- ontem
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DiversãoTranscrição
00:00O que foi isso, meu Deus?
00:06Foi aqui dentro de casa?
00:07Foi. Foi aqui. O barulho tava próximo demais.
00:09Eu acho melhor acionar o alarme e evacuar o prédio.
00:12De ambalaia, tá afundando.
00:13Não fala uma coisa dessa nem de brincadeira.
00:16Cadê a mamãe? Cadê a Bozena?
00:18A Bozena saiu com o ratão e disse que não vinha dormir.
00:20Já aparenta, eu ouvi chegar, mas também ouvi barulho de portas batendo.
00:24De modo que é bem capaz dela ter saído outra vez.
00:30Ah, desculpa, Celinha. Vocês ouviram o estrondo?
00:33É, ouvi.
00:34Ouvi. Aliás, abençoado o estrondo, né?
00:37Graças a eles, vocês fizeram o trabalho de tocar a campainha.
00:39Ô, Mário Jorge, liga lá pra baixo, pelo amor de Deus.
00:42Pergunta ao Sabará se aconteceu alguma coisa, Mário Jorge.
00:45É claro que aconteceu alguma coisa, Arnaldo.
00:46Um barulhão desse, do mínimo, explodiu um bujão de gás.
00:49Mas o que é isso, topéria? Vai botar uma roupa!
00:51Sinto muito, Mário Jorge, mas trata-se de uma emergência.
00:55O que é, mamãe?
00:56Celinha, o teto do meu quarto caiu.
00:58Inteiro.
01:00Como assim, mamãe?
01:01O gesso caiu todo.
01:03Vocês não ouviram o estrondo?
01:05Ei, então foi no seu quarto?
01:07Olha, eu ouvi o estalido, o estalido, e pronto.
01:10Eu não tive tempo nem de gritar.
01:12O quarto caiu todo.
01:15O pedro em cima de mim.
01:18Ô, mãe, não fica assim não, mamãe.
01:21Você deu até muita sorte, mãe, ó.
01:23Nem se sujou.
01:24Ah, é assim, ah, é, pois é, né?
01:26É, só sujou um pouquinho, assim, as partes que estavam expostas.
01:29Mas o Indaleto tá lá dentro.
01:32O que?
01:32Precisando de ajuda.
01:34Indaleto, por acaso, é o peão que tá fazendo obra lá em casa?
01:36O, o, o, o Indaleto, mas o que que o Indaleto tá fazendo no seu quarto às tantas da madrugada,
01:41Copélia?
01:41Olha, protético, ele foi colocado lá por um anjo providencial.
01:46Porque quando ele pressentiu o perigo que eu estava correndo, ele pulou em cima de mim
01:51e me protegeu do gesso assassino.
01:54Olha, se eu não estivesse embaixo dele, olha a gente.
01:59E que eu não sei, não.
02:01O que é isso?
02:02Copélia?
02:03Ai?
02:03Eu preciso ir pro hospital porque eu acho que eu machuquei as costas.
02:07Olha aí, gente, tô todo lanhado.
02:08Tadinho.
02:09Mas isso é maca de unha, Indaleto.
02:13Ó, até prova o contrário.
02:16São ferimentos que eu sofri dentro de sua casa, seu Mário Jorge.
02:19Seu Mário Jorge, vírgula.
02:20Doutor Mário Jorge, faço favor.
02:22Ah, e o senhor é doutor em quê?
02:23Em surf, Indaleto.
02:25Surfe.
02:27Entendeu?
02:27Se bem que agora não é nem capaz de se equilibrar em cima de uma prancha.
02:30E por falar nisso, o senhor nos abandonou.
02:32Não é, seu Indaleto?
02:34Ontem desapareceu, nunca mais.
02:36Como é que vai ficar?
02:37Quando é que o senhor vai voltar lá pra casa pra terminar o serviço, pode-se saber?
02:39Calma, calma, calma.
02:40Assim que eu consertar minhas costas, eu volto lá.
02:42Eu tive que dar uma parada porque o teto da Copélia tava meio bambu e precisava de um arrocho, entendeu?
02:47Entendi.
02:47O teto da Copélia precisava de um arrocho?
02:50É.
02:50Sei.
02:51Quem é que vai me levar pro hospital?
02:53É...
02:53Arnaldo?
02:54Arnaldo?
02:55Dá dinheiro aí pro Indaleto pegar um táxi.
02:56Eu estou de pijamas, Mário Jorge.
03:00Tá?
03:00Eu não durmo com dinheiro no bolso.
03:04Faz mal.
03:05Faz muito mal.
03:06Hoje em dia a gente tem que dormir com o dinheiro do ladrão bem pertinho.
03:09Por quê?
03:09A Malvina foi assaltada em casa, né?
03:12Já tinha deixado o dinheirinho lá do ladrão na mesinha de cabeceira.
03:16O cara foi super educado.
03:18Não fez questão nem que ela levantasse.
03:20Coisa não.
03:21Uma vez o ladrão invadiu o meu quarto também.
03:25Pronto, pronto, pronto.
03:27Tava demorando, né?
03:29E ele roubou alguma coisa?
03:30Não.
03:32Depois de dois dias pediu pra ser preso.
03:34E aí, gente?
03:36Quem é que vai me levar pro hospital, hein?
03:38Leva, vai, Arnaldo.
03:38Leva, leva esse homem lá.
03:39Você não vai voltar nunca pra acabar a obra no banheiro lá de casa.
03:42Ô, Rita, você tá maluca?
03:43São 2 e 20 da manhã.
03:45Você acha que eu não tenho nada com isso?
03:47O acidente ocorreu aqui na casa do Mário Jorge.
03:49Ele que leva o Indaleto.
03:53Isso.
03:54Mais alguma coisa.
03:55Graças a Deus, dessa vez foi do lado de lá.
03:57O chão, o teto do nosso meio.
03:58Você não é um homem, Dala.
03:59Você é um terremoto.
04:00Você vai ver, meu.
04:01O que aconteceu?
04:01O que aconteceu?
04:03O teto do seu banheiro despencou em cima de mim, mãe.
04:06Mas que teto não, cara.
