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00:00Linha de Frente
00:04Olá, está começando agora mais um Linha de Frente nesse fim de semana.
00:11Seja muito bem-vindo, muito bem-vinda.
00:13Eu sou Beatriz Manfredini e agradeço a todos a companhia desde já.
00:18No programa de hoje nós falaremos sobre os assuntos que ganharam destaque nessa semana.
00:23Para essa conversa eu recebo aqui a jornalista Ellen Brown, a economista delegada do Corecom de São Paulo,
00:30Patrícia Taylor Bittencourt, a especialista em compliance e governança, Luciana Gaston,
00:36e a advogada Thais Cremasco.
00:39Meninas, boa tarde, obrigada por aceitarem o convite.
00:43Continuarem aqui na bancada feminina do Linha de Frente todos os sábados.
00:47E nessa semana não poderia ser diferente, né?
00:50A gente começa falando da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes,
00:56que não decretou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e manteve as medidas cautelares.
01:02Segundo o ministro, Bolsonaro cometeu uma irregularidade isolada,
01:07lembrando que o ex-presidente da República foi alvo de medidas cautelares determinadas pelo STF.
01:13Ele teve que colocar tornozeleira eletrônica e está proibido de usar redes sociais.
01:19No entanto, Bolsonaro fez uma visita à Câmara na última segunda-feira.
01:23E os registros foram parar na internet, o que motivou o pedido de maiores esclarecimentos.
01:31Thais, começo essa rodada com você.
01:34Sabia.
01:36Sabia, estava esperando, né?
01:38Então, Thais, queria saber um pouquinho, claro, com toda a sua especialidade,
01:42se essa decisão, na sua opinião, foi uma decisão acertada e como um todo mesmo,
01:48desse momento de investigação que vive o ex-presidente.
01:51Totalmente acertada e refletindo o que a justiça é, de fato, no nosso país.
01:57É uma justiça que não persegue, é uma justiça que não defende,
02:01é uma justiça que está, de fato, isenta.
02:04Aqui no Brasil, as medidas protetivas, as medidas cautelares,
02:08quando são descumpridas uma única vez, apesar de existir uma lei
02:12dizendo que, obviamente, com descumprimento você pode prender,
02:16é muito comum, pela própria ordem como o direito funciona,
02:20que os juízes acabem não prendendo.
02:22Falam, olha, estamos te avisando que você descumpriu a cautelar,
02:26na próxima o senhor será preso.
02:27Então, isso é bastante comum dentro da justiça.
02:31E o Alexandre de Moraes reproduziu o que a maioria dos juízes fazem.
02:35Entendeu, percebeu que foi um descumprimento e, de fato, foi.
02:39Ele foi utilizando de outras pessoas para conseguir driblar a lógica da cautelar,
02:45que era justamente para que ele não se comunicasse
02:47e não continuasse tentando desorganizar o país e afrontar a própria democracia.
02:55Então, a medida é acertada.
02:56O descumprimento aconteceu.
02:59Alexandre de Moraes falou que na próxima a prisão será imediata
03:03e em decorrência sem nenhum aviso.
03:05Então, ele já está avisado que no próximo descumprimento
03:07será penalizado com a pena de prisão.
03:09Lembrando que, obviamente, a prisão deve ser a última coisa
03:13que acontece com uma pessoa no nosso país,
03:15especialmente porque vivemos num país onde o sistema carcerário é muito precário.
03:20Então, eu entendo que foi totalmente acertada,
03:22mas que as cautelares têm que ter um resultado efetivo
03:27para que ele não siga descumprindo e trazendo prejuízos para o nosso país.
03:32Helen, agora fica mais difícil, então, para o ex-presidente?
03:35Ele precisa prestar mais atenção nos próximos passos a partir dessa decisão do ministro?
03:41Olha, Bia, a partir de agora, parece que a estratégia precisa ser redesenhada.
03:47De que forma que a estratégia de posicionamento, de discurso do PL e da família Bolsonaro
03:54vai ser redesenhada?
03:56Porque o que ficou... O que aconteceu?
03:58Eu posso falar do ponto de vista que é onde eu apuro
04:00e as conversas que eu tive ao longo da semana.
04:03Quando, na segunda-feira, se não me engano,
04:06houve ali a extensão das cautelares de Jair Bolsonaro,
04:10porque havia se entendido que houve um descumprimento das primeiras medidas,
04:16quando o Eduardo Bolsonaro posta na rede dele um vídeo do pai.
04:21Número um, essa decisão da extensão das cautelares não foi algo unânime, né?
04:27Então, que era uma coisa que se esperava e não foi unânime.
04:29A gente teve ali um voto de dissidência do Luiz Fux
04:31e isso já deixou o clima um pouco diferente.
04:34Mas eu conversava com vários juristas logo depois disso, na segunda,
04:38e eles diziam, olha, não acredito numa prisão.
04:41Acredito que isso parece muito mais uma sinalização,
04:44um alerta para Bolsonaro para que não se repita o que aconteceu.
04:50E foi o que a gente viu, então, nessa segunda medida que saiu, né?
04:55Onde ficou mais claro, inclusive porque houve uma pressão bem forte dos veículos de imprensa, né?
05:01Porque o que estava se fazendo inicialmente era uma espécie de censura prévia.
05:04Você não poderia ter entrevista, não poderia divulgar entrevista.
05:07Então, aí um esclarecimento em que ele diz, não, pode dar entrevista,
05:11mas não pode usar esse conteúdo em redes de terceiro para promover o discurso.
05:16Então, agora vai ter que se repensar como esse discurso pode ser promovido,
05:19de que forma se promove esse discurso sem descumprir as cautelares,
05:24porque agora há esse aviso, né?
05:25Bom, da próxima, aí sim, falamos em prisão.
05:29Luciana, do ponto de vista estratégico, digamos, para o ex-presidente,
05:34uma medida como essa, muita gente fala que pode torná-lo ali um mártir,
05:38pode subir, né, então essa figura do ex-presidente.
05:41Outros dizem que não, que é uma humilhação
05:43e que para ele mesmo a coisa fica agora mais difícil,
05:48não do ponto de vista de eleição, porque ele está inelegível,
05:51pelo menos neste momento,
05:53mas do ponto de vista futuro, como uma figura mesmo da direita.
05:57Para você, como que pega essas medidas que foram impostas?
06:01O Bolsonaro, ele é uma pessoa que ele é tido como alguém muito polêmico,
06:06alguém que fez uma bagunça total com a própria direita,
06:10porque hoje nós temos uma divisão entre a direita,
06:12entre os extremistas e os moderados.
06:15O Bolsonaro, de certa forma, ele está conseguindo,
06:18entre os extremistas, cada vez mais se fortalecer.
06:22Mas junto ao pessoal da direita moderada,
06:26hoje a gente tem uma divisão.
06:28Em outros programas, sempre falei da questão da figura do Tarcísio.
06:33O Tarcísio é uma pessoa hoje que ameaça a própria figura do presidente Jair Bolsonaro,
06:37isso é fato.
06:38Agora, falar em populismo, quando a gente olha o ex-presidente,
06:43é fato que ele mexe muito,
06:44mas eu não sei se ele vai conseguir segurar esse patamar de destaque.
06:51Eu queria aproveitar, Bia,
06:52quando a gente fala da decisão que hoje nós tivemos lá do ministro Alexandre de Moraes,
06:57eu fiquei muito feliz,
06:58porque ele mostrou que ele que sempre foi um idealizador
07:02de todos os estudantes de direitos do Brasil como um todo e no exterior,
07:05ele mostrou uma imparcialidade que até então não vinha sendo demonstrada.
07:09E ele agiu de forma muito técnica,
07:11porque quando a gente pega o artigo 312 do Código de Processo Penal,
07:16existem três pré-requisitos para que seja decretada a prisão preventiva,
07:21sendo o primeiro, garantia da ordem pública,
07:22o segundo, conveniência da instrução criminal e assegurar a aplicação da lei penal.
07:26Então, quando ele tomou a atitude hoje que ele usou de um recurso sem que fosse solicitado,
07:33que quando a gente pega a parte final e ele fala,
07:35em momento algum eu proibi o ex-presidente Jair Bolsonaro de dar uma entrevista,
07:40ele fez uso do quê?
07:42De uma resposta a um embargo de declaração.
07:44Que isso é muito importante, por quê?
07:46Acaba com o diz que me diz que fica entre as decisões do Poder Judiciário,
07:51as decisões aqui que são tomadas pelos dirigentes partidários políticos
07:55e traz o quê?
07:57Uma imparcialidade do nosso Poder Judiciário,
08:00que é o que prevalece e faz com que a democracia se enriqueça cada vez mais.
08:05Agora, Patrícia, não só o ex-presidente agora precisa tomar um certo cuidado,
08:10mas o entorno, né?
08:11Afinal, o vídeo ali foi postado pelas redes sociais de terceiros.
08:16Então, é toda uma estratégia, mesmo como a gente falava,
08:18como a Ellen comentou, que precisa ser montada a partir de agora.
08:22Exatamente.
08:22Precisa que esse entorno do presidente esteja positivamente articulado
08:28para que não deixe o ex-presidente em uma situação de vulnerabilidade
08:33e com isso corra mais riscos de uma prisão.
08:36O ministro Alexandre de Moraes delimitou exatamente toda a situação,
08:41então é possível que ele fale em entrevistas,
08:45mas esse cuidado do entorno do ex-presidente é de extrema importância
08:49para que não o prejudique.
