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  • 22/06/2025
Em entrevista exclusiva, o coronel da reserva e mestre em ciências militares, Paulo Filho, explica a ofensiva dos Estados Unidos nas usinas nucleares do Irã. O especialista detalha o bombardeio e especula o contra-golpe iraniano.

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Transcrição
00:00Muito obrigado, Eliseu. Volto a qualquer momento com mais informações a respeito da repercussão dos anúncios feitos por Donald Trump.
00:07Nós estamos aqui com um convidado especial, o Coronel da Reserva e Mestre em Ciências Militares,
00:12analista do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro, o Coronel Paulo Filho.
00:17Coronel, algumas outras informações para além dessas que nos trouxe o Eliseu Caetano
00:22em uma declaração gravada previamente, divulgada nas redes sociais, na madrugada deste domingo, lá, madrugada, nesse momento, em Israel,
00:31o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parabenizou o presidente americano Donald Trump
00:36por sua ousada decisão de atacar as instalações nucleares do Irã.
00:42Os Estados Unidos, disse Netanyahu, fizeram o que nenhum outro país da Terra poderia fazer.
00:47A história registrará que o presidente Trump agiu para negar ao regime mais perigoso do mundo
00:54as armas mais perigosas do mundo, manifestação do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
01:03Trump já havia dito antes, no seu discurso, que trabalhou com o Netanyahu como uma equipe.
01:08E uma outra informação que eu quero te passar também, professor, para a sua análise,
01:13porque isso é muito importante, a Organização de Energia Atômica do Irã emitiu um comunicado
01:19confirmando que os três polos nucleares do país foram atacados em um ato violento contra as leis internacionais,
01:28incluindo o Tratado de Não-Proliferação pelos Inimigos do Irã Islâmico.
01:34A agência estatal, local, afirmou que tomará medidas legais contra os Estados Unidos em tribunais internacionais
01:43e que o programa nuclear do Irã continuará.
01:47Ou seja, essa é uma informação muito importante.
01:50O Irã dizendo que seu programa nuclear continuará e que os Estados Unidos agiram de maneira ilegal
01:58e que responderão perante as cortes internacionais.
02:02Como o senhor avalia essa mensagem vinda do Irã?
02:09Temos o áudio do professor Paulo Filho.
02:12Acho que a gente está com um problema no áudio.
02:14Vamos ver se é por aqui.
02:16Fala conosco, professor.
02:19Do ponto de vista do direito internacional humanitário,
02:21do direito internacional dos conflitos armados,
02:24estelações nucleares realmente não podem ser atacadas.
02:27As convenções de Genebra, seus protocolos adicionais,
02:31prescrevem que instalações perigosas,
02:33e dentre essas instalações perigosas estão instalações nucleares,
02:39realmente elas não podem ser atacadas.
02:41Justamente por causa do risco de vazamento de material radioativo
02:46e contaminação de uma área grande.
02:50Um acidente como aconteceu em Fukushima, por exemplo, por outras razões.
02:54Então, desse ponto de vista, tem razão.
02:58A agência de energia atômica iraniana.
03:02Mas, por outro lado, Israel e Estados Unidos tinham dito
03:06que não admitiriam que o Irã chegasse à confecção da bomba
03:10e a maneira que eles tinham para impedir isso,
03:12já que o regime iraniano não admite interromper o seu programa nuclear,
03:21era atacar as instalações.
03:24Agora, nós vamos esperar os acontecimentos
03:27para ver e torcer que não haja nenhum vazamento efetivo de material nuclear.
03:34Mas isso nós só vamos saber ao longo dos próximos dias.
03:37Não me surpreende a declaração iraniana de que vai continuar assim com o seu programa,
03:43porque é isso que os iranianos têm dito desde o começo,
03:47que não admitiam de nenhuma forma abrir mão do seu programa nuclear,
03:52que eles afirmam ser pacífico.
03:55O Irã afirma, embora haja vários indicativos em contrário,
04:00mas a posição do governo iraniano é que se tratava de um programa nuclear pacífico.
04:07O problema todo é que o Irã nuclear, as pessoas perguntam,
04:12mas se Israel tem direito a ter a bomba atômica,
04:15por que o Irã não pode ter?
04:19Do ponto de vista da não proliferação nuclear,
04:23o Irã ter a bomba seria muito grave,
04:26porque o próprio, por exemplo, o Irã tendo a bomba,
04:29o príncipe Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita,
04:33já tinha declarado que se o Irã tivesse a bomba, a Arábia Saudita teria a bomba.
04:38Ora, se o Irã e a Arábia Saudita tivessem a bomba,
04:41certamente a Turquia ia querer ter a bomba também.
