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Facções criminosas, como Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC), movimentaram R$ 150 bilhões com a venda de drogas, ouro e combustível ilegal em 2022. O dado acende o alerta sobre o poder do crime organizado no país.

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Transcrição
00:00Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crime organizado no Brasil já
00:05movimenta mais dinheiro com a venda irregular de combustível, ouro, cigarro e álcool do
00:11que o tráfico de cocaína.
00:12Baseado no trabalho do rastreamento de produtos e enfrentamento ao crime organizado no país
00:17em 2022, as facções como o PCC e o Comando Vermelho movimentaram quase 150 bilhões de
00:25reais com a infiltração em setores da economia, enquanto o tráfico de drogas no mesmo período
00:31teria rendido cerca de 15 bilhões de reais.
00:34Este é o primeiro estudo feito no Brasil para registrar o impacto do crime na economia
00:39formal.
00:40Segundo esse levantamento, as facções começaram a investir em produtos do mercado formal para
00:46lavar o dinheiro do tráfico, mas logo eles perceberam as vantagens financeiras e políticas
00:52também de diversificar os seus negócios, atuando em mais de 20 atividades econômicas.
00:57Começar essa com o Roberto Mota, que estuda muitos ingredientes que envolvem crime organizado,
01:05segurança pública, vai pontuar e trazer suas percepções a respeito desse estudo, dessa
01:12projeção, né Mota?
01:13Você é sempre muito cuidadoso e adota uma cautela quando a gente traz esses números, esses
01:19levantamentos feitos por ONGs, sobretudo, né?
01:24Mas queria que você trouxesse sua avaliação sobre um movimento que você já tinha destacado
01:30aqui, né?
01:30Ao longo dos anos, as facções criminosas precisam lavar o dinheiro, começam a abrir negócios,
01:36restaurantes, postos de combustíveis, sei lá, salão de beleza, uma série de negócios
01:41e aí, claro que esses negócios crescem, redes de pizzaria, redes de postos de combustíveis,
01:47o negócio dá certo, se bem administrado e naturalmente é um dinheiro que entra sem
01:52nenhuma taxação, né?
01:53Digo, para investir naquele negócio.
01:56E aí, prosperam, Mota, 150 bilhões de reais em negócios formais só em 2022.
02:03Essa é a projeção de quanto as facções movimentaram em negócios legais.
02:07É, eu, como você disse, Caniato, eu sempre tenho muita cautela com essas pesquisas, eu
02:14não li essas pesquisas, não tive acesso aos dados e fico imaginando que o PCC também
02:20não mantém uma contabilidade, dizendo, olha aqui o nosso faturamento.
02:24Então, naturalmente, várias dessas coisas são projeções, são estimativas.
02:30Eu não tenho dúvida que a situação é grave, é gravíssima, a gente já fala sobre
02:34isso há muito tempo.
02:35As facções no Brasil, elas não só têm cadeias de postos de combustíveis, elas
02:42tomam de assalto cidades inteiras, como já aconteceu inúmeras vezes.
02:46Então, eu não vejo muita novidade nessa informação.
02:52Eu não sei onde é que está realmente a grande novidade aí.
02:57É importante chamar a atenção que cigarro, gasolina, são produtos legais e regulamentados.
03:04Isso deveria servir de lição para as pessoas que defendem a legalização das drogas, dizendo
03:10que legalizadas as drogas, o crime vai acabar, as facções vão acabar.
03:16Bom, cigarro e gasolina são produtos legalizados.
03:20Eu acho que o que a gente pode dizer, diante de uma informação como essa, é que é inaceitável
03:29o ponto ao qual chegou o poder das facções criminosas no Brasil.
03:33Muitas vezes a gente fala aqui sobre episódios de infiltração das facções nas instituições
03:41de Estado.
03:42É um problema cuja dimensão ninguém consegue avaliar com precisão.
03:47O fato é que esses grupos já se tornaram um Estado paralelo.
03:53E me impressiona muito que o Estado brasileiro, tão ansioso do seu poder, das suas atribuições,
04:01siga ignorando o perigo apresentado pelas facções.
04:05Vale só lembrar aqui também, como última observação, que não faz muito tempo que o governo
04:11brasileiro se recusou a classificar as facções como grupos terroristas.
