- 04/07/2025
O Dr. Álvaro Avezum, diretor do departamento de cardiologia do Hospital Oswaldo Cruz, participou do Papo Saudável desta semana no Viva Bem e comentou sobre doenças cardíacas, hipertensão, demência e demais temas da saúde do coração.
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NotíciasTranscrição
00:00E para falar do coração e longevidade, eu recebo o cardiologista, pesquisador e professor,
00:10livre docente da USP, doutor Álvaro Avesum. Obrigado por ter aceitado esse convite, meu amigo.
00:16Eu que agradeço, Márcio.
00:18Coração é o que mais mata? A doença cardiovascular é a maior causa de mortalidade no Brasil e no mundo?
00:26Em países como o Brasil, a principal causa de morte é a doença cardiovascular.
00:30Em resumo, infarto agudo do miocárdio, o ataque cardíaco e o acidente vascular cerebral.
00:36São as duas principais causas.
00:38Se você olhar o mundo desenvolvido, câncer é a causa número um e a cardiovascular é a segunda.
00:44Então, significa que a melhora socioeconômica do Brasil vai permitir que a doença cardiovascular
00:51deixe de ser a causa número um e câncer passa a ser a causa número dois,
00:57que acontece em idade mais avançada e não a mortalidade precoce, que é a da cardiovascular,
01:04e o infarto e o AVC que no nosso país acontece entre 5 a 10 anos antes do que aqueles que acontecem em países desenvolvidos.
01:14Entendi. Mas aí eu vou excluir nesse primeiro momento medicação.
01:19Que, claro, que você tem um diagnóstico precoce, entender ali se você tem uma artéria
01:25ou que o seu colesterol está alto, entrar com medicação, beleza, vamos deixar isso num segundo momento.
01:31Quando a gente fala de estilo de vida, o que serve para diminuir risco para a doença cardiovascular,
01:39provavelmente também serve para diminuir risco de câncer.
01:43Exatamente. São os fatores, Márcio, modificáveis.
01:47Então, se alguém perguntar, é possível prevenir doença cardiovascular?
01:52Não ter doença cardiovascular? Não ter infarto? Não ter AVC?
01:56Não ter dilatação do coração, que é insuficiência cardíaca?
01:59É possível prevenir e é possível postergar para que aconteça numa idade bem mais tarde.
02:06Exato. Conseguir um late check-out, reagendar a data do inevitável.
02:11Então, os fatores modificáveis, o nome é perfeito, são fatores que você identifica no indivíduo
02:16e você modifica ao longo da vida.
02:19Por exemplo, cigarro é fator de risco tanto para infarto como para AVC,
02:26como principal fator de risco para câncer em geral.
02:29A alimentação saudável previne infarto, AVC e também está associada à redução de câncer.
02:40Obesidade, que tem a ver com atividade física, é preditor de risco de infarto, AVC e também de câncer.
02:47Atividade física, quanto mais atividade física aeróbica, menos infarto e AVC.
02:53E quanto maior o ganho muscular, mais impacto do que atividade aeróbica.
03:01Então, hoje nós temos essa informação recente.
03:04Faça atividade aeróbica, reduz infarto e AVC e aumenta a longevidade.
03:08Mas ganho de força muscular por meio de atividade física,
03:12não estou falando medicamentos, por meio de atividade física,
03:16você tem mais impacto que a própria atividade aeróbica.
03:19Tem que fazer os dois.
03:20A gente brinca que a atividade aeróbica aumenta a quantidade de anos
03:25e a atividade de força melhora a qualidade de vida nesses anos.
03:28É por aí?
03:29Aumenta anos, inclusive.
03:31É, assim, a qualidade sim.
03:33Mas o que tem de novo é que força muscular impacta na quantidade de anos também como atividade aeróbica.