04:08Mas, ô, ô, ô, ô, peraí.
04:10O que é?
04:10Ô, Bozena, o que é que você tá fazendo com a pala aí?
04:14Não, não pergunta.
04:14Não pergunta.
04:15Não pergunta, porque eu não quero saber a resposta.
04:16O que quer?
04:17Eu tô farta.
04:18Eu tô farta de aberrações, entendeu?
04:21De confusão.
04:22É.
04:22De gente que aparece do nada.
04:24De porta que se abre misteriosamente.
04:26De tetos que caem.
04:27A minha vida tá uma comédia de boulevard.
04:29Será que nós poderíamos buscar um pouco de introspecção?
04:32Um pouco, por favor.
04:34Não é o que vocês estão pensando.
04:36O tatalo não faz parte da minha dieta.
04:38Dá licença.
04:40Minha dieta que, aliás, anda muito pobre.
04:43Mas ali, no tatalo, só tem osso.
04:45Não, por isso não.
04:47Que osso tem o seu valor.
04:49Osso também futuca, viu, Bozena?
04:52Futuca.
04:53Pelo amor de Deus.
04:55Alguém registre isso.
04:58Às duas e meia da manhã, ela disse osso futuca.
05:02Chega!
05:05Alguém, por favor, quer fazer o favor de levar o seu indaleto pro hospital?
05:10Amanhã é um dia importante.
05:11Dia da formatura do Adonis.
05:13Eu quero estar com a cara descansada.
05:14E você, Arnaldo?
05:18Você já fez o favor de arrumar um presente pro seu filho?
05:20Deixa comigo, tá?
05:22Eu não sou o Mário Jorge, não, tá?
05:23Eu sou pai, Celinha, tá?
05:26Eu sou pai, Celinha, tá bom?
05:28Isso pra mim é novidade.
05:30Olha, eu devia processar os dois.
05:32Mamãe e Arnaldo.
05:33Que que é isso?
05:34Um pedaço de gesso me atingiu bem aqui na cabeça.
05:36Eu posso argumentar que eu sofri lesões irreparáveis.
05:40Provocadas pela minha mãe e pelo meu padrasto.
05:42E você pode também calar essa boca e ir pra casa tomar um banho.
05:45E você, indaleto, que serviço de quinta, hein?
05:48Pelo amor de Deus, uma porcaria.
05:49Quer dizer, terminou ontem, caiu hoje.
05:51Que que é isso, indaleto?
05:53Você prendeu aquele teto com quem, indaleto?
05:56Com cuspe, vai!
05:57Olha só, é melhor não ofender, hein?
05:58É melhor não estressar também, porque nós vamos ter que começar tudo outra vez.
06:01Então eu vou tomar um banho antes que o teto do meu banheiro despenque também.
06:04O padrão de construção do Jambalaya deixa muito a desejar.
06:07Dizem que as fundações foram feitas com areia de praia.
06:11No futuro, não restará nada de nós.
06:14Assim como em Veneza, afundaremos na Barra da Tijuca.
06:20Para que você é louco! Vai tomar banho!
06:21Fala bobagem, garoto!
06:23Para! Fala bobagem!
06:24Abra esse ao teto, não te abriga!
06:25Jovem, pelo amor de Deus, manda o seu indaleto se vestir.
06:30Não fica bem esse homem aqui em casa de cueca?
06:32Mas com que moral eu posso mandar esse vestir se sua mãe está nua enrolada numa onça?
06:38Mas todo mundo sabe que eu só consigo dormir nua.
06:42Ih!
06:43Ah, como foi, gente?
06:45Eu achei que ia chegar essa hora de bancinho para não acordar ninguém.
06:48Está todo mundo reunido na festinha de pijama, nem me convidando.
06:52O teto do quarto da mamãe caiu.
06:54E logo em seguida caiu o teto do banheiro da dona Rita.
06:57Sim, porque lá você senta inveja até da desgraça.
07:02Ah, Befé, tu não sabe o que estava a feja do porco fumado.
07:06Nossa, mas aquilo estava bombando.
07:08Tava um fervo, sol, vucu-vucu.
07:10Eu ia embora de manhã, mas aí o Ratão se adiantou e me trouxe agora.
07:14Sim, mas o Ratão me falou que ia dormir cedo porque amanhã eu tinha que trabalhar.
07:18Ih!
07:18Ih, e tu acreditou?
07:20Ah, não mete essa, bozena.
07:23Ratão é pipavoada, minha filha.
07:25Tite, o que é isso?
07:27O que é que ele está fazendo de cueca aqui essa hora?
07:31Estava no quarto da mamãe na hora do acontecido.
07:34Durante o acidente, ele protegeu o meu corpo, cara.
07:38Com o corpo dele.
07:40Ficou ali o tempo todo, em cima.
07:43Ficou em cima, mas não em cima de mim.
07:46Deixa eu ver se eu entendo uma coisa.
07:49O senhor veio aqui, fez um serviço de porco, pegou a minha sogra,
07:54usou a minha casa como motel, foi atingido pela própria bosta que o senhor fez
07:59e ainda quer me processar.
08:01Celinha, eu não levo o seu indaleto nem à porta o que dirá ao hospital.
08:04E me processa pra tu ver, rapaz.
08:06Não.
08:07Ele não vai processar ninguém, não, pai.
08:10Não, indaleto?
08:11Oi?
08:12Até porque eu tenho um amiguinho que pode dar um jeito nas tuas costas, sabia, Ratão?
08:18É, ele faz uma massagem com porrete que vai te deixar novo.
08:22Ai, o Ratão nunca me fez massagem com porrete.
08:26Bem que gostaria.
08:28Lá em Pato Branco tinha um homem que fazia massagem com porrete na mulher dele daí.
08:32Todo dia dava uma porretada nela, dizia que era pra maciar.
08:36Que horror!
08:37E a mulher aguentava?
08:38Calada.
08:39Mas um dia, ficou de saco cheio, comprou lá um prego comprido,
08:45esperou ele dormir,
08:48fincou o prego no ouvido dele daí,
08:49se martelou com um tamanco.