04:17Você, Edurso, essa notícia que indica que facções criminosas teriam movimentado quase
04:24150 bilhões de reais só no ano de 2022.
04:28E se essa informação for verdadeira, estamos falando de um lucro superior ao tráfico de
04:36drogas, propriamente, que todas as facções iniciaram as suas atividades vendendo esse
04:42tipo de produto ilegal.
04:44Enfim, quais são os sintomas, o diagnóstico a respeito desse cenário e o que é preciso
04:51considerar quando um estudo aponta um faturamento próximo a uma grande companhia, uma multinacional
04:59que opera no Brasil?
05:01É gravíssimo, Caniato, porque esse faturamento não está na ilegalidade ou na informalidade.
05:07Ele está dentro do modelo de negócio totalmente legal, claro, oriundo do crime, mas na expectativa
05:15que tem difícil controle do Estado, porque eles usam, como você bem disse, estabelecimentos
05:21lícitos, com muitas vezes até o recolhimento de imposto, emissão da nota fiscal, para
05:26lavar o dinheiro do crime e dar, lógico, algum tipo de licitude para aquilo que é vendido
05:34ou o serviço que é prestado.
05:36Mas isso é muito grave, porque os valores são tão altos que impressionam a ponto de
05:40vista que sempre quando as novidades penais, sempre quando a gente toma medidas no ponto
05:46de vista criminal, nós estamos tentando combater o ilícito.
05:50Então, combate o tráfico de droga, combate arma, mas a gente esquece que o crime organizado
05:56está tão grande no Brasil que ele está infiltrado não só nas instituições, mas
06:00na economia em si.
06:01Então, o controle também é necessário por tecnologia.
06:05A gente precisa, de alguma forma, ter mais controle, usar canais de denúncia.
06:10Muitas vezes as denúncias, nesse sentido, são positivas.
06:14A gente precisa de órgãos fiscalizadores.
06:16A gente sabe que grande parte, razoável parte de postos de combustíveis estão ligados
06:22ao crime organizado.
06:23Onde está a fiscalização?
06:25Onde estão as investigações nesse sentido?
06:27Então, eu sei que é difícil a gente chegar à origem de toda aquela verba, etc., mas esses
06:32dados apontam que, de alguma forma, nós estamos sendo omissos ao crescimento do crime organizado
06:38na formalidade.
06:40Porque o informal a gente combate desde sempre.
06:43Desde quando eu nasci, já se falava em crime organizado vendendo droga, por exemplo.
06:47Mas vendendo gasolina, recebendo por isso dinheiro do trabalhador, que está indo no fim para favorecer
06:53o crime organizado e o chefe dessas organizações.
06:56Por isso que esses grupos que combatem essas organizações criminosas precisam ser fortalecidos.
07:03O dinheiro público tem que ser bem investido.
07:05Tem que preparar com tecnologia, com armamento, combate ao crime organizado.
07:10Porque, por muito tempo, nós acreditamos que aquele time de futebol lá, conhecido como
07:14PCC, não ia crescer.
07:16E hoje é uma enorme organização criminosa que, inclusive, em recente notícia, mostra
07:21que já está com seus membros em vários países, mais de 20 países espalhados pelo mundo.
07:28Vale dizer, eles cresceram muito a ponto de intervir em países não só vizinhos do Brasil,
07:34mas também na Europa, nos Estados Unidos.
07:36E, por isso, a gente precisa combater melhor o crime organizado, porque eles estão enriquecendo
07:40muito mais do que os próprios empresários nesse país.
07:44Pois é.
07:44Dávila, aumenta o desafio das instituições para combater o crime organizado a partir de um
07:51estudo como esse, porque é preciso asfixiar justamente esse braço legal das facções
07:58criminosas que, em tese, podem apresentar, a depender do tipo de fiscalização, todas
08:05as certificações, o contrato social.
08:09Aparentemente, uma empresa formalizada opera dentro da legalidade.
08:15É difícil você conseguir brigar com uma facção criminosa que chega com um caminhão
08:23de dinheiro, investe em uma rede de postos de combustíveis e acaba operando na legalidade,
08:30inclusive quebrando muita gente que tem que pagar imposto.
08:34Não é, Dávila?
08:34É, Caniato.
