:13A gente pode depois comentar um pouquinho sobre o aspecto ambiental,
11:18onde você tem esse choque entre as regras, entre as posturas, né?
11:22Nesses três níveis, nessas esferas municipais e estaduais.
11:26A nova lei de licenciamento, que a gente também pode comentar um pouco mais adiante,
11:30ela visa justamente uniformizar esse processo administrativo de licenciamento.
11:36Então, para os outros contextos, a mesma coisa.
11:38A gente não pode ter antinomia, né?
11:40Choque entre as regras, divergência entre as regras.
11:44Exatamente, né?
11:45O que você disse, o agro precisa de planejamento e essas mudanças fiscais, né?
11:50Não trazem isso.
11:52Então, isso afeta todo o planejamento do setor a longo prazo, né?
11:56Sem sombra de dúvida, Flávia.
11:58Planejamento é uma palavra que é importante.
12:01Não só o planejamento da atividade econômica, mas visando também sucessão, né?
12:06A gente fala aqui que o setor demanda uma governança maior, então passa por toda essa análise.
12:13Poxa, tem governança, né?
12:15Tem planejamento sucessório, tem profissionalização, tem regras de sucessão, claro.
12:20Então, isso faz parte desse conceito macro de planejamento, que é indispensável para qualquer setor da economia.
12:26Em especial do agro, porque é um setor que, a princípio, é mais lastreado na pessoa física, né?
12:33Isso vem mudando.
12:34É bem verdade que a gente já tem um movimento de projetização, até mesmo para capturar esse critério de governança.
12:43Mas planejamento é extremamente importante em várias frentes para o setor.
12:47Com certeza.
12:48Bom, a gente vai para o intervalo.
12:49Então, na volta, a gente traz aqui para vocês outras, não só informações, mas análises acerca da questão ambiental,
12:57dessas legislações e também uma leitura um pouco mais aprofundada sobre outros fatos que estão dentro da legislação brasileira,
13:05daquilo que você passa dentro da porteira aqui com o nosso entrevistado de hoje.
13:10Daqui a pouquinho, a gente está de volta com essas e outras informações aqui no Terra Viva Entrevista, né, Flávia?
13:15Exatamente. Então, continue com a gente aqui no Terra Viva, há 20 anos cultivando o melhor do Brasil.
13:22Estamos de volta com o nosso Terra Viva Entrevista.
13:48E hoje estamos falando sobre os desafios que o agro brasileiro enfrenta em 2025,
13:55num cenário marcado por instabilidade econômica, insegurança jurídica e mudanças regulatórias importantes.
14:03Então, a gente recebe aqui no nosso estúdio o doutor Marcelo Winter,
14:07sócio do VBSO Advogados, especialista em direito comercial e do agronegócio, né, Pedro?
14:13Exatamente, Flávia. No primeiro bloco, a gente passou por assuntos importantes, como a RJ, falando sobre o FIAGRO,
14:19mas agora a gente retoma um fato importante, né?
14:22Tomou conta de noticiários, mas também trouxe um debate que é para flexibilizar.
14:28A Câmara dos Deputados recebeu novamente o texto após análise no Senado,
14:32o texto que flexibiliza e atualiza o licenciamento ambiental.
14:36Doutor, de que forma isso traz um processo de progresso ao agro brasileiro,
14:43justamente na questão de que vamos ter um leque que se abre em vários sentidos, principalmente para o agro?
14:52Perfeito, Pedro.
14:53Essa nova lei, ela tem como propósito principal uniformizar o entendimento
14:59e os procedimentos de licenciamento entre todos os estados e todos os âmbitos da federação.
15:05Não faz sentido, num regime atual, você ter um processo, um procedimento de licenciamento no estado de São Paulo
15:12diferente do que você tem em Minas Gerais ou outros estados.
15:16Então, essa lei, ela tem esse propósito principal, uniformizar o procedimento de licenciamento das operações.
15:22E o segundo propósito é simplificar esse licenciamento,
15:26dado que muitas atividades com baixo ou médio potencial poluidor
15:30ficar anos na fila de espera para o licenciamento, impedindo o aumento da atividade econômica em muitos empreendimentos.
