Letícia Gamboje, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, participou do programa EM Minas, da TV Alterosa, e falou sobre os desafios e transformações na segurança pública. Com 28 anos de carreira, ela destacou a digitalização dos inquéritos e a valorização dos servidores.
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00:00Estamos de volta e o programa em Minas hoje entrevista a doutora Letícia Gamboge, chefe da Polícia Civil de Minas Gerais.
00:18Doutora, a gente continua agora com o nosso bloco específico para o YouTube, para o portal AI, para quem nos acompanha.
00:23E não deu tempo de a gente falar ainda sobre o trabalho da Polícia Civil voltado para a repressão de crimes contra crianças e adolescentes.
00:32Como é que tem sido esse trabalho de repressão a crimes, principalmente crimes sexuais? Como é que está essas operações?
00:39Bem, a Polícia Civil tem trabalhado sistematicamente na repressão a todas as formas de violência contra crianças e adolescentes, especialmente no caso de violência sexual.
00:51E esse foi o tema do Maio Laranja, em que nós realizamos uma série de ações educativas, inclusive nas escolas, tantas escolas da rede pública quanto da rede privada,
01:01visando a conscientização de toda a comunidade escolar e mais do que isso, a identificação de possíveis casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
01:11Então, o nosso trabalho é um trabalho contínuo, nós temos unidades especializadas,
01:15exemplo aqui da capital, que nós temos a delegacia especializada de proteção à criança e adolescente.
01:22E quaisquer situações atípicas, o que a gente orienta, especialmente a comunidade escolar, professores, diretores ou os pais,
01:32é que procurem as unidades da Polícia Civil.
01:35Façam o seu registro.
01:37Nós temos uma equipe extremamente capacitada, qualificada, para fazer esse acolhimento da criança ou do adolescente,
01:43identificar quaisquer situações que possam implicar em vulnerabilidade ou na prática de crimes.
01:50É muito difícil, né, doutora?
01:51Porque, assim, a gente pensa nos pais ali, que estão tão próximos.
01:54Como identificar, e muitas vezes, esse abusador, ele está dentro do ambiente familiar,
02:00a senhora pode me dizer melhor sobre isso,
02:02mas como perceber que há algo diferente ou que aquela criança pode estar sendo vítima de algum tipo de abuso?
02:09A gente percebe diferentes cenários, né, quando são crianças menores, muito pequenas,
02:15muitas das vezes, aquela situação, uma situação tão persistente, especialmente no ambiente do lar,
02:21no ambiente doméstico, que é só por meio dessas campanhas educativas, né,
02:26ou de uma conscientização que é feita na escola, que a criança se reconhece como vítima,
02:31e acaba contando à professora, né, alguém da comunidade escolar.
02:34Eu acho que o mais importante, realmente, é a observação se há algum comportamento diferente dessa criança, né,
02:43se ela está mais retraída, se ela está triste, né, essa alteração comportamental,
02:48para que aquele responsável possa fazer uma abordagem, possa fazer uma intervenção, né,
02:53e ali verificar se houve, né, qualquer situação atípica, qualquer ato de violência contra essa criança.
03:01Se uma escola quer, por exemplo, a presença da Polícia Civil lá, para fazer essas questões educativas,
03:07explicar, tem toda uma questão lúdica para tratar, principalmente com crianças menores,
03:12como é que deve ser feito aí esse contato, hein, doutora?
03:15É, nós temos hoje nas nossas unidades, né, policiais que são qualificados,
03:20como eu disse no bloco anterior, hoje a nossa academia de polícia,
03:23ela trabalha sobre a perspectiva da capacitação continuada e para que esses policiais,
03:29eles possam atuar tanto, né, na investigação criminal, mas também apresentando, né,
03:36essa temática através de palestras nas escolas.
03:39Aqui em Belo Horizonte, o contato, ele pode ser feito por meio do Departamento Estadual de Investigação,
03:46Orientação e Proteção à Família, ou até mesmo da própria Delegacia Especializada
03:50de Proteção à Criança e Adolescente.
03:52Aí, gente, anotaram? Então pronto.
03:54Agora vamos falar, doutora, sobre o crime contra as mulheres.
03:58Né, a gente sabe que em Minas Gerais, a gente noticia, né, exaustivamente,
04:03e eu sempre que dou uma mulher morta por um companheiro que não aceitou um fim de relacionamento,
04:08eu sempre falo, gente, até quando isso vai acontecer, isso vai existir?