08:51Oh, essa história é mais horrorosa, Bozinha.
08:54Não, mas o homem morreu imediatamente, não sofreu um arranhão.
08:57Morreu lindo.
08:59Hoje de modo que todo o pessoal do Sudoeste do Paraná
09:02foi lá pra ver o defunto no caixão,
09:04não é de tão perfeitosinho que tava.
09:08Imagina se eu vou processar o doutor Mário Jorge e o Isadora.
09:11Ah, não vai não, né?
09:13Não vai não.
09:14Tu vai botar a tua roupa e vai desaparecer daqui agora, tá me ouvindo?
09:17Claro, Isadora.
09:18E amanhã vai voltar e consertar o que fez.
09:20Claro, claro.
09:21Posso?
09:24Escutou essa menina falando, Celinha?
09:26Essa menina tá sendo dublada.
09:29Ou então é encosto.
09:31Com o que que tu aprendeu a falar assim, garota?
09:34Contigo, pai.
09:35E por falar isso, onde é que você está morando?
09:37Porque eu vejo você aqui, vejo você lá.
09:40Eu acabo me confundindo.
09:41Eu não sei quem mora onde.
09:43Pois eu moro aqui do lado e eu vou dormir, tá?
09:47Porque amanhã tem festa.
09:48Amanhã é um dia especial.
09:50Amanhã é a formatura do meu filho.
09:56Já preparou o discurso?
09:58Já?
09:59A Donis é o orador da turma.
10:01Orador.
10:02Eu dei umas ideias para o discurso.
10:05Ele rejeitou.
10:07Ô garoto chato.
10:08Não, não, não.
10:09Ela queria que eu começasse o meu discurso assim.
10:12Meus amigos, hoje eu vim aqui pra falar de hormônio.
10:16Pode uma coisa dessa?
10:17Mamãe, por favor, não me faça passar vergonha.
10:20Amanhã vão estar todos os familiares lá dos alunos.
10:22Vai ser numa casa maravilhosa.
10:24Eu não quero que nada dê errado.
10:26Fui clara.
10:27Nós já tivemos problemas demais com a diretora.
10:30Principalmente por causa de, ó...
10:32Isadora.
10:33Ah, e olha só que ironia, né, Celinha?
10:38Agora a excelência da história sou eu.
10:43Eu vou é dormir, viu?
10:45Não, dormir aqui não, sabe?
10:46Excelência.
10:48Excelência.
10:48Vem, Bozena, vem.
10:50E bota excelência nisso.
10:51Vocês viram o convite?
10:52Papá fina, minha filha.
10:53É?
10:54Aquela Celeste metida, né?
10:55Ixi, o narizão pra cima, assim.
10:58Você acredita que depois que Isadora foi expulsa, ela não me cumprimenta mais?
11:01Mas se eu fosse a dona Celeste, a diretora do colégio, também não te cumprimentaria?
11:05Já esqueceu o que Isadora fez lá dentro?
11:07Isadora vandalizou o pátio.
11:09Isadora soltou uma cabeça de negro dentro do banheiro da diretoria.
11:12Parece que a dona Celeste estava até no meio das necessidades, parou no meio do pátio com as calças no meio das pernas.
11:19Dona Rita, não se preocupe que amanhã eu venho fazer o seu serviço, tá bom?
11:23Acho bom, acho muito bom, seu Isadora.
11:28Ai, meu Deus, será que caiu agora, meu Deus?
11:34Quer vestir uma roupa, mamãe?
11:35Imagina.
11:36É eu, hein?
11:37Adoro, adoro ficar sem roupa no escuro.
11:40Olha, mamãe, gente.
11:41Fala, mamãe, gente.
11:44Fala, me deu até tanta, Celinha.
11:45Fica quieta, mamãe.
11:47Ah, mas Isadora...
11:49É uma coisa, tá ficando nervosa.
11:51Calma, meu Deus.
11:52Calma, meu Deus.
11:53Ah, não gosto de confusão no escuro.
11:55Ai, já, eu adoro.
11:56O teto do meu banheiro foi muito elegante.
12:00Esperou eu terminar o banho.
12:01Quando eu acabei de me enxugar, ele caiu.
12:04Ah, vai ver, afetou a fiação.
12:06Não, acho que não.
12:06O apagão foi depois da queda.
12:08Alva, Alva, Alva, Alva.
12:18É em pessoa.
12:19Dona Alva.
12:21Dona Alva é impressionante.
12:22Ela não entra em cena.
12:23Ela materializa.
12:25Posso saber o que é que está acontecendo aqui?
12:28Não é porque agora vocês, na falta do que fazer,
12:32andam explodindo coisas?
12:33Mas está fazendo o que aqui, Ansel Ingaleto?
12:39Nas dependências do condomínio, fora do horário do expediente.
12:43Posso saber?
12:44Ele veio dar o retoque no meu teto.
12:46Ah, no seu teto, dona Copelha.
12:50Isso depende da posição em que eu estiver.
12:51Bom, eu já estava de seda, dona Álvaro.
12:55Boa noite, boa noite, boa noite.
12:57Gente, pelo amor de Deus, falando nisso,
12:59são quase três horas da manhã.
13:00Vamos dormir, por favor.
13:02Ai, meu Deus, eu fiquei tão nervosa.
13:04Eu vou tomar um chá.
13:05Ai, que delícia!
13:06Um chazinho agora vem a calhar.
13:09Ai, obrigada.
13:11Às quatro horas da manhã, dona Álvaro,
13:14eu não vou lhe oferecer chá nenhum.
13:16A senhora, por favor, toma o seu rumo.
13:18Quem vai tomar o chá sou eu.
13:20Eu!
13:21Olha, olha, a Celinha está se alterando.
13:23Olha aí, ó.
13:25Ai, meu Deus, eu fico ali, senhor.
13:27De novo!
13:31Cadê o dona Álvaro?
13:32Gente, ela esteve aqui mesmo?
13:36Ou era uma assombração?
13:38Gente, um dia, quando a gente menos se esperar,
13:42vai tudo escurecer.
13:44De repente, nós vamos nos aproximar da janela
13:47e nós vamos ver uma nave espacial gigantesca.
