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  • 05/07/2025
O agrometeorologista Marco Antônio, criador da consultoria Rural Clima, traz toda semana no Hora H do Agro o panorama climático atual. Neste programa, ele aborda como as chuvas devem impactar o Rio Grande do Sul e como deve ser o inverno no Brasil.

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Transcrição
00:00Você já parou pra pensar a origem da política de crédito rural no Brasil?
00:05A Mariana Grilli está conhecendo algumas produções no norte lá do país,
00:11mas também produziu uma especial contando essa trajetória e a apuração também da Jaqueline Brás.
00:18A agricultura brasileira é hoje uma grande potência e o mundo todo sabe disso.
00:24Mas não foi sempre assim.
00:26O grande crescimento do setor ocorreu nos últimos 30 anos.
00:31E pra que isso fosse possível, diversas políticas de incentivo foram sendo criadas
00:38e algumas delas perduram até hoje, como é o caso do crédito rural.
00:44Desde 2002, o Brasil tem o chamado Plano Safra, mas que na época tinha outro nome.
00:51Era Plano Agrícola e Pecuário.
00:53Essa política é, desde então, um programa essencial do governo federal
00:59que tem o objetivo de direcionar recursos, direcionar o dinheiro público
01:06pra viabilizar e fortalecer as atividades dos produtores rurais pelo país.
01:13Sejam eles de pequeno, médio ou grande porte.
01:17Ou seja, a criação do Plano Safra, que a gente conhece hoje, faz toda a diferença
01:23pro conhecimento do agronegócio internacional.
01:27Porém, antes disso, antes dessa criação, já existiam iniciativas como o Sistema Nacional de Crédito Rural,
01:36conhecido como SNCR, criado lá em 1965.
01:41O Luiz Guedes, ex-ministro da Agricultura, nos anos 2005 e 2006,
01:48conta como essa política foi essencial pro crescimento e a consolidação da agropecuária no Brasil.
01:54O atual mecanismo, o Sistema de Crédito Rural que está em vigor no Brasil,
02:02ele foi criado em 1965.
02:05Uma lei, o Sistema Nacional de Crédito Rural, SNCR.
02:10E, aprovada a lei, poucos anos depois, em 1969, 70, o crédito à agricultura brasileira começou a crescer
02:23de uma forma extraordinária, muito rapidamente, ao longo da década de 70.
02:31Não só o crédito rural era abundante, como o crédito rural era altamente subsidiado.
02:38Eu até defendo o ponto de vista que a moderna agricultura brasileira,
02:44que nós vemos hoje, inegavelmente, muito pungente, altamente produtiva e com impactos no mundo todo,
02:54talvez, sem dúvida alguma, a agricultura que mais cresceu no mundo nas últimas décadas,
03:01todo esse processo de transformação, ele aconteceu, como eu disse, do meu ponto de vista,
03:09em virtude de políticas públicas, entre as quais eu destaco o crédito rural.
03:17Não apenas o crédito rural, mas, sobretudo, o crédito rural e um crédito rural altamente subsidiado.
03:23Para ter ideia do que significou esse crédito rural na década de 70,
03:29quando nós fazemos, aliás, eu fiz esse estudo em 1980,
03:33eu comparei o volume de crédito rural com o valor da produção agropecuária.
03:39E o percentual do crédito rural era altíssimo, 40%, 60%, 70%.
03:46E no ano de 1975, o montante de crédito rural foi superior ao valor da produção agropecuária.
03:55O crédito para a produção, para a compra de sementes, fertilizantes, calcário, fungicida, inseticida,
04:04esse é o crédito de custeio.
04:09Depois nós temos o crédito de investimento, que é basicamente o crédito para a compra de máquinas,
04:15equipamentos, no caso da pecuária, instalações, agropecuárias.
04:20E o crédito de comercialização, que hoje em dia não é muito importante,
04:24mas que no passado ele foi.