03:40Enfim, se nós olharmos, como você pontuou muito bem, doença cardiovascular e câncer,
03:45a pergunta é o que nós queremos para prolongarmos a nossa permanência aqui no planeta,
03:52chamado de longevidade, mas nós precisamos ter aumento de anos de vida,
03:57menos eventos como infarto, AVC e câncer,
04:01mas precisamos acrescentar também redução de demência,
04:06redução do declínio cognitivo.
04:08E os fatores associados com demência, boa parte deles são os mesmos da doença cardiovascular e também do câncer.
04:17Você tem obesidade, você tem sedentarismo, tem o próprio tabagismo,
04:22você tem alimentação não saudável, depressão,
04:26tudo isso, falta de engajamento intelectual, tudo isso se associa com demência.
04:31Então, 60% do total de casos de demência é passível de prevenção,
04:39atuando sob nove fatores de risco.
04:41Então, talvez o que precisa na sociedade é o foco, como você salientou muito bem,
04:46nós não podemos medicalizar prevenção.
04:50Estilo de vida é fundamental para prevenção,
04:54e mesmo quando o indivíduo está usando medicamentos,
04:56ele deve dar continuidade ao estilo de vida saudável,
05:01que resumidamente é atividade física, alimentação saudável e não fumar.
05:06Você tocou em alguns pontos aqui em relação ao estilo de vida,
05:10tirando o cigarro, que diminuiu nos últimos anos,
05:14a gente nunca teve tanta informação que a atividade física é importante,
05:20nunca foi tão disseminada.
05:22A gente tem muita informação sobre como melhorar a alimentação,
05:25oportunidade de consumir um alimento melhor, enfim, enriquecer a sua alimentação.
05:33A gente sabe a importância que o sono tem para diminuir eventos cardiovasculares,
05:39demência e uma série de coisas.
05:42Mas, apesar de tanta informação e tanta ferramenta disponível,
05:46o estilo de vida das pessoas tem piorado.
05:49Por que isso, João?
05:51Existe um modelo que explica por que é dois senos.
05:55É o modelo da má adaptação na vida, na sociedade atual.
06:01Então, essa má adaptação, devido a toda essa circunstância da vida na atualidade,
06:07nós estamos mais sedentários.
06:09Se você olhar, é controle remoto, é escada rolante, o deslocamento, o pus de I.
06:15Você consegue tudo.
06:16Consegue tudo, exato.
06:17Então, existe isso.
06:19Alimentação.
06:20Você tem alimentos, talvez, mais baratos e, às vezes, de valor calórico maior do indivíduo,
06:27fácil acesso.
06:28Então, o estilo de vida conspira contra um estilo de vida saudável na sociedade atual.
06:34Mas o preço que nós estamos pagando é mais sedentarismo, mais obesidade,
06:38aumentou, inclusive em crianças e adolescentes.
06:41E se você tem sedentarismo e se você tem obesidade, você vai ter colesterol alterado,
06:47você vai ter diabetes e você vai ter hipertensão arterial.
06:51Então, não precisa de nenhum cálculo sofisticado para você ver estilo de vida inapropriado.
06:57Os fatores de risco vão acontecer?
06:59É uma questão de tempo para termos a eclusão do infarto e do AVC.
07:04O estilo de vida na sociedade atual, inclusive no Brasil, nós não temos diminuição de
07:10obesidade, não temos diminuição de hipertensão arterial.
07:1448% da população adulta brasileira tem hipertensão arterial.
07:19É quase que jogar uma moeda para saber quem é hipertensão e quem não é.
07:22Se você pegar colesterol alterado, quase que dois terços da sociedade.
07:27Inclusive em crianças e adolescentes.
07:29Diabetes, em torno de 12% da sociedade.
07:32Você pontuou bem, o tabagismo, as medidas que foram implementadas, elas conseguiram,
07:38o Brasil realmente é um país exemplar nisso, reduziu-se muito as taxas de tabagismo.
07:43Tem espaço para reduzir mais ainda para ficarmos em um dígito.
07:46Hoje deve estar em torno de 10%, 12%.
07:48Mas a tua pergunta é por que nós, mesmo sabendo do benefício do estilo de vida, nós não mudamos?
