Fernando Haddad, Ministro da Fazenda, acha que Donald Trump desistirá do “tarifaço” imposto ao Brasil, considerando que o ex-presidente americano já voltou atrás em outras situações. Haddad também criticou a postura dos EUA, dizendo que os americanos deveriam estar copiando o PIX, em vez de criar barreiras comerciais. Alan Ghani analisou. Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand Comentarista: Alan Ghani
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00:00O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não acredita que os Estados Unidos manterão a tarifa de 50% contra produtos importados do Brasil.
00:08Segundo ele, isso é prejudicial para o país de Donald Trump e vai atrapalhar a economia.
00:13O Alan Ghani, nosso analista, já está aqui no estúdio para a gente trazer aqui ideias a respeito desse tema.
00:20O Ghani, o ministro tem razão aí? Se pegar o histórico, talvez, né? Talvez ele esteja se fiando nisso. Bom dia.
00:25Tomara que ele esteja certo. Bom dia, Nonato. Bom dia, Soraya. Bom dia a toda a nossa audiência.
00:30Mas eu costumo dizer que numa guerra tarifária, todo mundo sai perdendo.
00:35E, de fato, se os Estados Unidos colocarem uma tarifa de 50% contra o Brasil, eles também sofrerão com essas consequências.
00:44Lógico, a gente sofre aqui o setor exportador, vai ter perda de lucros, de renda, de emprego, mas lá nos Estados Unidos o produto chega mais caro.
00:54E os Estados Unidos compram, por exemplo, aviões do Brasil, aviões da Embraer, compram alguns equipamentos, alguns motores pela WEG,
01:03compram também muitos produtos do agronegócio que está na mesa, no café da manhã, do americano médio, como o próprio café e como o suco de laranja.
01:14Portanto, tarifas de 50% acabam inviabilizando o comércio internacional e traz perdas para os consumidores.
01:24Eu acredito que talvez a gente chegue num meio termo, algo entre 20% e 30%, que não é a situação ideal, evidentemente,
01:33mas é algo que os agentes econômicos, e aí eu estou falando de empresas, investidores, conseguem lidar.
01:40Agora, Gani, claro, talvez Haddad esteja otimista, uma sensação que ele está tendo, de que a tarifa, enfim, não exista,
01:50ou até algo que ele queira, um axômetro, vamos dizer assim.
01:54Mas os empresários já estão se antecipando, já estão acelerando as exportações.
01:59Faz bem esses empresários?
02:00Sim, exatamente.
02:01Não só acelerar as exportações, tentar evitar esse prejuízo o quanto antes.
02:08É claro que isso também depende do setor que você está, no setor de perecíveis,
02:14e isso é bastante importante, porque você não consegue formar estoques,
02:18mas também buscar saídas de negociação.
02:21Quer dizer, os próprios empresários fazerem pressão em cima do governo dos Estados Unidos,
02:27o governador aqui do estado de São Paulo, o Tarcísio, o próprio vice-presidente da República,
02:33e isso que é muito importante, é não escalar, porque escalar essa guerra comercial
02:38significa um prejuízo principalmente para a população brasileira,
02:44além do prejuízo para os próprios empresários.
02:47Portanto, tem que agir racionalmente e pragmaticamente.
02:52Agora, o Gani, diante disso tudo, e a gente está vendo, o Brasil foi o mais taxado,
02:57mas a taxação é para todo mundo, né?
02:59Canadá, México, União Europeia, própria China também, enfim.
03:03E aí as pessoas vão lá e tentam negociar com o dono do time.
03:06Algumas são humilhadas, outras não.
03:08Agora, diante disso, o Gani, como é que fica essa diversificação dos mercados para os demais países?
03:15Porque, poxa vida, estou sendo taxado ali pelos Estados Unidos,
03:18que é um baita de um player, sem dúvida nenhuma, tem que continuar negociando com eles.
03:22Mas isso não pode abrir uma porta aí para que outros cenários e outros mercados
03:26apareçam globalmente falando?
03:29Porque são nem seis meses, vai completar agora, daqui a dois dias, seis meses de Donald Trump,
03:33e a gente já tem tudo isso.
03:35Não é o momento em que a gente pode ter uma virada no comércio mundial?
03:38Nossa, boa pergunta, Nonato.
03:40Inclusive, muitos intelectuais nos Estados Unidos, economistas,
03:43dizem que esse tarifaço de Donald Trump pode ter um efeito contrário,
03:49ou seja, um tiro pela culatra.
03:51Por quê?
03:52Porque à medida que você coloca a pressão em todos os países do mundo,
03:56uma espécie de coerção, você pode ter o efeito contrário,
04:01ou seja, incentivar que os países comecem a buscar alternativa.
04:05Peraí, você mesmo criou um sistema, eu digo você mesmo, Estados Unidos,
04:10vocês criaram um sistema de livre comércio que foi altamente positivo para a população mundial,
04:17tirou milhares de pessoas da pobreza, vocês mesmos incentivaram,
04:22e de repente vocês voltam atrás com protecionismo?
04:26Peraí, então fica difícil confiar.
04:28E aí muitos países começam a buscar alternativas, começam a buscar outros mercados.
04:34A gente vê, por exemplo, o Brasil costurando um acordo via Mercosul com a União Europeia, né?
04:41Outros países também abrindo frentes com a China.
04:44O chinês é extremamente pragmático e quer fazer negócio,
04:49inclusive muitos negócios aqui na América do Sul.
04:52Portanto, esse instrumento de pressão é uma linha muito tênue,
04:56que pode, inclusive, prejudicar os próprios americanos.
05:01Perfeito, vamos continuar acompanhando de perto.