Em entrevista ao Fast News, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, comenta os desdobramentos da guerra com o Irã e reforça que o alvo de Israel não é a população iraniana, mas o regime que ameaça sua segurança. Apresentador: Nelson Kobayashi Entrevistado: Daniel Zonshine
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00:00Agora são 19 horas e 35 minutos, seguimos nessa cobertura especial da Jovem Pan a respeito do conflito entre Israel e o Irã
00:07e agora a partir do anúncio feito pelo presidente americano na noite de ontem sobre os ataques realizados às bases nucleares iranianas
00:17repercutindo todo o cenário mundial que tem dito os líderes globais, reunião acontecendo na Organização das Nações Unidas
00:24os países se manifestando em apoio e em repúdio ao ataque. Neste momento recebemos aqui na Jovem Pan o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine
00:35que chega para conversar conosco a respeito deste conflito. Embaixador, boa noite, bem-vindo à Jovem Pan.
00:43Boa noite, hein? Obrigado.
00:45Embaixador, eu quero começar perguntando como o senhor avalia a resposta do governo brasileiro
00:51a partir de uma nota emitida hoje pelo Itamaraty sobre os ataques preventivos realizados pelos Estados Unidos
00:58às instalações nucleares iranianas.
01:02Acho que tem diferença, que também tem que fazer com o tipo de relações com o Irã.
01:10Tem diferença quem está a 10 mil quilômetros de Irã e quem está a 2 mil quilômetros de Irã
01:19e os líderes iranianos ameaçam destruí-lo e em paralelo desenvolvem arma nuclear e mísseis balísticos
01:31e todo este pacote.
01:34Então, Israel não podia aceitar esta combinação de ameaças e ações que os iranianos, o regime iraniano disse.
01:47Então, tivemos que atuar antes que o Irã teve uma bomba atômica.
01:55Então, é uma diferença de distâncias, diferença de posições.
02:00Perfeito.
02:02Embaixador, eu gostaria de te perguntar também...
02:04Mais uma palavra, mais uma palavra, se posso...
02:08Foi mencionado lá o uso civil, uso para ações pacíficas.
02:16Então, para uso pacífico, dá enriquecer a matéria urânio até 4%.
02:23Irã já obteve mais de 100 quilos de urânio do nível de 60%.
02:31Dá para 9 a 10 bombas atômicas.
02:35Então, uso civil, uso pacífico, não é.
02:40E todo mundo sabe isso, incluindo o Brasil e o Itamaraty.
02:46Perfeito. Embaixador, eu quero te perguntar também como o senhor tem avaliado a resposta da comunidade internacional, dos países, dos líderes globais, em especial em relação ao que vimos há pouco acontecendo na Assembleia, na reunião convocada pela Organização das Nações Unidas.
03:03Olha, acho que muitas pessoas, muitos líderes no mundo pensam como o líder da Alemanha, que disse que Israel fez o trabalho, Israel, neste caso também nos Estados Unidos, fizeram o trabalho para o mundo todo.
03:22Porque a ameaça de Irã não era uma coisa só sobre Israel, não é uma coisa só ameaça na aérea do Golfo, mas também na Europa e fora disso.
03:32E o fato que, depois de anos de discussões, diálogos, negociações para controlar e para evitar a corrida de Irã para uma bomba atômica,
03:49Então, chegou o tempo que Israel fez a operação para parar deste projeto nuclear e o projeto de mísseis balísticos, e acho que algumas reações que ouvimos também aqui no Paraguai, Argentina, não são todos contra isso,
04:18E, pelo contrário, muitos países entendem a necessidade de Israel de se defender.
04:24E, para nós, a coisa mais importante é fazer tudo o que precisa para defender, além do fato que nem todo mundo gosta disso ou tem também condenações.
04:38Embaixador, o senhor acredita que se o Brasil tivesse o embaixador brasileiro em Israel, onde já não há desde maio do ano passado, talvez o posicionamento do governo brasileiro poderia ter sido outro?