08:37Esse crescimento exponencial do crime organizado é o retrato da falência do Estado brasileiro.
08:43Uma organização que começou com seis pessoas nos anos 90 na cadeia em São Paulo tornou-se
08:50uma organização hoje que está espalhada em mais de 28 países e se fatura em mais
08:55de 150 bilhões de reais.
08:57O que aconteceu?
08:58Como é que isso é possível?
08:59Mostra a total falência do Estado.
09:02Falência na segurança pública, falência dos seus órgãos fiscalizadores, falência
09:07principalmente da nossa economia de mercado.
09:12Veja que coisa interessante, Caniato.
09:15O ramo no qual o crime organizado prospera, no ramo, entre aspas, legal, é o mercado regulado.
09:22Por que o mercado regulado, Mota?
09:24Porque é um mercado que tem reserva de mercado, que não tem competição.
09:28Eles não querem entrar, não tem competição.
09:30Eles querem entrar, não tem reserva de mercado.
09:32Porque aí você controla as pontas importantes.
09:37Nós temos o monopólio do combustível.
09:39O que acontece?
09:39Não é para fazer negócio legal.
09:41A melhor coisa é você atuar no mercado regulado de maneira ilegal.
09:46Ou seja, você sonega, você não paga os direitos do trabalho ali, você não faz nada direito.
09:50E aí é óbvio que a sua margem em relação à competição torna-se gigantesca.
09:54É o que está acontecendo.
09:56Mercado de bebida, altamente regulado.
10:00É o que falsifica bebida, mexe bebida, contrabandeia bebida e ganha dinheiro.
10:05Tabaco, a mesma coisa.
10:06Mercado altamente regulado.
10:09Pouca competição.
10:10O que acontece?
10:12Você entra e falsifica, trafica, contrabandeia, cigarro falso.
10:17É assim que funciona.
10:18Então, não tem negócio mais lucrativo do que burlar as regras no mercado regulado de baixa competição.
10:26Então, isso mostra total falência.
10:28E ouro.
10:28A gente acabou de falar de ouro aqui.
10:30Mineração.
10:31O contrabando de ouro ilegal no Brasil hoje é uma barbaridade.
10:36Talvez seja o mais lucrativo de todos esses negócios.
10:39Por isso que hoje o PCC controla boa parte do território de se ouro ilegal é explorado na região norte.
10:45Então, o que isso mostra?
10:47A falência da economia de mercado, a falência do Estado regulador.
10:51Porque como é que você movimenta 150 bilhões de reais em lucro, em atividade, canhato?
10:59E o COAF não pega, Receita Federal não pega, ninguém pega.
11:03Como é que não pega?
11:03Tem 200 órgãos reguladores, inclusive as agências reguladoras.
11:07E como é que não consegue parar isso?
11:09Então, mostra a falência do Estado brasileiro.
11:13Isso sem tocar no assunto da própria segurança pública.
11:19O crime organizado hoje é uma ameaça ao Estado brasileiro.
11:24E nós caminhamos seriamente a nos tornar um narco-Estado
11:29se continuarmos nessa toada de tratar o crime organizado
11:34com essa atitude molenga que o Estado brasileiro lida com essas organizações criminais.
11:42Pois é, e tem uma reportagem muito interessante, viu, Mota?
11:47Que inclusive foi publicada nesses dias, dizendo que a Faria Lima,
11:51para quem não é de São Paulo, Faria Lima é uma avenida muito importante
11:54que é considerado o coração financeiro aqui de São Paulo,
11:58mas pode ser considerado o coração financeiro do Brasil.
12:02E aí os integrantes do mercado financeiro estariam medindo o risco do PCC em investimentos.
12:09Porque tem alguns setores estratégicos, como por exemplo, petróleo e gás.
12:14E aí naturalmente, por conta dessa atuação que você destacou no seu primeiro comentário,
12:18há uma avaliação do quanto o crime organizado pode impactar no investimento de players internacionais.
12:24Então há esse tipo de estudo para identificar se o crime organizado já atua em determinado setor
12:30para saber se vale a pena ou não entrar, aquele determinado investidor,
12:36investir em algum ramo aqui no Brasil, para saber se tem ou não atuação do crime organizado.
12:42E aí eu lhe pergunto, Mota, qual é o papel do Estado?