04:11Porque é preciso que as mulheres denunciem, é preciso que as mulheres cheguem à delegacia.
04:16E como tem sido feito o trabalho da Polícia Civil para reduzir, reprimir esse tipo de crime
04:23que a gente, infelizmente, continua vendo acontecer em Minas Gerais?
04:28Hoje a Polícia Civil, ela conta com 70 unidades especializadas de atendimento à mulher.
04:34Então nós temos delegacia de atendimento à mulher, e aqui na capital,
04:38além da delegacia de atendimento à mulher, nós temos a Casa da Mulher Mineira.
04:42É muito importante que a mulher vítima de qualquer ato que configure violência doméstica ou familiar,
04:48em quaisquer das modalidades, violência física, violência sexual, psicológica, patrimonial,
04:54essa mulher, ela vá à delegacia e denuncie.
04:57Ou ela pode usar ainda, né, como meio de denúncia, a delegacia virtual.
05:03Por quê?
05:03Porque, né, se ela se calar, infelizmente, ela vai estar ali envolvida num ciclo de violência
05:08e, né, a triste realidade é que, muitas das vezes, aquele caso, ele vai se reiterar e mais do que isso, né,
05:15há situações em que, infelizmente, né, ela pode ser vítima de infrações mais graves como feminicídio.
05:21Então a mulher não deve nunca se calar.
05:24Ela tem que denunciar, é, porque o silêncio, ele mata.
05:28Ele pode vir a matar essa mulher.
05:30Então é muito importante.
05:32E mais do que isso, hoje, né, não só a própria mulher vítima pode denunciar,
05:37como também quaisquer pessoas que tenham conhecimento de que uma mulher está sendo vítima de violência doméstica e familiar.
05:44E é interessante falar que também pode ser feito de forma virtual,
05:47porque, às vezes, a mulher, ela fala assim,
05:49ah, mas eu não vou numa delegacia, eu não vou me expor,
05:52porque a gente sabe que muitas dessas mulheres envolvidas nesse tipo, né, de violência,
05:56ela começa por uma questão emocional,
05:58ela não consegue sair, ela não consegue chegar à delegacia para fazer a denúncia.
06:02Então existe a possibilidade de fazer de forma virtual.
06:05Doutora, quero entrar muito no quesito tecnologia,
06:08porque a senhora falou que a Polícia Civil está contando muito com a questão tecnológica, né,
06:13para poder executar as operações com maestria.
06:17Quais são esses avanços tecnológicos que têm possibilitado aí o desempenho das operações de forma positiva?
06:23Bem, a Polícia Civil, dentro da sua estrutura hoje, ela conta tanto com o laboratório de inteligência cibernética,
06:31como também os laboratórios de investigação, lavagem e dinheiro.
06:35Então, hoje a gente tem uma capacidade técnica dos nossos policiais e a tecnologia necessária, né,
06:42para a apuração dessas infrações.
06:45E é importante nós falarmos também, né, nesse viés de tecnologia ou de crimes praticados no meio virtual,
06:52é que nós temos a Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos.
06:57Então, que é uma unidade extremamente importante, né, porque é muito importante, né,
07:02muito relevante que a população, ela tenha cada vez mais uma consciência
07:06quanto a possíveis golpes que podem ser praticados por meio virtual.
07:11Então, nós trabalhamos com campanhas educativas,
07:14inclusive a nossa academia periodicamente oferta um curso, né, para a população em geral,
07:21para que haja uma prevenção em relação aos crimes praticados por meio virtual.
07:27E hoje a gente tem uma efetividade muito grande nessas apurações
07:31por parte da nossa Delegacia de Investigação de Crimes Cibernéticos.
07:35Doutora, você me desculpe, mas assim, se eu estivesse sendo invasiva, você fala,
07:39Carol, olha, não é bem por aí.
07:41Falando sobre a questão dos golpes, a gente tem visto hoje muitas vezes,
07:45o golpista entra no WhatsApp, se passa por outra pessoa, pede um pix.
07:48Aí, vamos supor que eu caí nesse golpe, eu fiz um pix para alguém.
07:52Qual é a dificuldade da investigação de saber o destinatário daquele pix
07:58e fazer com que aquele dinheiro volte para a pessoa?
08:01Porque às vezes são valores, assim, exorbitantes, às vezes são quantias pequenas
08:05que não chegam a ser tão relevantes, mas deixei de saber.
08:08Há uma dificuldade bancária das instituições financeiras para chegar nessa quadrilha,
08:13para que isso cesse, porque enquanto não chegar naquela pessoa que recebeu,
08:18naquela quadrilha, se for cessado, vai continuar acontecendo, né?
