- 18/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Oi, Antagonistas, a gente tá de volta.
00:03Como eu falei pra vocês, a entrevista de hoje da TV Antagonista é o Danilo Gentili.
00:09Oi.
00:10Oi, você já conhece, tudo bom?
00:12Tudo bem.
00:13Bom, o Danilo tá aqui, voltando esta semana.
00:16Esta semana, voltando ao ar, né?
00:18Agora voltar a trabalhar, eu nem pareço.
00:19Tive seis dias de férias, mas voltando ao ar, a gente voltou ontem.
00:23Não foi pra praia, né?
00:24Não, tô muito branco, né?
00:26Vocês queriam até me dar Red Bull, achando que eu ia desmaiar, né?
00:28Eu achei, né?
00:29Gente, tá muito branco esse menino.
00:31É, eu preciso tomar mais solto.
00:33Preciso tomar mais solto.
00:34Bom, mas enfim, a gente trouxe o Danilo pra falar de politicamente correto e humor.
00:41Pode falar o que você quiser comigo.
00:42Pode?
00:43Pode.
00:44Vamos falar de culinária, mas a gente é nacional da mulher.
00:47Não, não vou falar de polêmica, sem polêmica.
00:50Não, mas eu queria falar com você do politicamente correto, do humor.
00:54E de por que que os políticos estão dando tanta importância pra opinião de humorista e artista sobre política?
01:02Será que é porque eles são muito artistas com o que eles fazem?
01:06Eu não tô entendendo se é coisa do politicamente correto, por exemplo.
01:10Eu fico incomodada quando é feito uma piada, assim, com uma pessoa que é muito fraca e não pode responder.
01:16Tipo, quando é uma agressão mesmo a uma pessoa que não tem como responder.
01:20Mas o que eu acho de uma coisa que você fala de um presidente?
01:23Eu sempre acho que é pouco.
01:24Pois é, o que eu percebo, assim, é que o politicamente correto, ele tem sido a régua pra fuzilar.
01:32Veja bem, não é que o politicamente correto impeça você de falar mal do presidente ou da pessoa fraca.
01:39Ele impede você de falar mal do presidente ou da pessoa fraca se for do lado correto.
01:44Ou seja, se a pessoa fraca for do lado que os militantes politicamente corretos desaprovam,
01:50aí você não só tem que fazer piada com ela, como se você pudesse ter que matar ela.
01:56Então, na verdade, eu digo isso por experiência própria.
02:00Eu cresci com o Agildo Ribeiro fazendo o Cabaré do Barata,
02:05onde ele tinha os bonecos dos presidentes da época, do Maluf, dos políticos que estavam em ascensão
02:11e estavam em posição de poder na época.
02:13Eu cresci lendo a revista MED, o Sarney, quando era presidente, era a capa da MED,
02:18o Collor, quando era presidente, era a capa da MED,
02:20e tinha o supositório do Collor na capa da MED, e não era tabu de nada.
02:25E depois, quando eu era adolescente, tinha o Casseto e Planeta fazendo piada com o Fernando Henrique Cardoso,
02:29que só viajava, que não resolvia nada, tal, tal, tal.
02:32E, de repente, depois disso, virou tabu fazer piada com o presidente.
02:37De repente, quando você fazia piada com o Lula, não era mais com o Lula,
02:40era com o nordestino, o trabalhador, ele não era mais presidente.
02:45Depois, com a Dilma, não era mais com o presidente, era com a mulher, não se faz piada com a mulher.
02:50Então, agora que não é mais a Dilma, eu fiz piada com o Temer e o jornal não mete mais o pau em mim.
02:55Agora voltou a ficar liberado fazer piada com o presidente.
02:59Aliás, até com a mulher do presidente, não tem mais machismo.
03:02Você pode xingar a mulher do Temer do que você quiser, que ninguém vai dizer que você é machista.
03:08Você pode falar que ela é burra, pode falar que ela é piriguete, pode falar que ela é interesseira.
03:12Você pode usar o adjetivo machista que você quiser com a Marcela, Temer, que ninguém vai te acusar de machista.
03:18Agora, eu me lembro quando eu fiz uma piada que a Dilma foi no Jô Soares fazer aquela assessoria de imprensa,
03:25que ele fez com ela, e eu lembro que eu satirizei a entrevista.
