#SaiDeBaixo
Créditos: Canal Viva e Rede Globo de Televisão
Créditos: Canal Viva e Rede Globo de Televisão
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DiversãoTranscrição
01:00Caquinho, parabéns, você estava um espetáculo como vendedor de relógio de ouro.
01:05Ouro? Ouro paraguaio, né pai?
01:08Cala a boca, passa o dinheiro pra cá.
01:10Tá, segura aí.
01:11Mas o que é isso? Cheque predatado?
01:14Eu não te falei que era pra não aceitar cheque predatado?
01:16Esse povo não presta, enganando uma criança, onde já se viu?
01:20Ha ha ha, na minha mão é mais barato, na minha mão é mais barato.
01:24Cala a boca!
01:26Cala a boca, já acabou o expediente.
01:28Eu devia te despedir por justa causa.
01:30Eu só não te coloco na rua porque o nosso direito é carteira.
01:58Oh, meu amorzinho. O que é isso, amor?
02:05Na minha mão é mais barato. Vai passando examinando, na minha mão é mais barato.
02:10Você transformou nosso filho num dromedário?
02:13Ai!
02:14É cabelô, sua anta.
02:29Magda, este safado do Caco, botou o Caquinho pra vender relógio na porta da Fiesp.
02:41Olha aqui, não me desmete não, hein?
02:43Porque eu vi com esses olhos que a terra de comer.
02:47Caco, como é que você teve coragem de fazer uma coisa dessas?
02:50Caco, ele não tem um coração no peito, Magda.
02:54Ele tem uma caixa registradora.
02:56Caixa registradora? Para de falar besteira.
02:59Quanta besteira é capaz de sair da tua boca.
03:02Eu botei o menino pra trabalhar, sim.
03:04Porque eu tenho um trauma de infância.
03:07Meu pai me obrigou a trabalhar desde cedo, então eu estou copiando o modelo com o Caquinho.
03:14Finge medo dele, ele nunca trabalhou, Magda.
03:17E mesmo que tivesse trabalhado, o trabalho não traumatiza ninguém.
03:21Olha pra mim, eu sempre trabalhei.
03:24E olha o resultado que deu.
03:27Nem o nisso aí.
03:29Comigo foi muito pior.
03:40Quando eu nasci...
03:43Eu, não é porque eu estou na minha presença, mas eu era um pequeno Apolo.
03:48Um bebê deslumbrante.
03:50A cabecinha muito bem formada, coberta por uma pelugem dourada, parecia um trigal brotado.
03:57Os olhos eram duas lagoas azuis de onde pulavam peixinhos multicores.
04:03Quando eu sujava a fraldinha, não fazia cocô, eu fazia uma mousse.
04:10As enfermeiras faziam fila pra pedir o meu autógrafo.
04:14Papai chegou na maternidade e disse...
04:17Não vai pensando que é assim, não.
04:19Tu vai trabalhar pra pagar a conta da maternidade.
04:22Fiquei interno ali até 15 anos de idade.
04:26Lavando louça, limpando comadre de velha marizenta.
04:30Eu sofri muito, mamá, muito.
04:34Caco, por que você nunca contou isso pra gente?
04:38Porque ele inventou isso agora.
04:41Peraí, tio mamá, você não tá vendo que ele tem problemas com o pai?
04:45Ah, Magda, o pai.
04:47Olha, uma pessoa que põe um Caco Antibes no mundo não pode ser flor que se cheire, tá?
04:54Engano seu!
04:55Meu pai é um homem correto, corretíssimo.
04:58Meu pai é honestíssimo.
05:00Imagine você quando ele leu Ali Babá e Os 40 Ladrões, ele só leu Ali Babá.
05:03Os 40 Ladrões deixou de fora.
05:05Amor, vem cá.
05:07Eu tenho uma ideia.
05:10Você tem uma ideia?
05:12Impossível, tua última ideia ficou boiando no banheiro da rodoviária.
05:16É sério.
05:18Você foi o teu pai que te botou esse trauma, tá?
05:21Ele é quem pode tirar o trauma de você, amor.
05:24Sei lá, te dando um laxante.
05:26Fala outra, Magda!
05:29Não fale de meu pai.
05:31Meu pai é um galho cortado da minha árvore genealógica.
05:34Eu não quero mais ouvir falar disso.
05:35Vamos lá pra dentro, Caquinho.
05:37Vamos acertar aí o produto da venda.
05:39Na minha mão é mais barato!
05:41Na minha mão é mais barato!
05:43Agora, Magda, vou te dizer uma coisa.
05:45Se tudo isso que ele falou for verdade,
05:48o pai do Caco vai ter que pedir desculpas pra ele.
05:51Deixa comigo, tio Babá. Deixa comigo.
05:53Porque esse velho pai do meu marido vai destraumatizar ele,
05:55nem que seja debaixo de porrada!
05:57Eu vou procurar o nome dele aqui, ó.
05:59Aqui no cartódromo.
06:02Já, já que eu acho, meu filho.
06:03É P. De Pai de Caco.
06:15Magda!
06:26Magda, até que enfim eu vejo você lendo um livro.
06:30Mãe, é que tem gente aqui nessa casa que tá com problemas muito sérios.
06:34Só quem pode resolvê-los é um homem.
06:36Um homem?
06:38Magda, minha filha, eu sei que eu ando muito carente,
06:42eu vivo muito sozinha,
06:44tenho até jogado pingue-pongue sozinha,
06:47mas eu dispenso a sua ajuda.
06:50Mãe, esse homem que eu tô procurando é pro Caco.
06:55O Caco também tá jogando pingue-pongue sozinho?
06:58Não é nada disso, Cassandra.
07:00Ela tá querendo telefonar pro pai do Caco,
07:03pro pai do Caco resolver o problema de trauma de infância.
07:06Aquelas coisas.
07:08Bom, esse pai do Caco deve ser um santo, não é?
07:10Que pra dar um jeito naquele Caco,
07:13só mesmo fazendo milagre.
07:15Pra Cassandra!
07:37É caro, querida.
07:39É caro, querida.
07:42Dora Cassandra,
07:44está aqui a simpatia que a senhora me pediu.
