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TecnologiaTranscrição
00:00Para repercutir essa discussão sobre inteligência artificial geral,
00:05chegou a hora da nossa coluna Olhar do Amanhã.
00:20E o doutor Álvaro Machado Dias, que é neurocientista, futurista e colunista aqui do Olhar Digital,
00:28não pôde estar conosco ao vivo, mas ele deixou uma análise valiosa.
00:34Afinal, existe razão para se preocupar com o futuro das inteligências artificiais?
00:41Então, vamos com o doutor Álvaro Machado Dias.
00:45O Google DeepMind acabou de divulgar um novo algoritmo, o Alpha Evolve,
00:52que, como o Denis Hassabis disse, ele se diferencia dos outros,
00:56porque, através de uma técnica chamada destilação, ele pode gerar a própria evolução.
01:03Isso não significa que o algoritmo vá gerar essa evolução de maneira completamente autônoma,
01:10mas efetivamente mostra um caminho em que os algoritmos podem ir melhorando com o uso,
01:17tal como a seleção natural fez com os organismos.
01:21Pois bem, existe uma ideia que está no horizonte dessa,
01:27que é a de que, em algum momento, a inteligência artificial generativa irá adquirir consciência,
01:35e que, eventualmente, através dessa consciência, vai decidir nos eliminar.
01:40A ideia não é que a IA generativa vai ter consciência de nós como se nós fôssemos uma espécie maligna,
01:49e aí vai falar, vocês têm que pagar pelos seus erros, e vai querer nos eliminar.
01:53Não é nada disso.
01:55É que a inteligência artificial pode perceber que nós ameaçamos a sua existência,
02:02e, eventualmente, a realização dos seus objetivos.
02:05Por exemplo, eu treino um algoritmo para que ele faça com que as indústrias sejam as mais produtivas possíveis,
02:13e a melhor maneira de eu fazer isso é tirar os humanos do loop.
02:15Então, conclusões como essa podem surgir naturalmente de experimentos algorítmicos,
02:22e as máquinas poderiam nos atacar.
02:24Esse é um cenário de ficção científica, e eu acho que essa ficção científica não é fundamentada.
02:30Então, eu estou aqui para dizer para vocês que, na minha visão, existem dois movimentos completamente distintos.
02:38Um é o movimento real de algoritmos começarem a melhorar a si mesmos,
02:43o que tem a ver com uma habilidade de selecionar os bons resultados e usá-los no próprio treinamento,
02:50e assim consecutivamente, refinando o próprio conjunto de treinamento, as informações.
02:56E outro processo completamente diferente é esse que nos caracteriza,
03:02porque nós temos consciência e, efetivamente, somos uma espécie que tem essa marca de eliminar muitas outras da natureza do planeta.
03:12A consciência humana não surgiu simplesmente porque o nosso cérebro ficou muito grande e muito poderoso,
03:21ou seja, o correlato de uma inteligência artificial, que tem um número exponencialmente mais alto do que o atual de neurônios,
03:28não necessariamente gera consciência.
03:31Pelo contrário, a consciência humana é dada, entre outras coisas,
03:35porque existem áreas do cérebro que processam as sensações, as percepções,
03:41e, consequentemente, quando isso se volta ao conceito de eu,
03:45que é um conceito que surge em algum momento na nossa história evolucionária,
03:49aí isso faz com que a gente sinta alguma coisa sobre nós mesmos.
03:53Redes neurais que são indiferenciadas não têm essas propriedades,
03:58então não há nenhum indicativo de que elas irão se tornar conscientes,
04:02pelo menos dentro do modelo atual.
04:04E menos ainda que elas vão querer nos destruir, nos atacar,
04:08porque se nos destruir, nos atacar, vem dessa percepção
04:12e, eventualmente, de um senso de que elas querem sobreviver,
04:16não tem nada disso programado nessas máquinas
04:19e não tem nenhum indicativo de que esse tipo de propriedade
04:22também surgiria da mera complexidade,
04:25do mero crescimento desse cérebro neural artificial
04:29que define como são essas máquinas.
04:34Tá aí, mais uma participação super bacana do doutor Álvaro Machado Dias,
04:40que volta na semana que vem em mais uma coluna Olhar do Amanhã.