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Transcrição
00:00No Rio Mais Agro em Foco de hoje, eu tenho o prazer de bater um papo aqui com o Jerry Zilli,
00:07que é pesquisador da Embrapa Agrobiologia, especificamente na área de microbiologia e bioinsumos.
00:15Jerry, muito obrigado por essa conversa hoje aqui no Dia a Dia Rural.
00:19Eu que agradeço a oportunidade, Mário. É um prazer poder debater um pouco as nossas ideias no tema.
00:26Agradeço o convite.
00:27Maravilha. Você é ligado à Embrapa Agrobiologia, que fica em seropédica, não é isso?
00:33Dúvida. Você disse que trabalha com bioinsumos. Vamos começar definindo o que são bioinsumos.
00:40Bom, é um termo que foi cunhado nos últimos anos, surgiu nos últimos anos.
00:44Ele é um pouco complexo, de fato, para entender.
00:49Inclusive, faz parte da nossa própria lei, que foi aprovada no final do ano passado, de bioinsumos,
00:54traz uma definição. Uma definição ampla.
00:56É meio como que qualquer produto com origem biológica, que tem um potencial de ofertar nutrientes,
01:05promover o crescimento de planta, controlar pragas e doenças na agricultura.
01:09Então, é um sentido bastante amplo.
01:11Ele vai desde um produto, pode ser um produto biológico, contendo algum tipo de micro-organismo,
01:15com alguma ação benéfica, como ele pode ser também um composto,
01:19um composto orgânico, famoso composto orgânico, nas compostagens que têm origem vegetal,
01:24também se enquadra como um bioinsumo.
01:28E o conceito vai além.
01:30Os próprios métodos de aplicação também são chamados de bioinsumos.
01:34É um pouco difícil de compreender.
01:36A gente brinca que quase que é um conceito de agricultura daqui a pouco.
01:41Mas, para o público, em geral, a forma mais fácil de compreender,
01:44a gente costuma sintetizar dizendo que são os produtos biológicos
01:49que aportam benefício para a agricultura.
01:53Perfeito.
01:54E você trabalha, você atua nessa pesquisa na área de bioinsumos.
02:01E uma coisa que chama a atenção.
02:05Como está o Brasil hoje posicionado nesse mercado?
02:08Na produção e na utilização mesmo de bioinsumos?
02:12Bom, eu já atuo há mais de 20 anos como pesquisador na área de microbiologia,
02:17que é uma parte do que seriam hoje os bioinsumos.
02:21O Brasil tem uma posição bastante interessante, eu diria até de destaque,
02:27especialmente quando a gente pega culturas comodas, como a soja, por exemplo,
02:33o próprio milho hoje.
02:34Então, existe um produto que é chamado inoculante,
02:38que leva bactérias que fixam nitrogênio nessas culturas, para a soja principalmente,
02:43que traz uma economia fabulosa para o país.
02:46Algo em torno de 15 bilhões de dólares anualmente,
02:49pelo fato de a gente não usar produto químico e utilizar um inoculante,
02:54esse contendo um bioinsumo,
02:55o que é muito relevante para a agricultura.
03:00E o Brasil é destaque, é, sem dúvida nenhuma, o líder de utilização disso.
03:05Então, nós temos, desde pesquisa, muito bem instalada no país,
03:10com instituições como Embrapa, universidades federais, universidades estaduais,
03:15uma indústria muito bem implantada para essa temática no Brasil.
03:21Hoje são, pelo menos, 200 indústrias, umas maiores, outras menores,
03:26que têm essa capacidade de produção de bioinsumos.
03:31E temos hoje o produtor que está interessado.
03:35Então, estamos bem.
03:38Temos todos os pilares postos.
03:40Uma coisa que você falou, interessante, acabou de falar agora,
03:45é que reduz a dependência de fertilizantes.