07:56Aqui tem duas possibilidades, Marcio.
07:58Primeiro, não vamos entender que toda sociedade brasileira sabe que estes fatores estão associados com morrer precocemente,
08:10ter infarto, ter AVC, ter câncer e demência.
08:14Então, primeira coisa, a sociedade como um todo não tem esse conhecimento.
08:17Segundo, quem tem não implementou na prática clínica.
08:21Então, isso é um fenômeno praticamente universal, varia de país para país,
08:26mas implementar na prática clínica um estilo de vida saudável,
08:31você faz, eu faço atividade física, mas se eu te perguntar, se você me perguntar,
08:35quando foi exatamente que viramos a chave e a atividade física passou a ser incorporada no dia a dia,
08:45não falhando?
08:46É difícil você identificar qual foi...
08:48Cada um, a chave vira no lugar.
08:50Vira no lugar.
08:51Mas se você tem a sociedade toda praticando atividade física com uma alimentação saudável,
08:57naturalmente esse efeito em cascata, ele funciona.
09:01Mas aí nós temos que atuar também em crianças e adolescentes.
09:04Total.
09:05E é o hábito.
09:06É, e se você...
09:07Nós temos dados recentes de hipertensão e pré-hipertensão em crianças e adolescentes,
09:13da ordem de 18%, muito alto, obesidade e sobrepeso, 30%, colesterol alterado.
09:21Você já ouviu falar do colesterol bom, quanto mais alto, melhor, que é o HDL.
09:25Nós avaliamos, num grupo de 7 a 18 anos, deu 42% de colesterol bom, baixo, que é fator de risco.
09:34Então, crianças e adolescentes que nós devíamos pensar em promoção de saúde,
09:38para não terem um fator de risco, não.
09:41Eles já têm um fator de risco, tem que pensar em prevenção cardiovascular.
09:45E sem falar nos custos.
09:47Tudo que você não previne gera um aumento de custo para o sistema,
09:52tanto o sistema público como o sistema privado.
09:54Agora, aquilo que você não tem tratamento e estilo de vida, paciência.
09:58O dia que acontecer, você trata interna, opera, faz alguma intervenção.
10:03Agora, a doença cardiovascular, ela é, na sua maioria, passível de prevenção.
10:10Então, tem que ter mudança social para que o indivíduo faça parte desse dia a dia.
10:15Infelizmente, nós ainda estamos longe disso.
10:19Como, enfim, mudar o estilo de vida exige mexer em padrão?
10:25E o nosso corpo adora um padrãozinho.
10:27Então, se eu tenho um padrão confortável, tudo ali, e eu tenho que começar a fazer atividade física,
10:34reduzir minha porção, isso dá um certo trabalho, pelo menos no início.
10:38Tomar um remédio parece ser mais fácil.
10:41E hoje você vem com uma classe de medicamentos que parece que atua ali como uma verdadeira salvação da lavoura.
10:49Eu vou tomar um remédio, eu vou diminuir muito minha ingestão calórica, eu vou perder peso.
10:56Eu perdendo peso, eu acabo, muitas vezes, melhorando o controle da minha glicemia, diminuindo o risco cardíaco.
11:03Como você vê essa terceirização da saúde?
11:06Então, veja, aproximadamente 30 anos atrás, eu voltei do Canadá, depois de dois anos,
11:15e introduzi no Brasil medicina baseada em evidências.
11:18Que é a medicina baseada em comprovação científica.
11:21Tudo que falamos de tratamento, o correto, é quando há confirmação de benefício.
11:27Para tratar hipertensão, tratamento de infarto, insuficiência cardíaca baseada em evidências.
11:34Uma das classes de medicamentos, são alguns medicamentos utilizados inicialmente como antidiabéticos,
11:42para o tratamento do diabetes.
11:43E aí você tem, no diabetes, o que você espera?
11:46Além de controlar a glicemia ou açúcar.
11:49Que você tem um impacto na sobrevida livre de eventos.