08:51Bia, posso só fazer uma coisa?
08:52Claro.
08:53Corroborar com o que a Luciana estava falando aqui.
08:54A Luciana estava falando que o bolsonarismo divide ali a direita,
08:58você tem a direita mais extrema, a direita mais ao centro.
09:03Enfim, eu trabalho num instituto de pesquisa qualitativa
09:06e a gente estava justamente essa semana medindo o pulso, a população.
09:12Então, essas pessoas que são mais alinhadas ao Bolsonaro, à direita,
09:16como que elas estavam sentindo.
09:18E eu acho que tem dois exemplos que traduzem bem essa cisão.
09:22Uma das falas que a gente captou era uma pessoa da área de segurança
09:27que dizia assim, poxa vida, lá vai o Bolsonaro chorar novamente.
09:32Lá em 2022, a gente ficou na frente de quartel,
09:35a gente disse que estava disposto a agir e ele foi embora chorar no colo da mulher.
09:41Foi uma fala que a gente captou com uma pessoa da ala da segurança.
09:46Ou seja, que vê nesta coisa de expor tornozeleira, ir para fora, pedir a ajuda do Trump,
09:54tarifar o Brasil uma fragilidade que não é aceita por essa ala mais radical.
09:59Já uma outra pessoa trouxe a seguinte fala.
10:03Diz assim, nossa, mais uma vez é a missão de Bolsonaro para o Brasil e a pátria
10:12sendo interrompida por todo um sistema que é contra a salvação do Brasil.
10:18E aí é a outra ala.
10:20É a ala que diz em que esse discurso está colando muito bem.
10:24O discurso de perseguição institucional.
10:27Essa mesma pessoa diz assim, aquele lá que eu não vou nem mencionar o nome
10:30quando foi se referir a Alexandre de Moraes.
10:33Então é uma ala para quem cola mais.
10:36Agora, há uma ala importante também que vê nessa fragilidade
10:40um descolamento de seus ideais aqui dentro do país.
10:42Diga.
10:43E talvez tudo isso para não aceitar uma realidade que é bastante clara
10:49na forma que o Bolsonaro atua, que é o não respeito às instituições.
10:53Eu acredito que muito...
10:56Ah, então ele tem que...
10:57Ninguém do entorno vai poder postar sobre ele.
10:59Não é isso.
10:59Quem postou foi o próprio filho.
11:02Então eu acho que tem...
11:03Eu entendo essa coisa de pensar na perseguição,
11:06colocá-lo como mártir.
11:08Nossa, todo mundo perseguindo.
11:10Mas o fato é que ele tem uma resistência em obedecer determinação judicial.
11:15A gente não pode esquecer que o Bolsonaro foi uma das pessoas
11:18que botou fogo no exército enquanto ele era soldado.
11:21Então ele não é uma pessoa que gosta muito de obedecer regras.
11:24Então não me traz nenhuma surpresa muito grande
11:27pensar que agora ele não obedeceria as cautelares.
11:30Mas, novamente, nós estamos numa guerra de instituições
11:34de mostrar que o poder, que existe um poder que ele tem que respeitar.
11:37É impossível nós assistirmos sentados um desrespeito
11:44às instituições judiciais do nosso país.
11:46Aliás, o poder judiciário é um dos três poderes que fundamentam a existência da nação.
11:52Então, que bom que dentro dessa dinâmica, apesar de desagradar muitas pessoas
11:57que são apoiadores dele, a gente está entendendo que o poder judiciário
12:00vai se manter firme e sempre dá a última palavra.
12:03Ordem judicial existem para serem cumpridas ou recorridas.
12:08Desobedecidas, essa opção não tem.
12:10Ou você cumpre ou você recorre.
12:11Lu, queria a palavra?
12:14Sim, eu acho que uma coisa que precisa ficar muito claro
12:17quando a gente fala em popularidade
12:18saiu uma pesquisa recente, acho que é do Instituto Quest
12:21aonde o presidente Lula, ele cresceu
12:25depois dessas últimas manifestações do presidente Bolsonaro.
12:29Então, eles precisam, dentro lá do PL, decidir junto com o presidente
12:34qual vai ser o rumo do próprio partido e do próprio candidato que eles vão apoiar.
12:39Porque o que não pode mais é a direita ficar do jeito que está
12:42sem saber atrás de quem que ela vai.
12:44Porque alguns apoiam uma pessoa que está inelegível no dia de hoje
12:49e que muito provavelmente vai permanecer até 2026
12:52e não se tem um candidato.
12:55Isso não é bom para o pessoal da direita, não é bom para a própria democracia.
13:00Patrícia, e como isso pode pegar agora em 2026?
13:04A gente sabe que o ex-presidente, então citamos agora, está inelegível,
13:08mas será que esse discurso e todo esse acontecimento
13:11pode, por exemplo, reverberar num candidato que ele indicar
13:14a presidência da República, como o governador Tarcísio de Freitas
13:17aqui de São Paulo, por exemplo?
13:19Acredito que sim, mas tem que combinar ali com o pessoal do partido,
13:25quem seria o melhor candidato para essa situação.
13:29Existem outras pessoas aqui no nosso país,
13:32o governador do Rio Grande do Sul também,
13:34se pré-candidatando, o governador de Minas Gerais também,
13:40existem outras pessoas, então é uma incógnita ainda
13:43o que pode acontecer em 2026.
13:47Mas tudo terá uma consequência em 2026,
13:50uma forte consequência do que está acontecendo agora.
13:54Helen, você acha que dá para dizer que alguém vai ganhar politicamente
13:58com o que está acontecendo agora com o ex-presidente?
14:01Tem uma filósofa aqui no Brasil que um dia disse assim,
14:05não acho que quem ganhar ou perder vai ganhar ou perder.
14:10Vai todo mundo perder.
14:15Mas a questão, o jogo está rolando.
14:18Recentemente eu estava num evento do PL,
14:21e aí o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto,
14:25estava falando da Michele e dizendo,
14:27olha, é a única nas pesquisas que vence Lula no segundo turno,
14:32sem ser Jair Bolsonaro.
14:34E aí a galera toda disse, não sei o que,
14:37era um evento do PL e tal.
14:38Aí ele disse, não,
14:40obviamente na hora ele se corrigiu e disse assim,
14:42mas o nosso candidato é o Jair Bolsonaro.
14:45E quem o Jair Bolsonaro indicar caso haja uma injustiça
14:49e ele não possa ser o candidato.
14:50O que mostra claramente que assim,
14:54veja bem, que são as duas grandes legendas hoje
14:57disputando o direito e centro-direita.
14:59PSD de Huberto Kassab,
15:01ele fica no centro-centro,
15:03mas tentando se encaminhar mais para uma centro-direita.
15:06E o PL de Valdemar da Costa Neto,
15:08que é refém da família Bolsonaro,
15:11porque depende dos votos da família Bolsonaro,
15:14dependeu deles para se estruturar do tamanho que se estruturou.
15:18Então, toda essa direita está ainda empolada
15:23dentro da grande ação protecionista de Jair Bolsonaro.
15:30E fica muito difícil, porque assim,
15:32seja o Tarcísio, seja o Ratinho Júnior,
15:34seja o Zema,
15:37não dá para se descolar totalmente da figura de Bolsonaro.
15:40Ainda depende desses votos para ir para um segundo turno.
15:43É muito complicado esse cenário,
15:46esse xadrez que está se desenhando nesse momento,
15:48para quem vai ser esse candidato aí,
15:51Bolsonaro mantendo-se inelegível até o ano que vem.
15:55Então, é um xadrez muito complicado.
15:58Que mesmo quem dá as regras,
16:01e aí estou falando de Valdemar,
16:02pode ter suas preferências,
16:04pode falar seriamente,
16:05mas dentro da família Bolsonaro não se fala em plano B.
16:08O Bolsonaro é o plano A, B, C e D dele.
16:11Então, isso trava todo o jogo.
16:13E é até por isso, por essa falta aí de poder se descolar,
16:17que o governador Tarcísio de Freitas,
16:19essa semana, por exemplo,
16:20recebeu ali um conselho,
16:22uma ordem no Palácio dos Bandeirantes,
16:23para não reagir ao Eduardo Bolsonaro,
16:26filho do ex-presidente,
16:27que depois daqueles ataques que fez a Tarcísio,
16:30voltou nessa semana a falar sobre isso,
16:33depois dessas medidas cautelares,
16:35atacando ali a relação de Tarcísio com o MBL,
16:39que segundo Eduardo Bolsonaro,
16:40defende a prisão dele,
16:41a prisão do pai dele.
16:43Então, aí queria perguntar para você, Thaís,
16:45dessa postura do Eduardo Bolsonaro.
16:48Ele vai seguir atacando uma pessoa
16:50que até então vem sendo ali colocada
16:53pelo próprio ex-presidente
16:54como possível principal player, né, em 2026.
16:58A postura do Eduardo em si
17:00atrapalha o governador?
17:02É impressionante como me parece
17:05que não existe uma estratégia pensada.
17:07Não consigo olhar para o Eduardo Bolsonaro,
17:10aliás, eu não consigo olhar nem para a extrema-direita
17:12e entender que aquelas...
17:13Até o Trump, essas pessoas não estão pensando,
17:16elas não estão se organizando
17:17de forma pensante com o objetivo.
