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  • 20/06/2025
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Felipe Moura Brasil e Mario Sabino comentam veto do presidente Jair Bolsonaro a parte dos dispositivos que perdoavam R$ 1 bilhão em dívidas de igrejas.
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Transcrição
00:00O presidente Jair Bolsonaro vetou parcialmente os dispositivos que perdoavam dívidas tributárias das igrejas no valor de um bilhão de reais.
00:08No entanto, Bolsonaro defendeu que o próprio veto seja derrubado no Congresso.
00:12Nas redes sociais, ele escreveu
00:14Confesso, caso fosse deputado ou senador, vocês estão vendo aí na imagem,
00:18por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo.
00:23O artigo 53 da Constituição Federal de 88 diz que os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente,
00:31por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
00:34Não existe na CF 88, CF Constituição Federal, obviamente, essa inviolabilidade para o presidente da República no caso de sanções e vetos.
00:43Sem dar detalhes, o presidente ainda afirmou que deverá encaminhar ao Congresso nesta semana
00:47uma PEC com uma possível solução para estabelecer o alcance adequado para a imunidade das igrejas nas questões tributárias.
00:55Os trechos vetados pelo presidente foram a isenção do pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido
01:02e a anistia das multas recebidas por não pagar a CSLL.
01:08O trecho sancionado reforça que pagamentos feitos pelas igrejas a ministros e membros das congregações
01:15não são considerados remuneração, por isso não estão sujeitos à contribuição previdenciária.
01:21Os dispositivos haviam sido inseridos em um projeto sobre precatórios em meio à pandemia de Covid-19
01:26pelo deputado Davi Soares do DEM, filho do missionário R.R. Soares.
01:31R.R. Soares é o fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, que tem milhões em dívidas com a União.
01:38O Ministério da Economia recomendava o veto total à proposta de perdão às dívidas das igrejas.
01:43E hoje pela manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão comentou o veto de Bolsonaro.
01:48Ele afirmou que se trata de uma questão política e que, por isso,
01:51prefere deixar que os políticos cheguem a uma conclusão sobre qual é a melhor solução.
01:56A decisão econômica seria simples, disse o Mourão, mas tem a política por trás disso aí, ele completou.
02:03Muito bem, Mário, o que você achou dessa decisão do Jair Bolsonaro?
02:08Evidentemente, existe ali a alegação da equipe econômica, mas o próprio presidente não coloca claro
02:13que ele fez isso por causa de um pedido da equipe econômica.
02:18Ele diz que houve risco de impeachment.
02:20Se ele vetasse, haveria o risco de impeachment.
02:24Quer dizer, se ele não vetasse, haveria o risco de impeachment.
02:27E ele já alegou isso naquele caso do fundão eleitoral também, que haveria o risco de impeachment.
02:33Então, volta e meia, seja para sancionar, para vetar, ele alega que poderia acontecer isso.
02:37E, ao mesmo tempo, terceiriza a função para o Congresso Nacional.
02:42Bom, antes de mais nada, eu quero dizer que, se derrubarem o veto, é a prova definitiva de que Deus não é brasileiro.
02:49Porque, se Deus fosse brasileiro, ele não deixaria passar essa pouca vergonha.
02:53A outra coisa interessante também, aqui é só um comentário paralelo, eu adoro o nome dessa igreja do R.R. Soares, Igreja Internacional.
03:03Deveria ser Igreja Intergalática, uma vez que Deus criou o universo, não criou apenas as nações.
03:10O fato aqui é o seguinte, o Bolsonaro não tinha como repor no orçamento essa receita que ele estaria abrindo mão.
03:21Então, isso poderia configurar improbidade administrativa.
03:25Realmente, o Executivo não pode tomar uma atitude dessa.
03:28Isso é uma atitude que tem que ser tomada por meio de um projeto lá no Congresso.
03:33Ele não pode abrir mão de receita se não tem como substituir essa receita.
03:41Estaria abrindo mão de um bilhão, é isso que estão falando, esse que é o valor, um bilhão de reais.
03:46Então, assim, é um jogo.
03:48Do ponto de vista formal, ele não tem um dinheiro para substituir essa receita da qual ele estaria abrindo mão.
03:54Então, ele vetou.
03:55Então, ele está jogando para a mão.
03:57Obviamente, ele é favorável a que se anistir, essa gente toda.
