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  • 20/06/2025
Frederico d'Avila, agricultor e ex-deputado estadual por São Paulo, e Cristiano Palavro, sócio-diretor da Pátria Agronegócios, avaliam a potência brasileira na produção agrícola e pecuária.

Assista à íntegra: https://youtu.be/QrNmQcRsUDA

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Transcrição
00:00A pergunta é difícil. Essa necessidade de conter o crescimento, a expansão do agronegócio,
00:09essa é a explicação para o fato de que algumas forças políticas do Brasil têm preconceito contra o agronegócio?
00:18Que foi uma coisa que me surpreendeu. Como é que você pode ter preconceito contra quem produz comida?
00:23Eu acho que muito disso é fruto de desinformação. Desinformação do que está na mesa dele, do processo produtivo.
00:29Acho que a gente pode até fazer uma meia-culpa do setor, que a gente tem muitas vezes dificuldade de comunicar.
00:33É verdade.
00:34A gente é muito bom para se comunicar entre nós, da pujança.
00:37Então o agro é extremamente admirado ao mesmo tempo que tem esses detratores.
00:42E eu acho que tudo isso é uma grande desinformação.
00:45Vou te dar um exemplo de uma outra coisa que se detrata o agro que não faz o menor sentido.
00:50Muito se fala sobre o Brasil ser um grande exportador de commodities agrícolas e isso é um mal para o Brasil.
00:55E agora eu pergunto, o fato de a gente exportar muita soja atrapalha em que o fato de a gente exportar produtos tecnológicos de computação?
01:06O fato de a gente exportar soja nos impede em que de exportar medicamentos?
01:11Então quer dizer que a gente tem que reduzir a exportação de um produto para aumentar a outra?
01:16Qual é a correlação disso?
01:18Então a gente está detratando o que dá certo aqui no Brasil porque outros não dão?
01:21É, tem um raciocínio aí que se a gente exporta tem menos aqui dentro e o preço vai ficar mais alto e vai faltar, né?
01:31Isso é muito errôneo também porque quando a gente olha para o que a gente exporta é o que a gente tem excedente.
01:37Vou te dar um exemplo.
01:38Até 15 anos atrás o Brasil não exportava um saco de milho.
01:41Hoje a gente exporta muito milho.
01:43Somos um dos grandes exportadores de milho do mundo.
01:45Algo que está diminuindo nos últimos anos porque nosso consumo está crescendo por causa do setor de etanol.
01:49Mas por que a gente passou a exportar milho?
01:51Porque começamos a gerar excedente produtivo.
01:54Começamos a produzir mais do que a nossa população consome e o nosso setor industrial consome.
01:59Então os produtos de exportação só tem quatro produtos basicamente no Brasil que a gente exporta mais que consome.
02:05Café, e isso é desde o Brasil imperial.
02:08Açúcar, e isso é desde o Brasil colônia.
02:11Soja, engrão.
02:12E algodão.
02:13Além desses quatro produtos, nenhum, nem os que o Brasil é ponta de exportação do mundo, como carne de aves, carne de suínos e carne de bovinos,
02:23a gente consome mais do que exporta.
02:26Só se exporta o que é excedente produtivo.
02:29E se exporta porque há demanda.
02:31E aí um outro ponto interessante, que muita gente fala da tal da monocultura.
02:35Uma coisa que é tão ultrapassada quanto esse pensamento dos detratores.
02:40Monocultura não existe.
02:41Nenhum produtor sobrevive de uma cultura só.
02:44Seria, claro que ele tem culturas principais, como é o caso da soja, a cana,
02:48que vai ficar com as suas áreas ali em alguns anos, implementadas naquela cultura, porque são culturas perenes.
02:54Mas por que se planta tanta soja no Brasil?
02:57É porque se gosta de soja?
02:58Porque é uma comode?
02:59É porque existe demanda.
03:01É só a gente olhar.
03:02O Fred citou o exemplo de petrolina.
03:06Mas e se a gente aumentasse muito a produção de manga?
03:09Nós vamos fazer o que com essas mangas?
03:12Pensa no seu alimentação semanal.
03:14Quantas vezes a manga está na sua mesa?
03:17Quantas vezes uma carne está na sua mesa?
03:19E carne, qualquer tipo de carne, é soja mais milho.
03:23No mundo inteiro.
03:24No mundo inteiro.
03:25O farelo proteico mais usado no mundo é o de soja, que serve como a base de proteína de rações.