13:51Daquelas que só aparecem em filme, sabe quem serão?
13:53Os amigos de dona Álvaro e seu ladinho
13:56que virão pra apanhar os dois.
14:01Dona Álvaro não é humana.
14:03Eu posso apostar.
14:04Tu entra cá já e sai cá que casamento hoje é isso aí.
14:15Toma lá, dá cá e no rola rola,
14:19embola o que há aí, aqui.
14:22Entre Copacabana e o sonho de Bocaroa e...
14:30Vivendo e dançando, dois pra lá e dois pra cá.
14:36Porta a porta, o amor fala entre si.
14:42Falsa calma e aí, o temporal.
14:45Um relevo baixo, retrato escolar.
14:49No amor, no país do carnaval.
14:55Tu entra cá já e sai cá que casamento hoje é isso aí.
15:02Toma lá, dá cá.
15:03Bozena, tu não tava querendo um vestido
15:06pra ir na formatura da Donis?
15:07Ó, mas cuidado, hein?
15:10Custou caro.
15:11O que que é isso, minha filha?
15:12Você ainda nem usou, já vai emprestar.
15:14A mesquinharia não se contém.
15:17Isadora nunca usou o vestido que é me emprestado.
15:19Aí qual é o problema?
15:21Nenhum, Bozena, nenhum.
15:22Ô, Bozena, você anda muito nervosa, sabia?
15:25Qualquer coisa, qualquer coisa,
15:26você tá aí se destemperando.
15:28Ô, Rita, eu acho que é o caso de você dar um floral,
15:29dar um calmante pra essa menina.
15:31Bom, Bozena, ontem me ameaçou com uma vassoura
15:33no meio do corredor.
15:35Se vocês fossem pobres como eu sou,
15:37tava em Pelarô mordendo as pessoas que eu sei.
15:40Mas hoje eu tô contente, tô contente.
15:42É porque o Adonis fez questão da minha presença.
15:45Ah, o menino herdou, né, as qualidades da dona Celinha,
15:48que é gentil, educada
15:50e sabe tratar bem os empregados,
15:53coisa que quase ninguém sabe.
15:55Bom, dá um tempinho, né?
15:56Você ninguém é que é obrigado a acordar com a sua ladainha.
15:59Tá certo?
15:59Que bom que vamos todos, então, à festa.
16:02Que bom que vamos todos juntos,
16:03como uma família unida e feliz.
16:05Que bom.
16:06Falar em família.
16:07Isadora, o presente do Adonis.
16:10Acorda, Arnaldo.
16:12Pediu pra Isadora, pediu pra Deus, meu bem.
16:14Aqui, ó.
16:15Ah, que legal.
16:16Quanto é?
16:18Mil.
16:19Mil?
16:20Mil tá caro.
16:21Ai, que pobreza.
16:23As 500 pra você.
16:25E ainda deixa eu dividir em cinco.
16:26Não, dez vezes.
16:27Dez vezes de 50.
16:28Daqui a pouco ele vai pedir 20 de 25 daí.
16:32Crise econômica nos obriga a descer cada vez mais.
16:35Que triste cena.
16:37Zé, né?
16:38Quebrar teu galho, tá, Arnaldo?
16:39Quebrar teu galho, 10 de 50.
16:42Tá feito.
16:43Olha aqui.
16:44Olha aqui.
16:45Bonita.
16:46Agora, peraí.
16:47A caixa é de uma marca
16:48e agora eu tô vendo o relógio é de outra marca.
16:51O que que é isso?
16:52É diferente a caixa da marca?
16:54Isso é contrabanda, Arnaldo.
16:55Por isso.
16:57O que que você queria?
16:57Que vesse tudo igualzinho, combinando, nos conforme?
16:59Não, né?
17:00Agora vai numa loja comprar esse relógio
17:02pra ver se você consegue por 10 de 50.
17:04Ruim, hein, meu filho?
17:05É, tá perfeito isso aí.
17:06Não, não, não tá perfeito nada.
17:08Não está perfeito nada.
17:09Você não vê que isso é ilegal?
17:10Mas será possível?
17:11Hein?
17:12Um presente de formatura pro seu único filho?
17:15E é o quê?
17:15É o quê?
17:16É o contrabando do moldo, porco fumado.
17:18Faça-me um favor.
17:20E você, dona Isadora?
17:22Vereadora eleita pelo voto popular
17:24vendendo muamba.
17:26Muamba de qualidade, tá?
17:27Não, não, não.
17:28A mamãe tem razão.
17:29Seu único filho, Arnaldo.
17:31Ele vai poder usar isso mais tarde num tribunal.
17:34Se a gente conta uma coisa dessas por aí,
17:37ninguém acredita.
17:40Ai, doutor Arnaldo,
17:41se o senhor quiser a minha opinião,
17:42eu posso me dizer que lá em Bato Branco...
17:44Cala a boca!
17:45Vai cuidar do teu serviço, tá?
17:47Eu não preciso saber do que você acha do presente
17:49que eu pretendo dar pro meu filho, não.
17:51Era só o que me faltava.
17:53Olha aqui, Rita.
17:58Faz essa caixinha,
17:59embrulha bem bonitinha essa caixinha pro meu filho,
18:02porque vai ser esse aí,
18:04o presente da formatura do Adonis.
18:06Vai ser esse mesmo.
18:07E eu não quero discursal.
18:09Eu não quero discursal.
18:10Entendeu?
18:14A Dona Celeste foi muito clara, meu filho.
18:17Passeio completo.
18:19E além do mais, gravata da distinção.
18:22Olha só, mamãe.
18:24Você acredita?
18:25Olha, Mário Jorge.
18:28Ai, eu nem acredito.
18:29Meu garoto já tá de gravata.
18:31Eu tô me sentindo ridículo.
18:33Eu tô tendo um surto de autorreferência.
18:35Ô mãe, por que você me deu o nome de Adonis?
18:38Por que não Marcelo, Cláudio, Rodrigo?
18:41Por que Adonis?
18:42Será que o Adonis quer usar essa gravata?
18:46Adonis.
18:47Meninos só interessam depois de usar gravata.