03:30No mesmo dia, viralizou no Facebook minha entrevista, e o repórter da Folha me ligou e falou
03:36eu quero falar sobre aquelas coisas machistas que você fez com a presidente.
03:41Que coisa machista?
03:43Aquele vídeo, eu falei, não, aquele é um vídeo de humor, eu estou satirizando a presidente.
03:46Então, veja bem, quando o político é do lado correto, é do lado do bem,
03:52o politicamente correto blinda ele.
03:55Se ele não for do lado correto, aí você atira para matar.
04:00Por exemplo, a Margaret Thatcher pode falar que é sapatona, pode falar que é encalhada,
04:05pode sapatear no caixão dela, que não tem problema algum.
04:08Então, o politicamente correto não é um meio para você preservar as pessoas,
04:17ou uma etiqueta para não cometer gafes, ou para não magoar ninguém.
04:20Na verdade, é só uma régua para fuzilar quem eles querem que você fuzile,
04:26e para blindar quem eles querem que sejam blindados.
04:30E, na verdade, não se importa com isso de quem é vulnerável.
04:33Eu acho que, recentemente, a gente teve uma polêmica,
04:38que eu, sinceramente, tinha uma das polêmicas mais ridículas, assim,
04:41dos últimos tempos, que é a história do turbante.
04:44Você acompanhou?
04:45Acompanhei.
04:45E, para mim, uma das polêmicas mais ridículas, porque eu já morei em Angola,
04:51e lá rolava, assim, uma pressão.
04:53Opa!
04:54Quer jogar mais coisa?
04:57Um pouco de água.
04:58Não, já estão jogando em mim.
05:00Fechou o tempo aqui.
05:01Sem querer, desculpa.
05:03Mas, enfim, lá rolava uma pressão no sentido oposto,
05:08porque eles queriam que eu usasse as coisas deles.
05:13Eles queriam que eu usasse o turbante, porque, assim,
05:16eles falavam para mim que eu estava indo nas reuniões e que eu estava meio mal vestida.
05:20Aí, quando eu usei e aparecia, eles falavam,
05:24ah, agora sim está bem vestida.
05:27E agora apareceu uma pastora batista, lá em Curitiba, que é angolana,
05:33falando mais ou menos isso.
05:34O que que chamaram ela?
05:35De fantoche dos brancos.
05:37Meu!
05:38Sempre assim, ué.
05:40Por que que ela é fantoche?
05:41Porque ela é negra, ela é fantoche?
05:43Porque ela falou uma coisa que o pessoal do bem não queria que ela falasse.
05:48Então, a régua do politicamente correto é para fuzilar.
05:51Então, se você...
05:52Ele sempre começa a conversa assim,
05:54e aí, você concorda comigo ou é nazista?
05:57Não tem outra opção.
05:58E aí, você concorda comigo ou é racista?
06:01E aí, você concorda comigo ou é machista?
06:03Você concorda comigo ou é fascista?
06:04Você concorda comigo ou é um monstro?
06:06Não existe diálogo.
06:08Ou você é do bem, ou você é uma pessoa monstruosa.
06:12Essa é a propaganda deles.
06:14Eu me lembro, a gente estava falando,
06:15não, o politicamente correto é feito para preservar minorias, oprimidos.
06:19Ah, mentira.
06:20Eu me lembro quando o Joaquim Barbosa se posicionou contra a Dilma,
06:25contra o governo do PT,
06:26Ora, o blog oficial que fazia a campanha para a Dilma,
06:30chamava ele de macaco.
06:32E aí, estava liberado.
06:35Ora, quando aquele professor lá,
06:37Girardelli, Margarelli, sei lá o nome dele...
06:40Quando ele chamava o Pita de macaco?
06:41Aí, está liberado.
06:41Quando o Pita não foi chamado de macaco,
06:43na minha frente, uma vez que eu ia chamar de macaco?
06:45Aí, está liberado.
06:46Aí, está liberado.
06:46Porque ele é do maluf, e o maluf não é do bem.
06:49Ora, você quer ver?
06:50A gente não sei, então, assim,
06:51o Girardelli, Girardelli, é um professor universitário.
06:54Geralmente, quando você...