03:29O milho é a base energética das rações no mundo inteiro.
03:33Por que se produz tanto milho?
03:34Por que se produz tanta soja?
03:36Porque a gente gosta de comer carne.
03:38Se não tiver demanda, então até, para quem é detrator, ele não pode ser hipócrita.
03:43Você não pode sentar numa churrascaria...
03:44Mas eu acho que a maioria das pessoas não faz essa conexão, Cristiano.
03:47Se produz, se come, né?
03:49O que o porco come?
03:50O que o boi come?
03:51Vamos pegar um exemplo paulista aqui.
03:53Você pega seu carro e vai para o interior.
03:54O que você vai ver muito aqui?
03:56Etanol.
03:57Desculpa, cana?
03:58Por quê?
03:59Porque você está abastecendo seu carro à base de etanol e precisa de toneladas de
04:03cana para conseguir suprir o tanto de carro à base de etanol que a gente tem no Brasil.
04:07Então, basicamente, eu tive até um embate com um ambientalista um dia e aconteceu um
04:11fato muito curioso.
04:13Saímos do embate, fomos a uma churrascaria e eu encontrei com ele lá.
04:16E ele não era um cidadão, consumia bem.
04:22E aí eu fiquei pensando, assim, me deu vontade de ir lá falar com ele.
04:25Falei, nossa, amigo, a gente acabou de sair de um debate bem acalorado no Código Florestal
04:28lá de Goiás, na época, e você está aqui representando exatamente o que faz com que
04:33a gente tenha que implementar cada vez mais áreas para a cultura da soja.
04:37Você está aqui comendo carne muito mais do que você precisa.
04:39Se você for em uma churrascaria, normalmente você não come aquele bifinho só para suprir
04:44a sua necessidade.
04:45Você comeu em excesso.
04:47Então, assim, se a gente quer reclamar, pensa nos seus hábitos de consumo.
04:51Ninguém está produzindo algo que não vai ser consumido, seja para combustível ou seja
04:55para alimento.
04:56Ô, Mota, dentro do que o Cristiano está falando, leite e ovos é soja e milho também.
05:01Exatamente.
05:02Então, quando você consome qualquer lácteo, queijo, manteiga, leite, soja e milho.
05:10Ovo, soja e milho.
05:11Então, é o que ele está falando.
05:13O problema do ovo aí que nós tivemos outro dia, não é só a galinha poedeira, ela
05:17vive de soja e milho.
05:19Então, as pessoas têm que pensar, a hora que for fazer um bolo, que for fazer um quindim,
05:24a relação que tem que ser feita, olha, para chegar nesse doce teve que ter ovo e esse
05:30ovo teve que ser botado por uma galinha que comeu soja e milho.
05:33Mota, só para não estender muito, eu queria puxar até um ponto.
05:36Imagina só, isso que a gente está falando só do processo produtivo.
05:38A gente teve que explodir uma rocha para tirar um potássio dela para colocar no solo
05:44aqui do Brasil.
05:45Muitas vezes essa rocha estava lá na Rússia, que é o grande fornecedor de potássio
05:48do Brasil, para colocar aqui.
05:49Então, quando, por exemplo, você faz um prato bem bom no restaurante e você joga um pedaço
05:54de carne fora, se você puxar para trás tudo que você jogou fora, ao jogar fora aquele
06:00pequeno pedaço de carne, é impressionante.
06:03Aí você dá valor no desperdício.
06:05Aí você vê o tamanho do desperdício de combustível que nós tivemos que extrair fóssil,
06:09petróleo, para movimentar uma máquina que extraiu uma rocha lá na Rússia, transportou
06:14para cá, fez um processo industrial para transformá-lo num fertilizante, colocou dentro
06:18de uma lavoura, gastando combustível em todo esse processo.
06:21Todo o gasto, todo o defensivo utilizado, toda a mão de obra, toda a tecnologia gerou
06:26um pedaço de carne.
06:27E muitas vezes a gente consome em excesso ou às vezes até acaba desperdiçando.
06:31Então não olhe para aquilo só como aquele pequeno pedaço de produto.
06:35Aquilo vem de uma cadeia que, infelizmente, sim, consome muito, mas é para abastecer nós
06:40mesmos.
06:41É muito importante isso.
06:43Você vê que essas informações raramente chegam às pessoas da forma com a qual vocês
06:49estão colocando aqui.
06:50É muito difícil alguém fazer a conexão entre o porco, a galinha, o boi e a soja e o milho.