15:36Então, é, você sim, para essas atividades específicas.
15:39E eu diria que o meu leque é relativa,
15:42porque essas atividades já existem listadas baixativas do IBAN,
15:45de modo que a gente não está falando de um subjetivismo em qualquer atividade.
15:48São poucas atividades que vão gozar dessa licença,
15:52por adesão e compromisso.
15:55Então, a gente está falando de um processo que tem um risco pequeno
16:00e está sujeito ainda à fiscalização dos órgãos ambientais.
16:03Então, se acontecer alguma situação imprevista ou não aderente à nova regra,
16:10você vai ter a fiscalização, que eventualmente vai autuar, vai rescindir a licença.
16:15Então, eu acho que é muito mais um avanço, um progresso, do que uma flexibilização por si só.
16:22Até porque está sob o guarda-chuva do Código Florestal.
16:25Exato, exato.
16:26Está aderente a todos os ambientais hoje no país.
16:29A gente tem no Brasil as regras mais rígidas possíveis.
16:34As regras de cunho socioambiental, uma das mais rígidas do mundo,
16:38que a gente segue aqui, digo, todos os empreendedores rurais seguem.
16:42Então, você está sujeito a todas as posturas.
16:44Com certeza, o Brasil é referência nesse sentido.
16:48E a divergência entre legislações federal, estadual e municipal em questões ambientais
16:53gera insegurança para quem produz.
16:56Como harmonizar essa legislação?
16:59Quais são os desafios?
17:00Sem sombra de dúvida.
17:02Isso também parte do legislativo.
17:04E isso é justamente um dos propósitos da nova lei de licenciamento.
17:08A gente não pode ter regras antinômicas.
17:11Às vezes, elas se chocam.
17:12A gente precisa ter harmonia entre a legislação para o produtor ou para o empreendedor saber
17:18qual regra ele tem que seguir, o que ele tem que fazer, quais são os seus deveres.
17:22Até mesmo para você exigir os seus direitos, você precisa saber os seus deveres.
17:26Então, é muito importante que a gente tenha harmonia entre as regras,
17:29entre as posturas de todos os âmbitos da federação.
17:32Exatamente.
17:33Mas a que não existe harmonia, inclusive, são as decisões judiciais.
17:37A gente percebe que as esferas têm entendimentos diferentes, seja em decisões, seja em acórdãos.
17:42Mas esses temas conflitantes, eles também esbarram nas questões tributárias e ambientais.
17:49Isso a gente já falou, que acaba dificultando, inclusive, as estratégias.
17:53Mas a gente vê que isso acaba perdurando por conta da morosidade que existe no meio judiciário ainda.
18:01Como é que esse planejamento que o produtor hoje tem, mesmo seguindo todas as regras,
18:05ainda acaba derrapando nisso?
18:07Essas questões burocráticas, essa simplificação, como tem no licenciamento ambiental, é necessária?
18:12Seria, podemos falar como base o que está acontecendo com o licenciamento,
18:17aplicar em outros produtos também?
18:20É verdade, Pedro. A gente ainda carece, ainda de novo, de uma uniformização dos entendimentos
18:26dos juízos, sobretudo de primeira instância.
18:30Seguir as decisões dos tribunais superiores e a gente pacificar temas que continuam conflituosos.
18:37É bem verdade que quando a gente fala de questões controversas no judiciário,
18:41você sempre tem a prerrogativa de subrecurso, de tentar, eventualmente, reverter essas decisões conflitantes.
18:48E quando a gente fala do processo administrativo, a gente tem menos medidas para manejar.
18:54Mas, de toda sorte, é super importante mesmo a gente tentar harmonizar os entendimentos
18:58para ter cada vez mais segurança e previsibilidade, não só para o investidor,
19:02credor, como eu comentei no primeiro bloco, mas também para o operador, para o empreendedor rural.
19:07Ele precisa de segurança para poder investir também no empreendimento.
19:10Com certeza, essa imprevisibilidade afeta na questão da tomada de decisões, em relação também a investimentos.