07:47Cala a boca, escravo espandalosa!
07:50Ah, escrevi o seu nome aqui nesse biscoito.
07:53Agora a senhora vai lá na praça e dá pro pombo comer.
07:57Se o pombo voar e cagar no ombro de alguém,
08:00essa pessoa vai se apaixonar pela senhora.
08:01Vai se apaixonar pela senhora.
08:05Um homem com ombro cagado de pombo?
08:10Vai se interessar por mim?
08:12Ah, deixa de ser boba, ela volta novo.
08:16Cassandra, eu...
08:18Será que eu tô ouvindo mal, Cassandra?
08:21Você vai fazer uma simpatia pra arrumar um namorado?
08:24Como se fosse uma colegial, Cassandra?
08:27Claro que não, né, Vavá?
08:29Claro que sim, não é, Vavá?
08:31A última vez que a dona Cassandra saiu com um homem
08:34foi naquele incêndio que teve aqui no prédio, lembra?
08:36Que o bombeiro carregou ela nos braços.
08:38Lembra, dona Cassandra?
08:40Ela obrigou a coitada a fazer isso.
08:42E eu só acho o seguinte,
08:44que ao invés de vocês duas ficarem perdendo tempo com essa besteira,
08:47vocês deviam olhar, cuidar do Caquinho, tá?
08:50Cuidar do Caquinho?
08:52Olha aqui, eu já não ganho pra ser empregada,
08:56agora eu vou ganhar pra ser flanelinha de fralda do Caquinho.
08:59A quê?
09:01A roupilha.
09:03Eu decretei divórcio dessa família,
09:06vou tomar vacina contra problemas domésticos,
09:09tirar uma licença de avó,
09:11neto eu só quero na fotografia.
09:13Tchau, porque eu vou dar biscoito aos pombos.
09:17Vai, boa sorte, querido.
09:19Dá lá a rosca pro pombo, tá?
09:22Magda!
09:24O que você fez comigo não tem nome, é monstruoso, não tem nome!
09:26Não tem nome, sim senhor, se chama telefonema.
09:30Você foi chamar o único homem que eu não queria ver na minha vida.
09:33Porque ele é delegado de polícia?
09:35Não, meu pai.
09:37Pai de Caco Antibes? Isso é uma overdose de Antibes?
09:40Eu vou lá dentro esconder minha carteira.
09:42Ah, ó Caco, pera um pouquinho aí, pera um pouquinho.
09:45Olha aqui, não vem com coisa não,
09:48porque teu pai não deve ser essa pessoa tão desumana como você está falando.
09:51Porque você mesmo me disse que ele é honestíssimo.
09:53Olha, se ele é honestíssimo, ele deve ser uma pessoa que vive dentro da lei.
09:57Não, a lei é que vive dentro dele.
09:59Meu pai é um homem insuportável.
10:01Pra vocês terem uma ideia, sabe o que ele faz?
10:04Ele é...
10:07Xuxa.
10:09O quê?
10:11Xuxa.
10:13O quê?
10:15Juiz de direito.
10:17Ele é um CDF.
10:19A minha casa, você não sabe o que era a minha casa quando eu morava com ele?
10:23Eu aprendi a ler no Código Penal.
10:26A de assalto, B de bater carteira, C de correr da polícia.
10:29Tudo lá em casa eu tinha que jurar em cima da Bíblia.
10:32Eu saía do banho, ele dizia o que é que estava fazendo.
10:35Menino, 13, 14 anos, ele dizia o que é que fazia no banheiro duas horas.
10:39Eu falava, estava tomando banho, pai.
10:41Então jura em cima da Bíblia.
10:45Amor, mas veja só, eu fiz isso pro seu bem.
10:49Seu pai vai te tirar esse trauma.
10:50Vai fazer uma verdadeira plástica no seu ego, amor.
10:53Vai lipo-aspirar seu superego.
10:55Hã?
10:57Ah, então ele vai conhecer o neto, vai carregar ele no colo.
11:00Eu quero que meu pai vá pro diabo que o carregue.
11:02Meu pai fez horrores comigo.
11:04Uma vez ganhei um relógio.
11:06Cheguei em casa, ele me torturou por causa desse relógio.
11:08Eu falei, pai, eu ganhei honestamente.
11:10Ganhei numa corrida, pai.
11:12Eu ganhei, eu juro, pai.
11:14Eu falei, pai, eu ganhei na corrida.
11:16Tirei primeiro lugar, ninguém me pegou.
11:18Nem o dono do relógio, nem a PM.
11:20Pai, é ele.
11:23É ele, não abra porque vai correr sangue nessa casa.
11:26Que bobagem, Caco, sangue não tem perna.
11:35Você é o pai do Caco, mami?
11:39Vavá, cadê a Neide? A simpatia deu certo, vavá.
11:43O pombo fez um cocôzinho no ombro de um homem alto.
11:47Espadaúdo.
11:48Se ele não fosse tão distinto e tão sério, eu diria que é o pai de Caco.
11:53O pombo devia estar com diarreia porque obrou teu cabeção todo.
11:57Olha aí, ó.
11:59O que que é isso?
12:01Deixar o molho e esquecer a macarronada.
12:04Já te falei que eu não quero que se fale do meu pai aqui dentro de casa.
12:08Agora aí, não abra, Magda, não abra.
12:18Eu, eu sou o juiz Justo Antibes, eu vim acabar com o reinado de ilegalidade do meu filho.
12:43Que bom, meritíssimo, que bom, a justiça mostarda, mas não falha.
12:49Caco, Caco, Caco, seu pai veio aqui de seio aberto e você se recusa a cumprimentá-lo, meu amor?
12:59Olha aí, eu já te falei que eu não tenho pai.
13:01Eu sou praticamente um filho de chocadeira.
13:03Eu sou como um lindo pintinho órfão jogado no mundo.
13:07Caco, meu filho, mas você continua o mesmo, né?
13:10O mesmo mentiroso de sempre.
13:12Olha aqui, eu podia te processar por desacato à autoridade paterna, viu?
13:16Mas então, já fizeram as pazes?
13:20Ah, já fiz de um tudo, esses dois são mais cabeçaduras do que prego.
