00:00Professor, eu queria te perguntar justamente sobre a instabilidade política agora, porque o que acontece, como o senhor comentou na sua última resposta, o Pedro Castillo, o antecessor da Dinabularte, sofreu impeachment, ele tinha tentado um golpe de Estado para tentar se manter no poder, não conseguiu, sofreu impeachment.
00:18Nós tivemos outro presidente destituído por impeachment e um terceiro que renunciou antes de sofrer o impeachment. Nós também tivemos um presidente que renunciou com menos de uma semana, ou cerca de uma semana no governo, por conta de manifestações.
00:36E tivemos um governo de transição que foi talvez o mais estável nesse período desde 2018, que nós tivemos seis presidentes no Peru. O que explica essa instabilidade política no Peru?
00:49É difícil contestar, digamos, em curto tempo, mas, depois da caída de Fujimori, nos 90, o governo autoritario de Fujimori, que durou toda a década de 90, se suponía que o Peru se reencaminaba, digamos, construindo ou reconstruindo a democracia.
01:15E assim se sucedieron governos como Alejandro Toledo, Alan García e Ollantumala até o 2016.
01:24Mal que bem, nos movíamos, digamos, dentro do marco democrático, havia certos respeitos por reglas, mas também havia algo a favor.
01:35O crescimento econômico que fez do Peru um dos países que maior o teve na América Latina,
01:44e que, acho que permitiu não observar a parte da política.
01:50Acá se falava, inclusive, de cordas separadas.
01:53Por um lado, o crescimento econômico.
01:56Por outro lado, problemas na política, mas que se sobrellevavam.
02:01Mas em 2016, ocorreu um fato nunca antes visto.
02:05Saia elegido Pedro Pablo Kuczynski e o partido que havia quedado segundo, o partido Fujimorista Fuerza Popular,
02:16consiga 73 escaños de 130.
02:19Vale dizer, a maioria absoluta do Congresso.
02:25Nunca antes na história, um partido opositor, só, sem alianza, conseguía a maioria absoluta.
02:32Desde o inicio, o Fujimorismo logrou acosar, logrou presionar e fazer uma oposição drástica ao governo de Pedro Pablo Kuczynski,
02:49que o levou à renúncia quando ia ser vacado.
02:53E isto é importante porque Keiko Fujimori não reconhece o triunfo de Pedro Pablo Kuczynski,
03:06que foi um triunfo em segunda volta, efectivamente, muito pequeno.
03:09Quando ele, em primeira volta, quase o havia duplicado a ele, em votos.
03:14E aqui começa todo este ciclo de inestabilidade porque assume Martín Vizcarra e também é apoiado por o Congresso,
03:31mas ele, depois, se distancia de ele, logra encabezar medidas reformistas e o governo, o parlamento se opone,
03:44mas ele tem, digamos, o apoio da opinião pública e, quando ele impiden a Vizcarra levar adelante políticas,
03:53sob o mecanismo que há no Perú que se chama Cuestión de Confiança e, constitucionalmente, disuelve o Congresso.
04:02Mas, depois, o seguinte Congresso que se elige que ia completar o mandato, vai a vacar a Vizcarra.
04:09Isto já o conhecemos, tu bem o has dito, aí há um período também muito pequeno de Manuel Merino,
04:16que a gente o rechaza porque era de esta maioria no Congresso.
04:20Então, no Congresso, o que se aprendeu, o que aprendeu o Congresso como experiência é que tem muito poder.
04:30Han passado três Congresos e cada vez mais estes Congresos han sentido que têm poder,
04:37a tal ponto que repiten a seguinte frase, dizem,
04:42o parlamento é o primeiro poder do Estado.
04:45E, claro, isso na Constituição não é assim, porque há os poderes clássicos em democracia,
04:54que são três, o poder executivo, legislativo e judicial, que se balanceam entre eles,
05:00não há um encima do outro.
05:02Mas, na prática, o Congresso, se tem logrado, digamos,
05:08acosar ao governo, vacar gobernantes,
05:13mas não somente isso,
05:15mas copar instituições claves,
05:19como o Tribunal Constitucional, a Defensoría do Pueblo.
05:23Agora mesmo, os congresistas que são denunciados por o Ministério Público,