18:50Antes não presta pra nada.
18:51Mas o que é isso, meu filho?
18:53Adonis é um nome lindo.
18:54Conta pra ele a história, Mário Jorge.
18:56Segundo a mitologia,
18:58Adonis era um jovem de rara beleza.
19:00Era tão bonito que a deusa Vênus,
19:03tal qual uma sorrateira copélia,
19:05deu um créu nele.
19:06O marido de Vênus, que também era deusa Apolo,
19:10não gostou do bafafá
19:12e mandou um javali pra matar Adonis.
19:14Adonis morreu.
19:15Foi pro reino dos mortos.
19:17Lá chegando, a rainha Perséfone
19:19também deu um créu no rapaz.
19:22E as duas deusas saíram no tapa
19:24por causa do bof.
19:25Tá aí.
19:26Eu gostaria de ter experimentado o tal Adonis.
19:30Tenho certeza que depois de eu dar a ele
19:32um tratamento animal,
19:34ele ia mandar as duas deusas plantar batata.
19:36O sururu foi tão grande
19:40que o próprio Zeus interferiu
19:42e resolveu o problema.
19:44Adonis ia ficar quatro meses com uma,
19:46quatro meses com outra
19:47e o resto do tempo ficava livre.
19:49Mário Jorge, tô boba.
19:51Não sabia que você conhecia tanto da mitologia.
19:54Não, não conheço.
19:55decorei só pra esse programa.
19:59Eu gostei da decisão de Zeus.
20:01Gostei.
20:02Dividir o bof.
20:04Um pouco pra cada uma.
20:06E o resto pra galera.
20:08Celinha.
20:09Olha as minhas olheiras, Celinha.
20:10Eu tô até com medo de não ser reconhecido
20:12tamanhas as minhas olheiras.
20:14Ah, Mário Jorge, as minhas não me deixam ver as suas.
20:18E cá pra nós, é até bom, né?
20:20Porque depois de tudo que a Isadora aprontou
20:22lá naquele colégio,
20:23é até bom você não ser reconhecido.
20:25E por falar nisso, mamãe,
20:28nada de exagerar na bebida,
20:30nem de dar em cima de homem casado, hein?
20:32Querida, eu não doi em cima de ninguém.
20:35Eu não tenho culpa se a minha sexualidade,
20:38a flor da pele,
20:40atrai os homens.
20:41Eu só pego.
20:42Mas chega a ser impressionante.
20:44Eu nunca vi um fogo igual.
20:46Isso é o famoso calor na bacurinha.
20:48Copélia.
20:50É uma vergonha.
20:51Você trata todos os homens como objeto.
20:53Isso é um desrespeito.
20:54Engano o seu.
20:56Trato o homem muito bem.
20:57Eu trato o homem igual o cabelo.
21:00Num dia a gente prende,
21:01no outro solta,
21:02num dia a gente alisa,
21:03no outro enrola,
21:05dá uma cortada quando necessário,
21:07numa semana macia,
21:09na outra joga de lado que ele fica ótimo.
21:12Você tem razão, mamãe.
21:15Homem é igual o cabelo.
21:17Dá um trabalho.
21:19Mas minha filha,
21:20que mulher consegue viver careca?
21:24Adonis.
21:27Olha o Adonis.
21:28Olha o Adonis.
21:30Olha o Adonis de gravata,
21:32meu Deus do céu.
21:35Poxa, meu filho,
21:36eu estou tão...
21:37Estou tão emocionado de ver você,
21:40assim,
21:40cumprindo essa etapa da sua vida,
21:43meu filho.
21:43Olha,
21:44eu vou te dar aqui o seu presente.
21:46agora você vai poder ver as horas com estilo.
21:51Já é quase um homem, né?
21:54Obrigado, pai.
21:55De nada, meu filho.
21:56Olha aí, mãe.
21:58Ai, filho.
22:00Olha que bonito.
22:00Que chique.
22:02Deixa...
22:03Uh, coisa fina.
22:05É.
22:09Ué,
22:10mas a caixa é de uma marca
22:11e o relógio é de outra.
22:13Olha lá, Arnaldo.
22:14Olha lá.
22:14Você achou que a Celinha não ia notar, né?
22:16Aí, mãe,
22:17nem esquenta.
22:18Aí, pai, gostei muito, viu?
22:19É, gostou, meu filho?
22:20Já escreveu o discurso?
22:22Já.
22:22Já.
22:23Ai, Jorge.
22:25Que ódio que eu estou da Arnaldo.
22:27Onde é que ele arrumou esse relógio?
22:29Se bobear,
22:29é roubado.
22:32Eu não duvido nada dele ter comprado
22:34na mão da mal-caráter do olho junto.
22:36Eu vou averiguar.
22:36Tá, Talo?
22:38Quem foi?
22:39Aqui, aqui.
22:39Aqui, um instantinho.
22:40Vem cá.
22:42Onde foi que Arnaldo comprou aquele relógio?
22:45Eu prefiro não comentar.
22:48Eu sabia, eu sabia.
22:50Que vergonha.
22:51Tuto, Tuto.
22:52O que que é?
22:52O que que é?
22:53O que que é?
22:53O que que é?
22:53O que que é?
22:53O que que é tão fuxicando aí?
22:54O que que tão de fuxico?
22:54Fala na minha cara, minha filha.
22:56Fala.
22:57Qual é o problema?
22:58O que que é?
22:58É um relógio, né?
22:59Eu falei.
23:00Eu falei que a Celinha não ia engolir
23:01esse negócio da caixa de uma marca
23:02e o relógio da outra.
23:03O que que é?
23:04O que que é, Celinha?
23:04O que que é?
23:05Tá achando que o relógio foi roubado?
23:08Tá achando que eu roubei?
23:09Eu não roubei, não.
23:10Eu não roubei, não.
23:11Tá legal?
23:12Eu não tenho esse mau hábito, não.
23:14Eu não tenho, não?
23:14É, você gostou do relógio, não gostou?
23:16Ah, gostou.
23:16Então, ele gostou, tá?
23:17Ah, que bom que gostou.
23:17Para de mexer o saco e pau.