17:21Na verdade, às vezes eu tenho a sensação
17:23que é simplesmente a destilação de um ódio,
17:26aquele discurso para inflamar as massas,
17:28porque se assim não fosse,
17:30nós não estaríamos com o Eduardo Bolsonaro
17:32comemorando tarifas, né,
17:35e tentando mostrar que essa foi a pauta
17:38que ele levou para os Estados Unidos
17:39porque ele estava sendo perseguido.
17:40Então, é um pouco bagunçado
17:42fazer análises e previsões
17:44de pessoas que não usam a racionalidade
17:46e a inteligência como um objetivo.
17:48Então, na verdade, o que eu entendo
17:50das falas dele, da forma que ele se coloca,
17:54é simplesmente para destilar a desordem,
17:58o ódio, inflamar massas,
18:00mas eu não acho que tem um objetivo pensado
18:02que vai chegar em uma estratégia específica.
18:05Não enxergo dessa forma.
18:06Para a gente fechar esse tema, Luciana,
18:09toda essa movimentação das investigações,
18:12então, contra o ex-presidente,
18:14indicam mesmo aquilo que a gente já falava?
18:16O Supremo Tribunal Federal tem interesse
18:18em terminar esse assunto ainda esse ano,
18:21antes do ano eleitoral, né?
18:22Com certeza, até porque hoje nós temos
18:24questões ligadas ao novo pleito eleitoral,
18:27que é a aprovação do Código Eleitoral
18:29que parou lá na Comissão de Constituição e Justiça
18:33e que, se uma vez sendo aprovado,
18:35inclusive vai precisar do próprio Supremo.
18:38E o Supremo não está lá para ficar decidindo
18:41situações que comprometem o quê?
18:43O bom andamento do país.
18:45Eu não sou economista, mas o que eu mais escuto
18:48são pessoas que estão apavoradas com o futuro
18:51do que vai acontecer daqui para frente.
18:54Então, eu acho que o Supremo tem sim
18:55que terminar esse problema para poder olhar o quê?
18:58para o futuro, porque 2026 não vai ser um ano fácil
19:01em todos os aspectos, seja no ambiente político,
19:03seja no ambiente econômico, em virtude principalmente
19:06desse tarifácio aí que já está começando a trazer
19:08uma série de problemas, em especial para o pessoal do agro.
19:12Pois é, a gente está falando de futuro de 2026
19:15e em alguns casos o futuro praticamente já chegou, né?
19:18Dentro de uma semana, as taxas do presidente Donald Trump
19:23dos Estados Unidos devem entrar em vigor
19:25no dia 1º de agosto e esse tarifácio tem provocado
19:28movimentações de representantes do governo aqui no Brasil.
19:32Nessa semana, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros
19:36do Itamaraty, Philip Gogh, afirmou que as tarifas de 50%
19:40sobre produtos brasileiros são arbitrárias
19:42e serão implementadas de forma caótica.
19:45Durante discurso na Organização Mundial do Comércio,
19:48o secretário também expressou preocupação
19:51com o uso de medidas comerciais como instrumento
19:54de interferência em assuntos internos de outros países.
19:58Ainda durante a sua semana, que foi cheia de informações
20:02sobre o assunto, o ministro do Desenvolvimento
20:04e Assistência Social, Wellington Dias,
20:07disse em uma entrevista que o tarifácio imposto por Trump
20:10pode desequilibrar o mercado interno no Brasil.
20:14De acordo com o ministro, a tarifa imposta pode resultar
20:16em uma redução momentânea nos preços de alguns alimentos
20:20no mercado brasileiro, mas, por outro lado,
20:22pode desestimular os produtores.
20:26Patrícia, vou começar essa rodada com você
20:28para contar para a gente mesmo, assim,
20:30untam dias para as tarifas entrarem em vigor.
20:34O impacto é imediato para o Brasil?
20:37É um pouco mais longo, a médio prazo?
20:41O que a gente pode esperar a partir do dia 1º?
20:43O impacto já é imediato, né?
20:46Quando nós pensamos em exportações de perecíveis,
20:49por exemplo, pescados, produtos orgânicos, enfim,
20:53já se fala num impacto imediato, né?
20:56E que afeta vários estados da federação.
20:59Não somente São Paulo, em relação à laranja,
21:02exportação de laranja, de suco de laranja,
21:05que vai zerar, como estados como Rio Grande do Sul,
21:08extremamente afetado também.
21:11Existem já mercadorias que estão, nesse momento,
21:15sendo transportadas e não se sabe exatamente o que acontecerá,
21:20se chegarão a tempo antes do dia 1º de agosto ou não.
21:24Estados que nem parece, assim, para a maioria das pessoas,
21:29mas que também tem um volume grande de exportações,
21:33como o estado do Ceará, por exemplo, né?
21:35E que também são afetados.
21:38E por isso, as federações da indústria já estão se articulando, né?
21:43Junto à CNI, assim também o pessoal do agro com a CNA,
21:49para que tentem algumas possibilidades para que minimizem esses efeitos.
21:55Inclusive, tem uma articulação, tanto com os empresários americanos,
22:01que também temem por essa questão,
22:03porque isso vai aumentar os preços abruptamente no mercado americano,
22:10vai gerar inflação ou, então, desabastecimento.
22:14E isso tudo tem um impacto muito grande.
22:16Então, tem essa articulação junto aos parlamentares americanos,
22:21através dessas federações, junto com a CNI e também o pessoal do agro via CNA,
22:28e diretamente com os próprios empresários americanos.
22:31É bastante grave a situação que nós nos encontramos.
22:35Helen, você vê chance de negociação,
22:38ou pelo menos de atraso dessas medidas, nesse pouco tempo que resta?
22:42Não parece uma chance concreta,
22:44uma vez que os canais diretos de interlocução estão fechados, né?
22:49A gente sabe, por exemplo, que a nossa embaixadora em Washington
22:52tentou procurar o Departamento dos Estados Unidos e recebeu uma negativa.
22:57Então, quais são?
22:58São as ações paralelas,
23:00seja via entidades com seus pares nos Estados Unidos,
23:02como mencionou aqui a Patrícia, né?
23:04A gente sabe que, por exemplo,
23:05os empresários brasileiros que exportam para os Estados Unidos
23:07estão pedindo a seus pares, aqueles que estão importando lá,
23:10que tentem fazer algum tipo de pressão.
23:12A gente tem o grupo de senadores
23:14que está se encaminhando para os Estados Unidos
23:16para falar com seus pares parlamentares
23:19para tentar também, de alguma maneira,
23:23exercer pressão na sociedade americana,
23:25mostrando isso.
23:26Olha, vai encarecer ou a qualidade é inferior
23:29para ver se essa pressão de empresários,
23:32de parlamentares,
23:33pode fazer algum tipo de volume na Casa Branca.
23:35O que nós temos de fato até esse momento?
23:38O que se tem de fato nesse momento
23:40é que agora o Brasil é o único país
23:43que as negociações estão travadas,
23:45na prática estão travadas.
23:47Japão já avançou, União Europeia avançou,
23:51a gente tem Vietnã que avançou,
23:53vários países conseguiram destravar as negociações,
23:57nós não conseguimos fazer isso até este momento.
24:02Inclusive, o presidente Lula disse nessa semana,
24:05fez algumas provocações ali ao presidente Donald Trump,
24:08disse, por exemplo, olha aqui,
24:09se Trump estiver jogando truncando,
24:11está pronto para pedir um 6
24:13e algumas entidades têm se manifestado
24:16que essas falas, elas são confusas
24:19para uma negociação.
24:21Thaís, a postura deveria ser essa,
24:23deveria ser outra?
24:24Não tem nada de confuso, gente.
24:26Ele está defendendo a soberania do nosso país.
24:29Nós estamos falando de um impacto
24:31de 0,04% no PIB.
24:34Quando a gente fala de suco de laranja,
24:36a gente está falando de 0,01% do PIB.
24:39Nós estamos falando de três empresas multinacionais
24:42que controlam a produção
24:44e a venda de suco de laranja para os Estados Unidos.
24:47Para!
24:48O que o Lula está fazendo é demonstrando
24:50que a soberania é mais importante
24:53do que qualquer forma de tentar pressionar o nosso país.
24:58Então, não é uma...
24:59Ah, mas ele...
25:00Tudo bem, poderia ser diferente, poderia...
25:02Mas o Lula é assim.
25:04O nosso presidente, o eleito pelo nosso país,
25:06é um presidente que preza a soberania nacional
25:09acima de qualquer coisa
25:11e eu não consigo enxergar um outro caminho
25:13para essa criancice,
25:16para essa palhaçada que o Donald Trump fez
25:18e está bancando isso até o final.
25:20Eu tinha uma impressão um pouco diferente da Ellen,
25:24mas acho que a experiência dela é muito maior que a minha
25:26em relação a prever cenários,
25:28mas eu imaginava que ele ia chegar no dia 1º e falar
25:29brincadeira, a gente não vai mais brincar disso.
25:32Porque ele é um fanfarrão.
25:33Então, eu acho que a gente muitas vezes leva o Trump muito a sério.
25:37E o Lula tem essa postura de desdenhar
25:41de certas posturas que não têm outro nome,
25:43a não ser infantis do Donald Trump.
25:46Não existe um embasamento técnico para esse tarifaço.