11:53Que o paciente diabético, por usar o medicamento, viva mais, tem menos infarto, menos AVC.
11:57Então, se você tem um paciente com obesidade e diabético, ou obesidade e fatores de risco,
12:05você usar determinados medicamentos, que eles trarão perda de peso.
12:11Mas eles trazem um benefício tangível de aumento na sobrevida, menos infarto e menos AVC.
12:19Então, perder peso no paciente obeso de alto risco, é uma coisa perfeitamente indicada e correta e baseada em evidências.
12:29Porque se indivíduo está perdendo peso, mas tem benefício de viver mais e ter menos eventos.
12:34Isso é bom.
12:35Agora, o seu comentário.
12:37Simplesmente perder peso sem ter uma confirmação de que há um benefício adicional de redução de risco cardiovascular.
12:47Simplesmente perder peso.
12:50Mesmo nesses estudos que eu comentei, que está comprovado, que além de perder peso, tem redução de eventos,
12:58foi sugerido, e é sugerido para os pacientes, terem estilo de vida saudável, continuarem com atividade física.
13:05Então, nesse ponto, Márcio, nós não podemos medicalizar obesidade.
13:10Ou seja, o estilo de vida saudável com alimentação e com atividade física, ele deve ser mantido.
13:18E havendo indicação, baseada em evidências de benefício comprovado, acrescente o medicamento a esse estilo de vida saudável.
13:30Para não termos apenas, use apenas medicamento, não mude a alimentação, não faça atividade física.
13:37Tem que vir junto.
13:38Aliás, os estudos mostram dessa maneira.
13:41Tem uma frase que eu só falo entre amigos e eu vou falar hoje, você é meu amigo, então eu vou falar.
13:48É muito importante a gente ter uma boa vida.
13:51Mas seria muito legal se a gente tivesse uma boa morte.
13:54O que eu chamo de boa morte?
13:56Você não ficar 15 anos numa cama, 12 anos com dependência, sem conseguir fazer as coisas.
14:02E eu acredito que hoje a gente tem muitas ferramentas para conseguir, sei lá, se eu vou viver 90 anos, em comparação às gerações passadas, eu tenho mais condições de chegar aos 70, 75, 80 anos realizando muito mais coisas que a geração passada conseguia fazer.
14:24Eu estou certo nesse raciocínio, porque hoje eu vejo, por exemplo, no meu grupo de vôlei, gente de quase 70 anos jogando.
14:31E você fala, cara, quando eu comecei a jogar, uma pessoa de 60 anos era um senhorzinho, não conseguia jogar.
14:39Trabalhãozinho.
14:39Olha, eu compartilho o mesmo ponto de vista.
14:42No meu grupo, não de vôlei, mas o grupo de sedal, tem pessoas de 70 anos pedalando muito bem, ambos os sexos.
14:49Então, assim, a atividade física, ela nos posiciona, não só do ponto de vista físico, mas mental, de uma maneira muito, muito apropriada.
15:00Então, veja, quando você falou de boa morte, eu gostaria de incluir, quando falamos de longe a vitalidade, além do expectativo de vida aumentada, menos infarto, AVC e câncer, autonomia que é força muscular, menos demência.
15:16Mas nós, na nossa definição, nós acrescentamos desfechos de espiritualidade.
15:22E dentro disso, falo, mas isso é sobre religião?
15:25Não.
15:25É sobre religiosidade?
15:27Também não.
15:27Espiritualidade, para definir, é o conjunto de, vamos falar, valores mentais, emocionais, morais, que todos temos.
15:37E que isso faz com que pensemos de uma maneira e temos atitudes de uma outra maneira, na vida de relação conosco e com os outros.
15:45Mas tem que ser passível de mensuração.
15:47O que nós temos na atualidade?
15:50Indivíduos, avaliados com questionário, que têm propósito de vida, eles têm 13% de redução na morte precoce.
15:57Indivíduos que têm satisfação com a própria vida, têm 12% de redução em morte precoce.