12:44Porque o Dávila fala em Estado molenga, quais são as armas do Estado para brecar
12:50esse avanço do crime organizado, principalmente o que a gente observou nas últimas duas décadas?
12:58Um dos meus amigos, o promotor de justiça Diego Pesse, do Ministério Público do Rio Grande do Sul,
13:05diz que no dia em que o Estado brasileiro realmente quiser acabar com as facções,
13:10ele faz isso em três meses.
13:12E eu assino embaixo dessa declaração.
13:16A gente viu, não faz muito tempo aqui, a aplicação de uma doutrina jurídica
13:23que trata algumas pessoas como inimigas do Estado.
13:28Então essas inimigas do Estado podem pegar 17 anos de cadeia,
13:33porque escreveram uma frase, um batom e uma estátua.
13:38Se esse mesmo modo de tratamento fosse empregado contra as facções,
13:45eu acho que essas facções não acabariam em três meses, não, acabariam em um mês.
13:50A polícia, o Estado brasileiro já sabe muito bem quem são os líderes dessas facções,
13:57onde eles operam, quais são as áreas dominadas por eles.
14:01Inclusive, a polícia do Rio de Janeiro teve as operações suspensas em várias dessas regiões
14:09por quase três anos, se eu não me engano, mais tempo, foi desde 2020.
14:19Então o Estado brasileiro sabe muito bem quem são e onde operam.
14:22E a gente vê toda hora a polícia, as polícias do Brasil, prendendo esses criminosos.
14:31Eles são presos, saem na audiência de custódia,
14:35ou então, depois de um processo judicial custoso para o Estado,
14:41ficam pouquíssimo tempo presos, depois vão para a rua de novo.
14:45Um sujeito preso, carregando um fuzil com a intenção óbvia de atirar ou em vítimas ou na polícia,
14:54fica menos de um ano preso depois de condenado, depois passa para o regime semiaberto.
15:00Essa inocência, essa ingenuidade, essa bondade que o Estado demonstra no tratamento das facções,
15:10tem um óbvio cunho ideológico.
15:13Como eu explico no meu livro A Construção da Maldade.
15:16Então o problema maior do Brasil hoje, no combate a essas facções,
15:22no combate ao crime em geral, não é problema de investimento em polícia,
15:27de equipamento, nem de técnicas de investigação, não é nada disso.
15:32É falta de vontade do Estado brasileiro de acabar de uma vez por todas com essa ameaça.
15:39O que se faz principalmente através de um sistema de justiça criminal
15:45que tire esses criminosos perigosos de circulação por tempo suficiente
15:52para que eles deixem de ser uma ameaça.
15:55É exatamente o que faz países, por exemplo, como os Estados Unidos.
15:59Durso, se arrisca em listar talvez algumas medidas emergenciais que precisam ser tomadas pelo Estado
16:08para brecar esse processo de ampliação do crime organizado,
16:12inclusive comprometendo até os investimentos em setores estratégicos da economia?
16:19Vamos lá, Caniato. Você trouxe uma informação que o empreendedor estrangeiro faz uma análise de mercado
16:26para poder investir em um setor seguro onde o crime organizado não compete com ele.
16:31E o governo, para preservar aqui o mercado nacional, taxa os aplicativos da China.
16:37Então, em primeiro lugar, o governo tem que ter interesse em acabar com essas facções criminosas.
16:41Primeiro ponto, grande parte dos líderes dessas organizações estão presos
16:46e ele, pelo presídio, consegue ter plena atuação, der as suas ordens, cuidar da organização.
16:53Por quê? Porque a gente não conseguia efetivamente bloquear os sinais dos aparelhos telefônicos dentro de presídio.
16:58Muitas vezes porque o sinal interfere em residências próximas e aí tem um problema judicial e mandam tirar
17:05ou o sistema não funciona adequadamente ou tem corrupção por parte também de certos agentes penitenciários
17:11que se tornam, claro, membros dessas facções.
17:14Veja bem, a cara de pau dessas organizações é tão grande que eles vão armados de fuzil na porta do maior aeroporto
17:23aqui de São Paulo para matar um indivíduo para ali cobrar dívidas ou dar um recado a todos
17:30que quem mexe com eles acaba morrendo na porta do aeroporto.