25:49Então, eu entendo que a postura do presidente é importante.
25:52A presidente do México seguiu a mesma linha
25:54de tirar sarro, de desmoralizar o presidente dos Estados Unidos
25:58quando ele vem pressionar tentando mandar no mundo.
26:01Então, é uma oportunidade do Brasil buscar novos mercados,
26:05mostrar que, de fato, o Brasil está acima de todo,
26:08o Brasil acima de todos,
26:09e que a nossa soberania continuará sendo exercida por nós,
26:13como manda a Constituição Federal no artigo 1º.
26:15A Patrícia queria comentar.
26:16Eu concordo que há uma atitude infantil de criança, do Trump,
26:22mas essa atitude infantil também merece que, do outro lado,
26:26no caso do Brasil, nós tenhamos atitudes adultas
26:29e articuladas internacionalmente.
26:32E quando a gente fala de novos mercados,
26:35é bem mais complexo do que pode parecer.
26:38É não só se adaptar às regras de cada mercado,
26:41que já compra de outros mercados,
26:44precisa de um estudo de mercado aprofundado,
26:47e isso demora meses.
26:49E quando a gente fala, por exemplo,
26:50de produtos perecíveis,
26:52como é o caso do estado do Ceará,
26:54por exemplo,
26:55que 52% das exportações do Ceará
26:58vão para os Estados Unidos,
27:00então, isso tem um efeito econômico
27:03de toda a sociedade.
27:06Não tem uma receita de bolo.
27:08Então, dizem popularmente,
27:12me perdoem aqui pelo exagero,
27:14mas a gente tem que ter um jeitinho
27:15para falar com uma pessoa
27:16que não está equilibradamente,
27:19emocionalmente equilibrada.
27:21Então, a gente tem que ter aí
27:23um pouco de psicologia também.
27:26Diga, Lu.
27:28Eu vou discordar, como sempre,
27:30o voto divergente está aqui.
27:32Eu pareço o ministro Marco Aurélio,
27:33lá no Supremo.
27:34Nós estamos falando em uma redução
27:36de 48% do volume de exportações
27:41do suco de laranja para os Estados Unidos,
27:44que é mais de 5 bilhões de reais
27:46que vamos deixar de vender.
27:48Nós temos redução na venda do café verde,
27:5174% de redução das exportações
27:54no mercado açucareiro
27:56e 93% nas exportações de madeira.
28:00E aí, a minha opinião pessoal,
28:02o Planalto deveria falar
28:06de forma mais politizada
28:09no aspecto de diplomacia.
28:11Nós não temos hoje um governo
28:14que tenha um respeito
28:16do cenário lá para falar
28:18com o presidente norte-americano.
28:20Então, amenizar falando
28:22vamos procurar outros mercados,
28:24eu concordo com a Patrícia
28:25quando ela fala do risco
28:27que você tem de ter um longo período
28:29para trazer esses novos investidores
28:31aqui para adquirir esses produtos.
28:33Só que, quando a gente fala no Ceará,
28:35é um país pobre.
28:36Nós tivemos corte de mais de 1 milhão
28:38de pessoas beneficiárias
28:40do Bolsa Família.
28:41Essas pessoas vão ver com o quê.
28:44Eu estive no ano passado
28:45fazendo um trabalho de pesquisa no Ceará
28:46em escolas estaduais
28:49e você vê que as pessoas,
28:51elas têm aula de como cuidar
28:53da terra seca,
28:54não tem o que comer.
28:55É muito fácil para nós
28:56que somos de São Paulo,
28:57que temos produtos do Brasil
28:59Brasil e do mundo inteiro
29:01e temos acesso a esses produtos,
29:03comparar com o pessoal do Nordeste.
29:04É muito triste.
29:05O resultado vai ser catastrófico
29:07para a economia brasileira
29:09e para o povo brasileiro.
29:11E vai sofrer.
29:11Ela também estava esperando para falar.
29:12É, não, eu quero só fazer uma...
29:15colaborar com o que as minhas
29:17três colegas aqui colocaram,
29:18porque, assim,
29:19a gente tem na mesa hoje,
29:20sobretudo o Mercosul tem na mesa,
29:22uma série de acordos sendo negociados, né?
29:25A gente consegue fazer um acordo
29:25com a União Europeia,
29:26o Brasil tem acordos aí
29:27com o Embriado dos Árabes,
29:29eu não vou lembrar todos os países,
29:30mas a gente tem.
29:31O problema é que há,
29:32como pontuou bem aqui a Patrícia,
29:34uma transição para esses acordos
29:36efetivamente começarem a valer
29:38e o dinheiro entrar,
29:39traduzindo assim,
29:40e não é o mesmo volume.
29:43Não é o mesmo volume de exportação.
29:45Então, não é uma troca imediata
29:47que você diz,
29:47agora, não, beleza,
29:48perdemos aqui os Estados Unidos,
29:49vem aqui a União Europeia, né?
29:51Não é o mesmo volume.
29:52Então, é muito difícil.
29:54A gente está diante
29:55de um quadro muito difícil.
29:56E mais,
29:57e aí parece que
29:57eu olho um pouco assim adiante
29:59no cenário,
30:00no tabuleiro geopolítico internacional.
30:02Nesse momento,
30:03o Brasil está sendo colocado
30:04numa posição
30:05de ter que se andar
30:09entre a briga Estados Unidos e China.
30:12E Trump empurra Brasil
30:14para o colo da China.
30:16Mas essa não é uma escolha
30:17que está sendo feita por nós,
30:19é uma escolha que está sendo feita
30:20para nós, né?
30:21A nossa diplomacia
30:22não conseguiu se posicionar
30:23de uma forma
30:24de fazer
30:26uma mediação.
30:28E isso é muito preocupante.
30:30Isso é bastante preocupante
30:31no cenário
30:32daqui para frente.
30:35E existe, gente,
30:36a possibilidade,
30:38Thais,
30:38para você,
30:39então,
30:39de manter esse discurso,
30:40por exemplo,
30:41um brigando ali com o outro,
30:42de Trump recuar,
30:43voltar atrás daqui a um tempo?
30:45Então,
30:45eu já falei aqui
30:46que para mim
30:47o Trump é macho,
30:48é homem fazendo omisse.
30:50Sabe?
30:51Aquela coisa...
30:51Eu não gosto de comparar
30:52atitudes masculinas
30:53com infantilidade.
30:55Mas eu tenho
30:56muito a sensação...
30:57Agora eu me desanimei aqui
30:58porque minhas colegas,
30:59ninguém achou
30:59que ele está trucando.
31:00Mas na minha cabeça
31:01era um truque.
31:03Ele ia...
31:03Que foi a brincadeira do Lula.
31:05Acho que o Lula
31:05está pensando que nem eu.
31:07Então, você vai aqui
31:08e eu vou pedir o seis.
31:09Eu acho que a ideia
31:11vai ser recuar
31:12porque o impacto lá,
31:13imediato, inclusive,
31:15vai ser pior do que para a gente,
31:16o impacto imediato.
31:17E, na verdade,
31:18como isso não é
31:19uma estratégia econômica,
31:20mas uma estratégia
31:21de uma nova ordem geopolítica
31:23que ele está fazendo,
31:24ele está fazendo isso
31:24com vários países,
31:26para onde que ele vai correr?
31:28Então, assim,
31:28eu ainda acho que é truco.
31:31Concorda, Patrícia?
31:32Eu acho que tem uma grande chance
31:34de ser um golpe,
31:36assim, entre aspas, né?
31:37Um truco.
31:38Como eu falei,
31:38eu não entendo muito
31:39de jogo de cartas,
31:40mas, enfim,
31:41vou com minhas colegas aqui.
31:43Mas a gente tem que imaginar
31:45todos os cenários,
31:46inclusive que não seja,
31:48que seja de verdade mesmo
31:50o que ele está.
31:52Concordo com a questão
31:53da soberania do país,
31:54tem que ser preservada,
31:56então o governo brasileiro
31:57age certo com isso,
31:59mas imagino que
32:01os pronunciamentos
32:03do presidente
32:04têm que ser mais bem elaborados,
32:06mais pensados,
32:07porque existem, sim,
32:08consequências imediatas.
32:10as próprias empresas americanas
32:12já estão se movimentando
32:14contra isso,
32:15porque o impacto lá,
32:16concordo com a colega,
32:18é talvez mais grave
32:20do que aqui,
32:21mas enquanto a gente conversava,
32:22eu colocava aqui
32:23a fórmula
32:23do produto interno bruto,
32:26né?
32:26Consumo,
32:27mais investimentos,
32:28mais exportações,
32:28menos importações.
32:30Se a gente diminui
32:31as exportações,
32:32a gente afeta diretamente
32:34o nosso PIB.
32:35E num momento mundial
32:37em que os países
32:39não crescem,
32:40mas na mesma proporção
32:42que cresciam antes,
32:43qualquer 0,0,
32:45a gente precisa se preocupar.
32:48Tudo bem,
32:49mas a pergunta
32:49que eu queria fazer,
32:50aliás,
32:51eu não estou aqui
32:51para perguntar,
32:52mas eu queria de verdade
32:52saber se alguém
32:53consegue me responder.
32:54Como o Lula faria isso
32:56com o ataque
32:58feito pelo Trump?
32:59Porque o Trump
33:00deixou claro,
33:01estou na carta,
33:02tá?