04:26É o crédito que você fornece ao produtor para que ele possa reter a produção,
04:34aguardando um momento melhor de preço para vender.
04:37Esse chamado crédito de comercialização.
04:39Isso foi muito importante na década de 70, na década de 80, na década de 90 ainda.
04:45Então quando você soma o valor do crédito para custeio, investimento e comercialização,
04:52a totalidade do crédito para o setor agropecuário,
04:56na década de 70 houve um ano, 75, que ele superou o valor da produção agrícola.
05:02Essa soma.
05:02Então o crédito rural, ele se expandiu muito ao longo dos últimos 50 anos, não é?
05:10E tem sido um crédito, em parte significativa, subsidiado,
05:17ou seja, com taxa de juros inferiores às taxas de juros básicas da economia.
05:23Na década de 70, por exemplo, nós tivemos vários anos em que a taxa de juros era zero.
05:32Mesmo com inflação às vezes de 20, 30, até 40% naquela década.
05:38Foi a maneira que o governo encontrou para estimular os produtores a incorporarem ao processo produtivo
05:45sementes melhoradas, a tubação, calcário, o uso de fungicidas e inseticidas e a compra de máquinas e equipamentos.
05:55Ou seja, incorporar tecnologia à produção.
05:59Quando você incorpora tecnologia, na realidade você está incorporando custos ao processo produtivo.
06:05É a tecnologia que vai proporcionar um aumento da produtividade através do uso, como eu disse há pouco,
06:13de fertilizantes, fungicidas e inseticidas, e um aumento da produtividade do trabalho
06:18através do uso de máquinas e equipamentos agrícolas, né?
06:23Tratores, plantadeiras, coletadeiras, etc.
06:25Então, esses recursos foram utilizados pelos produtores corais e há que se reconhecer de forma bastante competente, né?
06:38E isso é que deu um grande impulso para a agricultura brasileira nesses últimos 50 anos.
06:45Lá no começo, como eu disse há pouco, o crédito era relativamente mais abundante,
06:50os recursos tinham um valor que o Tesouro Nacional assumia, o seguro da produção, o seguro,
06:58o seguro, melhor dizendo, os juros subsidiários para o processo produtivo,
07:04e isso proporcionou esse deslanche da agricultura brasileira.
07:07Houve, apenas para concluir, outras políticas públicas muito importantes.
07:13A política de garantia de preços mínimos, chamada PGPM,
07:17a política de garantia de preços mínimos, que foi muito importante nessas décadas a que eu referi.
07:24A política de investimento em pesquisa agropecuária, em 1973,
07:30foi transformado o antigo departamento de pesquisa agropecuária
07:35numa empresa pública, a Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
07:40faz 52 anos,
07:43e essa transformação de um departamento em uma empresa pública
07:49criou condições
07:51para que aumentasse significativamente o volume de recursos
07:55em pesquisa agropecuária.
07:57Se você somar ao longo desses 50 anos,
08:00são centenas de bilhões de reais,
08:02é só você ver o orçamento da Embrapa hoje
08:05e verificar o que aconteceu ao longo desse período,
08:08e os resultados estão aí à vista.
08:10Há outras políticas agrícolas complementares a essas,
08:15como de assistência técnica,
08:17em menor escala o seguro rural,
08:20um investimento em melhoria dos esquemas de escoamento da produção,
08:25que ainda é insatisfatória,
08:27é um problema ainda hoje,
08:29mas melhorou muito em relação ao passado.
08:31Então, esse conjunto é que proporcionou as condições
08:35para essa expansão extraordinária da produção agropecuária
08:40através da incorporação de tecnologia
08:44e entre esses instrumentos eu destaco particularmente o crédito rural.
08:49Nós vimos aí que o ex-ministro falou um pouco sobre
08:52como o plano safra atual se destina,
08:56dividido em diferentes disponibilidades de crédito,
08:59tanto para custeio e comercialização,
09:02quanto à disponibilidade de crédito para investimento.