06:55Ah, eu sei que é esse rapaz.
06:57Eu não lembro.
06:57Eu não lembro.
06:58É, alguma coisa dessa.
07:00Veja bem, quando um humorista faz uma piada,
07:04veja bem, você vai na bio do humorista do Twitter,
07:07está escrito, sou humorista, não me leve a sério.
07:10Você vai no programa de TV, você vai falar,
07:12sou humorista, não me leve a sério.
07:13Você faz uma piada.
07:15Você avisa para as pessoas não levar a sério,
07:17e o jornalista, que geralmente tem uma grande porcentagem
07:21de jornalista brasileiro, é militante de politicamente correto,
07:25sai da faculdade completamente convencido
07:30que ele tem que militar pelo negócio,
07:32é os adoradores de textão do Facebook.
07:35Então, os jornalistas dizem que o humorista não deve falar isso
07:38porque ele influencia pessoas.
07:39Mas vamos falar, o Girardelli era um professor universitário.
07:43Bora só.
07:44Ele forma pessoas.
07:45Você quer alguém que influencie mais pessoas
07:46que um professor universitário?
07:48Ele, por exemplo, escreveu no Twitter,
07:50Raquel Xerazade deve ser estuprada.
07:52Eu não vejo a hora que estupre a Raquel Xerazade.
07:55Ela merece e deve.
07:56Por favor, estupre a Raquel Xerazade.
07:57Isso não virou uma linha de notícia.
08:01E nem de defesa feminista.
08:02E nem de defesa feminista.
08:04Isso me revolta.
08:05Mas a Xerazade você pode matar, você pode estuprar,
08:08porque aí não é machismo, porque ela não é do lado do bem.
08:10Então, politicamente correto é uma farsa.
08:13Ele é só uma ferramenta de propaganda ideológica
08:16para você atacar quem eles consideram que falam coisas
08:20que contra a agenda política deles
08:22e para blindar quem é da agenda política deles.
08:26É só isso.
08:27É muito hipócrita.
08:29Mas o humor é uma corda-bamba.
08:31Porque assim, até piada em família.
08:34O humor é uma corda-bamba porque
08:36você pisar no acelerador demais é muito fácil.
08:40Tem piada que você já se arrependeu?
08:42Não, nunca.
08:43Eu não posso me arrepender.
08:44É a natureza do meu trabalho.
08:47Então.
08:47Mas que você chegou em casa e falou...
08:49Não.
08:50Nunca.
08:51Ah, não.
08:53Então eu vou usar o exemplo que você usou.
08:54Vamos falar do malabarista.
08:56O trabalho do malabarista é andar na corda-bamba.
09:00Ou é jogar malabares, eu esqueci.
09:02Quando você falou malabares, você queria dizer
09:04o cara que anda na corda-bamba ou que joga malabares?
09:06Os dois são.
09:07Eu vou falar do cara da corda-bamba, então.
09:09É o bambalarista.
09:10Não?
09:11Para de me botar.
09:12Você é linguista, você quer que eu seja linguista?
09:16É que eu não sei.
09:17Vamos falar dele.
09:18Na Wikipédia, eles votaram que eu sou humorista.
09:21Porque os políticos andam tão palhacitos que eles me botaram de humorista.
09:25Vamos falar do malabarista.
09:26E eu sou linguista.
09:27Vamos falar do cara que anda na corda-bamba.
09:28Na corda-bamba.
09:29A profissão do cara é andar na corda-bamba.
09:32Se um dia ele andou e estava ensaiando uma manobra e caiu, ele não pode se arrepender
09:38porque ele estava fazendo o que é do trabalho dele.
09:42O humorista é a mesma coisa.
09:44Pode.
09:44Não, imagina.
09:45Se ele se arrepender, ele é um péssimo profissional.
09:48Não, você não pode chegar um dia e pensar, ah, isso aqui eu vou refazer amanhã.
09:54Não, mas isso não é arrependimento.
09:56Isso é uma...
09:56É o quê?
09:57Isso é a natureza do trabalho.
09:59Sim.
09:59O comediante trabalha com...
10:01Não existe outra maneira de eu criar uma piada que não seja contando em público.
10:07Sim, mas não tem aquela piada que você achou que ia ser um uau e foi...
