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O ex-ministro da Fazenda participou do Morning Call desta quinta-feira.

Assista à íntegra: https://youtu.be/E7YQjlDzZ80

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Transcrição
00:00Até agora, eu pelo menos não entendi se a gente tem um plano econômico, e é segredo, ou se a gente ainda não tem e vai sair dessas próximas conversas que em seis meses a gente vai chegar a um plano econômico viável.
00:17E aí eu queria juntar um pouco com o que o senhor falou aí do André Lara Rezende, que é realmente um das mentes brilhantes que estiveram por trás do plano real junto com o Pérsio, que infelizmente não deve ficar no governo, já disse que não vai ficar.
00:31E aí será que não fica, eu chamo de síndrome de Filipão, você ganha uma Copa do Mundo fazendo um negócio, e na seguinte, quando os caras colocam você de técnico de novo da seleção brasileira, você faz as mesmas coisas, mas o mundo já não é mais o mesmo, você acaba com um 7x1.
00:51Então eu queria saber se é isso, a gente tem um plano, mas é segredo, ou a gente está montando o plano conforme as coisas vão andando?
00:59Eu acho que conforme as coisas vão andando, e muito preocupantes, por exemplo, na campanha quando o Lula era indagado para dizer qual era o plano dele, ele dizia assim, eu não preciso de plano, vocês me conhecem, eu sou o presidente responsável, deixa comigo, não é assim que funciona.
01:19O mundo começou a ficar rico a partir, digamos assim, do século XVII na Europa, quando passou a ser regido por regras.
01:29Não apenas um ambiente de segurança jurídica, o primeiro arcabouço de um banco central moderno, que foi o Banco of England, criado em 1694, regras.
01:42E as regras fiscais, elas cumprem dois propósitos num país instável como o nosso, em questões macroeconômicas.
01:49A primeira é proteger o governante, então se ele tem um limite a ser cumprido, ele resiste mais às pressões, porque ele pode dizer, olha, eu não posso atender o que vocês estão pedindo, porque senão eu estarei cometendo um crime de responsabilidade fiscal e posso ser condenado numa ação criminal.
02:08E para proteger o outro lado também, que é o consumidor, o brasileiro, digamos assim, de que nós não daremos um cheque em branco para um presidente gastar o que ele quiser, tem uma regra que ele tem que obedecer.
02:26A ideia de que depende da cabeça de Lula é voltar aos tempos dos reis medievais da Europa, em que ele era à vontade, ele é que fazia, e ele novamente confiscava bens, mandava prender sem culpa formada e assim por diante.
02:43Esse é um erro que o Lula cometeu. Outro erro que ele comete, e ele tem repetido isso, é dizer assim, se olharmos política fiscal, não tem como proteger os pobres.
02:54Mais ou menos ele tem dito. Espera aí, você não pode, todo mundo sabe, responsabilidade fiscal e responsabilidade fiscal não são ideias antagônicas.
03:05Uma não vive sem a outra. Você não pode ter um país que continue desigual, com pobreza crescente, porque isso fica insustentável, do ponto de vista social e político.
03:18Enfim, você não pode ter um país sem responsabilidade fiscal, porque isso gera queda de confiança, fuga de capitais, o dólar se deprecia, influencia o preço, inflação, e tudo isso vai cair na cabeça do pobre.
03:35Portanto, não são coisas antagônicas, certo? Então, eu acho, sabe, que chegou a hora de dizer...
03:44Pode falar, desculpa.
03:46Chegou a hora de dizer, eu acho que todos nós estamos dando o benefício da dúvida ao Lula, mas cada vez mais ele está mantendo todo mundo em dúvida.
03:57Porque essa história de... A reação que o Lula tem às quedas de ativos no mercado financeiro é uma reação que não é de se esperar de uma pessoa responsável.
04:11Qual é um dos papéis do mercado numa economia moderna? É avaliar riscos e, em função deles, precificar ativos, está certo?
04:20Então, se o mercado começa indicando que a bolsa cai, o dólar sobe, os juros futuros empinam, é porque o mercado está entendendo que vem com alguma coisa errada.