06:55Mota, eu vou falar mais.
06:56Deitou a cabeça no travesseiro a sua fronha, agronegócio, algodão.
07:01Você foi escovar o dente, a pasta de dente tem sebo e osso de boi moído, que é o tutano,
07:09para dar aquela liga.
07:11É agronegócio.
07:12Você foi no banheiro fazer necessidades e depois foi se limpar com papel higiênico,
07:17que foi plantado eucalipto e que também é outro case de sucesso brasileiro.
07:23Você foi fazer a sua higiene pessoal com papel higiênico, agronegócio de novo.
07:27Você está na escola fazendo ali a lição, está com o caderno, está aqui na impressora
07:33da Jovem Pan imprimindo uma coisa.
07:35Agronegócio, papel vindo do eucalipto.
07:38Sete anos aqui no Brasil, seis anos, alguns materiais até cinco anos.
07:42Você está colhendo, enquanto o mesmo processo de produção na Europa demora de 25 a 30 anos
07:49para fazer a mesma coisa.
07:50Uma floresta na Finlândia ou na Áustria, se fala que...
07:54Quando se fala, ah, essa floresta que eu estou cortando foi meu avô que plantou.
07:58Florestas de 30, 40 anos.
08:00Eu já fui, eu já vi isso na minha...
08:02Já fui pessoalmente visitar isso na Áustria.
08:05Então, as pessoas têm que entender.
08:07Essa mesa aqui, ó.
08:08Essa mesa aqui, esse cenário aqui todo feito de madeira de MDF,
08:12madeira produzida pelo agronegócio.
08:15Então, da hora que você deitou na sua cama,
08:18até a hora que você foi na mesa tomar café da manhã,
08:21e a hora que você foi fazer isso em higiene pessoal,
08:24a hora que você está tomando banho,
08:25aquele sabonete tem osso de boi moído lá para fazer aquele sabonete.
08:30Então, as pessoas não têm noção do que elas estão atacando.
08:33Não tem mesmo.
08:34Agora, então, deixa eu...
08:36A gente já está se encaminhando para o final.
08:37Eu tenho mais algumas perguntas.
08:39Eu queria perguntar a vocês uma coisa muito importante.
08:43Qual é o impacto dessas medidas que estão sendo tomadas
08:46pelo Donald Trump, pelo novo governo americano,
08:49sobre o agronegócio brasileiro?
08:51Se tem algum impacto?
08:52O que está...
08:53Qual é a avaliação de vocês?
08:55Olha, Mota, em termos de números, né?
08:59O Cristiano colocou muito bem aqui a questão da demanda.
09:02Nós temos aí um país que é a China,
09:04com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes,
09:08que ele não pode preterir nenhum dos dois países
09:11para a sua alimentação.
09:14Ele não pode nem preterir os Estados Unidos,
09:18nem preterir o Brasil.
09:19Ele não é autossuficiente.
09:21A China não é autossuficiente na produção de alimentos.
09:24Então, ela não pode...
09:25E como é muita gente,
09:27nós estamos falando aí de sete vezes a população brasileira,
09:30ou seis vezes a população...
09:31Cinco vezes a população americana.
09:33Nós estamos falando...
09:34E numa população que vem crescendo o poder aquisitivo,
09:38a mesma coisa acontece na Índia.
09:39A Índia, se tivesse uma alimentação carnívora,
09:43como a nossa ou a chinesa,
09:46nós já não daríamos conta da expansão da demanda que nós iríamos ter,
09:52que eles têm uma dieta específica.
09:54Mas a China, ela não pode preterir dos volumes produzidos nem no Brasil,
09:58nem nos Estados Unidos.
09:59No Fórum da Pátria, que nós estivemos agora em Goiânia mês passado,
10:03nós observamos lá que, da época do atentado do 11 de setembro para cá,
10:09onde foi ampliado muito a produção de etanol à base de milho nos Estados Unidos,
10:13hoje 44% da produção de milho nos Estados Unidos
10:19é para a produção de energia, para a produção de etanol.
10:23Isso aí não existia há 15, 20 anos atrás.
10:26É uma demanda que não existia.
10:27Os Estados Unidos produziam aí 230, 240 milhões de toneladas de milho,
10:31esse ano vai produzir 400 milhões e 44% sendo consumido pelo setor de energia.
10:37Outro segmento que vem crescendo no Brasil, como o Cristiano citou,
10:41nós temos aí empresas ampliando muito a produção do etanol de milho.