33:02Na carta ele disse
33:03que estava fazendo isso
33:04como uma forma de punição
33:05à perseguição do Bolsonaro.
33:07Como que o Lula
33:08poderia responder diferente?
33:09Meninas,
33:10tem resposta?
33:11Não,
33:12mas assim,
33:12você tem que ter o adulto
33:13na sala,
33:14entendeu?
33:15Eu não sei se
33:16fazer vídeo
33:18comendo jabuticaba
33:19e dizendo que
33:20se levar no mesmo tom
33:22de lorota
33:23é a maneira mais adulta
33:25de lidar com isso.
33:26É, ok,
33:27o Trump é um cliente,
33:28né?
33:29Os Estados Unidos,
33:29não o Trump,
33:30mas os Estados Unidos
33:30são nossos clientes.
33:32Quem tem cliente,
33:33tem empresa,
33:34vocês devem ter.
33:35Você sabe como é
33:36que é um cliente?
33:36Tem um cliente
33:37que às vezes
33:37é um pouco mais chato,
33:39às vezes é um pouco
33:40mais difícil,
33:40tem probleminhas.
33:41Mas ele sempre tem razão.
33:43Mas ele sempre tem razão,
33:44né?
33:44E assim,
33:45e neste cenário,
33:46veja bem,
33:47o Japão,
33:47que foi o primeiro país
33:48que conseguiu fazer um acordo,
33:49o Japão tinha uma tarifa ali de,
33:51acho que na empresa automobilística
33:52era 1,5%,
33:53uma coisa assim,
33:55passou para 15%.
33:56Esse é o benchmark.
33:56A gente não volta mais
33:58para o que era antigamente,
33:59gente.
33:59Não volta mais
34:00para o que era.
34:01Então,
34:01assim,
34:02nós precisamos pensar
34:03no pior cenário possível.
34:05E o pior cenário possível
34:06está dado por enquanto
34:07para a gente.
34:08Como que a gente
34:09atenua esse cenário,
34:10né?
34:12O Trump já mostrou
34:13que o perfil dele,
34:14ele é uma pessoa
34:14que gosta de ser bajulada.
34:16Ele é,
34:16é isso,
34:17é isso.
34:18Foi assim que ele respondeu
34:19com a OTAN,
34:19por exemplo.
34:20Ele estava lá,
34:21tirando todo o apoio
34:22da Ucrânia e tal.
34:23De repente,
34:23ele foi bajulado
34:24pelo secretário da OTAN.
34:25Ele muda de opinião.
34:27Ele gosta de ser bajulado.
34:28É o perfil dele.
34:29Ele é essa pessoa.
34:30Ah, um líder mundial
34:31não pode.
34:31Não pode,
34:31mas é.
34:32É o que é.
34:33Então,
34:34como que a gente lida
34:34com isso?
34:35Antes do intervalo,
34:36agora temos Lu
34:37dizendo se acha
34:38que Trump pode voltar atrás.
34:40E para fechar,
34:41Patrícia.
34:43Eu entendo
34:44que o Trump,
34:45ele age como Jacobes,
34:46direito penal do inimigo.
34:48Ou seja,
34:49o terrorista foi lá,
34:50derrubou as torres gêmeas,
34:52vai lá e destrói
34:52o país deles.
34:53O Brasil vai
34:55e contraria a vontade dele.
34:57Ok,
34:58onde nós vamos pegar?
34:59Eu não quero matar pessoas,
35:00eu não quero fazer guerra,
35:01mas eu posso espremer.
35:03E eu vou espremer
35:04através de onde?
35:05Da economia.
35:07E é o que ele está fazendo.
35:08E aí a gente pega
35:09problemas internos.
35:11Quando a gente teve
35:11a confusão
35:12entre o Poder Judiciário
35:14e lá o pessoal
35:15do Legislativo Centropolítica,
35:16nós tivemos lá
35:18no STF,
35:20ministro aplicando
35:21a teoria
35:22da democracia
35:23defensiva
35:24que veio lá
35:24da Alemanha.
35:25Então, assim,
35:26pau que bate em Chico,
35:27bate em Francisco.
35:28E o que o Trump está fazendo,
35:29por mais absurdo que seja,
35:31de certa forma,
35:31se fizermos uma análise
35:33que tem lógica
35:34da situação toda,
35:35temos, sim,
35:36um direito aqui
35:37de ambos os lados
35:38de reclamar,
35:39porém,
35:40o Trump não está
35:41tão ruim
35:42sozinho
35:42nas decisões dele.
35:43Patrícia,
35:44como nossa economista,
35:45fecha essa rodada
35:46sobre o tarifácio
35:47com um entendimento
35:50do que a gente pode esperar
35:51pelos próximos dias.
35:53É,
35:54estamos todos
35:54na expectativa,
35:55mas temos, assim,
35:57boas notícias, né?
35:59A Europa já se articula
36:00em relação
36:01a esse tarifácio
36:02do Trump,
36:03porque isso tem reflexo
36:04em toda a economia global.
36:06Então,
36:07já estão pensando, né,
36:09em reavivar
36:10a OMC também,
36:12que está parada
36:13desde 2019,
36:14desde que o Trump
36:16chegou aí
36:17nessa história,
36:18mas esse apoio
36:19da Europa
36:20também é importante,
36:21mas é preciso, sim,
36:23muita articulação,
36:25né,
36:25muita racionalidade
36:27nos pronunciamentos
36:28do nosso governo
36:29além da articulação.
36:31Vamos começar falando
36:32do deputado federal
36:33Eduardo Bolsonaro,
36:34que afirmou
36:35que não pretende
36:36renunciar o cargo
36:37e que vai conseguir
36:38levar o mandato
36:39por mais três meses.
36:41O parlamentar
36:42pediu licença
36:43em março deste ano
36:44e foi morar
36:45nos Estados Unidos,
36:46alegando
36:46perseguição política.
36:48de acordo
36:49com as regras
36:49internas
36:50da Câmara
36:50dos Deputados,
36:51essa licença
36:52terminou no último
36:53dia 20
36:54e o deputado
36:55agora pode ser
36:55caçado
36:56por faltas.
36:58Assunto
36:59para a gente
36:59começar com a Thaís,
37:01né,
37:01para contar um pouco
37:02para a gente
37:02desse regimento.
37:04A ideia,
37:05pelo que se fala
37:06até agora
37:07de Eduardo Bolsonaro,
37:09é tentar
37:09driblar
37:10e conseguir
37:11uma permissão
37:12para ficar por lá
37:13ou tentar
37:13uma secretaria,
37:14tem essa conversa
37:15também.
37:16Pode?
37:17É possível?
37:17A Constituição
37:18é muito clara
37:19no artigo 55
37:20em dizer
37:21que um terço
37:22das faltas
37:23decorreria
37:25na cassação,
37:26mas essas faltas
37:27teriam que ser
37:28injustificadas.
37:30A justificativa
37:31dada
37:31que é a perseguição
37:32política
37:33que ele inventou
37:33que está acontecendo
37:34com ele,
37:34porque na verdade
37:35ele não tem
37:35um problema político,
37:37ele tem problemas
37:37jurídicos,
37:38não só ele,
37:38mas a família dele
37:39inteira que não
37:40sabe obedecer
37:40a legislação brasileira
37:42e se dizem patriotas,
37:43mas não obedecem
37:44a lei do próprio país.
37:45Então o fato é,
37:46ele não está
37:47sendo perseguido
37:48politicamente,
37:48mas ele está
37:49inventando essa narrativa
37:50para continuar
37:51faltando
37:53e tentando justificar
37:54isso na perseguição.
37:55A Câmara vai ter que
37:56votar sobre essa
37:57justificativa,
37:58entender se essa
37:59justificativa é ou não
38:01suficiente para as faltas
38:03em um terço
38:04das sessões.
38:06Eu espero
38:07que a gente
38:09esteja organizado
38:11e consciente
38:12o suficiente
38:13para entender
38:13que isso
38:14não passa
38:15de uma forma
38:16de tentar
38:17fugir
38:17das responsabilidades
38:19parlamentares.
38:20Ele foi eleito
38:20pelo povo,
38:21ele recebeu
38:23um salário
38:23para trabalhar,
38:24rendimentos para
38:25trabalhar
38:25em nome do povo
38:26e agora
38:27fugir
38:27para pedir arrego
38:28nos Estados Unidos
38:29e depois dizer
38:30que está sendo
38:30perseguido
38:31é uma palhaçada
38:32para dizer o mínimo.
38:33Além,
38:34já tem inclusive
38:35falas de bastidores
38:37que os ministros
38:38do Supremo Tribunal
38:39Federal
38:39têm visto
38:40com cautela
38:41e com uma ressalva
38:42essa tentativa
38:43principalmente
38:44de tentar
38:44uma secretaria
38:45no Rio de Janeiro.
38:46Pois é,
38:47o que eu consegui
38:48apurar
38:49conversando
38:50com os parlamentares
38:51é que,
38:52número um,
38:53o incômodo
38:54que essa situação
38:54está gerando.
38:55Porque o que acontece,
38:57a Câmara
38:59aceita,
39:00vamos dizer,
39:01essa ausência
39:02sem uma justificativa
39:03válida.
39:04Você abre
39:05um precedente
39:05muito grave
39:06que é justamente
39:08o mandato
39:09se tornar
39:09descolado
39:11do exercício
39:12da função.