13:25É, seu Justo, o senhor já conhece, já conhece o Caquinho?
13:31É, é lindinho, com a funezinha dele.
13:35Tá afim de comprar um relógio? É paraguaio, na minha mão é mais barato.
13:39Não liga não que o Caquinho é muito engraçado, ele é brincalhão.
13:42Isso deve ser influência do Caco, né?
13:46É, ele deve ser um péssimo pai, mas também não foi um bom filho, né?
13:51Nem um bom sobrinho, nem um bom primo, nada.
13:56O Caco não serve nem pra cunhado.
13:58E você, por algum acaso, foi um bom pai pra mim?
14:02Magda, uma vez eu peguei um dinheiro na bolsa de minha mãe pra comprar um sorvete.
14:07Sabe o que esse monstro fez?
14:09Me condenou a trabalhos comunitários, sabe o que é isso?
14:12Não.
14:13É trabalhar pra pobre.
14:16Fui dar aula, só a chamada já era um inferno.
14:21Gislaine!
14:24Dargmarson!
14:27Ornelson!
14:30Era uma visão, e no recreio aqueles pobres comendo aquele pão com uébada, pão com ovo,
14:35abada amarela escorrendo, aquela coisa engordurada.
14:39Eu tenho honra, pobre!
14:41Claro, claro que é.
14:43Sabe porque eu fiz isso, Magda?
14:45Não.
14:47Porque ele roubou a mãe.
14:49Ora, seu justo!
14:51Qual a criança que não roubou um dinheirinho da mamãe?
14:55Armado, peraí.
15:01Ele amarrou a mãe e escondeu debaixo da escada.
15:06Trancou.
15:07Foi uma brincadeirinha, foi uma brincadeirinha.
15:10Botei mamãe lá embaixo da escada.
15:12É verdade que eu esqueci, ela foi encontrada uma semana depois.
15:15Estava com uma escoliose dupla galopante aberta, estava toda torta, parecia um puff.
15:20Coitada, coitada da mãe.
15:22Coitada coisa nenhuma que você bem que botava os pés em cima dela pra assistir televisão.
15:25Quem fazia isso era você.
15:27E você? É.
15:29E quem foi que colocou meu hamster no micro-ondas pra ver se o bicho explodia?
15:32Quem é que amarrou a cadeira de rodas do vovô em dois caminhões e o velho foi parar em juazeiro e aparecido ao mesmo tempo?
15:36Quem é que depilava galinha com cera quente?
15:39Quem é que colocava gilete no escorrega da pracinha?
15:42Quem é que mijava no chope da titia?
15:44Quem é que pintava os pintinhos de vermelho e dizia que eram os absorventes íntimos da minha mãe?
15:49Quem é que fazia isso tudo?
15:52Era eu!
15:54Era eu que fazia isso tudo.
15:57Eu sempre achei que você era um monstro.
16:00Mas agora eu vejo que me enganei.
16:03Você é pior do que isso.
16:05O meu marido é o maníaco do Orochi.
16:07Ah, olha, o meu erro foi ter aceitado aquele negócio de surras a crediários, sabe?
16:14A cada quinze dias, né?
16:16Até hoje eu estou lhe devendo umas palmadas.
16:19Não, não, não.
16:20Mas eu tenho como consertar isso. Eu tenho.
16:23Olha, meu filho, eu vou lhe condenar a pior pena que você poderia receber, viu?
16:28Kakondibis, você vai trabalhar?
16:35Pelo amor de Deus, papai, corta as minhas mãos.
16:38Fura os meus olhos, mas não faz isso comigo.
16:40Você vai trabalhar, vagabundo. Vai trabalhar.
16:43Você vai trabalhar, vagabundo. Vai trabalhar.
16:45Fura os meus olhos, mas não faz isso comigo.
16:47Você vai trabalhar, vagabundo. Vai trabalhar.
16:50Estou vendo a violência desse homem.
16:53Ele é cruel.
16:55Uma vez, eu lembro, ele fez prova pra entrar na polícia, pra ser delegado.
17:01Ele tinha que soltar um coelhinho, ele entrava no mato pra buscar o coelhinho.
17:06Tinha uma hora.
17:08Uma hora depois, ele voltou com um porco todo ensanguentado.
17:11E o porco gritava, tá bom, delegado, eu confesso, eu sou um coelho.
17:16Papai, eu faço o que você quiser, mas me dê alguns meses, eu preciso me preparar.
17:22Nem um minuto, não. Você começa agora.
17:25Aliás, eu já arranjei um emprego pra você de varredor de rua.
17:29Mas você fique tranquilo, é uma rua só, a Via Dutra.
17:36Porque se você não quiser, você vai varrer no Carandiru, porque eu te processo por exploração de menores, hein.
17:44Bom, tá que tá pedindo pra esse jeitinho todo.
17:47É isso aí, meu amor. Vamos lá, Caco, você tem que se tornar um bom pai.
17:52Principalmente pro seu filho.
17:55Olha aí o exemplo do seu apertado.
17:59É justo, Magda.
18:02Apertado é onde o sol não bate.
18:05Caquinho, vamos lá pra dentro.
18:07Pode ser que seu pai não resista a esta dura pena de trabalhos forçados.
18:13Eu quero me despedir de meu filho.
18:15Pode ser que nunca mais eu o veja.
18:17Eu vou lá dentro preparar uma marmita, porque pode ser que Caco demore, né.
18:21Vai, que além de varrer, ele ainda tem que encerar essa tal Via Dutra, né.
18:26Eu tô impressionado, isso aqui é uma casa de doidos e responsáveis.
18:33Não, não, o Caquinho vai precisar de uma babá pra cuidar dele.
18:38Porque senão, meu neto, ele vai ser que nem o Tarzan, né.
18:41Vai ser criado por um bando de macacos selvagens.
18:45Não, mas eu vou lhe adiantar, seu justo.
18:48A macacada aqui não precisa de babá, porque a macacada aqui se entende muito bem.
18:53E eu sou praticamente o avô do Caquinho.
18:56Eu sou o macaco velho aqui nessa casa.