08:21Qual é a dificuldade aí, doutora?
08:23Eu acho que é muito importante, né, que todos nós sempre chequemos
08:30quem que seria o destinatário antes de efetuarmos qualquer transferência via pix.
08:35Sim.
08:36Até porque essa transferência é uma transferência que ela é instantânea,
08:39que ela é imediata, né, e que muitas das vezes esses golpistas, eles se usam,
08:44eles se valem, né, de dados até falsos, né, para aplicação de golpes.
08:50A Polícia Civil, ela tem trabalhado arduamente no combate a todas as formas de fraudes
08:55praticadas por meio eletrônico.
08:57Na semana passada, nós tivemos uma operação importante, né, de repressão a crimes praticados
09:07por meio virtual, fraudes bancárias e também, recentemente, nós tivemos outra investigação,
09:15também com uma operação de grande repercussão, inclusive em vários estados da federação,
09:19de investigação de leilões falsos praticados por meio virtual, realizados por meio virtual.
09:28Então, é muito importante, de fato, né, que toda pessoa, antes de fazer qualquer transação
09:35ou antes, né, de disponibilizar seus dados bancários ou os dados de cartão de crédito
09:40em qualquer site, cheque a segurança, né, cheque a autenticidade daquelas informações,
09:46né, para que nós tenhamos aí, né, realmente a não incidência na prática desses crimes.
09:52Agora, uma vez ocorrendo, né, é importante que se faça o registro, de forma mais breve
09:57possível, né, para que essa investigação, ela seja iniciada, que nós possamos, né,
10:02realmente identificar quem são os responsáveis e, com isso, termos, né, ao final dessa conclusão,
10:09esse iniciamento desses culpados.
10:11É, nós temos visto tantos idosos caindo, gente, e nós cansamos de falar na televisão,
10:16pessoal, chequem, não façam transferências e é exatamente isso que a doutora está dizendo agora.
10:21Algo mais que você queira falar para os nossos telespectadores, como chefe da Polícia Civil
10:25de Minas Gerais, para ressaltar o trabalho que tem sido feito, principalmente com a senhora
10:29à frente da corporação?
10:30Bem, no que diz respeito às atuações operacionais da Polícia Civil, é importante nós dizermos
10:38também quanto à ampliação das nossas delegacias especializadas de repressão dos crimes rurais.
10:44Então, hoje a gente tem essas unidades especializadas...
10:46Como é que funciona?
10:47Quais são os tipos de crimes?
10:49O que a gente está falando aí agora sobre?
10:50É, nós estamos falando de crimes que acontecem no ambiente rural, né, então, especialmente
10:55os crimes patrimoniais, em desfavor, né, dos produtores rurais, dos pequenos e dos grandes
11:01produtores rurais, né, tanto daquele que pratica ali uma agricultura familiar, uma agricultura
11:06de subsistência e possa ser vítima, quanto, né, o grande produtor.
11:11Então, hoje a gente tem estruturas de delegacias especializadas de repressão dos crimes rurais,
11:16estamos em fase de expansão dessas estruturas, inclusive com um programa que tem sido extremamente
11:22exitoso, que é o campo seguro, né, para que nós tenhamos tanto a conscientização desses
11:28produtores para adoção de medidas prévias de segurança, mas também uma pronta resposta
11:33investigativa por parte da Polícia Civil.
11:36É muito importante, né, para nós, partindo aí para finalizar, né, que a gente tenha, de
11:44fato, esse registro pronto, né, por parte de quaisquer pessoas que sejam vítimas de crimes
11:51de quaisquer naturezas. Por quê? Nós só, né, desencadearemos essas ações, especialmente
11:57no que diz respeito aos crimes patrimoniais, é a proporção em que as vítimas, elas
12:02procurem as unidades da Polícia Civil ou façam os registros através do site da
12:07Delegacia Virtual.
12:08Porque se não tiver uma denúncia, não tem investigação, não é isso, doutora?
12:12Isso mesmo.
12:13Doutora, muito obrigada pela entrevista, obrigada por estar aqui com a gente.
12:16Pessoal em Minas conversou com a doutora Letícia Gamboge, chefe da Polícia Civil de Minas
12:22Gerais. Então, eu espero ver vocês no próximo programa. Lembrando que a íntegra dessa entrevista
12:27sai no Jornal Estado de Minas. Obrigada, pessoal, e até semana que vem.