Os Estados Unidos emitiram um alerta direto ao Hezbollah, orientando o grupo a não se envolver na escalada de tensão entre Israel e Irã. A medida visa evitar a expansão da guerra no Oriente Médio.
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00:00Ainda sobre esses proxys, sobre esses grupos que são financiados pelo Irã, o enviado especial dos Estados Unidos da América para a Síria, Tom Bach, alertou que o Hezbollah contra o envolvimento na guerra entre o seu principal apoiador, o Irã e Israel.
00:15O enviado americano afirmou, em nome do presidente Donald Trump, que seria uma decisão muito, muito ruim caso o Hezbollah se envolva no conflito.
00:23Após o pronunciamento do enviado especial dos Estados Unidos, o líder do movimento islamista libanês Hezbollah, Naim Kassem, declarou que seu grupo agirá conforme achar apropriado.
00:35Ainda afirmou que o Hezbollah não é neutro no conflito e acrescentou que o movimento agirá conforme julgar necessário diante da brutal agressão israelense-americana.
00:44Professor Furriella, essa informação se junta a uma outra dos últimos dias, que foi a manifestação também do Hamas, dando apoio integral às ações do Irã contra Israel.
00:57Qual é o risco desta escalada de conflito regional ali, ao norte, na fronteira com o Líbano pelo Hezbollah, e do sul da faixa de Gaza, agora, pelo Hamas?
01:06Bom, o Irã, durante o seu período de conflito com Israel, que começou em 1979, ele ficou durante vários anos com conflitos, organizando conflitos, ataques indiretos com esses grupos aí que você mencionou, né?
01:21Era essa forma como o Irã atacava Israel. E não por outro motivo, são grupos que certam, ficam ao redor do território israelense.
01:33Mas eles estão de tal forma enfraquecidos nessa sucessão de ataques militares que Israel organizou desde outubro de 2023, que fica difícil qualquer nível de reação relevante.
01:47Aqui lembrando que o Hezbollah, tirando ali os estados da região, era o grupo mais bem armado, tanto é que é um grupo para-estatal, ao contrário do Hamas, que é um grupo terrorista.
01:58Então, tradicionalmente, sempre tinha um alto poder ofensivo contra Israel, atacando por diversas oportunidades, causando muitos danos.
02:08Mas agora, esse poder de ataque ficou muito relativizado. As principais lideranças militares desses grupos foram mortas pelo exército israelense.
02:17Os principais armamentos ou foram usados para tentar revidar Israel nos primeiros momentos dos conflitos que eles próprios tiveram diretamente, ou já foram desmantelados pelo exército israelense.
02:32Esse é um cenário que diminui o poder, mas não pode ser desconsiderado por completo.
02:38Porque o que acontece é que quando você tem várias frentes de ataque e Israel está em risco de ter recebendo de todos os lados, mesmo com grande resposta, mesmo com escudo anti-mísseis e com desmantelamento que Israel empreendeu na região,
02:55O fato é que muitos danos ainda podem ser causados. E o que eu acho ainda mais arriscado nesse contexto todo é de que ataques terroristas dentro do território israelense, organizados por esses mesmos grupos, podem também acontecer.
03:13Então, é uma situação ainda delicada para Israel, apesar de ele estar no seu melhor momento para organizar um ataque desse nível contra o Irã.
03:21E aí, Dora, eu quero a sua análise também, porque isso iria ao encontro daquilo que a gente tem ouvido de alguns especialistas, que é uma aposta na sobrecarga do sistema de defesa, né?
03:32Que daí haveria uma intenção de sobrecarregar muitos ataques ao mesmo tempo a Israel para estressar ali o sistema de defesa, que apesar de ser o melhor sistema de defesa do mundo, não é isento a uma falha ou outra.
03:47Sua opinião, Dora Kramer.
03:48Pois é, mas de qualquer forma, esse enfraquecimento muito acentuado do Hamas e do Hezbollah torna essa possibilidade, claro que é uma possibilidade, mas não é um adversário assim relevante.
04:03Agora, eu continuo aqui querendo mais é fazer pergunta para o professor Furiela, sabe?
04:10E quero fazer uma outra, porque tem uma notícia de que o chanceler do Irã vai se reunir com representantes da União Europeia que não tiveram sucesso em outras tratativas, tá certo?
04:23O senhor acha que há alguma... Claro que sempre há uma chance, todas as tentativas são válidas, mas concretamente, esse tipo de conversação com a União Europeia tem alguma chance de produzir algum resultado?
04:37A gente tem Donald Trump, que é pró-Israel e Estados Unidos, se apresentando para manter diálogo com o Irã.
04:49Apesar de ter construído algumas pontes, como eu mencionei aqui pelos seus diplomatas, não chegou ainda a ser considerado pelo Irã um bom canal de negociação, porque tem apoio incondicional a um dos lados.
05:02O caso da Rússia também não se tornou um bom canal, porque o que o Irã busca da Rússia, como eu mencionei, é apoio militar, são armamentos, é uma condição de apoiar efetivamente, e isso já mencionamos aqui que não vai acontecer, contra os ataques israelenses.
05:21Não há uma busca do Irã de algum interlocutor, né? Buscar Vladimir Putin para ser um interlocutor, né? Apesar das habilidades todas que a equipe de Vladimir Putin tem, também a gente tem que deixar claro aqui que ele tem um corpo diplomático bem competente.
05:36Agora, de qualquer forma, a União Europeia, ela é, há bastante tempo, um bom canal para isso, por incrível que pareça.
05:46Mesmo a União Europeia tendo, obviamente, né, uma relação mais próxima com Israel, apoiando Israel, tendo relações importantes, inclusive culturalmente próxima com Israel,
05:59Israel é o estado ali do Oriente Médio, mais próximo dos valores ocidentais, né, por diversas razões, inclusive por conta de questões religiosas.
06:10Então, apesar disso, a União Europeia, já há muitos anos, ela busca uma composição, tanto é que foi por uma, por iniciativa basicamente dela,
06:21que o governo Obama chegou a assinar um acordo com o Irã, que previa justamente a suspensão do desenvolvimento de armamentos nucleares
06:30e daria-se ali um alívio nas sanções, até que houvesse uma confiança completa para que as sanções econômicas internacionais fossem suspensas.
06:39Então, a União Europeia, sim, ela tem esse relacionamento. E na semana passada, a França deu uma sinalização muito forte, muito direta,
06:51de que ela seria um bom canal. Então, o Macron está diretamente envolvido e, hoje em dia, dentro da União Europeia,
07:00a Macron é uma das principais lideranças internacionais. É uma figura relevante internacionalmente em várias frentes, né,
07:10dentro do contexto da União Europeia que nós temos agora, aqui no momento.
07:14Então, sim, a União Europeia é o melhor canal que existe. O problema que nós temos, além dessa questão de buscar um canal
07:22que fosse apropriado, o fato de que Israel está empreendendo um movimento militar
07:30que vai fazer que, enquanto ele não conclua o ciclo que ele pretende, ele também não está disposto a diálogo.
07:37Então, acho que a gente tem nenhum problema sério por conta dos objetivos militares de Israel.
07:43Quando eles forem completados, é que eu acho que a gente tem condições de trazer um diálogo do lado israelense,
07:49mesmo com uma boa mediação que possa vir da União Europeia.