18:58Olha que isso aqui, isso é apropriação indébita de neto, viu.
19:00Não, não, não, você é o tio, o avô sou eu.
19:04Você pode deixar que eu e Magda vamos tratar desse assunto, tá bem?
19:07Não, mas ninguém vai me tirar o título de avô, tá?
19:10Eu acho que cada macaco no seu galho.
19:13É isso.
19:15Sra. Cassandra, estou lendo aqui.
19:18Um touro entrando na sua casa astral.
19:21Já entrou, Neide, já entrou, já está aqui dentro.
19:25Vou me apresentar, Cassandra Matias Salão, mãe de Magda.
19:30Ah, prazer, prazer, muito prazer.
19:33Eu sou Justo Antibes, pai do Caco, pai do Caco.
19:37Mas você é tão diferente de Caco, tão distinto, tão sério.
19:43Obrigado, eu estou tentando recuperar o meu filho, sabe, tentando recuperar o meu filho.
19:47Eu acho que todas as temporadas que ele passou na cadeia não resolveram grande coisa, não resolveram.
19:53Um instantinho só, Sra. Justo.
19:56Que é, Magda, que é?
20:01Não, ele não é esse homem, está aqui no mapa astral.
20:06Quem vai pastar na sua casa astral é uma pessoa de touro.
20:10Não é esse Salviano.
20:12Neide.
20:14Ele foi o carrão também, não lembra não, boba.
20:17Neide é parecida.
20:19As suas previsões estão com o prazo de vanidade vencido.
20:22Você pega esse mapa astral, sabe o que você vai fazer?
20:25Vai enxugar panela com ele.
20:27Oi, Justo.
20:28Posso chamá-lo de Justo?
20:31Claro, por favor.
20:33E posso chamá-lo de Juju?
20:35Não, não, não. Justo, justo, por favor.
20:39Justo, bem justo.
20:42Já que você é um juiz, você podia revogar a minha lei seca.
20:48Eu ando tão sozinha.
20:51Eu peço-lhe desculpas, mas eu estou em recesso.
20:53Então, quando você fizer uma sessão extraordinária, pode me convocar.
20:58Com licença.
21:05Estou triste.
21:07Eu estou nervoso.
21:09Nunca travarei antes.
21:11Estou precisando de uma noiva virgem no dia do casamento.
21:14Eu não sei como é que eu vou conseguir.
21:17Eu estou muito nervoso.
21:19Será que dói?
21:20Seu caco.
21:22Seu caco vai trabalhar.
21:24Mas a última vez que ele pegou no pesado foi para acerrar as grades da cela.
21:29Só por este milagre justo, você devia ser canonizado.
21:35Oh, oh.
21:37Eu já fiz o seu lanchinho, tá?
21:39Aqui embaixo é pão de mortadela.
21:41Aqui, ovinho cozido, tá?
21:44Aqui em cima um pouquinho de caviar.
21:46E no alumínio tem uma surpresa, um cajuzinho.
21:49Aqui, caco, caco, caco.
21:52Você se dispersa da sua família e vai trabalhar.
21:55Senão eu te ponho na cadeia, hein?
21:57Meu bem.
21:59Pode ser que eu não resista.
22:02Eu quero dizer que eu te amo.
22:04Eu te amo de verdade, viu, meu bem?
22:07Olha as minhas mãos.
22:09Depois disso elas nunca mais serão as mesmas.
22:12Vão nascer calos aqui, Magda.
22:14Vão nascer calos aqui, Magda.
22:17Se bem que no meu caso serão pequenos montes rosados.
22:23Amor, eu não posso trabalhar contigo.
22:26Amor, só tem um ovo na marmita.
22:29O que é isso, amor?
22:31É, agora fique quieto.
22:33Fique quieto porque Magda é minha refém.
22:35Ou você revoga esta lei ou eu me jogo da janela junto com ela.
22:40Por que eu?
22:42Porque eu preciso de alguém para amortecer a queda.
22:44Ou melhor, faça sim.
22:46Faça isso, mas solte antes da Magda.
22:49Chega, chega.
22:51Olha, eu sou justo, mas a minha paciência tem limites, hein?
22:54Olha, eu vou usar uma outra lei para acabar com esse sequestro, hein?
22:57A lei da força, do mais forte.
22:59Não, pai, pelo amor de Deus. O cinto não, pai.
23:01O cinto não.
23:03Não machuque minha pele loura, valiosíssima.
23:05Uma beleza de pele.
23:07Você não vale nada.
23:09Ia me chamar para fazer um bungee jump sem cordinha.
23:11Caco Antunes, você está proibido pela lei de ver o seu filho.
23:15Entendeu?
23:19Dói, dói, dói.
23:22E saia desta casa.
23:24Nunca mais suas mãos moram os pés aqui dentro.
23:33Chegava lá.
23:35Eu não sei o que está havendo com o Caquinho, viu?
23:37Eu já cansei de bater no bumbum dele e ele não faz pum.
23:40Não, minha querida Magda.
23:42Não é bater no bumbum.
23:44Você bate nas costas que é para ele arrotar.
23:46Ah, está certo.
23:48Nem nessas horas o Caco me faz tanta falta.
23:50Ele me explicava tudo direitinho.
23:52Magda!
23:54Já falei que mamadeira não se faz com cachaça, limão e hortuca.
23:58Anda!
24:00Mas tão gentil de babá.
24:02Magda, você fique tranquila que eu vou resolver esse problema.
24:04Aliás, já resolvi.
24:06Veja só.
24:07Uma babá fantástica que conhece criança como ninguém.
24:11Só para você ter uma ideia.
24:13A Xuxa queria essa babá para cuidar da Sasha.
24:16Mas ela preferiu cuidar do Caquinho.
24:18Tá?
24:20Deve ser ela.
24:38Dona Magda, muito prazer.
24:42Olhe, eu tenho muita experiência.
24:45Eu trabalhei com Dona Marisa Horty.
24:47Eu vim da Bahia.
24:49Meu nome é Nisse.
24:51Mas eu gosto de ser chamada de Babaloo.
24:54Eu sou especializado em criança pequena.
24:57Eu sou tão boa babá, tão boa que nesse momento eu não sei mais o que fazer.