09:06A ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina,
09:09atual senadora da República
09:11e vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária,
09:15nos explica como funcionam os mecanismos de subsídio
09:18e algumas das principais mudanças
09:21que o plano safra passou nos últimos anos.
09:24O plano safra sempre foi importante, né?
09:27Por quê?
09:28Porque nós, há muitos anos que o Brasil
09:31tem um problema grave estruturante, estrutural de juros.
09:38Se a gente tivesse juros baixos,
09:41se a gente tivesse uma economia estabilizada,
09:44talvez a gente não precisasse de plano safra.
09:47Podíamos ter ações que você pudesse
09:53induzir mais ou menos determinadas cadeias de produção
09:58aí do nosso setor.
10:00Então, queremos estimular o plantio de arroz.
10:02Então, nós vamos fazer uma linha específica
10:06para estimular o plantio de arroz,
10:09de feijão, de soja, enfim,
10:11seja lá o que for.
10:12Mas como nós temos dois problemas
10:15que travam, vamos dizer, o mercado,
10:20o livre mercado de crédito, né?
10:23Para tomada de crédito,
10:25então sempre foi necessário você ter
10:28um plano safra, dito plano safra.
10:31E cada vez que você tem aí a economia
10:36com juros mais altos,
10:40quando você tem esse momento na economia,
10:43o plano safra, ele fica mais importante.
10:45Por quê?
10:46O plano safra do Brasil,
10:48ele basicamente,
10:50além dele dar as linhas daquilo
10:51que ele quer que se produza,
10:53mas ele também, ele entra a parte de crédito
10:57é para subvencionar os juros, né?
11:00Porque os juros de 12%, 10%, 15%,
11:05enfim, são juros que não cabem
11:07no bolso do agricultor,
11:09porque o agricultor, ele trabalha
11:11com uma indústria a céu aberto
11:12e ele tem aí, ele sofre
11:14todo tipo de risco climático, né?
11:17De pragas e doenças.
11:19Então, ele precisa ter alguma garantia
11:23de que ele vai ter linhas de crédito
11:27apropriadas principalmente para o custeio, né?
11:33Ao longo do tempo, o que aconteceu?
11:35A agricultura brasileira foi ficando
11:38cada vez maior, cada vez mais robusta
11:40e esse plano safra, ele foi ficando
11:44cada vez menor.
11:45Ele atende cada vez menos a nossa agricultura.
11:49porque ela ficou tão grande
11:53que o que o governo consegue dar de recursos
11:56para essa subvenção, não consegue atender a todos.
12:00Então, de uns anos para cá,
12:02o que é que vem acontecendo?
12:04E eu tive essa oportunidade
12:06quando estive no Ministério da Agricultura,
12:09com todas as dificuldades
12:10que todo ministro da Agricultura tem,
12:13que é arrumar recursos suficientes
12:16para poder fazer um plano safra
12:19de excelência, né?
12:22Hoje, o plano safra...
12:24Esse número não é um número
12:26que eu tenho ele aqui refinado,
12:29mas é um plano safra
12:30que atende 20 e poucos por cento
12:34do que é necessário, né?
12:37Para se fazer toda a agricultura.
12:42Ainda mais quando você coloca tudo,
12:43soja, milho, arroz, feijão,
12:45pequena agricultura, hortaliças,
12:48café, cana-de-açúcar.
12:50Se você colocar tudo isso,
12:51então é menor ainda o percentual
12:53que o plano safra consegue atender.
12:56Mas ele atende.
12:57Ele atende com o dinheiro
12:59do orçamento, do Tesouro Nacional,
13:03que esse é um número
13:04que eu não consegui saber ainda, né?
13:06Do plano safra que foi colocado ontem.
13:09Quanto por cento nós temos
13:13para equalizar os juros de mercado?
13:17Então, hoje, a Selic é 15%.
13:20Os juros de mercado hoje,
13:23eles estão aí em torno de 18%.