03:51Hoje o Brasil tem uma dependência muito grande,
03:54beira em torno de 90%, um pouquinho mais, um pouquinho menos,
03:57dependendo do fertilizante.
03:59Mas, basicamente, aquele trio NPK, nitrogênio, fósforo e magnésio.
04:04Qual é a relação, hoje, da utilização de bioinsumos
04:09reduzindo a importação desses insumos químicos?
04:15Cada elemento, no caso do NPK, nitrogênio, fósforo e potássio,
04:19eles têm uma dinâmica, tem o seu ciclo, chamado ciclo biogeoquímico.
04:25Então, ele funciona de forma diferenciada no ambiente.
04:28A gente precisa entender isso, até para entender como podemos ter uma contribuição.
04:32Então, no caso do nitrogênio, a principal reserva está aqui,
04:36está na atmosfera, estamos respirando o nitrogênio o tempo todo.
04:39Só que nós não utilizamos.
04:41Os animais superiores, os seres vivos superiores,
04:44não conseguem utilizar o nitrogênio.
04:46Então, a gente depende de micro-organismo que é capaz de convertê-lo
04:49em formas orgânicas de nitrogênio.
04:52E aí, sim, entra no nosso, o que a gente chama de cadeia trófica.
04:57Então, nós podemos, através dos micro-organismos,
05:00reduzir a dependência de nitrogênio.
05:01Para resumir o caso do nitrogênio,
05:04que é o caso que acontece com bactérias que fixam o nitrogênio
05:07e colocam dentro das plantas.
05:09Veja que hoje a quantidade de nitrogênio que a gente utiliza na agricultura
05:13é mais ou menos 50% que vem da fixação e 50% que vem da indústria.
05:17Já é uma quantidade muito grande.
05:19Mesmo assim, a gente tem uma dependência muito grande
05:21do nitrogênio que vem na forma ainda industrial.
05:24Então, para reduzir a quantidade de nitrogênio industrial, químico,
05:28nós precisamos aumentar as formas, os processos de como explorar a forma biológica.
05:33Então, no caso do nitrogênio, temos que investir em formas, em processos de produção,
05:39em seleção de micro-organismos, seleção de materiais vegetais mais eficientes
05:43para utilizar a via biológica, digamos assim.
05:47O potássio e o fósforo são diferentes.
05:52As formas deles, essencialmente, estão no formato de minerais.
05:57Eles estão no solo, estão em rochas e tudo mais.
06:00De que forma a gente pode utilizar os bioinsumos para isso?
06:04Duas vertentes principais.
06:06Uma, utilizando micro-organismos que facilitem a planta a absorver,
06:10disponibilizem, utilizem o uso desse nutriente,
06:16tanto o fósforo quanto o potássio.
06:19E também a parte de reciclagem, que é outro lado dos bioinsumos,
06:23que é toda a parte de compostagem.
06:25Então, dentro do Plano Nacional de Fertilizante,
06:29há o que a gente chama de cadeia, as cadeias emergentes,
06:33que reúne várias formas de reutilização de subprodutos para aportar nutrientes.
06:40Então, é outro lado do bioinsumo que também pode reduzir a dependência.
06:43Veja, por exemplo, todos os lodos de esgoto,
06:47resíduos das mais diferentes indústrias,
06:50que têm uma quantidade de nutrientes importante.
06:53Então, a gente pode desenvolver pesquisa, processos
06:55e aproveitar esses nutrientes para reduzir essa dependência.
06:59Antes de nós gravarmos essa entrevista,
07:02nós conversamos sobre a economia circular
07:05que é gerada na produção de bioinsumos.
07:11Ou seja, todo esse processo...
07:12Fala um pouquinho para a gente.
07:13Diz que isso aí gera, com certeza, novos empregos,
07:15novas oportunidades
07:16e pode ser inserido dentro daquela definição
07:20de desenvolvimento sustentável.
07:21Concorda?
07:22Sem dúvida nenhuma.