25:01Não sei mais o que fazer.
25:03Não sei mais o que fazer.
25:04Eu sou especializado em criança pequena.
25:06Eu sou tão boa babá, tão boa que nesse perto eu tenho leite quente.
25:09E nesse perto eu tenho leite gelado.
25:11Eu gostaria de fazer umas perguntas para ver se você é realmente sabichona.
25:15Vamos lá, rápido. Me responda.
25:17O planeta Saturno é rodeado pelo quê?
25:20Que tipo de coisas estão à sua volta?
25:22Vamos lá, responda. Não sabe, são pulseiras.
25:25Não, Magda.
25:27Anéis, eu acho que você está implicando com a Babaloo sem necessidade, Magda.
25:31Querida, vai lá dentro.
25:32Vai cuidar um pouquinho do Caquinho que eu tenho que acertar os detalhes com a Babaloo.
25:35Eu não estou implicando com a Babaloo.
25:37Eu só não entendo porque o senhor inventou de arrumar uma perua para se meter na educação do meu Caquinho.
25:46Babaloo, isso não vai dar certo.
25:48Eu estou parecendo uma enfermeira drag queen.
25:51O que é isso? Vai por mim.
25:54Se você quiser se aproximar outra vez da Magda, você vai ter que aguentar essa roupa.
25:58E enquanto teu pai não for embora daqui, eu não assumir mais outra vez a minha condição de avô.
26:04É, mas tem uma coisa me incomodando.
26:06O quê? Você acha que por ela levar um susto isso vai te incomodar?
26:09O sutiã está apertado demais.
26:11Afroxa aí, Babaloo. Afroxa aí atrás.
26:14Levanta mais um pouco.
26:18Eu fui praticamente estrompado aqui dentro.
26:22Esse homem estava com um cano duro nas minhas costas, senhor.
26:26Ordinário, ordinário.
26:28Ele queria arrombar minha viga mestra.
26:32É um tarado.
26:34Mas isso é uma indecência.
26:37Isso é um atentado ao pudor.
26:40Atentado aos seios dessa menina que é tão bonita.
26:46Olha, você abandone o recinto.
26:49Você é um péssimo exemplo para o meu neto. Por favor.
26:52Sim, para o seu neto.
26:54Para o neto dele.
26:55Muito prazer, viu?
26:57Eu sou a nova Babá, Babaloo.
26:59É um prazer muito grande.
27:01Eu estou um pouco chocado.
27:03Eu sou um profissional excelente, viu?
27:05Eu sou campeão em troca de fralda.
27:07E fralda premiada, o que é o mais difícil.
27:10Mas eu não quero saber de trocar fraldas.
27:13Eu quero ver você trocar de roupa.
27:16Você acha que é isso, Juiz?
27:18Pelo amor de Deus.
27:20Assim você vai ter que largar a toga.
27:23Eu largo a toga, mas eu pego em você.
27:29Juiz!
27:32A justiça é mesmo cega.
27:35Senão você não estaria botando a mão nessa mostrega que o Vavá contratou.
27:40Não, eu não estava botando a mão, não.
27:42Eu que estava lendo, que eu sou vidente.
27:44Eu estava lendo a mão dele.
27:46Olha, eu vou lhe dizer uma coisa, Dona Cassandra.
27:49Eu sou uma Babá excelente.
27:50Eu sou recém-chegada do interior da Bahia.
27:53É uma cidadezinha pequenininha, a senhora não deve conhecer.
27:55Raul Pinto, conhece?
27:57Conhece, não.
27:59Sou muito boa, mas eu gosto mesmo de me enfronhar nos ocultos.
28:02Adoro os mistérios cósmicos.
28:06Eu tenho uma pombagira cigana de frente.
28:21Eu vi ele botando a mão na sua bola de cristal.
28:26É porque a minha energia positiva concentra-se toda aqui atrás.
28:30Agora, foi muito bom a senhora chegar, viu?
28:33Que eu estou sentindo, assim, a energia que rola entre os dois.
28:36Uma coisa muito mágica, muito mística.
28:39Olhe, a senhora está aqui.
28:41Ela está aqui.
28:43Ela está aqui.
28:45Ela está aqui.
28:47Ela está aqui.
28:48Uma coisa muito mágica, muito mística.
28:50Olhe, repare.
28:52Eu vou encostar, não vai dar até choque.
28:59O que é isso?
29:01O que é isso, seu filhote de mandiná?
29:03No meu terreiro?
29:05No meu terreiro, você não vai trabalhar nem de manicure.
29:08Quanto mais pra alemão.
29:10Desafasta a minha clientela, vai.
29:12Fica quieta, Neide.
29:14Logo agora que Babalu ia falar sobre o nosso futuro não é justiça.
29:18Bom, dá licença aqui.
29:20Eu preciso trocar as fraldas do Vavá.
29:22É, quietinho, eu preciso falar com o Neide.
29:25Você estragou tudo, Neide Aparecida.
29:28Sabe o que você vai fazer?
29:30Vai ler na própria mão.
29:32E sabe o que está escrito aí na sua mão?
29:34Que você está despedida do cargo dividente.
29:36Viu?
29:38O cargo agora é de Babalu.
29:40Olha aqui, Dorota Sandra.
29:42Que essa coisa feia aí adivinhasse alguma coisa.
29:45Ela iria saber.
29:48E ela não iria ganhar nem de Babá quanto mais dividente.
29:51Está entendendo?
29:53Ela tem uma energia muito ruim, essa ordinariazinha.
29:57Uma energia péssima.
29:59E tudo concentrado aqui nesse espeitão.
30:01Sabe, Neide Aparecida, eu conheço uma simpatia pra descarregar essa energia.
30:08Sabe qual é?
30:10Pegue as suas coisas, ponha na mala e rua.
30:13Você está despedida.
30:15Eu acho muito bom.
30:16Eu acho muito bom, está legal.
30:19Porque quem gosta de trabalhar pra cobra é faxineiro do Butantan.
30:24Olha, você deixa eu ver como é que tu fala com a minha patroinha, tá?
30:27Eu te quebro a cara, sua filha.
30:37Para a bunda.