39:13Se institucionalmente
39:14a gente sabe
39:15que o nosso parlamento
39:15já não está lá
39:16com uma imagem
39:17muito boa,
39:19você aceitando,
39:21chancelando isso
39:22deixa uma saia justa
39:24muito grande
39:25para essa instituição
39:28que é a Câmara Federal.
39:30Por outro lado,
39:31a conversa
39:32que a gente ouve
39:33é que há
39:34uma previsibilidade
39:35de endurecimento
39:37de medidas
39:37para o entorno
39:38de Bolsonaro.
39:39E aí a gente fala
39:40mais especificamente
39:41do filho Eduardo.
39:44Vale lembrar
39:44que essa ação
39:45que o Eduardo
39:46está tomando hoje
39:47nos Estados Unidos,
39:48se fosse um parlamentar
39:49americano
39:50no Brasil
39:52fazendo isso,
39:53isso é crime,
39:54nos Estados Unidos
39:54isso é crime,
39:55conspirando contra
39:56a pátria,
39:57enfim,
39:58e intervindo por
39:59sanções à sua pátria,
40:00isso nos Estados Unidos
40:01seria um crime.
40:01Aqui não conheço
40:04essa previsão,
40:05se dá essa previsão,
40:05é,
40:06exatamente,
40:08mas há sim
40:09uma conversa
40:09de possível endurecimento
40:11em relação
40:11a esse entorno
40:13de Jair Bolsonaro
40:14e especialmente
40:14a esse filho
40:15que está fora
40:17do país
40:17com uma justificativa
40:19inválida
40:20para a ausência
40:21do seu mandato.
40:22Agora o que eu sei
40:23é que a saia justa
40:23dentro da Câmara
40:24está grande justamente
40:25por isso,
40:26porque essa saída
40:27desta forma,
40:28ou seja,
40:29o mandato
40:29não sendo correspondente
40:31à execução dele
40:32deixa uma imagem
40:33institucional
40:34mais difícil
40:35para os pares dele.
40:37A gente falava,
40:37né, Patrícia,
40:38inclusive,
40:39que os próprios deputados,
40:40como a Elen também citou,
40:41vêm criticando
40:42de algum modo mesmo
40:43ali de partidos
40:44não tão distantes
40:46essa situação.
40:47É,
40:48houve um pronunciamento
40:49da senadora
40:49do Distrito Federal
40:50recentemente,
40:51acho que foi ontem,
40:53que ela disse
40:54que era absurdo
40:55o que o próprio filho
40:57estava fazendo
40:57em relação ao pai,
40:59que ele estava piorando
41:00a situação do pai
41:01e ela estava
41:01culpabilizando
41:02o filho
41:03do ex-presidente
41:04pela situação
41:06mais agravada
41:08que ele se encontra
41:09nesse momento.
41:10Então,
41:11isso tem uma repercussão
41:13vindo de uma senadora
41:14com um posicionamento
41:15político
41:16bastante importante,
41:18né,
41:18isso tem repercussão também.
41:20E enfraquece,
41:21né,
41:21o próprio Eduardo Bolsonaro,
41:23ele precisa decidir
41:24se ele quer se manter
41:25como deputado,
41:27eleito por São Paulo,
41:29um dos mais votados
41:30aqui de São Paulo,
41:31mas como que ele
41:32vai representar
41:33o povo paulista
41:34na Câmara do Congresso
41:36se ele está
41:37nos Estados Unidos
41:38fora da base dele?
41:40Isso é complicado, né?
41:42Lu,
41:43a partir de agora,
41:45como pode ficar a situação?
41:46Quais são os meios
41:47para o deputado?
41:48Então,
41:49até agosto,
41:50quando do retorno
41:51lá da Câmara,
41:52nada vai acontecer.
41:54Uma coisa é fato.
41:55Se ele,
41:55eu sou advogada eleitoral,
41:56se o Eduardo Bolsonaro
41:58me procurasse e falasse
42:00me dê uma solução,
42:01seria exatamente essa.
42:02E ainda vou além,
42:04porque nós temos
42:05a resolução 17
42:07da própria Câmara
42:08que fala lá
42:09nos seus artigos 228
42:10que o parlamentar
42:11pode se ausentar
42:13para o exterior
42:14desde que eu tinha ficado
42:15por um período
42:16de 120 dias.
42:17Nós tivemos feriados
42:18que precisam ser computados.
42:19A Constituição Federal,
42:20no seu artigo 56,
42:21inciso 1,
42:22possibilita
42:23esse afastamento.
42:25E aí a gente tem
42:26a grande cerejinha do bolo
42:28que é onde traz
42:29toda a legitimidade
42:30para ele
42:30e que vai ser
42:31a grande estratégia
42:33dos aliados
42:33da família Bolsonaro
42:34que é a utilização
42:36do artigo 230
42:37da mesma resolução 17
42:39de 89
42:39que fala
42:41que se o parlamentar
42:42exercer
42:43a função de secretário,
42:46ele apenas pede
42:47afastamento do cargo,
42:48ou seja,
42:48o cargo continua sendo,
42:50não é dele,
42:50é do partido,
42:51mas é ele
42:51que é o mandatário
42:52deste cargo.
42:53Fica lá guardadinho,
42:55esperando o quê?
42:57Vai ser reeleito,
42:58não vai ser reeleito
42:58se ele sair candidato
43:00e se ele não sair
43:01aguardando o novo presidente.
43:03Então,
43:04até agosto,
43:05nada será feito.
43:07E tudo que for feito,
43:08por mais que vai
43:09esbarrar no Supremo,
43:10o Supremo
43:11vai ter que representar,
43:13como é que fala,
43:14vai ter que respeitar
43:15as regras
43:16e a própria Constituição
43:17dá o direcionamento
43:19e a Câmara
43:20tem uma resolução.
43:20E a gente tem outro ponto,
43:22uma solução
43:23que foi levantada
43:24lá pelo deputado
43:25Evanir Ribeiro de Mello
43:27do PPS do Espírito Santo,
43:29ele apresentou
43:29uma proposta recente
43:30pedindo a mudança
43:31do regimento interno
43:32da Câmara
43:33para que em casos
43:34excepcionais
43:35o parlamentar
43:36possa exercer
43:37o mandato
43:39morando no exterior.
43:41E aí,
43:42lembrando,
43:43nós estamos aí
43:44numa,
43:44não falo nem
43:45pré-campanha,
43:46é campanha eleitoral
43:47de um lado direito,
43:48do outro lado esquerda
43:50e vai vencer
43:51quem gritar
43:51mais alto aqui
43:52e trouxer
43:53o maior número
43:54de apoiadores.
43:55Então,
43:55eu particularmente
43:56acho que nesse momento
43:57ele não perde o cargo,
43:58pelo contrário,
43:59vai fazer uma baita bagunça
44:00que ele já está fazendo,
44:02que é inegável,
44:03que está prejudicando
44:05a economia,
44:06está prejudicando o país,
44:07mas aí a análise
44:08precisa ser feita
44:09pelos seus pares.
44:10E aí,
44:11Thais,
44:11eleitoralmente para ele,
44:13como que isso pesa
44:14ou não pesa
44:15porque quem é de um lado
44:16já é de um lado
44:17e quem é do outro lado
44:18já é do outro lado?
44:19Eu até cheguei
44:20durante muito tempo
44:21a pensar sobre isso,
44:22que as pessoas estariam
44:23assim,
44:24muito concentradas
44:26de um lado
44:26e absolutamente
44:28alheias
44:28para qualquer realidade,
44:30porque a gente sabe
44:30que o viés de confirmação
44:32muitas vezes
44:33é maior
44:33do que a própria racionalidade
44:35e isso se aplica
44:36também aos eleitores.
44:38Mas esses movimentos
44:39que estão acontecendo
44:39agora no Brasil,
44:41especialmente quando
44:42é um grupo
44:43que sempre se disse
44:44muito patriota,
44:47que protege o país
44:48e eles começam
44:49a perceber essa traição,
44:51eu acho que isso
44:51pode ter um impacto,
44:52eu acho que essas pessoas
44:53podem acordar,
44:54parar de se informar
44:56apenas com fake news
44:57e notícias do WhatsApp,
44:58começar a perceber
44:59a realidade
45:00e ter uma mudança
45:02e isso ter um impacto
45:02inclusive
45:03nas eleições
45:04para que pessoas
45:05como ele
45:06não sejam mais eleitas
45:07para representar ninguém.
45:09Concorda, Helen?
45:10Olha,
45:10é bom lembrar
45:11que quando a gente
45:12está falando de impactos
45:13de eleição,
45:14é claro,
45:14tem o impacto
45:15da eleição presidencial
45:16que está aí na praça,
45:17mas assim,
45:18o Eduardo era
45:18o grande nome do PL
45:20para ser candidato
45:20ao Senado
45:21pelo Estado de São Paulo
45:23porque paralela
45:24à eleição presidencial,
45:26a gente tem
45:26a grande eleição,
45:28é a grande disputa
45:29que hoje está em jogo
45:30que é quem vai tomar
45:31o Senado,
45:32porque quem toma
45:32o Senado
45:33tem direito
45:34de decidir
45:36sobre o futuro
45:37dos ministros
45:38do Supremo Tribunal Federal,
45:39ou seja,
45:40meio que se você
45:40toma o Senado,
45:41você tem na sua mão
45:42o poder do Legislativo,
45:43mas também tem
45:44parte do poder
45:45do Judiciário.