13:25Isso se o agricultor é bom.
13:26Se ele é um agricultor,
13:28que o banco dá uma nota para ele triple A.
13:31Se não, chega a 20%.
13:33Se ele tem garantia.
13:35Aí tem uma série de variáveis
13:38para compor aí essa taxa de juros
13:40que ele vai pegar no mercado livre.
13:43Mas vamos dizer que fosse 15%.
13:44Então, hoje, nós estamos falando aí
13:48em juros que foram de 8% a 12%.
13:5314%.
13:55Então, você equalizar essa diferença
13:59é que você tem que tomar muitos recursos aí,
14:05muitos bilhões para você equalizar
14:07para ficar dentro de uma taxa de juros
14:10razoável para o produtor.
14:12O que seria aí em torno de 6?
14:15A taxa ideal seria em torno de inflação
14:18de 5, 4,5?
14:19A taxa ideal seria de 6, no máximo a 8%.
14:23O José Eustáquio Vieira,
14:25pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
14:29o IPEA,
14:31analisa como o Plano Safra está diretamente ligado
14:34com toda a economia brasileira
14:36e explica de onde vem o dinheiro
14:39para a implementação dessa política de crédito.
14:42Quando a gente vai elaborar um plano agrícola,
14:45nós temos que elaborar com taxas de juros
14:48que sejam menores ou relativamente ao valor da taxa Selic.
14:54O que acontece?
14:56De todo o recurso que o governo colocou disponibilizado,
15:01a gente tem que fazer também aí uma avaliação.
15:05Uma coisa é o que o governo anuncia
15:08de recursos que são disponibilizados à política.
15:12Outra coisa é o que o governo coloca de aporte
15:16de recursos nessa política.
15:18Então, o Plano Safra é anunciado
15:20como sendo o maior Plano Safra de todos os tempos.
15:24Se você somar os recursos da agricultura familiar
15:28e da agricultura empresarial,
15:31isso dá em torno de 600 bilhões de reais.
15:34Mas, na verdade, para você ter uma ideia,
15:37o recurso discricionário que o governo tem neste ano
15:43é de 230 bilhões de reais.
15:46Então, esses 600 bilhões não expressam
15:49o que realmente o governo está disponibilizando.
15:52Então, o governo vai disponibilizar
15:54algo aí em torno de 15 a 20 bilhões de subvenção.
15:59Essa é a grande realidade.
16:00É um valor muito menor.
16:02Então, desses 600 bilhões de reais,
16:0780% são recursos livres.
16:11Isso o agricultor vai na agência do Banco do Brasil,
16:15da Caixa Econômica ou de alguma outra instituição
16:18e vai captar as taxas livres do mercado.
16:21Ou seja, as taxas em que a taxa Selic
16:25vai balizar este empréstimo.
16:27Agora, quando os juros são controlados,
16:30e aí é a política que o governo define
16:33algumas linhas de crédito com taxas subsidiadas,
16:37o governo vai pagar a diferença
16:39para a instituição financeira
16:41entre o que o agricultor está tomando
16:43e o que a instituição está, vamos dizer,
16:45perdendo neste empréstimo.
16:47E que é 20% apenas de todo este montante dos recursos.
16:53Então, eu acho que quando o governo,
16:56e aí eu não estou falando governo A, B ou C,
16:59ele deveria ser mais claro com a sociedade.
17:02Qual é o aporte de recursos
17:05que o governo está injetando dentro da economia agrícola,
17:09ao invés de falar que está disponibilizando 600 bilhões,
17:13quando, na verdade, este não é um valor real.
17:17Agora que nós já sabemos como funciona o Plano Safra,
17:21de onde vem a verba,
17:23falta saber para onde ela vai na prática.
17:26Como que ela chega até os produtores rurais?
17:29E mais, falta saber se todo esse montante
17:33é realmente usado anualmente.