17:34É um local seguro, aparentemente seguro, bastante controlado, filmado.
17:38A polícia está lá, a polícia federal, a polícia civil tem delegacia dentro do aeroporto,
17:42na porta do aeroporto, o indivíduo foi assassinado.
17:45Essa é a cara de pau da organização. Não tem medo de nada nem de ninguém.
17:50E aí, sem dúvida nenhuma, uma mudança criminal.
17:53Também há um interesse em permitir essas facções, Caniato,
17:58porque a gente precisa lembrar que o Estado também se apoiou no início dessas facções
18:03numa situação em que essas facções trouxeram tranquilidade aos presídios.
18:08Então, houve uma omissão proposital por muito tempo,
18:11porque os presídios onde tinha facção criminosa,
18:13o indivíduo queria ser preso ali porque tinha certo respeito.
18:18Tinha o tribunal do crime, ninguém fazia nada com os outros,
18:21parou de ter crime dentro do presídio desde que o indivíduo pagasse ali uma taxinha, etc.
18:25E o Estado, por um tempo, achou isso bom e parou de impedir, de controlar,
18:31ou de alguma forma punir esses indivíduos que estavam cuidando dos presídios.
18:34Hoje nós vemos o maior erro com relação ao sistema prisional foi esse.
18:40Inclusive que a gente nunca mudou o sistema.
18:42Muita gente fala de privatização, de outras formas de encarceramento.
18:46A gente nunca mudou no Brasil, é o modelo desde sempre.
18:49Fora as próprias leis.
18:51A gente, há 20, 20 e poucos anos atrás,
18:56emplacou os crimes hediondos na expectativa que isso ia trazer qualquer tipo de melhora
19:00na punição criminal.
19:01Não mudou quase nada.
19:03Aumento de pena não resolve.
19:05Precisa ter interesse do Estado em controlar, em usar a inteligência.
19:09Hoje nós temos aqui em São Paulo o sistema do Smart Sample com reconhecimento facial.
19:13A gente consegue monitorar grande parte desses criminosos, executar prisões,
19:18mas falta até lugar nos presídios, Caniato.
19:21Nós temos 400 mil mandados em aberto que nem caberia nas prisões que nós temos hoje.
19:28Então a gente realmente precisa mudar toda a estrutura penal do Brasil
19:31para punir com mais rigor esses membros das facções
19:34e controlá-los, afastar da atividade criminosa.
19:37E não o presídio ser uma colônia de feras, onde ele está seguro,
19:43longe de outros membros que possam querer o seu cargo e cometer algum ato,
19:48porque acontece isso, o indivíduo é morto por causa de interesses políticos internos do crime
19:53e ali na prisão ele está seguro e consegue tirar suas feras cuidando do crime à distância.
19:59Você, Davila, essa notícia que indica que a Faria Lima,
20:03ou os representantes das grandes empresas do mercado financeiro
20:06estariam medindo o risco do PCC em alguns investimentos,
20:11em alguns setores da nossa economia.
20:14Eu sei que você é muito bem relacionado, conversa com muita gente,
20:17queria que você trouxesse um pouco dessa percepção do empresariado brasileiro.
20:21Isso está no radar dos grandes empreendedores.
20:25Há uma decepção, se não uma decepção, uma insatisfação
20:28com as políticas adotadas de enfrentamento ao crime organizado, Davila?
20:32É, Caniato, sim, está no radar do investidor.
20:36Aliás, é uma combinação da tempestade perfeita.
20:40É aumento do crime organizado em atividades como essas que descrevemos aqui, combustível, usinas.
20:48Eles estão, na verdade, achacando alguns usineiros para comprar usina.
20:51Isso está acontecendo no interior de São Paulo.
20:53Não é que está acontecendo em qualquer lugar distante, não.
20:56Aqui mesmo, no estado de São Paulo.
20:58Então, o problema é o setor.
21:01O segundo problema é a insegurança jurídica.
21:04Hoje, tira o sono do investidor estrangeiro olhar, ver como as leis não são cumpridas e não são respeitadas.
21:12Acordos não são respeitados.
21:13Toda hora depende da interpretação de um juiz para fazer valer um acordo.
21:17Então, quando você assina um acordo, você fala,
21:19bom, esses aqui são os termos, eu não vou fazer negócio.