10:46Então, o Donald Trump, ele sabe, e ele está jogando muito bem,
10:50agora a China já estão se acertando na questão de tarifas,
10:54eles cansaram, né, Mota, de ter débitos na balança comercial, pesados, né,
11:02e aonde o mercado americano não conseguia alcançar,
11:05ou por motivos de protecionismo, ou por motivos de competitividade do produto mesmo,
11:11como a gente está falando, cada um faz o melhor,
11:13cada um deve se dedicar àquilo que faz melhor.
11:15E dessa maneira, a China sabe, a China sabe muito bem
11:20que ela não tem condições de sobreviver sem a produção agrícola brasileira e americana.
11:29E quando o Cristiano fala das duas culturas, né,
11:32o Brasil que tem safra e safrinha, por que a safrinha chama safrinha?
11:35Porque a safra, no caso do milho, era grande e a safrinha era pequena.
11:39Hoje, chama-se segunda safra,
11:41porque a partir de 2012 ou 2013 existiu o cruzamento dessas duas linhas
11:45e a safrinha hoje, ela responde por praticamente 80, 75, 80% da produção de milho do Brasil
11:52vem da safrinha e não mais da safra.
11:54E a China, ela compra o milho que ela precisa no hemisfério norte no final do ano, né,
12:02que é onde é colhido, o milho americano é colhido a partir de setembro, outubro,
12:06está finalizando em novembro em alguns estados,
12:08e no segundo, e não a segunda compra, ela compra no primeiro semestre aqui no Brasil
12:14e para entregar no final, no meio do ano, e aí ela se abastece.
12:19E essa demanda não para, como o Cristiano está falando.
12:22Quando eu comecei a entrar na agricultura, quando eu saí da faculdade, Mota,
12:27quando eu tinha 22, 23 anos,
12:30quando se falava que o Brasil ia produzir uma safrinha de 10, 12 milhões de toneladas,
12:34era um negócio, assim, inacreditável.
12:35Hoje nós estamos falando de uma safrinha aí de 95, 100 milhões de toneladas.
12:40E isso que eu estou te falando é de 2001, 2000, 2001 para cá.
12:43Então essa demanda existe, ela é crescente,
12:47e eles sabem que eles não podem preterir do Brasil.
12:52E o Donald Trump, ele está fazendo exatamente o que ele prometeu para o eleitor americano.
12:58Ele está, America First, ele está protegendo primeiro o seu país,
13:01e o Brasil, de novo, aqui eu vou falar do setor do suco de laranja,
13:08o Brasil é o maior produtor de suco de laranja do mundo,
13:11de laranja e de suco de laranja do mundo.
13:14Vou dar um dado para você.
13:17Os Estados Unidos produzia 300 milhões de caixas de laranja,
13:20das quais 200 milhões, 220 milhões saíam da Flórida.
13:24Hoje a Flórida produz 15 milhões de caixas.
13:26O greening, a praga do greening, destruiu os pomares da Flórida.
13:31Você vai na Flórida hoje, os pomares são totalmente destruídos.
13:35O americano tem costume de beber suco de laranja de manhã cedo no café da manhã.
13:40São 300 milhões de pessoas tomando suco de laranja no café da manhã.
13:44O americano sabe que não pode preterir do Brasil para o seu suprimento de laranja.
13:51E laranja não é só suco de laranja.
13:53A laranja é a ração animal, é cápsula de medicamento.
13:57Você não sabe a quantidade de desdobramentos que se abrem no setor da citricultura.
14:03São essências, são aromas, usa-se em refrigerantes, usa-se em N receitas, usa-se em ketchup.
14:10Assim como você pega um boi, o Cristiano pode explicar melhor,
14:13quando você pega um boi é aproveitado absolutamente tudo daquele boi.
14:16Então, quando a gente fala de questão de competitividade,
14:24os grandes players mundiais sabem do que cada um deles precisa.
14:28Por exemplo, hoje se você suspender a exportação de laranja para os Estados Unidos,
14:32você para com a indústria de suco americana.
14:35Eles sabem disso.
14:36E isso acontece também em outros segmentos da produção de proteínas animais ou não,
14:47ou vegetais, que o Cristiano colocou aqui anteriormente.
14:50Eu atribuiria até essa questão do Donald Trump uma questão maior, Mota.
14:55Eu vejo que o mundo está passando nesse momento por um...
14:59Talvez o fim da era da hiperglobalização.