30:42Doméstica insolente.
30:44Bom, eu vou me preparar.
30:46Eu fui muito ofendida, tá?
30:48Calma.
30:50Eu vou me preparar pra viver o meu grande amor com o juiz.
30:55Eu não vejo a hora de cair nos braços daquela pessoa jurídica.
31:00Então eu vou lhe dar um conselho.
31:03É um conselho caseiro que a gente faz lá na minha terra.
31:06A senhora pegue o mamão macho, a casca do mamão macho e aplique na perseguida.
31:15Menina é tira e queda, o homem vai comer na tua mão.
31:18Tchau, obrigada, Babala.
31:20Tchau.
31:22Ô, Babala, ô.
31:24Você não presta pra nada mesmo, não é?
31:26O menino lá dentro todo assado sou eu que tenho que passar maionese no garoto?
31:30Socorro! Ela vai me botar no forno!
31:33Ai!
31:35Dona Magda, esse menino está com problemas psicológicos.
31:37Esse menino está sofrendo a de falta de pai, Dona Magda.
31:41Acontece que o Caco não fez falta.
31:42Caco fez pênalti.
31:44Foi expulso dessa casa pra sempre.
31:46Pois então foi por isso que eu vi um homem louro, lindo, deslumbrante.
31:50Chorando nos corredores do prédio.
31:52O pobrezinho batia com a cabeça na parede, sentava os colos na parede.
31:56E gritava chorando solução do Caquinho.
31:59Mama Magda, Mama Magda.
32:01Magda, Mamama.
32:03Será que Caco ficou gago de tanta tristeza?
32:06Sei não, Dona Magda, minha nossa.
32:08Por aí, escutou.
32:09Isso foi batida de pai desesperado, eu vou ver.
32:12Não abra, não abra.
32:16Não, não faça essa loucura, homem deslumbrante, louro, sagaz.
32:21Não faça isso, o homem está doido, Dona Magda, vai se matar.
32:24Magda, sem você não conseguirei viver.
32:27Eu te amo, meu amor.
32:29Eu amo você e meu filho Caquinho.
32:31Menina, o homem está doido, desesperado.
32:33O homem grita que é uma coisa triste.
32:35Por favor, não faça isso.
32:37Magda, eu vou me matar.
32:39Se meu filho, sem meu filho e sem minha mulher eu me mato.
32:43Ele vai se matar, está escutando?
32:45O homem também está ficando confuso, eu não sei mais o que é quem.
32:48Magda, Magda.
32:51Magda, Magda, ele gritou, foi.
32:53Alô, não, não se mate.
32:56Olha, ele vai se matar mesmo.
32:58Deixa o pobrezinho entrar.
33:00Não, nem que ele venha pedir de cócoras.
33:03Papi, papi, quer comprar um relógio?
33:07Na minha mão é mais barato.
33:09Meu Deus, meu filho.
33:12Eu quero ouvir a voz do meu filho.
33:14Ah, coitadinho.
33:16Ela não vai deixar o som entrar, não.
33:18Tome seu rumo, viu?
33:22Tadinho, dona Magda.
33:24Eu vou fazer uma pausa agora.
33:26Que eu sempre tive vontade de fazer, desde que entrei na TV Globo.
33:31Toda novela tem alguém que sofre dessa maneira.
33:34Eu nunca tive a chance, nenhum personagem meu sofreu.
33:37Mas hoje vou sofrer escorregando.
33:39Repare, toda novela tem uma desgraçada, um desgraçado que faz.
33:43Sobe a música.
34:06Eu tenho que ser muito forte.
34:07Muito forte, mesmo com os meus ouvidos enxaguados e lágrimas.
34:11Eu não vou deixar ele entrar.
34:13Vamos, meu filho.
34:15Adeus, caco.
34:18É sério?
34:21Cassandra tá louca.
34:23Demitiu a Neide.
34:25Quem é que vai arrumar aquela bagunça aí?
34:27Eu não vou, santa.
34:29Você ficou doido, Vavá?
34:31Baixou a dona de casa de frente?
34:33Deixa a Neide pra lá, vamos comemorar esta demissão.
34:35Sem a Neide aqui dentro, a babalua que vai mandar no pedaço.
34:39E a Neide indo embora, menos uma pobre por perto.
34:42Por que você acha que a Magda tá amolecendo?
34:46Magda está uma gelatina emocional.
34:49Estamos quase conseguindo, deixa eu arrumar essa rouca.
34:52Você tá parecendo o Carlinhos Brown, peraí, peraí, peraí.
34:55Seu Vavá, resolvi que eu vou embora...
34:59Oh, seu caco.
35:01Quer dizer que é coisa feia, seu caco, são a mesma pessoa?
35:06Agora, vocês dois vão comer aqui na minha mão.
35:12E vai ser mortandela.
35:25Às vezes, saber certos segredinhos é melhor do que ganhar na loteria sozinha.
35:30Beber mais champanhe.
35:33Neide, tu não é gente, Neide.
35:35Aliás, pobre não é gente.
35:38Pobre só é gente quando tá dentro da casinha, alguém bate aí e fala, tem gente.
35:43Eu devia era te dar veneno, sua Joaquim Silvério dos Reis de Saia.
35:48Olha, respeito, hein.
35:50Senão eu conto pra todo mundo, hein.
35:52Agora eu quero que você vá lá ver a roupa que eu mandei você lavar.
35:55E se não pilotou direitinho a máquina de lavar,
35:57eu vou descontar cinco pontos na sua carteira de lavadeira, querida.
36:01Me aguarde, Neide Aparecida, que eu me aguarde.
36:04Bom.
36:06Um dia eu quebro teus dentes todinho e faço um colar de canibal doméstico.
36:15O que que é isso?
36:17Fazendo uma festa de despedida com o meu champanhe?
36:20Seu champanhe, uma vírgula.
36:23Agora, querida, vamos lá.
36:25Agora, querida, a abelha rainha dessa colmeia sou eu.
36:29E a senhora se cuida, hein.
36:31Me respeita, porque se não dou-lhe uma ferroada, a senhora só vai conseguir sentar na virada do milênio, hein.