45:46Então,
45:47esse jogo
45:47do Eduardo
45:48e essa posição
45:50do Eduardo Bolsonaro,
45:52ela deixa mais delicada
45:53essa estratégia
45:54que já estava
45:55muito bem traçada,
45:56sendo bem desenhada,
45:57bem trabalhada
45:58pelo PL
45:59de ter
45:59uma bancada
46:01muito forte
46:01de senadores.
46:03É um nome a menos
46:03nesse xadrez
46:05se ele não volta
46:05e se ele não tenta
46:06reivindicar
46:07o espólio político dele.
46:11Bom,
46:12a gente vira a chave
46:13agora e aproveita
46:15para repercutir
46:17esse assunto
46:17com a nossa
46:18bancada feminina
46:19sobre violência
46:20contra a mulher.
46:21Dados da 19ª edição
46:23do Anuário Brasileiro
46:24de Segurança Pública
46:25apontaram uma queda
46:26de 5,4%
46:28nas mortes violentas
46:30em 2024.
46:31No entanto,
46:32o Brasil registrou
46:33um crescimento expressivo
46:34nos casos
46:35de feminicídios.
46:37Foram 1.492 casos
46:40em 2024,
46:41o maior número
46:42desde 2015
46:44quando a legislação
46:45brasileira
46:46passou a definir
46:47esse crime.
46:48As mortes violentas
46:49de crianças e adolescentes
46:51de até 17 anos
46:52também aumentaram.
46:54Foram 2.356 vítimas.
46:58Luciana,
46:59também nossa advogada,
47:00para começar explicando
47:01um pouco,
47:02Lu,
47:02dá para a gente
47:03relacionar esse aumento
47:05à legislação,
47:06a maior número
47:07de denúncias,
47:08de conhecimento
47:09de formas de denunciar
47:11ou a gente vive mesmo
47:12uma escalada
47:13de violência.
47:13Eu acho que a estatística
47:15hoje,
47:15ela revela,
47:18não é uma realidade
47:19total do que acontece,
47:20porque nós temos
47:21uma especialista
47:22aqui na mesa
47:23que atua na área,
47:25mas eu entendo
47:26que há inúmeros casos
47:27que são subnotificados,
47:29porém hoje,
47:30através dos controles
47:31que existem,
47:32seja através
47:32das medidas protetivas
47:33concedidas,
47:35pelo Poder Judiciário
47:36ou mesmo lá
47:36nas delegacias,
47:37nós temos sim
47:38como aferir
47:39um aumento
47:41desse índice.
47:42No entanto,
47:43uma coisa é fato,
47:45após a pandemia,
47:46durante e após,
47:47esses números
47:48cresceram demais,
47:49as pessoas estão
47:50adoecidas.
47:51Eu atuo
47:52atendendo mulheres
47:54vítimas de violência
47:54doméstica
47:55dentro da minha área
47:56de família
47:57que tem uma atuação
47:58forte e é comum,
48:00começam divórcios,
48:01começam a separação,
48:02às vezes,
48:02até antes
48:03de judicializar,
48:05o caso já
48:06começa a acontecer
48:07e é comum
48:08cada vez mais
48:08homens agredirem
48:10suas mulheres,
48:11cada vez mais
48:11mulheres morrem,
48:13a pena aumentou,
48:14tem um crime específico
48:15que, no meu ver,
48:16nada muda.
48:17Quem quer matar,
48:18ele não manda recado,
48:19ele vai lá e mata
48:20e a mulher,
48:21infelizmente,
48:22ela é hoje
48:23um objeto
48:25de vingança
48:27de homens
48:27inescrupulosos
48:28que não respeitam
48:30as nossas mulheres.
48:32Thaís,
48:33qual é a relação,
48:35então,
48:35com a escalada
48:36de violência
48:36que a gente vê
48:37em diversos aspectos
48:38e que acho que as pessoas
48:39estão sentindo,
48:39né,
48:40cada vez mais também?
48:42Bom,
48:42primeiro,
48:43esclarecer que feminicídio
48:44é a morte da mulher
48:45pelo simples fato
48:46de ser mulher.
48:48E mesmo com a lei
48:50Maria da Penha,
48:50que vai fazer 20 anos
48:51em 2026,
48:53os números
48:54só crescem.
48:56Existe uma pesquisa
48:57incrível,
48:58uma filósofa,
48:59de verdade,
49:00é uma pesquisadora
49:01e filósofa
49:01norte-americana,
49:02que ela fala
49:03sobre um fenômeno
49:05que ela chama
49:05de backlash,
49:07que é o fenômeno
49:08de ressentimento
49:09dos homens.
49:10Historicamente,
49:11todas as vezes
49:11que mulheres
49:12ocupam espaços,
49:13a violência aumenta
49:15contra os cortes femininos.
49:17É importante a gente entender
49:18que o feminicídio
49:19é um projeto histórico
49:21de dominação.
49:23As mulheres
49:23continuam morrendo.
49:26Se o feminicídio
49:27fosse uma doença
49:28contagiosa,
49:29nós estaríamos
49:30numa pandemia,
49:32numa epidemia.
49:33São seis mulheres
49:35morrendo a cada...
49:36São uma...
49:37É,
49:37uma mulher
49:38morrendo a cada
49:39seis horas
49:40no nosso país.
49:42Quem são
49:42essas mulheres?
49:4364%
49:45mulheres negras.
49:4789%
49:49das mulheres
49:50que morreram
49:50em 2024
49:51foram mortes
49:52dos seus próprios
49:53parceiros.
49:5464%
49:56dentro das
49:57suas próprias
49:58casas.
49:59O que faz
49:59o lugar
50:00mais perigoso
50:01para uma mulher
50:02ser a sua
50:03própria casa.
50:04Então,
50:04veja que absurdo
50:05o que nós estamos
50:06vivendo hoje
50:07no nosso país.
50:08Um aumento
50:09de casos
50:09de mulheres
50:10que são mortas
50:11pelos seus próprios
50:11parceiros
50:12dentro das suas
50:13próprias casas
50:14e muitas vezes
50:15na frente
50:16dos próprios filhos.
50:17Então,
50:18esse é um assunto
50:19que precisa ser tratado
50:20com visibilidade,
50:22educação
50:23e projeto
50:24para que haja
50:25uma mudança
50:25cultural
50:26para que parem
50:27de nos matar.
50:28Era exatamente
50:29o ponto
50:29que eu ia tocar
50:30com a Ellen.
50:30A gente fala
50:31muito de projetos
50:32de segurança pública
50:33sempre muito voltados
50:34para diversas áreas,
50:35roubo de celular,
50:37furto,
50:38mas a gente não fala
50:39tanto de feminicídios
50:41até mesmo
50:41de mortes violentas
50:42com crianças
50:43e adolescentes.
50:44Falta legislação,
50:46falta recurso,
50:49falta realmente
50:49um olhar
50:50das autoridades
50:51para esse movimento
50:53para esses números?
50:55Com o perdão
50:55das colegas advogadas
50:56aqui.
50:57O que não falta
50:58é legislação, gente.
50:59O que não falta
51:00é legislação.
51:02Eu gosto muito
51:03que a Thais
51:04trouxe aqui
51:04o conceito
51:05da Susan Falude
51:06do backlash,
51:07porque assim,
51:08quando você olha
51:09para esse conceito,
51:10para quem está estudando
51:11de forma séria o tema,
51:12não de forma populista
51:13o tema,
51:14você entende
51:15que o que não falta
51:15é legislação.
51:16Um homem que mata
51:17uma mulher,
51:18ele não pensa,
51:19nossa,
51:19eu vou pegar tantos anos
51:20de prisão,
51:20então eu não vou fazer isso.
51:22Não é.
51:22O que o leva
51:23a matar
51:25uma mulher
51:26é todo um sistema
51:28no qual ele foi criado
51:30em que ele entende
51:30que ele pode,
51:32em que ele tem
51:32esse direito.
51:34Então,
51:35no Brasil,
51:36quando a gente escute
51:36segurança pública,
51:37qualquer crime
51:38de repercussão,
51:39a primeira coisa
51:40que você vai ver
51:41é um parlamentar
51:41propondo aumentar
51:42a pena para aquele crime.
51:44E isso não resolve nada.
51:46Isso não resolve
51:46absolutamente nada.
51:49Então, Thais,
51:49quando você diz assim,
51:50feminicídio é você
51:51matar uma mulher
51:52simplesmente por matar
51:53uma mulher,
51:55eu acredito que isso
51:56confunde muito
51:57a cabeça da pessoa,
51:59porque o homem
52:00que está nos ouvindo
52:01vai dizer,
52:01eu jamais mataria
52:02minha mulher
52:03só porque ela
52:03é uma mulher.
52:05Mas esse homem
52:06não vai,
52:07por exemplo,
52:07pensar assim
52:08se ele ficar irritado
52:10quando ele pede
52:11para se separar,
52:12quando ela pede
52:13para se separar,
52:14ele não aceita,
52:15eles se separam,
52:16ela arruma outro
52:18e aí ele entende
52:20que ele tem o direito
52:21de matar aquela mulher.
52:23Então,
52:23é essa mudança necessária.