23:19Por causa de pau.
23:20Que bom que eu...
23:20Olha que linda que a mozina...
23:23Olha que linda que a mozina tá...
23:26Com o vestido que eu emprestei.
23:28Olha só.
23:29Nenhum me reconhecido aí.
23:31Eu sou capaz até de rejar um homem.
23:35Bozina, vou te dar um toque.
23:39Quando você olhar nos olhos de um homem,
23:41mostre pra ele que você é capaz de tudo.
23:44Entendeu?
23:45De tudo.
23:47Com essa técnica, não vai faltar homem na tua vida.
23:50Eu garanto.
23:52Mas e se o homem não entender só com o olhar o recado daí?
23:57Daí, tu convida ele pra dar uma chegadinha no mato.
24:01Isadora.
24:04Serinha tá enchendo o meu saco por causa desse negócio do relógio.
24:07Não, não, não.
24:08Não é assim, não.
24:09Não é assim, não.
24:11Eu soube de fonte segura que foi a mau caráter quem te vendeu o relógio.
24:15Que fonte segura?
24:16Quem foi que te falou?
24:17Tatalo.
24:21Ô, pai.
24:23Tatalo.
24:24Olha, Tatalo, eu tô muito decepcionado com você, sabe?
24:27Você me decepcionou muito agora.
24:29Mas eu não falei nada.
24:31É mentira do meu pai.
24:32Ele tá jogando verde.
24:32Falou assim.
24:33E vai colher maduro.
24:35Eu vendi o relógio.
24:37Algum problema?
24:39Nenhuma excelência.
24:41Nenhuma.
24:41Bom, agora então vamos embora, porque nós já estamos atrasados, não é?
24:47Porque eu quero pegar logo um bom lugar pra assistir o discurso do Adonis, não é?
24:51Vamos embora, então.
24:53Quem vai com você, amor?
24:54É, comigo vão, eu, você, né, Isadora, Dona Álvares e seu ladinho.
24:59Bom, no meu carro vão Celinha, Tatalo, Adonis, eu e Copélia.
25:06Mas eu daí?
25:08Você, você.
25:09Você vai de táxi daí, igual a Angélica daí.
25:12Alguém tem um dinheirinho pra dar pra Bozena pegar um táxi?
25:14Eu tô sério.
25:15A luta de classes é uma realidade dura, né?
25:20Na hora do vamos ver, os patrões tão tudo igual.
25:24Teve um patrão lá em Pato Branco que perdeu a cabeça, espancou o empregado.
25:28No dia seguinte, os outros empregados da fazenda juntaram o malvado,
25:31deixaram ele do lado de fora nu e sentaram no formigueiro.
25:34Olha aqui.
25:34O mais interessante é dessa quantia.
25:39E além do mais, Bozena, nós havíamos combinado que você vai esperar o serviço
25:44do Indaleto terminar, porque eu não quero saber de Indaleto entregando chá pra Sabará.
25:48É, porque pra dona Álvaro tirar uma cópia não custa, tá?
25:52Vambora, vambora rápido, porque eu quero chegar e pegar um bom lugar
25:54pra assistir o discurso do Adonis, meu filho querido.
25:59Tá lindo, Sabará.
26:01Vai demorar muito, Indaleto?
26:03Eu tenho uma festa pra ir daí.
26:05Não, não vai demorar nada, não.
26:06Já tô dando os últimos retoques.
26:09Vem ver como o teto do banheiro ficou bonito.
26:11Coisa de profissional.
26:12Mas é o que se espera, né, quando você contrata um profissional.
26:27Olha o que o teto do seu banheiro fez comigo.
26:30Foi mal, gata.
26:31Foi mal.
26:33Poxa, Andaleto.
26:34Agora não posso mais ir pro baile daí.
26:36Viu bem que tinha um dentado lá em Pato Branco que dizia
26:40Quando o azar bate na tua porta, não adianta você fugir.
26:46Porque a bosta que não vem de baixo, de cima a decaída aí.
26:51Olá, brancona.
27:19Oi, Dona Desi.
27:21Tá tudo certo?
27:23A Rita tá aí?
27:24Não.
27:24Todo mundo no baile.
27:26Só eu que não fui.
27:28Oh, que baile?
27:29O baile de formatura do Adonis.
27:32Eu ia, mas aí o imbecil do Andaleto deixou cair um teto na minha cabeça.
27:37Sujou toda a roupa e a sandália.
27:39Tô sem vestir, sem calçada aí.
27:41Tava aqui pensando no marido.
27:43Tadinha.
27:46Acho que eu cheguei em boa hora.
27:48Isso depende daí.
27:50Mas eu posso ser sua fada madrinha, não posso?
27:53É, agora tô começando a ficar interessada.
27:55Então vamos tomar um chocs.
27:57Dona Desi, eu quero ir ao baile, não quero uma cantada daí.
28:02Mas eu tenho um vestido.
28:03O único que eu usei, minha mãe fez, pro meu baile de formatura.
28:08Eu posso te emprestar, se você quiser.
28:10Ô, dona Desi, sabe o que é?
28:12É que um vestido seu e mim vai sobrar daí.
28:21Eu era magrinha, magrinha, magrinha, magrinha.
28:25Ah, o problema vai ser o sapato.
28:29É verdade.
28:30Mas a gente pode fazer uma palmilha de jornal, preenche.
28:35Sabe, dona Desi, até os meus 18 anos, eu nunca tive nada de meu.
28:39Tudo dado.
28:40De modo que eu tô muito acostumada a andar por aí com a forma alheia, Daí.
28:43Ah, então vamos, vamos, vamos.
28:45Sem beliscão na bunda?
28:47Sem beliscão na bunda, Daí.
28:49Ah, eu vou, eu vou, eu vou.
28:51Eu vou ao baile, Daí.
28:53Dona Desi, eu nunca pensei que eu ia chamar um sapatão de din-dinha.
28:58Ah, não, pelo amor de Deus, dona Álvaro, não, já não basta a encrenca que a senhora me arrumou ontem.
29:09Quer saber?
29:09Eu estou precisando de férias da senhora, dona Álvaro.