36:36Cassandra, você deixa a Neide em paz.
36:39Eu autorizei a Neide a fazer piquenique aqui, a usar o meu par,
36:45tomar o meu champanhe, a fumar os charutos que eu ganhei do Ranieri,
36:50a comer o meu caviar, tá?
36:51Vá, vá, eu não admito que você tire a minha autoridade.
36:55Eu mandei a doméstica preguiçosa aderir ao PDO.
37:01Plano de demissão obrigatório.
37:11Lava roupa todo dia
37:16Que agonia
37:19A quebrada da soleira
37:24E enxupeia
37:27Até pensar
37:30De madrugada
37:33Uma moça bem carada
37:37Uma mulher
37:46Não pode dar
37:53Dona Cassandra, lavei todinha a roupa.
37:58Olha, pra tirar as manchas de laqueia dos seus vestidos, tive que usar foi maçarico.
38:02Tá vendo, babá? Tá vendo?
38:05Com uma super babá como Babaloo, Neide é parecida com fralda do Carquinho.
38:10Totalmente descartável.
38:12Eu até sugiro que você dê um aumento pra Babaloo.
38:15Aumento? Seu Vavá deu pra mim, porque eu mereço uma bônus sutiã.
38:19Você já sabia, Dona Cassandra, que a lingerie aumentou 10% acima da inflação, querida.
38:24Não vai ficar assim. Eu vou pegar as coisas da doméstica e vou deixar na portaria.
38:30E logo, antes que eu cometa um vavacídio.
38:34Vá, vá, Indinha. Vá, vá, Tomatinho. Vá.
38:38Vá, vá, saia também, porque eu vou cometer um neidicídio e não quero testemunhas.
38:42Olha lá o que você vai fazer aí, caco.
38:44Ordinária.
38:46Eu vou te arrancar esta arrogância pela boca.
38:49E abra bem a boca pros teus peitões saírem juntos.
38:54Babaloo, que surpresa. Além de babá, você é dentista.
38:58É não, Dona Magda. Eu sou vidente.
39:01Agora eu tô fazendo uma leitura pela garganta.
39:04Eu tô vendo o futuro dessa moça aqui.
39:06Menina, eu tô vendo o futuro em cada panela desse tamanho.
39:09Olha, e pelo visto o futuro dessa moça não tá cheirando nada bem.
39:14Eu vou lá dentro fazer um gargarejo com chás de naftalina pra ver se melhora meu futuro.
39:20Falando em futuro, Babaloo, eu precisava ir a um oculista.
39:24Pra ver como é que vai ser o meu futuro sem aquele homem.
39:28Meu Deus, que tristeza.
39:30Aquele canguruzinho todas as noites suivando pra lua.
39:35Ai, que saudade eu tenho do abraço do caco.
39:38Dona Magda, como é que ele te abraçava, hein?
39:41Liga, lindinha.
39:43Ei, neguinha. Era assim, era?
39:45Não, não, Babaloo, muito light, assim.
39:48Era uma coisa mais ignorante.
39:50Era? Era assim, era assim.
39:53Ai, Babaloo, me larga, me tira do colo. Você é babado mil filhinhos, viu, amor?
39:58Olha, Babaloo, é o seguinte.
40:00Tá chegando uma hora que eu sempre me confundo um pouquinho.
40:03A hora de dar banho no caquinho, porque...
40:05Eu vou te falar uma verdade. Eu não sei nadar.
40:08Você me ajuda.
40:10Claro, colega. Olhe, você lava e eu enxugo. Vamos lá.
40:17Ô, dona Cassandra, eu pensei bem e acho que vou embora.
40:21E por que você tá rouca, né, idioparecida?
40:24Ah, não, é melhor não contar.
40:26Que história é essa?
40:28Tá bom, eu vou contar. É que um homem aqui dessa casa, ele me agarrou e me tirou o fôlego.
40:32Pronto, é segredo, não posso contar mais nada.
40:34Porque eu não sou cascavel que nem a senhora pra bater com a língua nos dentes.
40:36Ó, se a senhora quiser que eu vá embora, me dá o dinheiro da passagem.
40:39Vai pedir pro Vavá, que tem coração mole, sem falar no miolo mole.
40:57Onde está a mulher que entrou com o processo de retomada do meu coração?
41:02Pena que as rosas não falam.
41:04Se falassem, o que elas diriam?
41:07Que você tem um afeto por mim, um amor moderado ou uma paixão tempestuosa?
41:15Bom, elas diriam que você está redondamente enganado.
41:20Essas flores são por uma mulher que trabalha aqui nessa casa.
41:24A mulher que será jurada e decidirá a minha sentença e me fará prisioneiro desse amor.
41:31Eu já sei quem te agarrou, neja parecida.
41:35E se o Vavá não te deu a passagem, eu dou pra você ir para o Polo Norte.
41:40Fazer uma faxina no gelo.
41:42Escuta, alguém pode me explicar o que está acontecendo nessa casa?
41:45Explica, Justo, explica.
41:47Bom, eu não vou mentir.
41:50Eu gosto de empregado.
41:52Eu sou tarado no empregado.
41:56Aliás, foi por isso que meu casamento acabou.
41:58Aliás, foi por isso que meu casamento acabou, porque a Cacá me...
42:02A Caca, né?
42:04A Caca, ela me fragou com uma babá, justamente quando eu estava entrando com recursos.
42:10Olha aqui, o senhor não vem com apelação, não.
42:13O senhor quiser abrir uma sessão, o senhor abre lá com a tosnega, tá?
42:17Porque no meu habeas corpus, não vem que não tem, tá?
42:20Tá vendo, Vavá? Tá vendo?
42:22Esse aí é um falso juiz honesto.
42:24Quando tira a toga, é um taradão perseguidor de doméstico.
42:28Ele está precisando é do ACPI.
42:31Um momento, um momento, silêncio no tribunal.
42:34Está havendo um engano aqui, um engano.
42:37Meu Deus, o que foi isso?
42:51Magda, Magda, se tinha uma barata no banheiro, você devia ter usado sapato pra ficar gritando.
42:56Não tinha barata, não, senhor Vavá. Tinha sapato, sim.