17:36Para isso, nada melhor do que ouvir alguém
17:39que já ocupou a cadeira do Ministério da Agricultura.
17:42Por isso, nós vamos ouvir novamente
17:45a senadora e ex-ministra, Tereza Cristina,
17:48que nos fala se o recurso realmente chega
17:51ou não chega lá na ponta para os produtores.
17:54Ele chega.
17:56Às vezes, o que acontece é que falta no meio do caminho,
17:59porque quando esse dinheiro,
18:01quando o Plano Safra é colocado em prática,
18:06ele vai para os bancos e os bancos têm uma pedida.
18:10Entendeu?
18:11Olha, eu preciso, eu quero 20 bilhões,
18:14eu preciso 10 bilhões,
18:16de acordo com o tamanho de cada carteira agrícola
18:19de cada uma dessas instituições.
18:21Então, o Banco do Brasil sempre foi o que mais
18:25teve esse recurso equalizado,
18:27porque ele pega todas as linhas que o Plano Safra
18:31quer executar,
18:33então, para só...
18:35Enfim, custeio, vamos falar em duas coisas,
18:37custeio e investimento.
18:39E aí, ele faz lá dentro,
18:41dentro dos seus clientes,
18:42ele vai fazendo esse balanceamento.
18:44Agora, esse dinheiro não é suficiente.
18:46Então, onde é que o dinheiro do Plano Safra acaba indo?
18:50Ele vai.
18:51Na minha época, era um único ministério,
18:53então, ele ia para a agricultura familiar,
18:56ele ia para o médio agricultor
19:00e para o grande agricultor, que tem um limite.
19:02Esse limite, se não me engano,
19:04subiu para 3 milhões e meio,
19:05antes era 2 milhões e meio por CPF.
19:08Então, aí o banco faz, vamos dizer,
19:11essa distribuição, todos os bancos.
19:13Os bancos de crédito cooperativo,
19:16o Banco do Brasil, o Santander, o Bradesco,
19:20os bancos privados, eles emprestam,
19:22costumam emprestar mais dinheiro do crédito livre.
19:26E foi durante o meu tempo,
19:28no Ministério da Agricultura,
19:30que eu coloquei,
19:33fizemos aquela medida,
19:35o projeto de lei do agro,
19:40dos financiamentos, para quê?
19:43Os fiagros, os crás,
19:46os fiagros foi depois,
19:48mas foi sair daquela época.
19:50Já existiam os CPRs,
19:52a gente modernizou o CPR,
19:55porque o CPR é uma maneira do agricultor grande,
19:57principalmente,
19:59poder pegar o crédito
20:00e comprar semente,
20:03fertilizantes, enfim,
20:04defensivos agrícolas e poder plantar.
20:07Então, nós criamos essas outras alternativas de crédito,
20:11mas isso é um crédito livre.
20:13Esse não é o crédito do plano Safra.
20:16Qual foi a minha fala sobre o plano Safra?
20:21É que misturaram tudo.
20:22Puseram crédito livre com crédito do governo
20:24e aí ninguém sabe o que é nada.
20:27Entendeu?
20:27Eu quero saber exatamente o que é de crédito livre do mercado
20:32e o que é crédito que veio do orçamento da União.
20:38Então, eu não acho que isso é ruim.
20:43Isso é muito bom.
20:43Agora, o que precisa é a gente saber exatamente
20:48se esse dinheiro depois tem que ter o acompanhamento,
20:52que é isso que você me perguntou.
20:53Como é que o Ministério sabe?
20:55Porque ele pode acompanhar.
20:57Quando eu falei que o dinheiro não estava chegando,
20:59que só chegou 70% ou 80%,
21:02é porque às vezes existe um negócio,
21:04uma palavra que eles falam empoçamento.
21:07Às vezes um banco pega o recurso
21:09e ele não dá conta de emprestar para os seus clientes
21:15e ele fica com esse dinheiro empoçado
21:17em vez dele devolver o dinheiro
21:19para que ele seja remanejado para os bancos
21:22que estão precisando, que emprestaram mais.