19:21Perfeito, com certeza.
19:22Você imagina, o sujeito vai investir milhões no empreendimento e não sabe se ele vai ter um licençamento,
19:28se ele vai ter um embargo, se ele vai ter algum impedimento, algum restritivo,
19:32que apareça, do entendimento, que seja controverso.
19:37Então, tudo isso, de novo, gera insegurança, gera imprevisibilidade
19:40e é tudo que a gente não precisa num setor que cresce de forma exponencial.
19:44Pois é, doutor.
19:44Como se não bastasse os problemas daqui, a gente tem que olhar os problemas lá de fora também,
19:48de um pouquinho o assunto da nossa prosa, porque a gente tem uma taxação norte-americana
19:54que foi implementada em diversos países e isso influencia os custos logísticos,
20:00de exportação, também acaba interferindo na questão da competitividade do agro-brasileiro.
20:05É um cenário de incertezas, muito a gente vê um conflito entre Washington e Pequim.
20:11De que forma isso resvala dentro do âmbito jurídico aqui para o Brasil também?
20:16Eu acho que a única certeza que a gente tem nesse contexto, nessa guerra comercial,
20:20da política tarifária norte-americana, é que a gente não sabe o que vai acontecer
20:25num curto espaço de tempo.
20:27Hoje, a gente está num ambiente conflitante, amanhã a gente pode ter um acordo entre eles
20:33que pode afetar a todos.
20:35Mas eu costumo dividir em dois efeitos.
20:37A gente tem efeitos diretos e efeitos indiretos dessa polêmica, desse conflito.
20:42Do ponto de vista de efeitos diretos, eu acho que a gente tende a sofrer menos,
20:46sobretudo porque o Brasil foi taxado no menor percentual possível
20:50ali de 10% e os outros países num percentual muito superior.
20:54Então, diretamente, eu assumo que a gente não tenha tanto prejuízo
20:58nas exportações direcionadas ao mercado norte-americano.
21:02Sobretudo porque o mercado norte-americano também vai sofrer com escassez
21:06e o Brasil é o principal país que vai suprir essa necessidade.
21:10Evidentemente, alguns produtos específicos podem sofrer mais,
21:13como, por exemplo, a comodidade do suco de laranja,
21:16onde os Estados Unidos são grandes produtores,
21:20mas, via de regra, a tendência é que efeitos diretos não sejam tão relevantes.
21:24Já indiretamente, os efeitos, a princípio, nos parecem até positivos,
21:30justamente porque podem abrir novos mercados
21:32e a gente pode fazer, de certa forma,
21:35suprir o que o mercado norte-americano fornecia para terceiros.
21:40Então, a gente também tem uma tendência ali, eventualmente, positiva
21:46de suprir os mercados contra retaliações de outros países.
21:53E esse cenário internacional, Estados Unidos versus mundo,
21:58tem aberto aí uma porta de oportunidades para o Brasil.
22:02A gente entra na rota de novos mercados, como você citou,
22:05e como que esse atual sistema tributário brasileiro
22:09impacta diretamente a competitividade do agro
22:13nesse cenário internacional?
22:15Eu acho que no que tange ao cenário internacional,
22:18a princípio, a gente também tende a ter pouca modificação,
22:22porque está garantido a imunidade da exportação,
22:25tanto no regime atual quanto no novo regime,
22:29a não ser que a gente tenha uma mudança de rota
22:31e a gente sabe que no Brasil tudo pode acontecer em pouco tempo.
22:34Hoje a gente tem um cenário e amanhã pode ter outro.
22:36Mas, a princípio, no que tange a exportações,
22:39não tem mapeado uma mudança tão radical.
22:43Mas essa abertura de novos mercados,
22:46não é só os novos mercados que beneficiam o país.
22:49É, na verdade, também a possibilidade de a gente diversificar mais
22:53nossa pauta de exportação também, que é um ponto importante.
22:56Então, outro tipo de produto que a gente tende a exportar menos,
23:00passar a exportar mais e aí, de novo, se beneficiar melhor
23:04dessa guerra comercial, que no final das contas não é bom para ninguém,
23:08mas, a princípio, num curto espaço de tempo, pode ser positivo o Brasil.
