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A luta de boxe nos Jogos Olímpicos de Paris entre a italiana Angela Carini e a intersexo argelina Imane Khelif gerou polêmica.

A argelina avançou nos jogos após a italiana abandonar a luta aos 46 segundos do primeiro round.

Reprovada em testes realizados pela Associação Internacional de Boxe, durante o Mundial de 2023, em razão do DNA, Khelif recebeu aval do Comitê Olímpico Internacional (COI) para participar do evento deste ano.

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00O assunto agora é a polêmica em torno da luta de boxe nos Jogos Olímpicos de Paris entre a italiana Angela Carini e a intersexo Argelina e Manny Kelif.
00:08A Argelina avançou nos jogos após a italiana abandonar a luta aos 46 segundos do primeiro round.
00:16Reprovada em testes realizados pela Associação Internacional de Boxe durante o Mundial de 2023, ano passado, em razão do DNA,
00:24Kelif recebeu aval do Comitê Olímpico Internacional, COI, para participar da Olimpíada.
00:29Após a luta, a boxeadora italiana Angela Carini afirmou, aspas,
00:34Entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria vencer. Recebi dois golpes no nariz e não conseguia respirar mais e estava doendo muito. Fecho aspas.
00:43Ao comentar a luta, a escritora J.K. Rowling escreveu no X, ela que é a autora de Harry Potter, abre aspas,
00:50Alguma imagem poderia resumir melhor o nosso novo movimento pelos direitos dos homens?
00:56O sorriso malicioso de um homem que sabe que está protegido por um establishment esportivo misógino,
01:02aproveitando a angústia de uma mulher que ele acabou de dar um soco na cabeça,
01:06de quem ele acabou de dar um soco na cabeça, e cuja ambição de vida ele acabou de destruir.
01:12Fecho aspas.
01:14Olha, há várias explicações nesse momento, apresentando a atleta como uma mulher,
01:22que no entanto tem elementos diferentes no seu corpo e tem um nível de testosterona
01:30mais próximo do nível masculino do que do feminino, e isso representaria ali uma situação de concorrência desleal,
01:43vamos dizer assim, na competição esportiva.
01:47A Rowling acabou chamando de homem e obviamente está havendo aí toda uma campanha para que não se chame de homem,
01:53não se chame de trans porque ela é mulher, só que com níveis diferentes, elementos diferentes em seu corpo.
02:01Agora, em relação ao todo, eu preciso comentar que a militância identitária,
02:07que já aprontou na cerimônia de abertura, eu escrevi artigo a respeito daquela última ceia woke,
02:13a militância identitária defende, na retórica, os direitos das mulheres e avaliza, na prática,
02:21que mulheres apanhem olimpicamente de pessoas com nível masculino de testosterona.
02:27Então, a afetação de preocupação é, com frequência, o oposto da preocupação real.
02:33Ou se tem critérios mais adequados para distinguir as categorias esportivas,
02:38ou que se tem a inclusão da covardia.
02:41Greg.
02:41Felipe, essa é uma discussão complicada, delicada, né?
02:49A situação dessa imã-me-kelif é complexa, não é alguém que escolheu fazer uma mudança ou uma transição de sexo,
03:00é alguém que nasceu com características tanto de um sexo quanto do outro.
03:05Suponho que não tenha tido uma vida absolutamente tranquila em relação a isso,
03:10enfim, não acho que seja o caso de apontar o dedo para ela.
03:12Eu acho que é o caso de questionar o Comitê Olímpico Internacional.
03:18Que é o que a gente está fazendo.
03:19Que é o que a gente está fazendo, exatamente.
03:21Porque, olha só, a função de uma competição esportiva como a Olimpíada não é fazer justiça social.
03:35É fazer justiça, antes de mais nada, esportiva.
03:39Assim como a função da arte não é fazer justiça social.
03:45Os artistas devem, antes de mais nada, produzir obras boas, que sejam sob uma avaliação estética.
03:55Há esferas diferentes da vida que têm suas próprias regras de avaliação e julgamento.
04:02O que é bom e certo numa área precisa ser levado em conta.
04:08E quando você põe pessoas com características masculinas,
04:15não estou nem dizendo que ela não seja mulher,
04:17mas ela tem características que a tornam muito mais forte,
04:22praticamente imbatível para as outras competidoras.
04:29Você está criando um desnível que, enfim, desbalanceia completamente o jogo.
04:37E que é mais grave nas lutas, porque aí envolve o prejuízo físico para as demais lutadoras.
04:43Tem isso também, exatamente.
04:45Então, é óbvio que tem que haver uma reflexão, porque, enfim, gera uma covardia.
04:50Era isso que eu estava apontando.
04:51Eu acho até legítimo, Grael, só para deixar aqui essa margem,
04:57porque, afinal, todos têm que ser tratados iguais.
05:00Não é disso que a gente está falando?
05:01De todos serem tratados iguais em termos de respeito.
05:04Isso aqui a gente vai sempre defender.
05:06Pessoas adultas, em pleno exercício das suas faculdades mentais,
05:12elas têm que ser tratadas com respeito, com toda a simpatia e tal.