21:22Então, tudo bem.
21:23Agora, você muda a regra.
21:24Um exemplo, imagina você ter uma empresa de rede social.
21:29Vem se instalar no Brasil.
21:30Agora, o Supremo decide censurar.
21:32O que acontece?
21:33Teu plano de negócio, acabou.
21:34Ó, você pensou que ia ganhar receita com isso e aquilo.
21:38Tá bom, acabe o plano de negócio.
21:39Acabou.
21:40Então, essa mudança, essa insegurança do marco legal no Brasil,
21:46a insegurança das regras do jogo, espanta investimento.
21:50E o terceiro é a violência.
21:51Violência, quando você pega em qualquer item hoje de percepção de negócio no Brasil,
21:57violência é número um hoje no Brasil.
22:00É achar que é corrupção, é homicídio.
22:05Estrangeiros não querem vir morar no Brasil, trabalhar no Brasil com medo de roubo, furto, assassinato.
22:10Ou seja, é um desastre.
22:12O Brasil tá perdendo negócio pra demais países por causa do crescimento do crime organizado,
22:20sua infiltração em negócios legais, nesses mercados regulados,
22:24cada vez ganhando mais mercado, não concorrendo,
22:27mas justamente explorando a ilegalidade,
22:30insegurança das regras do jogo,
22:33e este aumento tremendo da violência no Brasil.
22:36Três coisas que afetam a atrair investimentos no Brasil.
22:41Agora, Mota, surgiu aqui no nosso chat uma discussão de pessoas de dois grupos
22:48tratando justamente da atuação dessas facções criminosas.
22:52O dinheiro que impulsiona todos esses negócios legais
22:56é o dinheiro da venda de entorpecentes,
22:59o tráfico de drogas, especialmente o de cocaína.
23:02Brasil é rota, adquire e compra de países produtores de outras facções
23:07e revende, especialmente para países do primeiro mundo, Estados Unidos e Europa.
23:13E aí, claro que sempre tem aquela discussão, né?
23:15Se houvesse a legalização, descriminalização,
23:19ou se o Estado permitisse que alguns agentes pudessem comercializar essa droga,
23:25tiraria o poder dessas facções criminosas.
23:28E aí elas não teriam esse poderio financeiro.
23:31Como esse é um assunto recorrente aqui nas discussões,
23:34sempre quando a gente trata das facções criminosas,
23:37queria passar a palavra para você,
23:39responder àqueles que entendem que legalizar as drogas,
23:43permitir que empresas vendam alguns tipos de drogas,
23:47se isso enfraquece ou não as facções criminosas.
23:51Bom, o nosso espectador que fez essa pergunta
23:54não acompanhou o início da matéria.
23:56quando você disse que parte da fortuna que o PCC fatura
24:02vem da venda de gasolina, tabaco, cigarro, álcool,
24:09que são produtos legalizados.
24:11Companheiro, legalizar não significa nada
24:14se você tem alguém disposto a usar a força
24:18para garantir o seu monopólio.
24:21Como disse muito bem o Dávila,
24:23eu sugiro ao nosso espectador que tem dúvida sobre isso
24:26que faça uma experiência.
24:29Venha aqui para o Rio de Janeiro,
24:31para a cidade do Rio de Janeiro,
24:33em qualquer bairro da Zona Sul, da Zona Norte,
24:36e tente se estabelecer como guardador de carros
24:39para você ver o que vai acontecer.
24:43Ou então, crie um jogo de azar.
24:46Um jogo aí, crie um jogo que você escolhe o número,
24:49e aí sorteia, ganha um prêmio.
24:51Tenta estabelecer esse jogo aqui no Rio de Janeiro
24:54para ver o que acontece.
24:56Ou então, tenta entrar no mercado
24:58de medicamentos falsificados,
25:02peças de automóveis adulteradas,
25:05combustível roubado.
25:06São todos produtos legalizados,
25:10os quais o crime ganha muito dinheiro.
25:13Era a simples razão de que o crime não respeita a lei.
25:16A única coisa que impede essas organizações criminosas,
25:21a única coisa que impede o criminoso,
25:24é uma punição que o impeça de continuar a cometer crime.
25:29Isso não existe no Brasil.