29:11Com licença.
29:12Dona Álvaro, eu estou muito magoado com a senhora, dona Álvaro.
29:25A senhora nos expôs.
29:27A senhora precisava ter feito aquilo com a gente, dona Álvaro.
29:30Mas eu precisava sim, viu, doutor Arnaldo, eu precisava.
29:33Eu precisava, além do quê?
29:35Quando eu vi meu relógio no pulso de Adonis, eu perdi a cabeça.
29:42E meu relógio, todo mundo sabe, foi roubado aqui nas dependências do Djambalaya.
29:49E o ladrão foi o comparsa de Isadora e amante da criada.
29:56Ratão, ratão.
29:57A senhora devia ter esperado o final do discurso.
30:00Dona Álvaro, precisava a senhora fazer aquele escândalo.
30:03E olha, não foi ela que começou, não.
30:05Eu vi, quem começou foi o ladrão.
30:07Bastou o menino subir no palco, ele começou.
30:09Olha a Elsa, ela era a Elsa.
30:12Ficou ali apontando o relógio com o dedo, assim, parecia um duende maligno.
30:15Olha, a popularidade do Adonis está em alta.
30:20O discurso dele está sendo considerado o mais popular de todos os tempos.
30:23Mas popular como? Se não houve discurso?
30:25Por isso mesmo.
30:26Ah, meu Deus do céu, hoje a repartição começou cedo.
30:30Cadê a bozena, gente? Hoje não é dia dela.
30:32Ela está lá na frente.
30:33Hoje, segundo a bozena, é dia de alegria daí.
30:36Essa porta.
30:39Com licença.
30:40Dona Celeste, aqui devemos a honra.
30:44A senhora acha mesmo que merece alguma honra, Dona Rita?
30:48Depois do acontecido ontem?
30:50Dona Celeste, a senhora vai me desculpar, Dona Celeste.
30:53Foi mal entendido, sabe?
30:56O relógio não é roubado, não.
30:58É roubado, sim, senhor.
31:00O relógio é roubado, sim, senhor.
31:02É roubado, sim.
31:03Ô, Dona Álvaro, a Isadora, a Isadora vai ficar muito chateada com a senhora
31:08se ficar sabendo dessa história do relógio.
31:11Sabia? Ela agora é autoridade.
31:13Sabia disso, hein?
31:14E como se não bastasse, alguém abusou do meu filho.
31:24Adolfinho foi molestado na festa por uma mulher misteriosa.
31:30Fala, Adolfinho!
31:32Bom, eu havia bebido um pouquinho demais e estava deitado no andar superior.
31:38Quando, de repente, a porta se abriu e uma mulher se jogou em cima de mim.
31:44No sofá.
31:45Ué, e tu achou isso ruim?
31:47Lógico.
31:48Rapaz, se eu te contar o que anda pulando em cima de mim,
31:53você devia agradecer para uma mulher cair na sua sopa assim, de graça.
31:56O fato é que Adolfinho tem 17.
32:01Só faz 18, mês que vem.
32:03Não é, Adolfinho?
32:04É.
32:05Seja lá quem for, vai responder por assédio e ofensa a um menor.
32:12Bom, então a senhora deve tocar na campainha aí do lado.
32:19Bom, o caso é esse, viu, Celinha?
32:39Alguém molestou Adolfinho e as suspeitas, é claro, recaem sobre a sua mãe.
32:47Por quê?
32:49Por que te faz pensar que eu sou agressora?
32:52Por motivos óbvios, Copélia!
32:54Se é que a isso se dá o nome de agressão, sabe, dona Celeste, eu dou outro nome a isso.
33:00É, dona Copélia, eu posso imaginar.
33:04Não pense a senhora que eu me esqueci da última festa da escola,
33:08quando a senhora foi flagrada no ginásio com o inspetor Arruda.
33:12Pois então, o inspetor Arruda estava me mostrando as vantagens de um ginásio poloesportivo.
33:20É, dona Celeste, é por isso que ele estava de cueca e todo suado.
33:23Estava dando uma demonstração de ginástica no solo para minha sogra.
33:27Pena que no mortal triplo ele se atrapalhou.
33:30Aí eu fui obrigada a desclassificá-lo.
33:35Eu acho que foi ela, mamãe.
33:37Ah, mas então vamos já para a polícia.
33:40Dolfinho, o ambiente estava escuro, você não viu a cara da agressora, tá bom?
33:46Portanto, pode ser qualquer uma de nós.
33:48É, pode até ter sido um homem usando uma peruca.
33:51Ah, mas, Natelo, quem é que ia fazer essa barbaridade?
33:55Celeste!
33:57Mas como?
33:58Mas isso é impossível.
34:00Nadir esteve comigo o tempo todo.
34:02Ah, mas não vai ser difícil mesmo descobrir quem foi que atacou meu Adolfinho?
34:12Escuta aqui.
34:14Vossa Excelência do olho junto e caráter duvidoso,
34:18por algum acaso pulou em cima de Adolfinho ontem na festa?
34:22Ih, não vou pegar Adolfinho?
34:25Eu, hein? Isso aí é coisa de mulher desesperada.
34:28E desesperada todos sabem que eu não sou.
34:30Eu sou compulsiva, o que é diferente.
34:34Bom, sem provas não há delito, não é?
34:38Então, a senhora, por favor, dona, a senhora faça o favor de se retirar, não é?
34:43Mas eu tenho provas, senhor Arnaldo.
34:46Ai, meu Deus.
34:47Olha, dona Celeste, então se a senhora tem provas, né?
34:49A senhora, por favor, apresente-as, né?
34:51Que a culpada...
34:53Ou o culpado...
34:55Vai ser punida.
34:57O punido...
34:59No afãn lúbrico, a safada deixou pra trás um sapato.
35:06Vamos ver no pé de quem vai caber este sapato.
35:10Esse sapato não é meu.
35:11Ih, nem meu, hein?
35:12Eu nunca vi.
35:13Eu tampouco.
35:15Mentiras, calúnias, eu quero o pé de vocês.
35:19Todas vão calçar.
35:20E dona Álvaro também, que essa mulher é muito esquisita, dona Celeste.