10:11Sim, mas isso não é...
10:12E aquela que você achou que ia ser meia boca e foi uau, não é isso.
10:15Sim, mas isso não me gera arrependimento.
10:17Isso me gera assim.
10:18É muito mais racional que arrependimento.
10:20É, ah, essa aqui não funcionou, não gostaram.
10:23Essa gostaram, essa eu separo pro meu repertório.
10:26Agora não tem como eu saber se vão ou não gostar de uma piada se eu não contar em público.
10:29Mas não é arrependimento.
10:31É a natureza do meu trabalho.
10:33É um trabalho seletivo.
10:34É feito de uma maneira empírica.
10:36Não tem como eu saber se as pessoas vão gostar da piada, se vão achar ela engraçada
10:40se eu não contar pras pessoas.
10:41Mas você não tá falando o negócio do arrependimento te julgando.
10:44O que eu tô falando é da natureza do seu trabalho.
10:46O seu trabalho, ele não tem como ser feito, como o meu.
10:48O meu trabalho não tem como ser feito sem ser testado.
10:51Você tem que testar.
10:52O meu trabalho tem uma coisa que o senhor não tem, que é muito mais traumático.
10:56Eu necessito da reação imediata de uma pessoa.
11:01É diferente do drama.
11:02Se eu faço uma peça e eu apresento, as pessoas assistem, vão embora.
11:07Ah, gostei, não gostei.
11:08Agora, eu conto uma piada.
11:10Se eu não ouvir o riso imediatamente após eu terminar de contar, eu fracassei.
11:16Entendi.
11:17E como funciona a rotina de um comediante stand-up?
11:19Eu escrevo um set de piadas, geralmente 10, 15.
11:23Vou pro bar e conto as 15.
11:25Das 15, eu percebo que só 5 funcionaram.
11:2810 vão pro lixo.
11:29Das 5, eu percebo que duas precisam ser aperfeiçoadas.
11:32Eu reescrevo e volto pra apresentar no outro dia.
11:34É assim que se forma um repertório de piadas.
11:36Agora, o que acontece é que as pessoas que reclamam não são as pessoas que consomem.
11:42Entendi.
11:45Eu vou num teatro.
11:47Eu não preciso dar um exemplo.
11:48Eu posso dar um...
11:49Eu não preciso dar um exemplo...
11:51Eu não preciso criar uma imagem.
11:52Eu posso dar um exemplo real.
11:53Teve uma virada cultural de São Paulo.
11:56Eu fiz show pra 32 mil pessoas na Praça da Sé.
12:00Eu fiz um show a céu aberto.
12:03E eu tenho o show gravado.
12:04E todas as pessoas estavam rindo de todas as piadas que eu fiz.
12:09Porque eram piadas que eu já tinha testado em bares durante um tempo.
12:13Eu já sabia que funcionava.
12:16E as pessoas riram.
12:17E tinha um jornalista lá que não riu.
12:22Ele não foi lá pra ver o show.
12:24Ele foi lá pra fazer a matéria.
12:26Ou seja, ele não é o público da piada.
12:29A matéria dele era que é horrível, é ofensivo e as pessoas não deveriam ter rido.
12:37Tinha três...
12:39Veja, tem três frentes ali no show.
12:41Um humorista, 35 mil pessoas de público e um jornalista.
12:45Pra ele, o humorista estava errado e as 35 mil pessoas estavam erradas.
12:49Ele estava certo.
12:51Não existe a visão de...
12:52Peraí, como é, por exemplo, um crítico sério.
12:55Peraí, ele escreveu essa piada pra essas pessoas que queriam ouvir.
12:59As pessoas riram.
13:00Ele fez o trabalho dele direito.
13:02Mas eu acho que é por aí também que uma determinada parcela da velha mídia perde a importância.
13:08E você tem toda uma nova estrutura de mídia ganhando importância.
13:11Porque reconhece os desejos, anseios e opiniões do cidadão comum.
13:16Ela não se sobrepõe ao cidadão comum.
13:20Até a política está virando um pouco assim, você não acha?
13:22Eu acho que aqui vai um pouco além.
13:24Porque quando eu digo isso, veja bem.
13:26Por que o jornalista, nesse caso específico, e muitos outros que eu poderia citar aqui,
13:32aliás, estou fazendo um documentário.