04:44Se a Turquia tivesse a bomba, a sua grande inimiga,
04:47em torno do Chipre, a Grécia, ia querer ter a bomba também.
04:51Então haveria uma proliferação nuclear muito perigosa para toda a região.
04:56É uma questão bastante grave,
05:00porque eu tenho a impressão que o regime iraniano não vai ceder nesse momento
05:04e vai sim atacar os interesses americanos na região ou no mundo todo,
05:11como foi colocado aí nesse chamamento pela imprensa oficial iraniana,
05:16dizendo que todo americano seria um alvo legítimo para um iraniano.
05:20Isso é um chamamento para ações terroristas, né?
05:23Então eu temo que nós entremos agora num momento de grande instabilidade
05:28no sistema internacional e com um grande risco de alargamento desse conflito
05:34para outras regiões, especialmente no Oriente Médio.
05:39Agora uma outra informação.
05:41As informações vão chegando e nesse caso a gente precisa de um especialista mesmo
05:44para entender os detalhes do que foi esse ataque americano às instalações nucleares.
05:50Um funcionário dos Estados Unidos, uma fonte, teria dito que seis bombardeios B-2
05:55lançaram uma dúzia de bombas Bunker Booster de 30 mil libras
06:01sobre o polo nuclear de Ford, que fica profundamente subterrâneo.
06:06Submarinos da Marinha dispararam 30 mísseis de cruzeiro Telam
06:09contra os polos de Natanz e Isfahan.
06:13Um dos B-2 também lançou duas Bunker Booster sobre Natanz, segundo o oficial,
06:20que falou sob condição de anonimato ao The New York Times, imprensa americana.
06:27E somado, naturalmente, a essas informações dos detalhes do ataque,
06:34o sistema de informação sobre incêndios da NASA detectou um evento significativo
06:38de geração de calor próximo à instalação de enriquecimento nuclear de Ford,
06:42com uma das detecções ocorrendo cerca de 30 minutos antes do anúncio feito pelo presidente americano.
06:49Explica pra gente a proporção do que é esse ataque, a força desses armamentos utilizados,
06:58o que significa essas 30 mil libras, as bombas Bunker Busters,
07:03e esses mísseis de cruzeiro que os submarinos também dispararam
07:08contra os polos de instalação nuclear iranianos.
07:11Professor Coronel Paulo Filho conosco aqui, na Jovem Pan.
07:17Nelson, as instalações de Natanz e Isfahan são superficiais ou são pouco profundas.
07:26As instalações que estão subterrâneas têm pouca profundidade.
07:31Por isso elas podem ser atacadas com mísseis de cruzeiro, como esses que foram lançados
07:36pelos submarinos ou com aqueles que estão sendo lançados pelas aeronaves israelenses
07:42desde o início desse conflito, já há nove dias.
07:46Mas a instalação de Ford está profundamente enterrada nas montanhas iranianas.
07:53Se fala em 80, 100 metros de profundidade.
07:56Então, a única arma que existe, não nuclear,
08:01a única arma convencional que pode chegar nessas profundidades
08:06é essa bomba GBU-57, conhecida também como MOP.
08:14Essa bomba tem 30 mil libras, que corresponde a 13.600 quilos.
08:2013.600 quilos é, por exemplo, mais pesado do que uma viatura blindada Urutu.
08:26Talvez quem nos ouça, quem nos veja, se lembre desse carro de fabricação da Ingeza,
08:31um carro antigo do Exército Brasileiro, um blindado grande.
08:35Então, uma bomba dessa é mais pesada do que um Urutu desses.
08:38Ela é lançada a partir de uma única aeronave.
08:42Só uma aeronave tem capacidade para carregar essa bomba,
08:45que é a aeronave B-2 Spirit,
08:47um bombardeiro furtivo norte-americano ao qual você fez referência agora.
08:55Então, do que nós estamos falando?
08:57Essa bomba nunca foi usada.
08:59Primeira vez na história.
09:00Então, hoje, nós estamos fazendo história, Nelson.
09:03Você está fazendo história.
09:04Você está contando a história da primeira vez do emprego real
09:09da arma convencional mais poderosa da história da humanidade
09:13que está sendo usada numa situação real.
09:15Essa bomba GBU-57.
09:18O que é isso?
09:19Essa bomba, teoricamente, tem a capacidade de furar, perfurar,
09:25penetrar numa massa de concreto reforçado
09:29de 60 metros de profundidade, 200 pés.
09:33Ou quase 61 metros de profundidade.
09:36Para quem nos assiste ter uma noção do que nós estamos falando,
09:39imaginem aí um prédio de 20 andares,
09:42que é mais ou menos o que tem 60 metros de altura.