05:16Agora, elas são passíveis de crítica.
05:18Então, é possível discutir, não vamos entrar aqui nesse mérito, porque o foco é o outro,
05:23mas é possível discutir se a lutadora intersexo deveria competir,
05:30mesmo que autorizada a fazer isso.
05:32Será que ela deveria?
05:33Eu lanço essa pergunta para o chat aqui do YouTube.
05:37Será que ela deveria competir autorizada, mesmo que autorizada?
05:41Ou ela deveria refletir, olha, não, realmente eu tenho características assim,
05:45e isso faz com que eu leve uma vantagem sobre as demais competidoras,
05:50que pode ser turbinada ou não pela minha qualidade técnica.
05:53No entanto, eu já saio de um patamar mais elevado.
05:56Então, para fazer justiça, mesmo que estejam me permitindo que não seja ilegal a minha participação
06:01dentro desse contexto, prefiro moralmente não fazer isso.
06:05Então, quer dizer, é possível que as pessoas critiquem.
06:09Eu acho legítimo, cada um vai ter sua opinião.
06:12Se é a favor ou contra, se essa pessoa deveria ter essa consciência
06:16e tomar uma atitude diferente daquela que tomou ao competir.
06:20Agora, o fato de ela competir nessa categoria, evidentemente, gera toda uma discussão absolutamente legítima,
06:28porque está errado.
06:28O que fazer diante disso?
06:32Em qual categoria ela se encaixaria?
06:35É preciso criar uma outra categoria?
06:37É preciso proibir?
06:38Ela não pode participar nem da categoria do sexo feminino, nem da categoria do sexo masculino?
06:42Ou deveria participar do sexo masculino?
06:45Por exemplo, o critério deveria ser não só o gênero apontado, alegado, identificado, reconhecível,
06:54mas também alguma medida de testosterona?
06:58Então, assim, essa é a discussão a respeito.
07:01Mas do jeito que está, está ruim, Ingrid.
07:03É porque o pessoal da patrulha identitária tem uma certeza absoluta.
07:10Não, isso aqui é fácil de resolver.
07:12Se ela se diz mulher, se ela vive como mulher, ela tem que competir entre as mulheres.
07:18E daí eu concordo com a J.K. Rowling.
07:21Nessas circunstâncias, você vai pôr lutadoras como a Karine, lá da Itália,
07:29numa situação de desvantagem absoluta que destrói as ambições dela.
07:35Ela passou a vida treinando, passou a vida ali esperando o momento de competir nas Olimpíadas.
07:43E daí não foi derrotada por alguém que, enfim, treinou melhor do que ela,
07:49mesmo levando em conta a possibilidade de que a Imani Khalife seja uma atleta dedicada e tudo mais.
07:57Não é só por causa do esforço da Imani Khalife que a lutadora italiana perdeu.
08:03É porque já existiu uma diferença de largada.
08:08Então, isso cria uma situação absolutamente complexa para o esporte.
08:14Não adianta dizer que não.
08:16Então, eu não sou contra que a Imani Khalife se apresente como mulher.
08:22Não é isso que eu estou discutindo.
08:23Lógico.
08:24Nós estamos discutindo aqui, Felipe?
08:27O esporte.
08:27O esporte.
08:28Que veja...
08:30É justiça esportiva.
08:31E é um evento global.
08:34É um evento que mexe.
08:35A gente vê as pessoas chorando, desmontando.
08:38É o sonho de vida dos atletas.
08:40Exaltadíssimas.
08:41É o sonho de vida dos atletas.
08:42E uma atleta que perde uma luta para uma pessoa com características masculinas,
08:49essa atleta pode estar no auge da vida atlética dela, do talento, da técnica,
08:57nesse ano.
08:58Daqui a quatro anos pode não estar mais.
09:00Então, eventualmente, ela perdeu o sonho dela de conquistar uma medalha, de ser campeã
09:05olímpica, porque teve que...
09:08Que passou.
09:09Passou o momento.
09:09Que passou o momento em razão de uma concorrência desleal.
09:14Não repito aqui, por causa daquela pessoa, que é algo que se pode discutir, a quantidade,
09:21o grau de responsabilidade individual, moral, mas por causa de uma regra, de uma divisão
09:26de categorias que deveria ser repensada, porque está injusta.
09:31Exato.
09:31Então, assim, eu aponto sim o meu dedo para o Comitê Olímpico Internacional.
09:38Eles criaram uma regra que cria uma situação de injustiça no evento mais importante esportivo
09:49do mundo.
09:49Exato.
09:50E daí tem essas certezas absolutas.
09:54Não, está definido.
09:55É assim mesmo que tem que funcionar.
09:57Não, não sei não.
09:59Tem outras maneiras de fazer justiça esportiva sem discriminar, sem também esmagar as ambições,
10:10os sonhos de, enfim, pessoas que sejam intersexo.
10:14Mas não é essa.
10:17Tem que criar um outro jeito, outra categoria.
10:19Eu não sei qual é, mas essa discussão não está liquidada como quer o pessoal do
10:25identitarismo.
10:26Exatamente.