13:33Eu ia fazer um livro e virou tão grande que eu estou fazendo um documentário a respeito.
13:37O jornalista não estava ali e cada vez menos o jornalista faz o trabalho dele de jornalista.
13:44O trabalho do jornalista é...
13:45Vou ver o show do humor.
13:47Vou ver o show de humor.
13:49O humorista escreveu a piada para essas 35 mil pessoas.
13:52Elas riram.
13:53Bom, se eu gostei ou não, não interessa.
13:55Eu vou analisar que ele fez o trabalho dele direito.
13:58Ou se ele contou e não riram, ele não está fazendo o trabalho dele direito.
14:01Porque ele escreveu para essas pessoas.
14:03Acontece que o jornalista ali, ele estava militando.
14:05Não é que ele julgou o meu show incompetente.
14:09Ele julgou o meu show incorreto.
14:12Eu falei coisas incorretas.
14:14Coisas que eu não deveria ter dito.
14:16Eu mexi com a presidenta Dilma.
14:19Isso não se faz.
14:20Eu mexi com valores do politicamente correto.
14:23Com valores da ideologia que o jornalista defende.
14:26Então, ele está militando.
14:27E as pessoas cada vez mais estão percebendo isso.
14:30Porque o jornalista no Brasil, eu acho que no todo o Ocidente, está cada vez mais assim.
14:35Por causa do politicamente correto.
14:37Cada vez mais ele deixa de fazer o jornalismo para fazer militância político-ideológica.
14:44E as pessoas estão percebendo.
14:45E eu digo mais.
14:47As pessoas estão desacreditando eles.
14:49Eles estão perdendo a credibilidade.
14:51Porque eles estão deixando de fazer o trabalho deles.
14:53Então, eu vou dar um exemplo.
14:54Quando que eu percebi que tratava-se de militância ideológica, não de realidade.
14:59Quando eu comecei a fazer show, comecei a fazer piada, eu tenho um monte de manchete me elogiando.
15:08Falando que era uma revelação, que eu apareci, que era muito engraçado, que eu era ousado.
15:13Eu tenho Folha de São Paulo, todas as revistas da Editora Abril, Estadão, o Globo, me elogiando na época que eu iniciei no stand-up.
15:21Então, eu comecei a fazer piada com o PT.
15:25Eu comecei a... Por que eu fiz piada com o PT?
15:27Porque é o governo que estava em exercício.
15:30Quando eu virei humorista, já era o PT o governo.
15:32E é papel do humorista fazer piada com os políticos, principalmente com o governo em exercício.
15:38Então, eu comecei a virar uma pessoa horrível, monstruosa.
15:45E o jornal, a manchete do jornal era...
15:48As pessoas estão irritadas comigo, as pessoas me rejeitam.
15:52Só que eu ia no meu show, eu ia para fazer uma sessão e fazia três.
15:58Eu lançava um livro, virava top de venda.
16:01Eu fazia um programa na Band, peguei um horário que dava 06, subi para 4.2.
16:05Comecei a brigar pelo segundo lugar.
16:08Fui para o SBT, ganhei da Globo.
16:10E as manchetes do jornal dizendo que as pessoas me acham uma pessoa horrível, que eu sou uma pessoa horrível.
16:15Então, eu comecei a ver, peraí.
16:16O jornal não representa as pessoas.
16:20E as pessoas estão um pouco se ferrando para o jornal.
16:24As pessoas estão percebendo que isso aqui não tem relevância nenhuma.
16:28Por quê?
16:29O jornalista tenta usar o megafone dele para defender o politicamente correto,
16:34e aí ele tenta se transvestir a opinião pública.
16:37Ele fala em nome das pessoas e não é verdade.
16:40A gente viu isso na eleição do Trump.
16:41Todo mundo dizia que não ia ganhar, todo mundo...
16:45Não, porque eu bati até a aposta.
16:47Mas aqui é o senhor, bati e ganhei.
16:49Aqui eu estou falando do jornalismo ocidental.
16:52Eu sou jornalista, porque eu sou chinesa, mano.
16:56Mas pega o mainstream.
16:58Não, bati uma aposta.
16:59Pega a CNN, folha, globo.