04:30Qual é a função do governo nesse caso? É dizer o seguinte, olha, vocês estão errados, nós temos um programa desse tipo, nós vamos provar a vocês que nós somos responsáveis,
04:40anunciar algumas medidas. Qual tem sido a reação do Lula?
04:43A da ironia, né? Esse Deus mercado. E chegou a dizer, chegou a dizer que essa reação do mercado era de especuladores e não de gente séria.
04:58Escuta, é a velha ideia da ignorância que existe no Brasil de que especulador é uma coisa nociva, né?
05:07Eu fiz um artigo outro dia mostrando que isso está entranhado no padrão mental do brasileiro.
05:13O próprio dicionário Aurélio, não sei se você sabe, Rodrigo, ele define...
05:20Aprendi com o nome.
05:22É, ele define como uma pessoa, uma pessoa má, que se aproveita dos outros.
05:28Especulador é uma coisa fundamental em qualquer situação.
05:31E especulador não é só do mercado. O especulador forma preços e os preços servem para tomar decisões, não é?
05:38Ele é fundamental na economia de mercado.
05:41E especulador pode... Por exemplo, você pode especular não apenas em ativos financeiros, faz parte do processo,
05:47mas você pode especular quem vai ser o ministro do Planejamento.
05:50Isso é uma especulação, não é?
05:51Vai ser o André da Resene, vai ser o Peço Arida, vai ser o ex-governador de Alagoas.
05:56Você pode especular, como eu disse no meu artigo, qual é o desfecho de um casamento em crise?
06:01Eles vão se separar? Isso é uma especulação, não é certo?
06:04Então, essa ignorância sobre o papel do especulador é ruim.
06:09Que você tenha o homem do povo tendo raiva do especulador, tudo bem.
06:12Alguém que vai ser o presidente da República não pode cometer esse tipo de engano,
06:16porque ele está jogando para a plateia, não é?
06:18Então, é isso que assusta.
06:20Cada vez mais, o Lula, que todos esperávamos fosse o Lula 1,
06:27que abandonou o programa equivocado do PT,
06:31que assustava até no nome, chamava-se Uma Ruptura Necessária.
06:35O Lula jogou isso no lixo, digamos assim,
06:38e adotou ou continuou a política econômica do Fernando Henrique,
06:43que ele chamava de neoliberal, com maior profundidade.
06:47porque ele autorizou o aumento do superávit primário,
06:52ele apoiou a equipe que o Palocci escolheu de economistas liberais
06:56para ajudá-lo na gestão do Ministério da Fazenda,
06:59e o Lula, que está vindo hoje, parece ser alguém que está regredindo,
07:04regredindo mentalmente, em termos de ideias,
07:08ao PT arcaico lá dos anos 80.
07:11E, por outro lado, você falou aí, o mundo mudou.
07:14Vou te dar um exemplo aqui.
07:17O Brasil tem hoje, no mercado de capitais,
07:21uma fonte crescente de crédito,
07:24tanto para curto quanto para médio, para longo prazo.
07:27O crédito de longo prazo no Brasil, até 10 anos atrás,
07:31era um privilégio do BNDES e de outros bancos de desenvolvimento estaduais.
07:35Agora não, crescentemente é o mercado de capitais.
07:40O mercado de capitais já representa perto de 25% da oferta de crédito da economia brasileira.
07:46Não vamos chegar, provavelmente nunca, à situação americana.
07:5080% do crédito nos Estados Unidos ocorre no mercado de capitais e não nos bancos.
07:56Então, inclusive, os bancos são intermediadores para esse processo de mercado de capitais.
08:01Então, nessa situação, você tem que entender o que mudou.
08:05E o que mudou é o BNDES, que foi criado para suprir a lacuna da ausência de crédito de longo prazo,
08:13como os economistas chamam, suprir uma falha de mercado.
08:16O BNDES é cada vez mais irrelevante, ou não tem a relevância do passado, como provedor de crédito.
08:23O que significa que o Brasil não precisa dele.
08:27O BNDES tem uma função importante a desempenhar na economia brasileira.
08:30Tem um quadro técnico de altíssimo nível de qualidade.
08:34Ele pode ser fundamental para pequeno e média empresa,
08:37ele pode ser fundamental para estruturar projetos,
08:39ele pode ser fundamental na privatização,
08:42digamos que o Lula já disse que não vai ter no mandato dele,
08:45o BNDES pode ser fundamental na estruturação de financiamento
08:51em parceria com o setor privado e assim por diante.

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