25:31Então, você pode legalizar o que você quiser.
25:34Não vai fazer diferença absolutamente nenhuma.
25:38Pois é, inclusive alguns questionamentos, viu, Durso,
25:40de pessoas aqui da nossa audiência,
25:42que tratam justamente do impacto nos investimentos.
25:47Isso que a informação que nós trouxemos sobre se
25:50essa medição, essa avaliação de integrantes do mercado financeiro
25:54sobre o quanto a atividade criminosa,
25:56a atividade do crime organizado,
25:58pode atrapalhar ou, inclusive,
26:00impedir a vinda de algum investidor estrangeiro
26:04que tem o desejo de aportar dinheiro ou a uma empresa
26:08ou em um segmento, abrir uma companhia e por aí vai.
26:11E aí é preciso falar sobre uma luta desigual.
26:14O Dávila falava sobre insegurança jurídica.
26:17Eu acho que passa por isso também.
26:19O Mota dizendo que as facções não respeitam regra nenhuma.
26:23É aquela coisa.
26:24É uma briga assimétrica, né?
26:26Porque se vem um grupo internacional
26:28querendo montar uma rede de postos de combustíveis,
26:31vou dar esse exemplo para ser mais fácil.
26:34Isso é um impeditivo porque a facção criminosa
26:39não necessariamente pagaria os impostos.
26:42Poderia, inclusive, roubar o combustível.
26:45Há informações de que isso acontece de forma até recorrente.
26:49Eles conseguem roubar através de...
26:52No próprio duto, né?
26:53Eles conseguem cavar e roubar o combustível.
26:56Enfim, é uma atuação que você não consegue comparar
27:00comparar com uma concorrência leal, totalmente desleal.
27:05Queria que você também discorresse sobre essa dificuldade
27:07caso o empreendedor pense em entrar em determinado segmento
27:12onde o crime atua.
27:14Não é nem dificuldade, Coniato.
27:15É inviabilidade.
27:16É inviável você competir.
27:18Porque fora tudo isso, tem as questões burocráticas.
27:21O empresário tem muitas regras que ele precisa seguir.
27:24E o crime, quando vem o fiscal e pisa a primeira vez,
27:28ou ele ameaça de morte aquele fiscal e sua família,
27:31ele simplesmente o corrompe com altos valores.
27:34O fiscal nunca mais aparece com medo, etc.
27:36E pronto, ele não precisou regularizar determinada situação ali
27:40da vigilância sanitária, de relações do bombeiro,
27:44seja qual for a fiscalização, que hoje, muitas vezes,
27:47o empresário tem que ser submetido e tem toda uma burocracia
27:50para abrir um estabelecimento comercial das mais variadas funções.
27:55Então, desde aí, até impostos, até a origem do produto,
27:58tudo, ele sempre tem vantagem.
28:01Porque ele vai sempre pegar o atalho mais fácil,
28:04ou pela corrupção, ou pela ameaça, ou até pelo crime,
28:08porque ele vai adquirir o produto na origem,
28:11também mediante importação irregular, por contrabando,
28:15ou até usando o dinheiro do crime para lavagem.
28:18Então, ele sempre está na frente.
28:19Ele inviabiliza qualquer negócio.
28:22Fora caniato, que ele também ameaça o concorrente.
28:24Eu gostei dos exemplos aqui dados.
28:26Inclusive, eu, recentemente, estive no Rio de Janeiro
28:28e fui visitar o Cristo.
28:30Cheguei no Cristo, tinha algumas vãs levando os turistas.
28:38E aí, eu fiquei pensando.
28:38Falei, poxa, olha que negócio interessante, né?
28:40Você fazer o transporte dessas vãs para o turista, etc.
28:43E tinha um rapaz ali que era carioca e falou,
28:47não, essas vãs, ninguém pode ter mais vã aqui,
28:49porque aqui quem manda são as vãs que o crime determinou que pode ter.
28:53Se tiver outra vã, vai ter problema.
28:55Então, até a vã que recebe o turista ali.
28:58No Cristo Redentor, que é um dos pontos de alta taxa de turismo,
29:03uma das sete maravilhas do mundo, moderno,
29:05nós temos o crime ali determinando quem pode subir,
29:08como subir, se vai subir, se o bondinho pode ou não funcionar.