04:51Isso é uma pergunta que tem que passar para a Itamaraty ou para a presidência.
04:58Perfeito. E quais são os próximos passos em relação à diplomacia na relação com os países que têm se posicionado a favor ou contra as ações de Israel e agora dos Estados Unidos?
05:08Vemos esta tarde uma discussão no Conselho de Segurança.
05:16As ações entre Irã e Israel continuam.
05:22Israel tem um plano sistemático para atingir alvos militares, alvos do projeto nuclear, alvos do projeto de mísseis balísticos.
05:33E espero que, mais rápido que possível, podemos chegar para um diálogo verdadeiro.
05:41Em contrário do diálogo, das negociações que estiveram antes, que o Irã tentou mentir, tentou fazer tudo para evitar a...
05:53Não sei a palavra, mas evitar fazer o que ele deveria fazer abaixo do tratado de não-profilmação.
06:05E vamos receber uma verdadeira vontade e verdadeiras ações do lado do Irã para parar esta corrida para a bomba atômica.
06:17Perfeito. Embaixador, uma última pergunta ao senhor.
06:21Há alguma chance de uma saída diplomática, de cessar fogo deste conflito neste momento?
06:27Sim, neste momento, não sei.
06:34Mas, enfim, tem que chegar para um entendimento, um acordo, um entendimento diplomático.
06:41E isso é o fim de qualquer conflito, deve ser assim.
06:45Não tenho certeza que chegou a hora, do lado do Irã, para um verdadeiro diálogo sobre o projeto nuclear deles.
07:00Mas, com certeza, a maneira de sair deste conflito é através de discussões e entendimentos diplomáticos.
07:09Perfeito. Conversamos aqui com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonschein, que conversou conosco a respeito do posicionamento da Embaixada de Israel,
07:19a respeito das manifestações do Itamaraty, do posicionamento de líderes globais.
07:23Embaixador, um prazer te receber aqui.
07:26Se quiser falar algo para a gente encerrar essa nossa conversa, a palavra está aberta.
07:32Olha, obrigado por esta oportunidade.
07:34Como disse, nós estamos numa ameaça do Irã, que abertamente declarou que quer destruir Israel.
07:49E espero que esta vontade do regime iraniano vai mudar em outras direções,
08:00como tivemos até a Revolução de 79, tivemos boas relações com o Irã.
08:06E quero dizer que Israel não tem nada contra o povo iraniano.
08:10Pelo contrário, é povo com tradição, história e habilidades.
08:16E como dois países com este tipo de tradição e história,
08:21espero que podamos olhar no futuro de uma maneira mais construtiva do que destrutiva.
08:27Perfeito. Conversamos com Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil.
08:34Muito obrigado pela sua participação, embaixador.
08:36Sempre um prazer te receber aqui na Jovem Pan.
08:39Obrigado a vocês. Boa noite a todos.
08:41Boa noite.
08:42Quero voltar com o professor Vladimir Feijó, que continua conosco nessa cobertura especial.
08:48Professor, quero a sua análise também a respeito de como deve se posicionar
08:52os estados envolvidos em relação a essas negociações.
08:57Essa diplomacia é um jogo muito complexo de conseguir apoio,
09:02de lidar com as manifestações contrárias também.
09:05A gente vê isso acontecendo nas reuniões da Organização das Nações Unidas,
09:10em outras reuniões de blocos também importantes que têm se reunido
09:14para tentar uma solução desse conflito.
09:16que tivemos há dias atrás a própria União Europeia convocando os embaixadores dos países
09:21membros para um diálogo nesse sentido.
09:25É, de fato, um jogo muito complexo esse jogo da diplomacia internacional, não é, professor?
09:31Exato. Até por um conjunto de amarras e preservação de certos interesses
09:37que são caros para os países e que usam do estratagema de não demonstrá-los de cara,
09:43todas elas exatamente como instrumento da tentativa de negociação
09:48para abrir espaço para que o outro lado ceda e não entregar tudo de uma vez.