15:01Não, nós estamos olhando países, olhando muito mais para dentro de casa
15:05do que como eles podem atingir o mercado exterior.
15:08O mercado exterior sempre vai ser importante,
15:10mas para um país como o Brasil, ele é muito pequeno,
15:12perto da nossa economia como um todo.
15:14Então, a gente tem que olhar essa guerra tarifária
15:16como até um dever de casa para o Brasil no futuro.
15:20Os Estados Unidos estão olhando para dentro de casa.
15:21Ele quer trazer de volta as empresas,
15:23quer trazer de volta as indústrias para dentro do seu país,
15:25quer trazer de volta os empregos para dentro do seu país,
15:27já olhando que o futuro pode ser hostil
15:29e uma sequência de crises sanitárias,
15:32guerras militares que estão se espalhando por...
15:34Coisa que a gente nem imaginava antes da guerra Rússia e Ucrânia.
15:36Acho que tinha muito ceticismo sobre uma guerra militar no século XXI.
15:40Mas o Brasil precisa olhar com muito cuidado para esse futuro
15:44e o Trump acelerou esse processo.
15:47Hoje, dos 12 produtos da nossa balança comercial,
15:5045% deles vão ao mercado chinês.
15:52Do agronegócio brasileiro, de tudo que se exporta,
15:55praticamente 40% vai ao mercado chinês.
15:57Da soja, 75%.
15:59Então, nós temos que olhar a nossa dependência de um país só,
16:04um país extremamente disciplinado como a China,
16:06que já colocou no papel que o futuro do próprio próximo plano quinquenal dele,
16:11que eles têm aqueles planos de 15 anos,
16:13é reduzir a dependência de alimentos externos.
16:15Para onde a gente vai daqui para frente?
16:17Se a China, o nosso grande comprador,
16:20vai focar mais no seu mercado interno.
16:22Então, fica até essa questão do Trump,
16:24acelera um processo que já está latente no mundo,
16:27de se olhar mais para dentro.
16:28O Brasil precisa crescer.
16:30Nós precisamos aumentar o nosso consumo interno.
16:33Se a gente olha para o nível de renda das populações ao longo dos últimos anos,
16:37de 2012 para cá, o poder de compra de um americano cresceu 20%.
16:42O poder de compra de um chinês cresceu 80%.
16:45Nos últimos 12 anos, o poder de compra de um brasileiro caiu 1,5%.
16:50Então, nós estamos decrescendo o nosso poder de compra,
16:53decrescendo a nossa economia,
16:55num ambiente externo cada vez mais hostil
16:58e com países olhando cada vez mais para dentro de casa.
17:01Então, mesmo o agro brasileiro, que tem uma pujança enorme,
17:05tem também riscos muito grandes pela frente.
17:08Um último dado para citar hoje,
17:10de fertilizantes, que são um dos principais produtos,
17:12citei o caso do potássio, que vem da Rússia, por exemplo,
17:14grande parte dele, nós temos uma dependência enorme desses produtos.
17:19A nossa produção, nós somos um dos maiores produtores globais
17:22de alimentos, combustíveis, do agro,
17:24e só 16% do que a gente usa de fertilizante aqui dentro do Brasil
17:28é produzido aqui.
17:29Há 10 anos atrás, isso era 35%.
17:31A nossa produção está caindo.
17:34E por que ela está caindo?
17:35É mais caro hoje produzir um fertilizante à base de nitrogênio em São Paulo
17:40para ser usado no interior de São Paulo
17:42do que trazer um nitrogênio do Irã.
17:45Então, esse é o modelo de país que a gente está criando,
17:48onde produzir aqui dentro não é viável e é mais barato trazer de fora,
17:53isso não vai levar à industrialização do país,
17:55isso não vai levar a melhorar a qualidade de emprego e renda aqui dentro do Brasil.
18:00Então, acho que esse caso do Donald Trump não é ruim para nós,
18:03porque os Estados Unidos, no agro, é o nosso grande concorrente.
18:07A China e o Sul da Ásia são os nossos grandes mercados,
18:10que concorremos, inclusive, com os Estados Unidos,
18:12mas é um exemplo do que o mundo vai viver daqui para frente
18:15e o exemplo do que o Brasil precisa melhorar daqui para frente.
18:18Precisamos olhar para dentro de casa e fazer um trabalho de base.
18:21O setor está indo bem, agora a gente precisa que o Brasil como um todo melhore
18:25para que, inclusive, o nosso agro siga dando exemplo para o mundo.
18:28Obrigado.

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