04:01Pelas ligações dele, obviamente, com os evangélicos, dos interesses eleitorais, inclusive.
04:07Então, ele está jogando isso para a mão do Congresso, que é onde a coisa vai ser debatida.
04:14É tudo uma pouca vergonha.
04:16É tudo uma pouca vergonha, porque, imagina, igreja não tem que dar lucro, para começar.
04:21E dá.
04:23Dá um baita de um lucro.
04:24Olha, eu ouvi uma vez, de um grande empresário da área de comunicações, que não dava para competir, por exemplo, com a Igreja Universal do Reino de Deus, do Edir Macedo.
04:35Porque a Igreja Universal do Reino de Deus fazia três IPOs por dia.
04:40Tal quantidade de dinheiro vivo que entrava através do dízimo, da cobrança do dízimo.
04:46É muita grana.
04:48Essa gente tem muita grana.
04:50É o melhor negócio do Brasil, é igreja.
04:54Abrir igreja.
04:55E está se tornando ainda melhor, porque você pode sonegar, que lá na frente perdoam a sua dívida.
05:03Coisa que nem Deus, como eu disse, perdoaria.
05:07Lembrando que o Jair Bolsonaro foi batizado lá no Rio Jordão pelo pastor Everaldo, que acabou de ser preso recentemente.
05:14O batista também foi, entendeu?
05:16Isso não é um problema.
05:18Exatamente.
05:19Então, o Jair Bolsonaro, quando ele estava ali se aproximando do eleitorado evangélico, na sua pré-campanha à presidência da República,
05:28ele teve essa cena aí que a produção está mostrando, dele sendo batizado pelo pastor Everaldo, que agora está preso também.
05:35Mas, evidentemente, Mário, toda a preocupação do Jair Bolsonaro, mesmo vetando parcialmente em dizer que se ele fosse senador e deputado, ele faria o perdão, ele anistiaria, quer dizer que ele quer a aproximação do eleitorado evangélico e esses pastores interessados em ter a anistia podem conseguir para ele, usando os cultos como palanque para 2022.
06:01Só palanque. O interesse dele, óbvio, mas isso é óbvio. Não tem nada de religiosidade nessa história. Só tem materialidade.
06:12E a questão toda é eleitoral.
06:16Obviamente, tudo visando ao que? Ao maldito 2022 e essa instituição maldita da reeleição.
06:23Aliás, também eu já me manifestei num artigo sobre isso. A reeleição hoje é o grande mal do Brasil, que impede que a gente vá para frente.
06:34A culpa é do Fernando Henrique, que, aliás, fez um meia-culpa depois do artigo, dizendo que foi o maior erro que ele cometeu, que foi instituir a reeleição para que ele pudesse ser reeleito em 1998.
06:45A coisa chegou a tal hora, que até o próprio Lula agora parece que anda falando que se ele for eleito presidente da república, se pudesse concorrer, ele iria abrir mão de um segundo mandato e acabar com a reeleição.
06:57O que é mentira, porque o Bolsonaro também disse isso.
06:59Então, assim, o diagnóstico de que é um mal, todo mundo tem. Mas resolver o problema, curar a doença, ninguém quer saber de curar.
07:05E quando assume a caneta, não quer largar, né? Principalmente se está sendo investigado ou se tem alguma investigação próxima que, em algum momento, pode chegar até a pessoa.
07:15Aí, então, é que eles não querem largar o foro privilegiado, não querem deixar de lado a possibilidade de ser reeleito.
07:21Aliás, foi a própria Cruzoé, né, Mário, que revelou ali a quantia de R$ 89 mil depositado pelo Fabrício Queiroz e pela esposa, Márcio Aguiar, no total, na soma, na conta da Michele Bolsonaro, esposa do Jair Bolsonaro.
07:36Ele que tinha dito lá em dezembro de 2018, quando veio à tona o caso do gabinete do Flávio, que eram R$ 40 mil, que não eram os R$ 24 mil primeiramente detectados pelo COAF,
07:46mas que eram R$ 40 mil depositados pelo Fabrício Queiroz, que teriam sido para quitar um empréstimo anterior, jamais registrado, jamais detalhadas as circunstâncias
07:55em que o Bolsonaro teria emprestado esses R$ 40 mil que o Queiroz estaria devolvendo por meio de um depósito.
08:03E, no entanto, a Cruzoé mostrou que não eram nem R$ 24 mil, nem R$ 40 mil, eram R$ 89 mil.