21:25Porque isso é uma coisa dinâmica.
21:27Então, se eu tenho 100 clientes e o outro tem 120
21:30e dos meus 100 só 80 pegaram,
21:33eu tenho 20 sobrando que eu posso passar
21:35para outro banco fazer o direcionamento
21:39desses recursos, né?
21:41E aí o agricultor também não consegue pegar.
21:44Então, é isso que a gente precisa ter,
21:48um acompanhamento muito de perto
21:52para que esse dinheiro, já que ele não atende a todos,
21:56que ele consiga chegar 100% até a ponta,
22:00até o produtor, que é ele que precisa desse dinheiro,
22:03afinal, para plantar.
22:05Os juros precisam ser mais baixos.
22:08O valor precisa ser maior.
22:11O recurso tem que chegar ao produtor.
22:13Mas o que pode ser feito efetivamente
22:16para que essas mudanças ocorram?
22:19A resposta de todas as fontes é unânime.
22:22Aumentar o investimento em seguro rural.
22:26Só assim o produtor se sentirá mais precavido,
22:30mais protegido e aí, com as safras mais protegidas,
22:35isso pode render, inclusive, mais investimentos,
22:39mais retorno e fazer com que o plano safra
22:41realmente seja a política saudável para a qual foi criada.
22:46Eu venho defendendo há algumas décadas a importância do seguro
22:51para a agricultura, mas ele é relativamente pequeno.
22:55A porcentagem da produção que é coberta com seguro no Brasil
22:59tem sido muito inferior a 10% da produção.
23:045, 6, 8, no máximo 10.
23:09E, na minha opinião,
23:13o seguro rural seria uma maneira
23:16para que o governo pudesse ampliar os recursos
23:19para o financiamento da agricultura.
23:22Então, se no Brasil a gente aumentar
23:24a área e o número de produtores segurados,
23:29nós temos condições de diminuir
23:31o custo do seguro agrícola e, assim, expandir ainda mais.
23:35E outro ponto.
23:37O que acontece no Brasil hoje
23:38é que quem usa seguro rural
23:42são aqueles produtores que estão nas áreas de maior risco.
23:46O que aumenta ainda mais o custo.
23:49Entendeu?
23:50Como os produtores acham que o custo é elevado,
23:53os produtores preferem correr o risco.
23:55Eu vi isso várias vezes, né?
23:57Porque, inclusive,
23:58dirigir uma das companhias de seguro agrícola do Brasil,
24:02vinculada ao Banco do Brasil,
24:05e eu vi várias vezes o produtor dizendo
24:07eu prefiro correr o risco.
24:09E alguns desses correram o risco
24:11e, infelizmente, tiveram seca,
24:14tiveram problemas, perdas elevadas.
24:17Eles dizem, eu vou correr o risco
24:18porque o seguro está muito caro.
24:21Relativamente é caro.
24:22Mas nós teríamos condições
24:24de baixar o preço do seguro agrícola.
24:26E, a meu ver, esse é um desafio
24:29que nós não soubemos ainda
24:32encontrar mecanismos para superá-lo.
24:36Na minha avaliação,
24:39o que acontece é o seguinte.
24:42A minha avaliação poderia ficar,
24:44como eu disse há pouco,
24:45ficaria, digamos, custos menores
24:47para o Tesouro Nacional.
24:49Porque toda vez que acontece
24:51uma crise da agricultura,
24:52há uma seca no Rio Grande do Sul,
24:55no Paraná,
24:56ou no Mato Grosso do Sul,
24:57enfim,
24:58ou um problema de mercado,
24:59caem os preços,
25:00o que acontece?
25:02Os produtores rurais se organizam,
25:04os seus representantes
25:06no Congresso Nacional
25:07se articulam,
25:09e o governo acaba fazendo
25:10prorrogações,
25:12renegociações
25:14do crédito rural.