17:03Que ele ia ter que pintar a barba de vermelho, vocês veem na produção.
17:06Pintou?
17:07Pintou!
17:08Mas ele só pintou porque eu arrumei um amigo lá, né, barbudão.
17:12Falei, se você não pintar, esse rapaz aqui vai na sua casa pintar sua linda barba com você.
17:17Coisa linda.
17:18Mas por que eu estou dando o exemplo do Trump?
17:20Você vê que todo jornalismo...
17:21Não, porque assim, eu não queria que o Trump ganhasse.
17:22Eu não queria, não era a minha torcida.
17:25Mas eu fui analisando ali os produtores rurais, dos menores estados,
17:29e achei pela conta que era o que fazia sentido e que ia rolar.
17:35E aí, quando começou a rolar o lance de fazer aposta no ar,
17:39eu falei, olha, é com o coração na mão que eu faço a aposta.
17:43Você vai ter que pintar a barba.
17:44Mas por que você tem o Trump aqui numa conversa que não tem nada a ver?
17:49Porque isso ilustra bem como as pessoas estão um pouco se ferrando para a mídia.
17:58A mídia deixou de formar a opinião das pessoas.
18:00Ou ela está formando o oposto?
18:02Você não acha que tem o lance também?
18:03Você está formando o oposto?
18:04É porque as pessoas estão com raiva.
18:05Eu acho também.
18:06Que é aquela assim, eu acho que tem uma coisa do dedo podre.
18:10Tem uma mídia no Brasil, qualquer coisa, no Brasil e no exterior,
18:13qualquer coisa que esses caras falarem que é bom,
18:16todo mundo faz o oposto.
18:18Porque as pessoas pegaram raiva.
18:19E por que pegaram raiva?
18:20Porque perceberam que eles são desonestos.
18:25A maioria dos jornais aqui no Brasil, principalmente,
18:28é um crime, é um pecado falar que é parcial.
18:31Tem que falar que é tudo imparcial.
18:32Parece que imparcialidade é uma qualidade quando não é.
18:37Eu acho que qualidade, você assumiu que você é.
18:39No seu programa você é imparcial?
18:41No meu programa?
18:42Não, eu sou do contra.
18:45Como que você é do contra?
18:46Sou sempre do contra.
18:47Você é antagonista?
18:48Sou antagonista.
18:49Eu não sou nada imparcial.
18:52Como que você é sempre do contra?
18:53Você começar essa temporada aí como?
18:56Você é o do de noite.
18:58Eu sou de dia.
18:59Você é de noite.
19:01Já vendo?
19:01Já não sou parcial.
19:02Já sou parcial, eu sou de noite.
19:04Você é de noite.
19:04Eu sou da escuridão.
19:05Como é que você decide aí as coisas do seu programa?
19:09O que você acha que representa as pessoas, então?
19:12Já que você está aí dando a lição de humor para os jornalistas.
19:14Aí eu estou fazendo entretenimento.
19:16Eu vou do...
19:17Eu não sou jornalista, eu faço entretenimento.
19:19Mas essa é uma...
19:20Mas também é uma forma de representar as pessoas.
19:22Não, mas aí é uma nova crítica que eu faço jornalismo.
19:25O jornalista pega o humorista, quando convém, e promove ele a posição de colunista do jornal nacional.
19:35Como se fosse alguém que deve ser levado a sério e que reclama para si que seja levado a sério.
19:40Eu estou falando besteira o tempo inteiro.
19:42Eu estou falando para me levar a sério.
19:43O meu ponto de partida é...
19:45Vão dar risada?
19:46Se der risada, esse é o meu trabalho.
19:49É isso também que eu acho.
19:50Que o negócio do humor também tem esse...
19:52Eu acho que tem essa máxima.
19:53Quando começa a analisar, ah, por que tal piada, isso, aquilo.
19:56Eu acho que tem isso.
19:57Foi engraçado.
19:59Então.
19:59É esse o negócio.
20:00Foi engraçado.
20:01Mas aí você tem que analisar.
20:02Você vai num show que tem 35 mil pessoas.
20:04Você vai num show que tem mil pessoas no teatro.
20:06As mil pessoas estão rindo.
20:08Você não riu?
20:08Foi engraçado.
20:10Sim.