16:04Solidão e isolamento social aumentando em 29% a morte precoce.
16:11Raiva, indivíduo explosivo, irascível aumenta em 50% a chance de diabetes e 44% a chance de coração dilatado e insuficiência cardíaca.
16:25Então, nós temos que levar em conta todo esse conjunto de informações que nós falamos para nascermos, vivemos bem e, como você falou, ter a boa morte, que quanto menor for o período de incapacitação, tem pessoas que não têm nenhum período de incapacitação.
16:44Eles são longevos, têm pequenas alterações da senescência, do envelhecimento e, num belo dia, vai desligando, a pressão fica mais baixa, a temperatura baixa.
16:55Ele não adoeceu e vem a morte.
16:58Então, tem que, no mínimo, nós comprimirmos, suprimir esse período.
17:03E tem um trabalho muito interessante comparando países desenvolvidos e o Brasil participou disso com um país em desenvolvimento.
17:12O número de anos antes de morrer que a pessoa perde qualidade de vida com sofrimento no superlativo físico, mental, espiritual e social foi significantemente maior no Brasil em comparação com países considerados o primeiro mundo.
17:29Então, assim, nós temos também essa dificuldade do período de incapacitação e de sofrimento ser maior em países de renda mais baixa em relação a uma renda mais alta.
17:43Com países pobres como o Brasil e com a educação ruim, isso acaba fazendo com que, nesses últimos anos, quando a gente pensa na média do brasileiro, porque a gente tem vários Brasis, né?
17:54A gente vai em algumas regiões aqui em São Paulo, provavelmente com muita educação, com poder aquisitivo.
18:00Você consegue suprimir esse tempo de dependência, mas num país como o nosso?
18:05O Márcio, são os determinantes sociais de adoecimento.
18:09Renda familiar e escolaridade são preditores de doença cardiovascular e morte prematura.
18:16Tem um projeto nosso com o Canadá que escolaridade é preditor de morte prematura e de doença cardiovascular.
18:27Escolaridade, número de anos dentro de uma escola.
18:30Então, tem muita coisa para fazer porque a evidência está aí.
18:34Senão, nós vamos falar assim, olha, a ciência precisa evoluir.
18:37Olha, vamos só por um minuto falar assim, nada de informação nova.
18:42Apenas com a informação existente.
18:44Dá para mudar muito esse mundo para melhor em termos de saúde?
18:48Claro que dá.
18:49Essa história de gordura saturada à vontade, né?
18:53Você vê muita gente falando o seguinte,
18:58foi Deus que fez a gordura saturada nos alimentos, né?
19:04A gente pode sim comer essa gordura.
19:06Como que, pô, cardiologista do seu nível vê uma afirmação como essa?
19:15Veja, Márcio, durante o nosso bate-papo, eu comentei de ter introduzido no Brasil
19:23medicina baseada em evidências.
19:26E na alimentação não vai ser diferente.
19:29Então, nós usamos os dados que nós temos há 18 anos,
19:33300 mil indivíduos seguidos no mundo, no Brasil, inclusive, nós coordenamos esse projeto aqui,
19:40e nós estamos entendendo quais são os determinantes de adoecimento.
19:45E uma das coisas avaliadas foi dieta, alimentação.
19:49E na alimentação, nós temos essa análise com 100 mil pessoas
19:53durante oito anos de segmento, com mais de 10 mil eventos.
19:59Por que eu estou dando um número?
20:00Porque estudos pequenos, olha, tem um estudo aí com 50 pessoas.
20:04Não, desculpa.
20:05Eu estou comentando estudos que têm validade para uma recomendação para a sociedade.
20:11100 mil pessoas, oito anos.
20:12É, então assim, o que tem aí, tanto é que nós falamos,
20:15se alguém discorde, que faça um estudo maior.
20:18Acho pouco provável.
20:19E o que nós observamos nesse estudo?
20:22Carboidrato sempre dividindo em cinco partes.
