Lula buscará soluções a tarifa de Trump pela OMC; Alan Ghani analisa

Jovem Pan News

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O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (10) que, se não houver acordo com os Estados Unidos até 1º de agosto sobre as novas tarifas impostas por Donald Trump, o Brasil aplicará a Lei da Reciprocidade. Segundo ele, a prioridade será buscar soluções via Organização Mundial do Comércio (OMC) antes de adotar medidas mais duras. Alan Ghani analisou.
Apresentadores: Roberto Nonato e Soraya Lauand
Comentarista: Alan Ghani

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00:00O presidente Lula afirmou que o governo federal pode recorrer à Organização Mundial do Comércio

00:05e à Lei de Reciprocidade Econômica para responder à taxação de 50% sobre os produtos exportados para os Estados Unidos.

00:12O Alan Ghani já está por aqui no estúdio para trazer as impressões dele a respeito dessa possibilidade.

00:19Ô Ghani, quando a gente trata de relações internacionais nos países, a gente fala que a ONU, volta e meia, ela é passada para trás.

00:24Já não tem mais a mesma força de antigamente.

00:26E a OMC? Tem força ainda diante de um player como os Estados Unidos? Bom dia.

00:31Bom dia, bom dia, Nonato, bom dia, Soraya, toda a nossa audiência.

00:34Também não tem até porque a OMC é o braço da ONU no lado comercial, né?

00:39Agora, o que a gente observa é que recorrer à OMC seria uma saída institucional que é muito válido.

00:50Agora, o que eu sou contra seria você adotar a tarifa recíproca.

00:55Por quê? Porque quando você coloca uma tarifa protecionista, ao contrário do que sugere o senso comum,

01:03você não está tirando vantagens e prejudicando o outro.

01:08É claro que você prejudica o outro também, mas você também se prejudica,

01:13na medida em que as importações começam a ficar mais caras.

01:17E o Brasil, ele é muito dependente de importações, de tecnologias, de máquinas, de equipamentos,

01:26de diversos insumos, componentes, por exemplo, chips, etc., para a nossa indústria aqui.

01:32Portanto, o processo produtivo vai se tornar mais caro.

01:36E a gente já tem uma inflação que está elevada, o custo de vida também está elevado.

01:41Então, seria adotar um remédio que, ok, prejudicaria os Estados Unidos, mas a que custo?

01:48A um custo muito grande para a nossa própria população.

01:52Ou seja, a tarifa protecionista é um remédio que acaba se voltando contra nós mesmos.

01:57Inclusive, quando o próprio Trump adota tarifas protecionistas contra diversos países do mundo,

02:04ele também está se prejudicando.

02:07Então, não acredito que a reciprocidade seja uma boa saída.

02:12Agora, recorrer à OMC, por mais que a OMC esteja esvaziada, é válido.

02:18Uma tentativa, pelo menos, né, Gani?

02:20É uma tentativa.

02:20Agora, a gente vem até repercutindo a reação dos setores produtivos,

02:25setores que acompanham ali essas negociações atentamente.

02:30Qual vai ser essa resposta do governo, até já com uma certa ansiedade, né?

02:34Porque vão ser afetados. Que setores, a gente pode citar, que serão mais afetados de forma mais imediata também?

02:41É, então, os setores, por exemplo, setor petroquímico, né, com essas tarifas do Trump.

02:46O setor do agronegócio.

02:48E aí, quando a gente fala de café, de laranja, Estados Unidos, aí, um grande importador desses produtos.

02:54O setor de carnes também, setor de transportes.

02:58Alguns motores que a gente fabrica aqui também, alguns minerais.

03:02Enfim, esses setores acabam sendo mais afetados.

03:06O que a gente está falando, grosso modo falando aqui, são os setores exportadores.

03:11E que eles têm aqui um peso significativo na atividade econômica brasileira.

03:17Agora, se o Brasil colocar a reciprocidade, ou seja, também escalar, colocar tarifa de 50%,

03:24aí a indústria nacional acaba sendo prejudicada como um todo.

03:28Por quê?

03:29Porque ela é importadora de componentes dos Estados Unidos e vai ter um repasse no preço para o consumidor final.

03:37Tá certo, Gani.

03:38Obrigada por enquanto.

03:39Daqui a pouquinho você volta.

03:40Obrigado.

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