20:10Mas também tem umas coisas aí que depois você fica com vergonha de...
20:13Não.
20:14Eu adoro rir.
20:16Aliás, se eu dei risada, se eu dei risada, eu jamais vou me vergonhar de rir.
20:19Eu adoro rir.
20:20Ele...
20:21Para com isso.
20:22É porque eu rio da maior parte das coisas.
20:24E depois eu fico...
20:25E não é bom rir.
20:26Tem coisa só eu que dou risada.
20:28Ah, legal.
20:29Você é feliz.
20:30Eu sou muito feliz.
20:31Ah, vai no meu show.
20:32Uma pessoa vai dar risada.
20:34Não, se eu for no seu show.
20:35Ah, mas se você for e não rir, aí eu vou me sentir muito mal.
20:38Se eu for no seu show e não rir, cara, tipo, você fecha o show.
20:41Essa piada você risca, porque eu não...
20:43Mas é isso que o politicamente correto faz.
20:45O politicamente correto, ele sequestra tudo para o discurso do textão de Facebook, para o discurso político e ideológico.
20:52Ou para te dizer que você é mal.
20:55Você fala uma coisa e ele quer reclassificar aquele seu discurso como um ataque que você não fez.
21:00Exato.
21:00Porque ele te tira do contexto e coloca você onde...
21:05E coloca você no paredão para fuzilamento.
21:07Sim.
21:07Ah, não. Ele não é um humorista. Ele é um criminoso.
21:10Ele fez uma coisa incorreta.
21:12Mas, ó, a gente tem que finalizar, mas eu quero te perguntar uma coisa.
21:15Já?
21:15Já.
21:16Mas você está gostando muito dessa sua briga com os políticos.
21:19Porque nunca antes na história desse país, os humoristas tiveram um peso político tão grande.
21:27Eu acho que...
21:28Porque dão.
21:29Sim.
21:31Nunca tiveram, porque antes o politicamente correto, o humorista era um humorista.
21:36Sim.
21:36Depois do politicamente correto, o humorista virou um inimigo.
21:40Agora, se o humorista for de esquerda, então ele não é um inimigo, ele é um intelectual.
21:46Pode assinar manifesto.
21:47Eles colocam, pode assinar manifesto, eles colocam no pedestal.
21:51Se o humorista, e é engraçado isso, se o humorista, ele for imparcial fazendo propaganda do pessoal,
21:58imparcial fazendo campanha do Marcelo Freixo, imparcial fazendo campanha do PT, então ele não é só um humorista.
22:05Ele é um cidadão engajado e do bem.
22:07Agora, se eu, como humorista, meto o pau no PT, meto o pau no PSDB, meto o pau no Temer, meto o pau na Dilma, meto o pau no Crivella, meto o pau no Marcelo Freixo.
22:16Mas, como eu meto o pau no pessoal, então eu sou um desgraçado.
22:21Está aí, Danilo Gentili.
22:24Muito orgulhoso em ser um desgraçado.
22:29Metendo o pau em todo mundo.
22:31Eu tenho uma meta.
22:32Se um dia eu abrir o jornal e tiver os críticos falando bem de mim, eu penso, o que eu fiz errado?
22:38Eu preciso mudar.
22:39Está aí, Danilo Gentili, vindo aqui no TV Antagonista, valeu, viu?
22:43Valeu, falei muito.
22:44Muito obrigada por ter vindo.
22:45Valeu, falei muito, né?
22:46Mas falou bem.
22:47Desculpa.
22:47Mas, gente, eles gostam.
22:49Vocês vão ler agora para o agonista.
22:51Ô, o Lazarento, o Danilo, vem aqui, bababá, bababá.
22:55Não vamos ver, não vamos ler nada.
22:57Não, tá bom.
22:58Não, a gente é educada, a gente só tem amigos, até parece.
23:01É isso, gente.
23:02Beijos, TV Antagonista, você sabe, tem o patrocínio da Empirico.
23:08Vocês cliquem no izinho aqui em cima ou entrem em www.oantagonista.com barra dólar para ter...
23:14Vou pegar o que eu derrubei aqui.
23:15Sai!
23:16Não, vai derrubar o outro.
23:17Tá aqui.
23:18Tchau.
23:22Tchau.
23:32Tchau.
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