Fernando Haddad declarou nesta segunda (02) que a reforma administrativa deve começar pelos supersalários. Para o ministro da Fazenda, as mudanças devem iniciar pelos serviços públicos. Dora Kramer e Nelson Kobayashi comentam.
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00:00De volta a Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs que a reforma administrativa comece pelo combate aos supersalários no serviço público.
00:09Repórter Aline Beckett.
00:11Exatamente. Hoje o ministro falou bastante sobre IOF, mas sobre uma série de medidas que são importantes para a política econômica do país, a política monetária.
00:21O ministro Fernando Haddad chegou a falar hoje sobre a reforma administrativa, disse que o debate deve começar pelo combate aos supersalários, a esse alto escalão do serviço público.
00:33E ele chegou a destacar ainda que além dos supersalários, segundo ele, juntamente ali com a revisão das regras de aposentadoria das Forças Armadas,
00:42esses dois principais pontos deveriam ali preceder qualquer votação no Congresso Nacional em termos de reforma administrativa.
00:51Haddad chegou a destacar também que enfrentar esses pontos seria um gesto importante de compromisso com a equidade fiscal.
00:59E além disso, ele disse que já alertou ao coordenador do Grupo de Trabalho da Reforma Administrativa, deputado Pedro Paulo,
01:06sobre alguns possíveis pontos que podem aumentar gastos.
01:11O ministro citou a área da segurança pública como exemplo, disse que é uma área que vai demandar um aumento de gastos.
01:18Então, portanto, o Executivo Legislativo precisa agora debater e conversar sobre isso para que os ajustes sejam feitos no texto da reforma administrativa.
01:28Eu destaco a vocês que o Grupo de Trabalho já foi criado, já foi instalado, teve a sua primeira audiência na semana passada.
01:35O grupo terá 45 dias para poder concluir os trabalhos e apresentar uma proposta ao presidente da Câmara, Hugo Mota.
01:44E durante essas próximas semanas, esses próximos dias, os parlamentares que compõem esse grupo, essa comissão especial,
01:52terão de se debruçar ali em cima de reuniões técnicas, audiências públicas, também seminários para debater essa proposta da reforma administrativa
02:02com a sociedade civil e também com autoridades e entidades do setor que estejam em toda essa articulação.
02:11E, por último, gostaria só de destacar que o deputado Zé Trovão, do PL de Santa Catarina,
02:16ele foi oficialmente oficializado, confirmado como representante do grupo de trabalho.
02:23A gente segue por aqui acompanhando toda essa repercussão da reforma administrativa, todas essas informações
02:30e qualquer novidade a gente volta na programação da Jovem Pan. Eu volto com você.
02:37Já ali na programação da Jovem Pan, vou chamar os nossos comentaristas para falar sobre a reforma administrativa.
02:42Dora, há quantos anos a gente discute reforma administrativa?
02:46E essa reforma que começa a ser discutida tem a ver com a pressão que a Câmara faz em relação ao IOF
02:55e até uma forma de dar um troco no próprio governo por causa desse aumento? Deve ser isso?
03:02Olha, só tem a ver, né? Porque até agora o governo falava contra a reforma administrativa.
03:09E hoje também a fala do ministro Haddad, ele bota muito em dúvida a necessidade dessa reforma
03:15do ponto de vista do controle de gastos. Ela sim serviria para melhorar o desempenho do governo.
03:22Agora há muitas dúvidas, porque uma reforma administrativa, e por isso não se fez até agora,
03:28assim como a da Previdência, ela requer muitos enfrentamentos.
03:32E o governo não está afim de fazer enfrentamento, até porque está com baixa popularidade,
03:36tem pouca força no Congresso. Então, eu acho que a confiabilidade, a credibilidade
03:43do empenho do governo nessa reforma administrativa é muito questionável.
03:48Bom, com relação aos super salários e à Previdência dos militares, o ministro realmente tem razão.
03:55Está lá dormindo no Congresso, mas o governo, antes de ter essa ideia de aumentar o IOF
04:03para fazer frente às contas públicas, poderia ter se empenhado em tocar adiante
04:10os super salários e a Previdência dos militares. Mas por que não tocou?
04:16Porque não tem força para fazer enfrentamento, não quer fazer enfrentamento.
04:19Será que vai fazer agora? Eu tenho muita dúvida.
04:22Eu acho que, de novo, para usar um termo do presidente da Câmara,
04:26o governo vai tentar impor ao Congresso uma gambiarra para ver se consegue
04:32passar essa coisa, sim, na base do tapa-buraco do mais ou menos.
04:37Mas como o senador que nós entrevistamos agora nos disse,
04:41o clima, até pergunta do Koba para ele, o clima não está para peixe,
04:47não está favorável ao governo dentro do Congresso.
04:49E, Koba, há quantos anos também a gente ouve falar em combate aos super salários.
04:54Agora, super salários de quem? Tem a ver com o Judiciário?
04:58Tem a ver com pessoas que trabalham no Congresso Nacional?
05:01É saber o que é isso. E a Dora falou bem, não há tempo,
05:05porque temos seis, sete meses para acabar o ano, e ano que vem é o quê?
05:09Ano eleitoral, né?
05:11Olha, Tiago, definitivamente a reforma administrativa não é uma prioridade
05:15deste governo. Se fosse, teria sido feita antes da reforma tributária.
05:20É uma questão de lógica. Você reforma a administração, sabe ao certo quanto ela custa
05:25e, a partir disso, faz uma reforma tributária para arcar com os custos da gestão pública.
05:30E o governo não fez isso. Fez já direto a reforma tributária e isso é um sinal.
05:34Isso significa que não há intenção de se fazer reforma administrativa,
05:38principalmente se for para começar com super salários.
05:43Justamente por começar a reforma administrativa com super salários
05:47que não se começa a reforma administrativa. Se mexe no vespeiro dos privilégios, né?
05:52Não só dos militares, mas dos membros do Ministério Público,
05:55mas dos membros do Judiciário, dentre algumas outras autoridades.
06:00E aí, isso certamente não irá adiante.
06:03Isso pode ficar no discurso, pode ficar nas entrevistas,
06:06pode ficar talvez até num projeto, mas para isso ser pautado, votado,
06:10levado adiante, isso mudar a nossa gestão pública,
06:14isso demorará muito e certamente não será nesse governo.