43:00Aliás, um sapatão. A babalú tentou me agarrar.
43:17É um dinômeo.
43:20Eu posso explicar.
43:22Eu posso explicar.
43:23Eu posso explicar.
43:26Dona Magda.
43:28Diz testar a temperatura da...
43:39Eu posso explicar.
43:42Dona Magda me chamou pra dar banho em Caquinho.
43:45Ela queria que eu testasse a temperatura, pra ver se estava fria ou quente.
43:48Sim, aí eu tirei a roupa pra entrar na banheirinha da criança.
43:50Foi aí que meu termômetro foi subindo, foi subindo.
43:54A babalú joga no outro time, com chuteirão desse tamanho.
43:58Ah, que beleza.
44:00Isso me deixa mais louco ainda.
44:03Olha, essas folhas são pra você.
44:05Obrigado.
44:07É, agora eu entendi.
44:09O juiz Babão está babando pela babá.
44:12O quê?
44:14Mas quer dizer então que o senhor é pior do que o seu filho Caco, não é?
44:16O senhor botou o capo daqui pra fora pra poder botar dentro da babá, é isso?
44:21Cuidado, juiz Babão, que a babá é barbada.
44:24Olha, isso me deixa teudo.
44:26Tesudo.
44:28Pior que ordinário.
44:30Eu não gosto do seu perfume.
44:32Pra agarrada na ficha era mim, não.
44:34Eu não gosto do seu perfume.
44:36Eu sou espada, rapaz.
44:46Mas é o Caco.
44:50É o Caco vestido de uma babá quase perfeita.
44:57Uma perfeita idiota, isso sim.
45:03Bom, bom, eu tenho que reconhecer que eu fracassei com o pai.
45:07É, pai.
45:09Eu também fracassei com o Caquinho.
45:11Tá, não diga isso. Fracassou coisa nenhuma, Caco.
45:14Você lutou bravamente pelo teu filho.
45:17Você se vestiu de babá.
45:19Você fez até uma coisa que parecia impossível.
45:22Você trabalhou.
45:24É, amor, e trabalhar é que nem andar de bicicleta.
45:26Se bem que tem muita bicicleta desempregada por aí, né?
45:30Olha, eu acho que o importante é que a semente do trabalho, ela foi plantada.
45:35Um dia ela vai germinar.
45:37E você, meu filho, você vai ser um homem experiente, honesto.
45:41Vai ser um pai exemplar, um homem trabalhador.
45:44Vira essa boca pra lá, coisa desagradável.
45:47Bom, eu acho que eu não tenho mais nada pra fazer aqui.
45:50Nem como juiz, nem como pai, nem como tarado.
45:55Bom, Caquinho, você não vai dizer até logo pro vovô, hein?
45:59Tchau, vovô taradão.
46:01Esse é tarado mesmo.
46:04Caco, meu filho.
46:06Até breve.
46:07Até breve.
46:09Bom, olha, então a gente se encontra de repente por aí, né?
46:13Eu só espero que não seja num tribunal.
46:15É fácil te encontrar, né, pai?
46:17Ou você tá atrás da mesa de um tribunal ou atrás de uma babá.
46:23Prazerinho.
46:25A casa é sua.
46:27Família não sei, mas a casa é sua.
46:38Papai já foi embora.
46:40Sogra é uma coisa triste.
46:42O jornaleiro veio me pedir cem reais pra ajudar a enterrar a sogra.
46:46Eu falei, tu quer cem reais pra enterrar tua sogra?
46:48Eu tô te dando mil pra tu enterrar a minha.
46:51Não adianta se fantasiar de doméstica.
46:53Papai já foi embora.
46:55Ah, eu acho que eu vou ter que me acostumar mesmo a ficar sozinha.
46:59Sem descompanheido.
47:01Por que que você não pede ajuda pra Neide?
47:03Por que que é isso? Que indecência.
47:05A mami tá a perigo, mas também não é assim.
47:07Meu trabalho dobrou nessa casa.
47:09Tudo por causa que uma certa babá fez um serviço porcalhão.
47:13Estou tendo que consertar tudo.
47:15Na cozinha, três panelas sofreram um infarto.
47:18Com as artérias entupidas de tanta gordura.
47:21Tá?
47:23Seja parecida com todo o respeito. Por que que tu não vai lamber o chão?
47:25Hein?
47:27Por que que você não vai limpar o tronco?
47:29Que de noite eu posso querer surrar uma escrava para dormir mais relaxado.
47:33Desculpa.
47:35O pessoal tá rindo, eu ri também.
47:42Valendo níveis, querida.
47:44Você pode dar um banho no Caquinho?
47:46Que com essa agitação, ele deu um vazamento na criança.
47:48O carrinho tá pior que o Rio Tietê.
47:50Ele só não afundou que tá de boinha.
47:52Olha, eu vou te contar.
47:54Eu devo ter tomado um porre e feito um estripitismo na santa sepa merecer isso.
47:59Você não merece nada. Você não cuida mais do Caquinho.
48:00Agora eu vou cuidar do Caquinho.
48:02A partir de hoje, eu vou cuidar do meu filho.
48:05Vamos lá, Magda. Vamos dar um banho no menino.
48:10Ei, peraí. Magda, Caco.
48:12Como é que vocês vão dar banho no menino deixando o garoto aqui?
48:14Pensando bem, dê o banho você, babá. É melhor.
48:17Leva o Caquinho pro playground, lava ele com a mangueirinha,
48:20aproveita, aduba as plantas que elas estão precisando.
48:23E você, Magda, o que que eu vou fazer no quarto?
48:26Eu?
48:28Eu vou lavar ela.
48:30Ah, boa.
49:00Eu vi ele botando a mão.
49:05Me beija, Caco.
49:16Me abraça.
49:31Desaparecida.
49:33Que uma boa.
49:35Por que que você não vai ralar mais hoje?
49:38Não, não, não, não. Pega daqui, pega daqui.
49:41Ele pulou, botou de volta a escada, os cabacos.
49:43Caco, que horror!
49:53Quê?
49:55Eu já tinha visto antes.
50:01Ah!
50:05Agora eu entendi.
50:07O juiz...