52:26É parar de olhar
52:27para essa questão
52:28da violência contra a mulher
52:30como um caso populista
52:32para vai lá
52:33e aumentar a pena
52:34ou propõe castração química
52:36e uma série
52:37de outras bobagens
52:38que já ouvi proporem
52:39para solucionar
52:39esse tipo de coisa.
52:40Assim,
52:41isso não vai mudar
52:42se você não ensinar
52:42o seu filho
52:43que ele não pode levantar
52:44a voz com a colega mulher.
52:46que ele não é dono
52:48da mulher
52:48e quando ela faz
52:49uma coisa que o contraria,
52:51ele não pode dar
52:51uma mordida,
52:52bater e esse tipo de coisa.
52:54Mas isso começa
52:54lá do início, né?
52:56E isso,
52:57a Patrícia,
52:57que é economista,
52:59pode falar bem para a gente,
53:00também vai além
53:01de desigualdades sociais.
53:02Claro que esse é um fator
53:03que interfere
53:04em muitas coisas
53:05da vida de todos,
53:07mas a gente tem
53:08crimes como esse
53:09em todas as classes sociais, né?
53:11Em todas as classes sociais.
53:14Também muitos,
53:15muito desse feminicídio,
53:17podem sim,
53:18em classes mais altas,
53:19ser provocados
53:20por uma questão
53:21de violência patrimonial também, né?
53:23Isso a gente também
53:24tem que conversar sobre isso.
53:26Muitas vezes,
53:27e também na minha área,
53:28no escritório,
53:29eu vejo,
53:30as mulheres não têm noção
53:31do patrimônio envolvido
53:32daquele casal,
53:33por exemplo.
53:34E quando a mulher
53:35começa a entender,
53:36e muitas vezes
53:37o CPF dela
53:39está atrelado
53:40a uma empresa,
53:41e aí se fala
53:42em desconsideração
53:42da personalidade jurídica,
53:43enfim,
53:44um assunto
53:45bastante complicado
53:47e complexo, né?
53:49Mas,
53:49quando você fala,
53:50Thaís,
53:51em aumentar as penas,
53:52a mínima é 20 anos,
53:54a máxima é 40 anos.
53:56Aumentar mais do que isso,
53:57não sei se resolve o problema,
53:58creio que não.
54:00A progressão de regime
54:01desse,
54:02de feminicídio, né?
54:04Para os condenados
54:04por feminicídio,
54:06ela só começa
54:07a acontecer
54:07quando cumpre
54:09mais da metade
54:09da pena.
54:11Então, assim,
54:11é bastante severo
54:13o que já
54:14temos como penalidades
54:16aqui para o...
54:18Não estou defendendo,
54:19pelo amor de Deus,
54:19mas em matéria
54:21de pena,
54:21a gente já está
54:22no máximo,
54:23deixou de ser qualificado,
54:24passou para ser
54:25feminicídio,
54:26e não adiantou,
54:27a gente está com aumento
54:28nos números.
54:29Por exemplo,
54:30isso com meninas,
54:32adolescentes,
54:32aumentou 30%
54:34os feminicídios
54:34em relação
54:35a meninas adolescentes.
54:36As mulheres,
54:37a colega falou aqui
54:38das mulheres negras
54:40também que
54:41mais de 70%,
54:44a população
54:45entre 18 e 44 anos
54:47também é muito expressivo,
54:49mas com as mulheres
54:50acima de 60 anos
54:51também aumentou.
54:52Então,
54:52em todas as faixas etárias
54:54houve aumento,
54:55a sociedade precisa
54:57parar e conversar
54:59a esse respeito.
55:00Acho que vai muito
55:00pela educação.
55:01Claro que
55:02quando está ali
55:03endemoniado,
55:05como diríamos assim,
55:06porque para explicar
55:07uma palavra popular
55:08aqui,
55:09mas não tem
55:10outra explicação,
55:11porque foge
55:11a racionalidade.
55:14Como que a gente
55:15vai fazer
55:15para que isso
55:16diminua?
55:17Aumentar as penas
55:18não creio
55:18que possa melhorar.
55:20De forma alguma.
55:21Nunca vou defender
55:23a ideia
55:23de aumentar penas,
55:24até porque são
55:25as maiores penas
55:25e a lei
55:26Maria da Penha
55:26é a lei mais moderna
55:27do mundo
55:28de combate
55:29à violência
55:29contra a mulher.
55:30A única lei
55:31do mundo
55:31que fala
55:32dos cinco tipos
55:33de violência
55:33contra a mulher.
55:34Moral,
55:35psicológico,
55:36financeiro,
55:37sexual e físico.
55:39A única lei
55:39no mundo
55:40que protege
55:40a mulher
55:41a essas cinco
55:42formas de violência
55:43e também fala
55:43da violência
55:44institucional.
55:45Então,
55:46na verdade,
55:46não é uma questão
55:47de aumento,
55:47mas sim
55:48para que as pessoas
55:49entendam que a lei
55:50será de fato
55:51cumprida.
55:51Porque o que o agressor
55:52fala para a mulher
55:53é assim,
55:53pode ir lá na delegacia,
55:54eu vou sair
55:55pela porta da frente.
55:56Ele não acredita
55:57que as instituições
55:58serão fortes
55:59o suficiente
55:59para o punir.
56:01Em relação
56:02à questão
56:02do feminicídio,
56:04o que conta
56:05como feminicídio
56:06é o fato
56:07da mulher
56:08ter sido morta
56:09pela condição
56:10de ser mulher.
56:11E eu concordo
56:12muito com o que você
56:13fala,
56:14Helen,
56:14que no momento
56:15em que o homem,
56:17ninguém se acha
56:18um potencial
56:19feminicida.
56:20Ninguém se acha
56:21um potencial
56:22estuprador de mulheres,
56:23mas nós estamos
56:24sendo estupradas
56:25a cada oito minutos
56:26nesse país.
56:27Então,
56:27quem são esses homens
56:29que matam uma mulher
56:30a cada seis horas?
56:31Porque todos os homens
56:31falam,
56:32mas eu tenho mãe,
56:33eu tenho irmão,
56:33mas que homem
56:34que não nasceu
56:35de uma mãe?
56:36Todo mundo
56:37nasceu de uma mulher.
56:38Então,
56:38o fato de você
56:39ter irmã,
56:40filha,
56:40esposa,
56:41não te faz
56:41menos violento
56:42para as mulheres.
56:43O que a gente
56:44precisa entender,
56:45e a fala da Helen
56:45foi muito boa
56:46nesse sentido,
56:47de começar a reconhecer
56:49os pequenos sinais
56:50de violência.
56:51O feminicídio
56:52começa com a piada
56:53machista
56:54que a gente
56:55entende como normal.
56:56Foi só uma brincadeira.
56:57Não,
56:58é essa brincadeira
56:59que é o primeiro degrau
57:00de uma escada
57:01que termina no feminicídio.
57:02Que é, inclusive,
57:03o ciclo da violência
57:04que a gente conhece.
57:05Diga, Lu,
57:06nós temos um minutinho
57:07antes do fim.
57:08Nós temos uma situação
57:09muito complicada
57:10que é o quê?
57:11A violência institucional.
57:12Às vezes,
57:12a mulher procura
57:13uma delegacia da mulher
57:15para falar
57:15que ela está sendo
57:16o primeiro sinal
57:17vítima de uma violência
57:18psicológica
57:19e ela recebe a resposta
57:20de que não pode ser lavrado
57:22o boletim de ocorrência
57:23porque não há indícios.
57:25E depois,
57:25aquela mulher sai de lá
57:26e ela acaba sendo morta.
57:29E hoje,
57:30a violência
57:30ultrapassou a carteira,
57:32o número
57:33da conta corrente
57:34dos homicidas.
57:36Por quê?
57:36Porque mulheres ricas
57:37também estão morrendo.
57:39Então,
57:40e muito.
57:41E essas são as que mais
57:42sofrem,
57:42por quê?
57:43Pela vergonha
57:44que é imposta
57:44pela sociedade,
57:46ela jamais vai contar
57:47para as pessoas
57:49que estão ao seu entorno
57:50o que está acontecendo.
57:51Então,
57:51hoje,
57:52precisa ter um viés,
57:53um olhar
57:53muito,
57:54muito antenado
57:56no que está acontecendo.
57:57E a pessoa
57:59que comece esse tipo
58:00de crime,
58:00ele dá sinais
58:01muito cedo.
58:03Recados importantes
58:04das meninas aqui,
58:05afinal,
58:06a gente não pode
58:06normalizar
58:07pequenas violências
58:08normalmente assim
58:09que começa.
58:10Lembrando também
58:11que o número
58:11da central de atendimento
58:13à mulher
58:14é o 180,
58:15em caso de necessidade,
58:17sempre importante
58:18reforçar.
58:19Bom,
58:20com isso,
58:20a gente vai terminando
58:21linha de frente
58:22por aqui.
58:23Eu agradeço muito
58:24a companhia de vocês,
58:26espero,
58:26claro,
58:26todas para o próximo
58:28sábado e agradeço
58:29também a companhia
58:30das meninas
58:31aqui na nossa
58:31bancada de hoje.
58:33Um bom fim de semana.
58:36A opinião
58:37dos nossos comentaristas
58:38não reflete
58:39necessariamente
58:40a opinião
58:41do Grupo Jovem Pan
58:42de Comunicação.
58:47Realização
58:48Jovem Pan
58:49Jovem Pan
58:50Jovem Pan
58:51Jovem Pan

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