08:08E esse foi mais um caso em que houve, não por parte da imprensa, que nesse caso acho até que repercutiu mais do que no caso do Toffoli,
08:15mais um silêncio por parte do próprio presidente, por parte das pessoas envolvidas, que é muito parecido com o Toffoli também,
08:22que não se pronunciou a respeito da ligação com as empreiteiras.
08:25Então, quando eles sentem que falar qualquer coisa pode enrolar ainda mais, eles ficam quietinhos.
08:29Exato. Aliás, é bom enfatizar a pergunta, que foi a pergunta da nação e eu acho que continua sendo.
08:36Jair Bolsonaro, por que você depositou, aliás, o Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da sua mulher, Michele?
08:44Ela nasceu de uma matéria da Cruzoé. Foi um outro gol da equipe do Rodrigo Rangel.
08:52É isso, rapaz. Ele se comporta de uma maneira infantil.
08:55Quer dizer, a criança, quando faz alguma besteira, ela não fala, ela não diz, ela não confessa.
09:00Ela fica caladinha, esperando que ninguém descubra a besteira que ela fez e lhe dê uma bronca ou lhe põe de castigo.
09:08É a mesma coisa. Eu acho o Brasil extremamente infantilizado. Isso eu renderia um outro programa.
09:15Eu acho um programa, assim, é um país de gente infantilizada, de crianças no mau sentido, né?
09:22De gente, de criança sonsa, de criança desonesta, de criança mal educada.
09:27As redes sociais, há uma ampla mostra disso.
09:30Sem dúvida, ela abriu ali a porteira para uma série de infantilidades.
09:36Então, é muito infantil mesmo, né? As pessoas se calarem, achando que, com isso, o erro foi cancelado.
09:43Não, na verdade, o erro foi eternizado.
09:45Porque lá na frente, isso vai surgir.
09:48Porque sempre surge, né?
09:49Não é que eu acredite que os bons vençam sempre.
09:53A história tem mostrado que não.
09:54Mas as sujeiras, em geral, punidas ou não punidas, elas ficam registradas.
09:58Em algum momento, isso vai aparecer, isso vai ser devidamente registrado pela história.
10:06Exatamente.
10:06E no caso de um presidente da República, ainda mais se for candidato à reeleição,
10:11não tem como os adversários dele não tocarem nesse assunto durante a corrida eleitoral.
10:16O Bolsonaro agora está com uma popularidade alta, mas em boa parte também, né, Mário?
10:21Só para concluir aqui a nossa conversa, por falta de oposição política.
10:25Existem muitas críticas na imprensa, mas ele está lá distribuindo auxílio emergencial,
10:30evidentemente, nesse período de pandemia.
10:33Mas tem faltado, assim, uma oposição política mais incisiva, né?
10:37Não, sem dúvida.
10:39É mais ou menos, guardadas as devidas diferenças, o que ocorreu com o Lula em 2006, né?
10:45E mesmo quando ele deixou o poder.
10:48Quando o Lula termina o seu segundo mandato, a gente não pode esquecer,
10:52ele terminou com mais de 80% de aprovação.
10:56Então, você aí que hoje grita contra o Lula, que é bolsonarista extremado,
11:02muito provavelmente você estava apoiando e aprovando o Lula, né,
11:06quando ele terminou o segundo mandato.
11:08E, no entanto, apesar disso, depois, o que aconteceu com o Lula?
11:15Foi para a cadeia e agora está dependendo de favor dos ministros do STF
11:20para ter anuladas as suas sentenças.
11:23Exatamente.
11:24E você, como chefe de redação da Vejo, Diogo como colunista,
11:28eu depois na internet, todos nós estávamos mostrando aquilo que estava de errado
11:33naquele governo, mostrando as denúncias na raiz, repercutindo, analisando,
11:38independentemente da popularidade, porque o jornalismo não tem de se guiar pela popularidade.
11:43Claro, exatamente.
11:44Não é a medida do jornalismo, sem dúvida.
11:47Mário Sabino, muitíssimo obrigado pela sua participação aqui no Papo Antagonista.
11:50A gente estendeu porque a conversa é sempre boa.
11:53Volte sempre, claro.
11:54Muito obrigado, Felipe.
11:55Boa noite a todos.
11:56Muito obrigado.
11:57Obrigado.
11:58Obrigado.
12:03Obrigado.

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