09:54Uma maior dificuldade que a gente tem enfrentado no mundo,
09:58vendo a diplomacia acontecendo, é o respeito ao próprio princípio da boa-fé.
10:03Os estados, pelo menos, enviarem representantes com poderes de firmar compromisso
10:08com aquele objetivo firmado naquele acordo.
10:11Ou seja, se eles estão realmente comprometidos com a ideia.
10:15E, nos últimos quatro meses, a maior dificuldade que se acrescentou a isso
10:21é a acusação de perfidia, de terem atração de membros da diplomacia
10:28para ali serem assassinatos ou serem intimidados ou corrompidos.
10:32Então, o clima anda bastante difícil para permitir a negociação direta.
10:36O caminho alternativo seria usar os chamados bons ofícios,
10:41terceiro país neutro, que mantém relativa boa relação diplomática com os países em questão
10:48e que pudesse ter credibilidade para tanto.
10:51A outra ferramenta de neutralidade seriam as organizações internacionais,
10:56mas que andam também em bastante descrédito, aí não só nos últimos quatro meses,
11:00mas já praticamente desde 2004, em especial, a ONU não tem conseguido implementar nenhuma decisão,
11:08nenhuma missão de paz e nenhum bom ofício encaminhado pelo secretário-geral das Nações Unidas
11:14para servir como intermediador.
11:16Quero ir com você também, Avi, você compartilha dessa desconfiança ou do descrédito
11:23em relação às entidades globais diplomáticas, como, por exemplo, o caso da Organização das Nações Unidas?
11:33Deu muita credibilidade ao longo dos últimos anos, já vem perdendo,
11:39e vem perdendo por decisões e por tomada de partido de lados.
11:46A ONU, na verdade, hoje se tornou um espaço que, pelo menos, os países podem se encontrar e conversar.
11:57Porque, além disso, como a gente viu aqui, você tem o poder de veto de cinco países,
12:07principalmente em casos de decisões mais agudas de implantação,
12:14e sempre um dos países vai vetar, porque não é de interesse,
12:19às vezes até veta porque o outro lado apoia.
12:23Então, nós temos essa questão, e nesse caso específico,
12:30Israel, se não me engano, teve 198 ações contra Israel ao longo dos últimos 18 meses,
12:40que Israel foi atacado pelo Hamas, não houve condenação do Hamas,
12:47não houve nada, se fala sobre todo o programa nuclear do Irã,
12:53e se condena só um lado, você tem dezenas de casos, como em Iêmen mesmo.
13:02Os Rutsis, não esquecem que os Rutsis são uma organização terrorista em Iêmen,
13:07que matou milhares de pessoas.
13:11Você não escuta uma manifestação da ONU sobre isso.
13:16Boko Haram, nada.
13:19Na Síria, mataram o governo Bashar al-Assad,
13:24matou 600 mil pessoas, nada.
13:32Tanto que a gente vê hoje a discussão da guerra já de anos entre a Rússia e a Ucrânia.
13:41Também, então, a hora que se vê que a ONU só toma um lado,
13:47que organizações da ONU, como a Honra,
13:50a organização que ia dos refugiados em Gaza,
13:56que todos nós, até Israel, apoiava, transferia dinheiro para eles,
14:01para ajudar, para fazer,
14:04se tornou colaboradores do Hamas.
14:07Então, perde credibilidade.
14:10Você, com certeza, tem lados que não acreditam mais
14:15que algo que sai dali é uma coisa séria.
14:19Uma vez que você tem o secretário-geral da ONU tomando partidos claramente,
14:25você, na verdade, divulga ou advoga, na verdade, para um lado,
14:35e não é o papel que foi designado a essas organizações,
14:40um papel de trazer os lados e tentar apaziguar.
14:45A ONU não tinha que tomar um lado,
14:47a ONU tinha que tentar fazer o papel do mediador,
14:51e perdeu isso porque ela está se perdendo para um lado ou para o outro,
14:56e, em algum caso, o outro que ela escolhe.
14:59Então, virou, na verdade, tem ainda um papel fundamental do encontro.