29:11Então, é assim que funciona o Brasil.
29:14Fora as burocracias que o próprio crime cria.
29:16No Rio de Janeiro, nós temos as taxas de segurança, de luz, de internet,
29:20que a determinado local que a sua empresa funciona,
29:23você tem que pagar para o crime organizado.
29:25Essa é a falência total, como disse aqui,
29:28já foi dito aqui, do Estado.
29:30O Estado tem que ter formas de combater isso.
29:32Desde exemplos graves, como nós vimos em El Salvador,
29:36ou tolerância zero nos Estados Unidos,
29:38mas uma hora ou outra, só recorda história.
29:40E aí, ou o crime vence, ou a justiça vence.
29:44E muitas vezes, para fazer justiça,
29:46você precisa do rigor e punições graves na lei penal,
29:50ao invés do caminho que o Brasil tem seguido
29:52de flexibilizar determinadas punições e punir com rigor
29:56pessoas que não têm risco nenhum para a sociedade,
29:59mas a organização criminosa,
30:01que está infiltrada praticamente em todos os órgãos do Estado,
30:04tem crescido dessa forma,
30:05vendendo combustível, ou gasolina, ou cigarro, e por aí vai.
30:10Luiz Augusto Durso, comentarista convidado,
30:13durante as séries do Cristiano Beraldo,
30:15todo dia um comentarista colaborando aqui com a gente.
30:20Dávila, em outros programas, você defendia um endurecimento das penas.
30:24Eu vejo também muitas pessoas tratando dessa questão,
30:28só que quando você defende isso,
30:31você sempre faz a comparação com uma lei antimáfia,
30:33um arcabouço jurídico específico
30:36para tratar da questão que envolve os criminosos
30:39ligados a facções criminosas.
30:41Há semelhanças com, por exemplo, a lei antimáfia italiana?
30:44Com certeza.
30:47Aliás, eu fiquei muito contente que ontem,
30:50numa grande entrevista no Estado de São Paulo,
30:54do maior conhecedor profundo,
30:57e talvez uma das pessoas mais sérias no combate ao crime organizado,
31:02Lincoln Gacchia,
31:03ele disse exatamente isso.
31:06O Brasil precisa de uma lei antimáfia como a da Itália.
31:10É isso que precisa mesmo.
31:12Nós precisamos de um...
31:13É uma lei fast-track para prender faccionado.
31:18É isso que tem que ter.
31:19Mas aí é o que o Mota falou.
31:21Nós não conseguimos sequer taxar
31:23essas organizações criminosas de terrorista,
31:26quanto mais aprovar uma lei antimáfia para valer,
31:29para desmantelar essas organizações.
31:32Mas é importante ter o apoio de instituições
31:35e pessoas sérias, como Lincoln Gacchia,
31:39como a OAB aqui de São Paulo, com esse estudo,
31:41apoiando uma atitude de aprovarmos uma lei antimáfia
31:46para termos uma justiça especial,
31:50ministério, por tudo uma lei especial aqui,
31:52para nós podermos focar a atenção
31:55no desmantelamento do crime organizado.
31:58Isso deu certo na Itália.
31:59E a Itália tem uma situação muito parecida com a nossa.
32:02Tem lá corrupção na polícia, tem corrupção e tal,
32:04mas a lei antimáfia funciona,
32:07os órgãos ligados à lei antimáfia funcionam
32:10e mostra como é possível, por meio legal,
32:15por meio do devido processo legal,
32:17desmantelar máfias e o crime organizado.
32:21Nós temos de seguir esse exemplo,
32:23é um bom exemplo.
32:25Por isso, fico feliz,
32:27e ver especialistas no assunto,
32:29como Lincoln Gacchia e OAB,
32:31pensando em linhas como nós defendemos aqui,
32:35nos Pigos nos Is.
32:36Agradecendo muito as pessoas que enviam mensagens,
32:39Zio Júnior, Shirley Galone,
32:41Zigomar Domiciano,
32:43Carlos Botelho,
32:45Walter Lee Souza,
32:46elogiando muito o livro do Mota,
32:48Construção da Maldade,
32:49também a Wanda Tebaldi,
32:52dizendo que as facções criminosas
32:54cresceram muito durante
32:55algumas administrações no governo federal.

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