09:45Imaginem agora esse prédio estar completamente cheio,
09:48completamente tomado de concreto armado.
09:52Essa bomba, teoricamente, cai no telhado desse prédio,
09:57perfura todo o prédio, chega no térreo e só então explode.
10:01Essa é a característica que o vendedor, que o fabricante, diz que ela tem.
10:08Nós só vamos descobrir na prática se ela realmente tem essa capacidade.
10:12Quando a gente ficar sabendo, isso não vai ser imediato,
10:15isso aí vai levar meses para a gente ter a noção exata do que aconteceu nesse ataque americano,
10:20quando isso virar notícia daqui a alguns meses, ou talvez anos.
10:27Mas é disso que nós estamos falando.
10:28De uma bomba com capacidade de penetrar, teoricamente,
10:3260 metros de concreto armado e depois explodir lá no interior.
10:37Por isso que ela era a única que poderia ser usada contra fordo,
10:41por causa dessa característica, dessa instalação,
10:44de estar escavada nas profundidades de uma montanha lá no Irã.
10:48A pergunta que fica é qual a dimensão,
10:54o que os Estados Unidos teriam de condições de munição para essa bomba aí,
11:00uma vez que já foi utilizada agora essa bomba.
11:07Tem condições, você acredita que os Estados Unidos tenham munições,
11:11tenham condições de fazer novos ataques utilizando a mesma bomba por muito mais vezes?
11:16Como seria isso? Porque há uma promessa de Donald Trump,
11:19que se a paz não vier, eles vão continuar atacando e vão gerar um mal ainda maior ao Irã.
11:26Você escolhe os meios e métodos de combate,
11:29ou seja, você escolhe que tipo de arma você vai usar,
11:33em razão dos alvos que serão atingidos.
11:38Essa bomba, o único lugar no Irã em que ela é necessária,
11:42é justamente nessa usina nuclear de forno.
11:44Tanto é que, como você noticiou,
11:47as outras instalações foram utilizadas mísseis comuns,
11:50mísseis de cruzeiro lançados por submarino.
11:53Eu não imagino, eu não sei qual é a quantidade de munição,
11:56quantas bombas GBU-57 dos Estados Unidos tem,
12:00não devem ser muitas,
12:01mas o único alvo que eles deveriam usar essa bomba seria essa instalação de forno.
12:08Então talvez possam fazer mais dois ataques, três ataques,
12:11mas não mais do que isso, eu acho que isso já é suficiente.
12:16Então, Nelson, os Estados Unidos têm sim munição suficiente
12:20para permanecer alvejando o Irã por muito tempo.
12:26Mas o problema que a gente tem que pensar,
12:29que eu convido os telespectadores a pensarem junto com a gente,
12:33é que resultado se espera desses ataques, desses bombardeiros.
12:37Não há caso histórico de um bombardeiro convencional,
12:41de um bombardeio convencional, levar o outro lado à rendição.
12:45Nós temos a Primeira Guerra Mundial,
12:47cidades completamente arrasadas por bombardeios.
12:49Na Segunda Guerra Mundial, a cidade de Dresden, na Alemanha,
12:53completamente arrasada por bombardeio.
12:55Sem o soldado no terreno,
12:57sem o que a gente chama de boots on the ground,
13:00sem o desembarque dos militares no território iraniano,
13:04é muito difícil você obrigar o regime a se render,
13:07apenas por ataques aéreos.
13:10Isso é um fato muito raro na história.
13:15Aconteceu na Segunda Guerra Mundial com o emprego da arma nuclear.
13:19Quando os americanos atacaram Hiroshima e Nagasaki,
13:22os japoneses foram levados à rendição.
13:24Mas a arma nuclear é outro patamar,
13:26nós estamos falando de outra coisa.
13:30Bombardeiros convencionais,
13:31bombardeios convencionais como esses,
13:33que nós estamos assistindo,
13:34nunca levaram na história nenhum país à rendição.
13:37Então, por que levariam o Irã nesse momento?
13:40Eu tenho dúvida.
13:41Isso é mais uma preocupação,
13:44porque isso pode, sim,
13:46obrigar o envio de soldados
13:48para a região do Oriente Médio.
13:51O envio que o presidente Trump
13:53sempre negou o que faria.
13:55Ele sempre prometeu que tiraria os Estados Unidos
13:57dessas guerras
13:58e que não colocaria os Estados Unidos nesse tipo de guerra.
14:00Só que guerra, Nelson, é uma coisa que a gente sabe como começa,
14:04mas não sabe quando termina.
