Durante o programa Os Pingos nos Is, a bancada comenta a polêmica envolvendo a venda de petróleo venezuelano como se fosse brasileiro, em uma operação avaliada em cerca de US$ 1 bilhão. Os comentaristas discutem os possíveis responsáveis pelo esquema, os riscos diplomáticos e as consequências para a imagem do Brasil no cenário internacional.
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00:00Chamar o Mota para trazer as suas ponderações e as suas indicações acerca dessa notícia
00:07divulgada pela agência internacional Reuters.
00:11China teria comprado o petróleo da Venezuela como se fosse do Brasil, Mota.
00:17Segundo as informações, essa manobra teria dois objetivos.
00:24Um seria reduzir o tempo de transporte, porque o petróleo que vinha da Venezuela para chegar à China teria que fazer uma manobra.
00:33E segundo seria viabilizar o financiamento das exportações.
00:38Olha, não é muita surpresa que a Venezuela esteja fazendo isso.
00:44A Venezuela faz coisa muito pior.
00:46Mas a pergunta que eu tenho é, será que ninguém sabia disso no mercado de petróleo?
00:52Eu acho que o Beraldo tem muito a dizer sobre isso, porque pelo que eu sei, os traders, os comerciantes de petróleo, eles se falam, a informação flui.
01:02E outra pergunta é, será que ninguém aqui no Brasil sabia dessa operação marota?
01:10Pois é, Beraldo, para quem não sabe, só acompanha ele aqui nos Pingos nos Is, no Jornal da Manhã,
01:16também tem uma atividade paralela, um grande conhecedor do mercado de petróleo e gás, né, Beraldo?
01:23E aí a gente precisa considerar quais são as possibilidades para esse caso, a China adquirindo um petróleo da Venezuela como sendo do Brasil.
01:32Muitos falam que uma tentativa de burlar, evitar sanções impostas por outros países, como os Estados Unidos.
01:39O que você gostaria de destacar para a gente?
01:44Bom, Caniato, é importante a gente esclarecer como é que funciona essa dinâmica do comércio internacional de petróleo.
01:51A Venezuela, ela está numa lista negra, assim como o Irã está colocado pelos Estados Unidos e países do G7.
01:59E isso impede que o produto venezuelano tenha a mesma facilidade de se movimentar pelo mundo.
02:07Então, por exemplo, se alguém que tem lá uma operação qualquer, mesmo que seja uma empresa estrangeira de qualquer lugar,
02:16mas tenha uma operação bancária num banco americano ou europeu, na hora que ele vai pagar por uma carga de petróleo,
02:23ele precisa apresentar ao banco hoje em dia a documentação referente àquela carga,
02:29se a origem daquele produto for iraniana, venezuelana ou, hoje em dia, russa, o banco não vai fazer esse pagamento.
02:39Portanto, quando se exporta petróleo da Venezuela, que é um petróleo que hoje tem uma qualidade muito difícil,
02:48enfim, esse petróleo que está aí sendo tratado, ele é muito usado para fabricação de asfalto.
02:56Então, quando ele sai da Venezuela e vai para a China, se for numa transação direta,
03:04há uma série de restrições, inclusive em bancos chineses, que a gente precisa lembrar
03:09que a China é uma das maiores detentoras de dívida norte-americana,
03:14depende dos Estados Unidos, depende dos bancos norte-americanos,
03:19e aí eles fazem essa transação ali de mudança de navio na Malásia, se não me engano, segundo a reportagem.
03:27Pois bem, isso tem custo.
03:29Precisa chegar o navio, precisa encostar outro de outra bandeira,
03:32eles renomeiam ali o produto, é como se eles misturassem produtos de várias origens
03:37para que saísse dali um produto da Malásia, para usar esse caso específico.
03:42que é o grande jogo de faz de conta que existe no mercado de petróleo.
03:47Isso é uma coisa que todo mundo faz vista grossa,
03:52que é para o universo desse mercado tão importante de estratégia poder funcionar.
03:57Só o que acontece?
03:58Para diminuir esse custo da mudança de um navio para o outro,
04:02e a parada na Malásia,
04:04os traders envolvidos, que ainda não está claro quem são,
04:08mas não duvido que sejam grandes companhias internacionais,
04:12eles declaram que o produto, na verdade, saiu do Brasil.
04:16E como esse documento vai direto para a China,
04:20enfim, eles acham que aquilo ali está sob controle,
04:22ninguém olha, ninguém presta muita atenção,
04:25só que aí tem um ponto que foi utilizado para descobrir o que estava acontecendo.
04:29Todo um movimento de navio,
04:32ele pode ser identificado a partir de softwares que existem
04:37e que mapeiam a partir do sinal de GPS desses navios.
04:40Então, identificaram que aquela carga que estava indo para lá,
04:43na verdade, não estava saindo do Brasil,
04:45ela ia direto da Venezuela para a China,
04:47e com isso havia um ganho ali,
04:49que eu estimo deva ser na casa aí,
04:51de uns 200 mil dólares por navio.
04:55Então, esse ganho, os traders,
04:58eles estão ali querendo fazer dinheiro,
05:00é como a cabeça de banqueiro,
05:02ele quer ganhar dinheiro, ele quer garantir o bônus dele,
05:05ele quer fazer o que for necessário.
05:07E para fazer isso, às vezes, se ele tiver oportunidade,
05:10ele faz esse tipo de maracuta.
05:12E agora?
05:13Vai ser pego, vai ser banido,
05:15isso é um absurdo,
05:18isso tira a credibilidade do mercado.
05:20Fala assim uma fraude de um bilhão de dólares.
05:23Você, Davila.
05:24Perniato, este é um comércio
05:28entre países autoritários
05:31que não respeitam as regras do comércio internacional.
05:34Nós estamos falando de Venezuela,
05:36nós estamos falando da Malásia e da China.
05:38E aí o Brasil dando uma ajudinha
05:40para os seus amigos ditadores,
05:41que a nossa diplomacia tem uma queda por ditadores,
05:44eles gostam dessa turma.
05:47Mas o fato é esse,
05:48não é à toa que hoje o grande problema
05:53do colapso do comércio internacional
05:55é justamente porque as regras
05:58não são respeitadas por grandes países autoritários.