23:14Com certeza.
23:14Bom, só para a gente finalizar a entrevista, então,
23:17a gente tem agora um 2025 já despontando para esse segundo semestre.
23:22A gente deixou algumas coisas de lado,
23:24mas dentro daquilo que você olha no ponto jurídico,
23:27o que precisa ainda ser feito, que o setor ainda espera,
23:30que ainda é aguardado, de uma forma, com grande expectativa,
23:35que nesse ano ainda se resolva,
23:37mesmo porque ano que vem nós vamos ter um ano de pleito,
23:40um ano eleitoral, que nós temos aí uma corrida eleitoral,
23:43principalmente uma mudança no Palácio do Planalto,
23:44então, tudo acaba voltando para um ano eleitoral.
23:47Isso gera atrasos.
23:48Então, 2025 é praticamente estratégico,
23:51quando a gente olha para essa questão, principalmente para quem faz as leis.
23:54O que vocês olham nessa questão?
23:56Olha, Pedro, a gente falou bastante de desafios,
23:59você abriu esse nosso bate-papo falando do momento desafiador
24:03e, de fato, a gente tem um momento desafiador,
24:05puxado pelo aumento das RJs, pelo aumento de inadimplência,
24:09juros elevados que comem margem, aumenta custo de produção,
24:14aumenta inadimplência também.
24:16Mas o bom do agro é que a gente sempre tem oportunidades
24:18e a gente também precisa olhar para as oportunidades.
24:21E uma delas, que acho que é algo que tem que ficar no radar de todos,
24:25em especial a gente se beneficiar nesse ano,
24:28é a temática dos serviços ambientais.
24:30O Brasil, mais do que ninguém, tem um potencial infinito
24:34para se beneficiar dos serviços ecossistêmicos,
24:37que são gerados para a sociedade em geral.
24:41Então, acho que essa é uma temática que pode ser uma nova fonte de renda
24:45para o setor produtivo.
24:46E a gente tem uma lei específica de pagamento de serviços ambientais
24:50feita pelo deputado Arnaldo Jardim em 2021.
24:54Então, a gente tem uma regulamentação.
24:56Eu acho que a gente precisa divulgar isso mais,
25:00mais conhecimento sobre essa temática
25:02para todo mundo se beneficiar mais desse tema.
25:06Acho que é um tema importante.
25:07Isso também vem em conjunto com o mercado regulado de crédito de carbono,
25:13cuja legislação foi lançada no ano passado
25:15e vai entrar em vigor no próximo ano.
25:17Então, são temáticas correladas
25:19que podem ser bons pontos para todos aí no decorrer desse ano.
25:23Com certeza, até porque temos aqui em novembro a COP30
25:27e é um momento que é muito importante
25:30para escancarar essa vitrine e mostrar de fato
25:33que é feito aqui no Brasil e que o mundo, às vezes, desconhece
25:36e curiosamente desconhece desses fatos.
25:39Doutor, muito obrigado pela sua entrevista,
25:41pela sua participação.
25:42Obrigada pela participação.
25:43Seja sempre muito bem-vindo aqui no Terra Viva.
25:44Foi uma alegria receber você aqui, viu?
25:47É uma honra. Obrigado.
25:49Está aí, Flavinho.
25:50O nosso Terra Viva em Três vai ficando por aqui.
25:52Se você quer rever esses outros programas
25:54e ficar por dentro das notícias do agro,
25:56é só procurar o canal Terra Viva no YouTube
25:58e também seguir nas redes sociais.
26:00Também tem novidade, né?
26:01E claro, também siga a gente, procure o nosso aplicativo
26:05Nilco Play.
26:06Muito obrigada pela sua companhia e audiência
26:09e até o nosso próximo encontro.
26:11Até mais.
26:11Tchau.
26:13Tchau.
26:14Tchau.
26:14Tchau.
26:15Tchau.
26:15Tchau.
26:16Tchau.
26:17Tchau.
26:18Tchau.
26:19Tchau.
26:20Tchau.

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