07:23Em vários, em diferentes aspectos.
07:26Por exemplo, você tem uma certa comunidade que produz olerículas.
07:31Ela pode estar integrada com uma cervejaria, por exemplo,
07:35que produz um resíduo.
07:36Esse resíduo, a cervejaria, facilmente pode ser compostado
07:39e ser utilizado numa comunidade, num povoado
07:43ou quem desenvolve olericultura próximo.
07:45É um exemplo bastante simples que todo mundo consegue entender.
07:47Ou seja, a gente está fazendo circular aquele processo.
07:52Dentro de uma propriedade também a gente consegue fazer isso.
07:55Imagine uma propriedade que produz essencialmente
07:57de forma orgânica, certificado ou não.
08:00Ela consegue, ao invés de simplesmente adquirir insumos de fora,
08:05também trabalhar esses processos biológicos,
08:07fazer compostagem, utilizar resíduos das próprias culturas,
08:12folhagens, corte de grama, resíduos de poda,
08:17misturar com o esterco que vem da produção animal
08:19e formar um composto, formando essa circularidade
08:24dentro das propriedades
08:25ou mesmo integrando de uma forma já diferentes propriedades.
08:31Perfeito.
08:33Nós participamos, nós tivemos aqui ano passado,
08:38aqui mesmo onde nós estamos hoje no campo olímpico de golfe,
08:41a primeira edição do Rio Mais Agro.
08:42Você participou, você esteve aqui presente.
08:47Qual a importância que você atribui a eventos como esse,
08:50mas principalmente ao Fórum Internacional do Desenvolvimento Agroambiental Sustentável,
08:55que tem como Rio de Janeiro um hub de conhecimento,
09:02e principalmente exportando isso para outros países.
09:06Por exemplo, o tema da segunda edição é o cinturão tropical.
09:10Como que esse conhecimento que nós temos e nós somos líderes,
09:14como você falou, de bioinsumos,
09:15pode ser distribuído para outros países,
09:19especialmente nessa faixa,
09:20entre o trópico de câncer e o trópico de Capricórnio?
09:24Primeiro dizer que é interessante,
09:26porque muito do que acontece no Rio de Janeiro é refletido para fora.
09:30Então, embora o Estado não seja, de fato, agrícola,
09:34muitas pesquisas ocorrem aqui.
09:36Não é à toa que, por exemplo, tem três unidades da Embrapa
09:38que trabalham com pesquisa agropecuária aqui,
09:40inclusive dentro da área totalmente urbana do Rio de Janeiro.
09:43Então, é importante esses eventos para, de fato, chamar a atenção,
09:46porque o Rio de Janeiro também está preocupado,
09:47até por ser um consumidor bastante importante.
09:52E, bom, tem todo...
09:54É colocar o Estado, de fato, nessa toada,
09:59do cenário do agronegócio mundo afora.
10:03Bom, os bioinsumos são tidos,
10:06são destacados como uma possibilidade
10:09de você aumentar a sustentabilidade de uma forma geral da agricultura.
10:13Você pega o cinturão tropical,
10:14a maior parte dos países estão em desenvolvimento
10:18ou são países pobres,
10:19muitas vezes com uma limitação muito grande de oferta de nutrientes.
10:23Então, nós podemos, através dos bioinsumos,
10:25fornecer mais nutrientes, reduzir esse impacto,
10:28aumentar a produtividade alimentar e, sem dúvida nenhuma,
10:30a produção de alimentos e a sustentabilidade de uma forma geral.
10:35Então, é uma oportunidade de ouro.
10:37É o caso que no Brasil desenvolvemos muitas cadeias
10:39por conta da utilização dos bioinsumos.
10:42E o Rio Mais Agro, a segunda edição do Rio Mais Agro,
10:45vai acontecer de 1º a 3º de outubro no Rio Centro
10:48e os bioinsumos serão destaque nessa segunda edição do Fórum Internacional.