20:26Quem consome muito, um pouco menos, até chegar em quem consome pouco.
20:31Sempre pensando em cinco partes.
20:33Comparando quem consome pouco carboidrato com aquele que consome muito,
20:38o que consome muito tem um aumento de 30% na mortalidade.
20:43Então, carboidrato, quando vem em excesso,
20:47claro que a gente precisa também do carboidrato para a nossa energia durante o dia.
20:52E carboidrato e carboidrato, né?
20:54Exato, tem vala.
20:55Uma vala e uma fruta.
20:56Falou tudo.
20:58Mas o excesso aumenta a mortalidade.
21:00O segundo ponto, proteína.
21:02Proteína foi neutro.
21:04Proteína está no queijo, está na carne vermelha, na carne branca, no ovo.
21:08Foi neutro.
21:08Quando olhamos gordura, gordura trans,
21:12ela traz malefícios, está comprovado, ninguém discute isso.
21:15Mas a gordura de origem animal,
21:18nesse projeto que nós conduzimos em 28 países,
21:22ela associou-se com redução da mortalidade.
21:26Qual a leitura correta?
21:27Gordura animal, como parte da sua alimentação, aumenta-nos de vida.
21:33O que é errado na leitura?
21:35Então, agora está liberado, eu posso comer o tanto que eu quiser?
21:38Não.
21:38Vamos lembrar Aristóteles, 400 a.C.
21:41A virtude está no meio.
21:43É o princípio da moderação.
21:44Então, em resumo, frutas e legumes à vontade,
21:48proteína na média,
21:49a gordura animal dá para a gente consumir no dia a dia,
21:53carboidrato quanto menos melhor.
21:55De maneira resumida,
21:56essa é a maneira de alimentar de maneira saudável,
22:00baseada em evidências.
22:01E para ir fechando esse nosso papo,
22:05hoje as redes sociais estão aí
22:08e altamente consumido pelas pessoas,
22:11esse tipo de informação.
22:12Quando você coloca alguma coisa que choca,
22:16que vá contra algum hábito que é muito recorrente da população,
22:21isso gera muito clique,
22:22isso gera muito apelo, muito engajamento, como eles chamam.
22:26E aí vem essas coisas.
22:28Pode comer gordura à vontade.
22:31Outro dia, você que é um ciclista,
22:34outro dia tinha um professor que colocou assim,
22:36pedalar quatro minutos é igual pedalar uma hora.
22:39Não dá nem para a gente comentar, né?
22:43Como fugir uma pessoa leiga,
22:46como distinguir uma informação de qualidade ou não?
22:53Muito difícil a sua pergunta,
22:55porque qualquer um pode postar o que bem entender
22:58e se postar de uma maneira convincente,
23:02certamente terá seguidores, terá adeptos, né?
23:05Faz parte das redes sociais.
23:07Há necessidade de um filtro para saber quem está falando.
23:11Essa pessoa, quem é essa pessoa?
23:14E ele está falando, tem referência?
23:16Baseada em quem?
23:16É isso que ele está falando.
23:18Ele mostrou a referência.
23:19Porque simplesmente falar de maneira crível,
23:23de uma maneira lúdica que todo mundo acredita,
23:26não é difícil.
23:27Mas a sociedade tem que cobrar de falar assim,
23:31isso é baseado em quê?
23:32Qual é a fonte que este ou essa pessoa está usando?
23:36Então, sem a fonte baseada em evidência,
23:40não adianta falar baseada em evidência,
23:41não mostrar a fonte.
23:42Tem que mostrar a fonte.
23:44E aqui, Marcio, tudo que nós estamos falando,
23:46não é só de ler,
23:47é de ter pesquisado e participado
23:49num grupo internacional
23:51para trazer essas informações.
23:53Então, eu acho que o grande problema
23:54é a informação inapropriada, modismos.
23:59Agora, a sociedade precisa checar as fontes
24:02e checar quem que é o vetor, né?
24:05Quem é que está falando sobre isso?
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