14:06O presidente Putin, quando atacou a Ucrânia,
14:11ele achava que ele ia terminar a guerra em duas, três, quatro semanas.
14:15Nós já estamos aí há três anos e meio de guerra.
14:18Então, muitas surpresas podem acontecer daqui para frente.
14:24Coronel, uma outra questão que tem chamado muita atenção
14:26é essas manifestações.
14:28São essas manifestações,
14:29tanto as vindas do presidente americano
14:32quanto as das autoridades do Irã
14:35em relação a sempre a promessa de ataque.
14:39O presidente americano falando que vai para cima,
14:41que ou é paz ou vai piorar a situação do Irã.
14:44Por outro lado, a gente viu a emissora estatal do Irã,
14:48os analistas falando que, a partir de agora,
14:50qualquer americano é um alvo legítimo.
14:53O ministro das Relações Exteriores já havia dito à imprensa,
14:56ele está na Turquia,
14:58de que os Estados Unidos, se atacassem o Irã,
15:02encontrariam uma reação muito forte.
15:05Como é que você vê,
15:06e agora a gente viu há pouco,
15:07repercutimos aqui a promessa de que
15:10a exploração da atividade nuclear vai continuar acontecendo pelo Irã.
15:16Como é que é a guerra nas manifestações?
15:19Como é a guerra da comunicação?
15:21Até onde pode-se acreditar em cada frase
15:24que vem dos Estados Unidos,
15:26que vem de Israel e que agora vem também do Irã?
15:29Se atribuiu a um dramaturgo romano, grego,
15:35Héskilo,
15:36uma frase que diz o seguinte,
15:38na guerra a primeira vítima é a verdade.
15:42Então, não dá para acreditar em tudo que é falado,
15:45em tudo que é noticiado numa guerra.
15:47Tem sempre desconfiar das informações que chegam para nós.
15:51Por outro lado,
15:52todas essas declarações de chefes de Estado,
15:54de generais, de autoridades,
15:57num conflito,
15:58elas fazem parte de um plano de comunicação estratégica,
16:02da chamada guerra informacional.
16:05Você tem objetivos por trás de cada uma dessas falas.
16:09Você pode ter o objetivo de galvanizar a vontade popular,
16:13de estimular os seus soldados,
16:16de passar mensagens de coerção para o inimigo.
16:20Então, quando o presidente Trump fala
16:22que se o Irã não se render,
16:25se o Irã não buscar paz,
16:27ele vai bombardear o Irã de uma forma que nunca foi feita,
16:31o objetivo informacional é claro.
16:33Ele está querendo causar medo,
16:35está querendo coagir as autoridades iranianas a se renderem.
16:39Por outro lado,
16:40quando as autoridades iranianas dizem que responderão,
16:46que vão responder,
16:47que vão continuar enriquecendo o Irã,
16:49que todos os americanos são alvos,
16:52o que ele quer também é galvanizar o seu lado,
16:56dizer que o seu lado ainda tem condições de luta,
16:59chamar, estimular o espírito combatente dos seus militares.
17:03Então, todas essas falas estão num contexto de uma comunicação estratégica,
17:09e no caso americano, certamente,
17:11uma comunicação estratégica muito bem elaborada,
17:14muito bem pensada, muito bem planejada,
17:16e essa comunicação com objetivos,
17:18objetivos visando o público interno,
17:21visando o público externo,
17:22tudo isso planejado.
17:24É claro que o presidente Trump,
17:26pela sua personalidade,
17:27ele é um pouco incontrolável, né?
17:29Então, talvez ele não obedeça exatamente
17:31o planejamento da comunicação estratégica,
17:34mas, dentro dos militares americanos,
17:37certamente é isso aí que impera.
17:39Perfeito.
17:40Coronel Paulo Filho conosco aqui,
17:43ele que é do Centro de Estudos Estratégicos do Exército,
17:46analista do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro,
17:49coronel da Reserva,
17:50mestre em ciências militares,
17:52nos ajudando a entender todos os desdobramentos
17:54a respeito do conflito que agora se intensifica
17:57com o ataque feito pelos Estados Unidos da América
17:59às instalações nucleares iranianas.
18:03Coronel, dá para ter uma noção
18:06se há, de fato, ainda algo que tenha sobrado
18:10dessas instalações nucleares
18:12ou, pelo que você conhece,
18:14desse armamento americano,
18:15provavelmente tudo tenha sido, de fato,
18:19extinto a partir desse ataque?
18:22Não, não dá para dizer, Nelson.
18:24Eu não conheço e ninguém conhece,
18:27tendo em vista que foi pela primeira vez usado
18:29numa situação real.