10:54Te pergunto, o que você espera do Rio Mais Agro 2?
10:59Ou seja, o Rio Mais Agro 1, você já tem como mensurar.
11:02Qual a expectativa ali nos corredores da Embrapa,
11:05entre os pesquisadores, entre todas as principais lideranças?
11:10A Embrapa, que é apoiadora de primeira hora do Rio Mais Agro.
11:15Sim.
11:16Bom, o primeiro, eu acho que ele foi importante para gerar expectativa.
11:19A gente percebeu muita discussão, muita conversa, muita empresa.
11:24Então, muita expectativa foi gerada.
11:26A minha percepção agora que a gente precisa é tornar mais concreto.
11:31Vamos deixar de ser, de fato, uma expectativa
11:33e agora vamos começar a fazer negócio,
11:35vamos tornar, de fato, as coisas mais concretas.
11:39Trazer empresa, ofertar recursos para as novas pesquisas,
11:43tornar, de fato, uma realidade e não ficar só na expectativa.
11:46Acho que é isso que eu espero.
11:49Maravilha.
11:49Em relação, para a gente chegar,
11:51a gente está chegando ao final da nossa conversa,
11:54o que você vê aí nos próximos anos,
11:57nesse mercado de bem-insumos,
11:59nas pesquisas que vêm sendo realizadas na Embrapa Agrobiologia,
12:03em outras unidades,
12:04e na utilização desse conhecimento,
12:08na produção de alimentos,
12:09que hoje cerca de 800 mil pessoas
12:14vão dormir sem ter feito três refeições no mundo.
12:16Então, no caso específico do Brasil,
12:19nós temos uma nova lei agora de bem-insumos.
12:21Então, a gente precisa regulamentar essa lei
12:23e poder, de fato, colocá-la para funcionar.
12:26Muitas coisas podem ser consertadas,
12:29problemas que existiam,
12:30e outras coisas talvez a gente venha a ter,
12:33continuar tendo limitações,
12:34ou tenha piorado, talvez, um pouco a nova lei.
12:37Infelizmente, a lei não resolve todos os nossos problemas.
12:41É fato que os produtores estão interessados,
12:44no caso do Brasil,
12:45no uso de bioinsumos.
12:48Então, a gente precisa avançar mais
12:52no que seria adotar produtos com base
12:56no que a pesquisa desenvolve.
12:58Não é porque eu faço pesquisa,
13:00é porque a gente consegue mostrar
13:02que tem efeitos e efeitos duradouros.
13:04Então, tem muita coisa sendo falada
13:06e muita coisa sendo ofertada
13:08que não tem embasamento técnico,
13:10não tem embasamento científico.
13:11E isso é um problema,
13:12porque o produtor utiliza um dia
13:14e o segundo dia,
13:16e vê que não dá resultado,
13:17o segundo dia ele não vai buscar.
13:19Então, a gente precisa ter esse lado científico
13:21sempre muito respeitado
13:23para, de fato, poder ter um caminho
13:25mais sustentável pela frente.
13:27É isso aí.
13:28Olha, agradeço muito a sua participação conosco.
13:31Eu que agradeço.
13:31Eu tive o prazer de bater um papo aqui
13:33com o Jerry Zilli, da Embrapa Agrobiologia.
13:38E esse é o Rio Mais Agro em Foco.
13:40Lembro de você, como eu já disse,
13:41de 1º a 3 de outubro,
13:43nós temos um encontro marcado
13:44aqui no Rio Centro, no Rio de Janeiro.
13:46A segunda edição do Rio Mais Agro,
13:48Fórum Internacional do Desenvolvimento
13:50Agroambiental Sustentável.
13:51As principais lideranças do agro
13:53no Brasil e no mundo estarão aqui.
13:55Rio Mais Agro,
13:56o melhor da nossa terra para o mundo.
13:58E aí

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