10:27Você tem que definir aí os melhores critérios, tem que ver quais são as possibilidades, se
10:32é uma medição simplesmente nível de testosterona e aí entra na categoria masculina, se vai
10:37criar uma outra categoria.
10:38E essa discussão sobre pessoas como a lutadora intersexo, ela já é anterior inclusive à
10:45discussão sobre pessoas trans, que aí tomam uma decisão de mudança em razões de identidade,
10:52etc.
10:52Essa é uma discussão que veio depois, a dos trans.
10:55Agora, essa aí já está há bastante tempo.
10:58A competição mundial do ano passado, ela tomou uma decisão diferente da do COE e agora
11:06está havendo toda essa repercussão negativa a respeito disso.
11:10Mas a militância, aqueles que militam em nome de uma inclusão, em nome da defesa das
11:15minorias, etc., muitas vezes eles produzem um resultado que é o contrário.
11:21Quer dizer, a mulher tem o direito esportivo de competir dentro da sua categoria.
11:27Se tem um infiltrado na categoria, seja por razões de vantagem física, anatômica, o
11:35que quer que seja, seja por razões de idade, por exemplo, é tradicional no universo esportivo,
11:40quem pratica esporte sabe, no Brasil você tem aquela expressão, é gato, que são pessoas
11:45infiltradas, que têm uma idade diferente daquelas que estão lá, eventualmente, até documentadas,
11:51numa documentação falsa.
11:52Por quê?
11:53Porque pessoas mais velhas em determinadas categorias, até o sub-17, o sub-20, etc., elas
12:01têm uma vantagem, elas têm mais experiência, elas têm, eventualmente, até uma formação
12:05física maior.
12:07Então, há limitações e você precisa colocar tudo no seu devido lugar.
12:12A história do esporte de alto rendimento, do esporte olímpico, dos campeonatos mundiais
12:17é uma luta constante contra as trapaças, contra o doping, contra o gato, contra, sei lá,
12:24qualquer outro tipo de malandragem que possa dar uma vantagem indevida para um dos atletas.
12:31De repente, estão querendo incluir um desnível simplesmente porque negam, querem negar que
12:41existem, sim, diferenças fisiológicas, genéticas, biológicas, sei lá, entre certos corpos,
12:50para usar a expressão que o pessoal gosta, e que no esporte essas diferenças talvez possam
12:58ser ignoradas em N esferas da vida, mas no esporte não pode.
13:02Se tem um lugar onde não dá para fazer de conta que essas diferenças têm um impacto,
13:07é no esporte.
13:09Exatamente.
13:10Aliás, é um outro grau, uma outra discussão, mas a paródia a determinado grupo, a determinada
13:19religião, etc., numa cerimônia de abertura de Copa do Mundo, que é um evento pela união,
13:24ela é inadequada ali.
13:27Isso quer dizer que eu sou contra que se faça paródia.
13:30A gente defende aqui que se faça paródia, rede social, em relação à autoridade política,
13:34etc.
13:34Tem uma diferença, evidentemente, quando se trata de um segmento religioso, quando se
13:38faz algo com aquilo que é sagrado, mas a gente nunca vai criminalizar isso, nem defender
13:44uma retaliação criminosa como os terroristas islâmicos, os extremistas, os membros do islã
13:54radical, fazem como fizeram no massacre do Charlie Hebdo, que fazia ali charge de deboche
14:00em relação ao profeta Maomé.
14:02A questão é que é tudo no seu devido lugar.
14:04O evento de união não é um evento para você ferir ali outro segmento, para você
14:07dar margem, arriscar, ferir ali a sensibilidade de determinados grupos.
14:14É um evento para você usar os elementos do país sede para falar dos valores universais.
14:20E, lamentavelmente, houve aquela cena que foi entendida e realmente era muito similar
14:28à última ceia cristã e que repercutiu mal no mundo inteiro.
14:33E não foi só no campo da direita conservadora, religiosa, grupos cristãos, etc.
14:39Até o líder da extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon, da extrema esquerda francesa, ele repudiou,
14:46olha, a gente falou naquela noite para o mundo, para que você vai arriscar a ferir determinados
14:50grupos?
14:52Então, está fora do lugar.
14:54E esse que é o problema, a militância, ela coloca no centro da vida e do mundo a sua
15:02retórica, o seu objetivo político.
15:04E aí, depois, tudo vai sendo politizado e você tem uma série de inadequações.
15:09Olha, isso não pertence a esse lugar.
15:11Exato.
15:12Não é aqui que você vai fazer a justiça social e tal, etc.
15:16Aqui, você tem uma competição de regras em que todo mundo tem que estar dentro da
15:20mesma categoria.
15:22Aqui, você tem um evento de união e tal.
15:23Não cabe, não pega bem.
15:25Cabe dividir.
15:26Não cabe dividir, explorar, turbinar ainda o divisionismo nesse mundo já tão cheio
15:31de polarização.
15:31Então, a gente aqui vai sempre organizar o debate para colocar as coisas nos seus
15:36devidos lugares.
15:37Vocês podem contar com o Papo Antagonista para isso.

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