18:31Tem muitas variáveis que devem ser consideradas.
18:33Primeiro é que, qual é a profundidade exata
18:36das instalações de furdo?
18:38A gente não sabe, né?
18:39Será que essa bomba GBU-57 entrega na prática
18:45o que é prometido na teoria?
18:47Também não sabemos, né?
18:48É claro que não é necessário que essa bomba
18:51tenha atingido lá a instalação propriamente dita, né?
18:54Se as bombas conseguiram colapsar, por exemplo,
18:58as entradas e saídas dessas instalações,
19:00por mais que lá embaixo tenha ficado intactos,
19:05se você não consegue nem entrar nem sair,
19:07se você corta o fornecimento de energia elétrica
19:10para as centrífugas,
19:12para cerca de 3 mil centrífugas que estão lá dentro,
19:15você acaba inviabilizando esses equipamentos,
19:19acaba destruindo de forma indireta esses equipamentos.
19:22Mas não dá para cravar exatamente o que aconteceu, não, Nelson.
19:25Nós vamos ter que esperar para ver o que aconteceu.
19:30O coronel, e o que se sabe sobre as possibilidades bélicas do Irã
19:36em um possível revide agora?
19:38Porque foi também uma orientação do presidente americano
19:41às autoridades israelenses que estejam em alerta
19:45para novos ataques,
19:46novos e mais intensos ataques do Irã
19:49ao território de Israel.
19:52O que acontece é que a campanha israelense,
19:54desde os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023,
19:59elas diminuíram em muito as capacidades do Hamas,
20:04do Hezbollah, dos Hutis,
20:06das milícias chiitas que existem na Síria e no Iraque,
20:11todos esses grupos próxicos iranianos
20:14que sempre atuaram a favor do Irã,
20:17de forma consertada.
20:19O governo Bashar al-Assad na Síria,
20:22que era um governo aliado do Irã,
20:23também não existe mais,
20:25o Bashar al-Assad caiu.
20:26Então, esses próxicos iranianos na região,
20:31eles estão bastante debilitados.
20:33Porém, eles continuam existindo.
20:36E alvos americanos para lobos solitários,
20:41que atendam a um chamamento do Irã
20:46para que ocorram ataques aos interesses americanos,
20:49isso é bastante provável que aconteça.
20:51Por outro lado, essa campanha israelense contra o Irã
20:57nos últimos nove dias
20:59debilitou bastante as capacidades militares
21:03e de lançamento de mísseis do Irã.
21:06Os israelenses dizem, não temos como comprovar,
21:10de que um terço dos lançadores de mísseis balísticos
21:12teriam sido já eliminados.
21:15Mas é também provável que o Irã faça uma ação com mísseis,
21:20tentando alvejar alvos americanos na região e também em Israel.
21:26Outra ação que o Irã pode tomar é tentar fazer uma disrupção
21:31no trânsito de navios mercantes, navios petroleiros,
21:35pelo Estreito de Hormuz.
21:37O Estreito de Hormuz é um estreito em que é só faixa de água navegável,
21:41tem uma largura muito pequena, uma largura de 3 quilômetros.
21:44Ele é dominado por norte, nordeste e leste pelo Irã.
21:49E o Irã pode, sim, atacar navios americanos,
21:54atacar interesses americanos nessa região.
21:57Tem que lembrar que 21% do petróleo que é comercializado diariamente
22:02passa pelo Estreito de Hormuz.
22:04Toda a produção do Catar, toda a produção do Iraque,
22:08toda a produção do Bahrein, dos Emirados Árabes,
22:11parte da produção saudita transitam por esse Estreito de Hormuz.
22:15Então, se o Irã causar uma disrupção no tráfego mercante naquele estreito,
22:20assim como os hutis causaram lá no Estreito de Bab el-Madebe, no Mar Vermelho,
22:26eles podem, sim, causar problemas, causar disrupções na economia global
22:31contra os interesses americanos e contra os interesses de todo mundo,
22:35que ninguém quer uma crise nos preços de petróleo.
22:38Então, há várias possibilidades de atuação iraniana sobre a mesa.
22:43Nelson.
22:45Participação conosco nessa cobertura especial da Jovem Pan.
22:50Quero agradecer o analista do Centro de Estudos Estratégicos do Exército Brasileiro,
22:54coronel da Reserva, mestre em Ciências Militares,
22:57Paulo Filho, esteve conosco nessa cobertura.
23:00Coronel, muito obrigado pela sua participação.
23:02Um prazer te receber aqui na Jovem Pan.
23:04Foi um enorme prazer. Boa noite a todos.
23:05Vamos lá.
23:17Vamos lá.

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