35:24Valdir, ela tá encoxando a gente.
35:26Tá, tá sim.
35:27Ela tá encoxando, sim.
35:29E não me admira nada que ela seja agressora, dona Celeste.
35:33Muito bem, muito bem.
35:34Eu vou dar o exemplo da calça-pato que vou experimentar.
35:38Pode deixar.
35:39Eu vou experimentar este sapato.
35:42Olha só, olha só, é muito grande este sapato.
35:46Pensa.
35:49Ó.
35:50Aqui, ó.
35:51Todo mundo vê?
35:52Tá grande.
35:58É uma lancha.
36:06Ai, vê lá, sem socar no meu pé, daí.
36:09Rapaz.
36:10As senhoras, por favor.
36:12Isso é uma volta de respeito, nós somos mulheres casadas.
36:16Não, não, não.
36:16Eu me recuso a passar por isso.
36:18Tudo bem que nós somos um pouquinho esquisitas, né?
36:20Mas somos gente de família.
36:22Ou fazem por bem, ou vamos fazer na delegacia.
36:26Não, meu Deus do céu.
36:27Dá isso aqui.
36:28Dá isso aqui.
36:29Coisa chata, eu tô de bota.
36:30Coisa chata, coisa cacete, viu, dona?
36:34Aqui.
36:35Aqui.
36:36Ai, quase deu.
36:37Mas não dá não, aqui.
36:38Cabe um dedo aqui, você tá vendo?
36:40Aqui.
36:40Não é meu, não.
36:41Fé.
36:42Isso é chato.
36:44Atei o outro.
36:48Só de ver.
36:50Isso aqui tá sambando no meu pé.
36:52Ah, vamos lá.
36:54Ih!
36:55Tá satisfeito?
36:56Bom, não há mais mulheres aqui, não é, dona Celeste?
37:06É dona Deise.
37:07Olha aí.
37:08Mais uma mulher pra passar pela prova do sapato.
37:11E essa eu lhe garanto, dona Celeste, entende tudo de sapato.
37:14O que é que tá pegando aí?
37:17Nada, Deise, nada.
37:19A dona Celeste quer saber de quem é o sapato.
37:22Experimenta aí, faz favor.
37:29Ai.
37:41Oh!
37:42Oh!
37:44Deu!
37:46Foi ela?
37:48Será?
37:50O sapato não mente, meu filho.
37:54Minha Nossa Senhora, o que foi que esse Maguila fez com o meu filho?
38:00Prefiro não comentar.
38:03Pois a senhora vai comentar na polícia.
38:05Ah, eu sou da polícia, minha tia.
38:10Perdeu, dona Celeste.
38:13Perdeu.
38:13Ó, acho melhor tu sair de fininho, ou então a coisa vai ficar feia pro teu lado.
38:19É.
38:19No final das contas, a Cinderela era uma abóbora.
38:22Vamos embora, Adolfino, vamos embora.
38:25Isso, isso, isso, Celeste, eu como síndica dou o maior apoio, estou solidária com você.
38:32Impressionante, essa senhora tá sempre contra a gente.
38:35Já notou isso, dona Álvaro?
38:36Dona Álvaro tem raça ruim, espírito de porco, ela gosta de provocar.
38:40Ah, vamos, Adolfino, vamos, meu bem, vamos, querida, porque, afinal, dona Celinha não serviu nenhum cafezinho.
38:47Faça-me um favor.
38:48Ah, pelo amor de Deus, vamos embora, vamos embora todos, imediatamente, vamos embora daqui.
38:53Dona Deise, que mal assim lhe pergunte, como é que esse sapato coube na senhora, se a senhora nem na festa tava.
39:03Esse segredo eu vou levar pro túmulo, pro túmulo, pro túmulo, Celinha.
39:09Bom, já que tá tudo resolvido, vamos voltar pra nossa vidinha mais ou menos, né?
39:16Eu vou me vestir porque preciso trabalhar.
39:18Vou pegar uma camisa limpa pra você, bem.
39:21Ó, Arnaldo, comprei outro relógio, eu mesmo, hein?
39:24Aqui, Adonis, isso é teu de verdade.
39:27Obrigado, obrigada, Zizada.
39:30Mas não me leva a mal, não, vossa excelência tem a nota fiscal?
39:33Claro, meu bem.
39:35Tenho tudo dentro da lei.
39:38Bom.
39:39Olha, tem uma coisa que tá me encafifando, gente.
39:43Quem foi que afinal molestou Adolfinho?
39:45Bom, isso nunca saberemos, Rita.
39:49Vamos tocar a vida, então?
39:50Vamos lá.
39:51Será que ele alucinou?
39:52Porque ele tem cara de maluco aqui no nosso.
39:54Ele acha que ele enlouqueceu.
39:56Será que foi só álcool que ele bebeu?
39:58Vocês podem enganar o mundo, mas não a mulher vivida como eu, gente.
40:05Por favor.
40:05Foi você, não foi, Bozena?
40:09Como é que a senhora descobriu?
40:11Pelo olhar.
40:11Você hoje está com cara de quem tirou o atraso.
40:17E tem o dedo da Deise nessa história.
40:20Os cinco.
40:22Eu emprestei o sapato pra brancona, vai.
40:26Dona Coppelha, jura que eu não conto pra ninguém?
40:28Mas não é o problema.
40:30Você devia estar orgulhosa.
40:32Bozena, no fim das contas, na festa você foi a única que se deu dez.
40:37Graças, dona Deise.
40:40Obrigada, viu, Dindinha?
40:42Obrigada.
40:43Sonhar é pedir aos anjos
40:51Quando o sonho vem
40:56Nos sonhos não há tristezas
41:01E todo desejo cai bem
41:05Pois sonhe com fé
41:09E um dia
41:10O arco-íris vai chegar
41:15Pois quem no sonho acredita
41:21Torna a vida bonita
41:24O sonho vai desabrochar
41:30O sonho vai desabrochar
41:31Pois quem no sonho vai desabrochar
41:54Acredita
41:56Torna a vida bonita
42:00O sonho vai desabrochar
42:06Uau!
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