25:15E isso tem um custo elevado
25:17para o Tesouro Nacional.
25:19Tudo isso está contabilizado.
25:21E, em alguns anos,
25:23esses custos
25:24são da ordem
25:25de bilhões de reais.
25:28Essas prorrogações
25:29e renegociações
25:30oneram o Tesouro Nacional.
25:32E o Tesouro Nacional,
25:34por exemplo,
25:34se não está colocando
25:35em torno de um bilhão de reais
25:36em seguro agrícola.
25:38Na minha opinião,
25:39ele deveria colocar
25:39dez bilhões.
25:42Está certo?
25:43Mas poderia crescer lentamente,
25:45mas eu acho
25:46que se colocasse,
25:47por exemplo,
25:47cinco bilhões
25:48imediatamente,
25:50ficaria mais barato
25:52do que o risco
25:53que corre
25:53de algum problema
25:55e o governo tem...
25:56E o governo sempre
25:57acaba refinanciando
25:59e prorrogando.
26:00Se você controlar,
26:01tiver o seguro
26:03implantado
26:05com um fundo
26:06de catástrofe,
26:07enfim,
26:08ele bem...
26:10Ele com bastante
26:11solidez
26:12e bem incorporado
26:14e todo mundo
26:15fazendo o seguro,
26:17porque hoje
26:18o que acontece?
26:19Só faz seguro
26:20quem tem problema.
26:21O Rio Grande do Sul,
26:22todo mundo lá
26:22faz seguro.
26:23Agora,
26:24as empresas de seguro
26:25não vão subir.
26:26Eles não são
26:27empresas de...
26:29de...
26:31como é que chama?
26:32De...
26:33peneméritas,
26:34como é que é?
26:35Eles não estão...
26:36Eles estão aí
26:36para ganhar dinheiro,
26:37né?
26:37E eles ganham dinheiro
26:38como?
26:39Todo mundo fazendo seguro
26:41e eles tendo dinheiro
26:42para pagar
26:43aqueles que têm
26:44algum tipo
26:45de sinistralidade.
26:47Então,
26:47esse é o problema.
26:49Então,
26:49enquanto a gente não tiver
26:50isso muito bem estabelecido,
26:52nós vamos viver
26:53esse dilema.
26:54Nós vamos depender
26:55da inflação,
26:56da política fiscal
26:58do governo
26:59que está aqui...
27:00de plantão.
27:02Enfim,
27:02então você nunca
27:03vai ter uma agricultura
27:05que tenha segurança
27:06e estabilidade
27:07para o agricultor.
27:08Então,
27:09eu acho que o agricultor
27:10a gente tem que
27:10todo dia agradecer a ele
27:11porque ele é um corajoso.
27:13Ele tem uma indústria
27:14a céu aberto
27:15que ele corre
27:16todo tipo
27:17de risco
27:18climático,
27:19de praga,
27:20de preço.
27:22Vai subir o diesel.
27:23Ele não tem controle
27:24sobre nada,
27:25nem sobre o preço
27:26do produto
27:26que ele vai vender.
27:28Porque quem faz o preço
27:29é a Bolsa de Chicago,
27:31é o mercado internacional,
27:33é o mercado,
27:34se for feijão,
27:35é o mercado interno.
27:36Então,
27:36ele não tem controle nenhum
27:38então ele vive
27:39numa corda bamba.
27:41Mas assim mesmo,
27:42a nossa agricultura
27:43ficou tão eficiente,
27:46tão profissional,
27:47que hoje
27:48é a atividade
27:49que tem puxado
27:51a economia brasileira,
27:52tem carregado
27:53a economia.
27:54Importante,
27:55então,
27:56entender esse histórico
27:57e também como
27:58essa política foi
27:59e ainda é relevante,
28:01evidentemente,
28:02para o agro brasileiro,
28:03mas,
28:03claro,
28:04precisa de ajustes
28:05para se adequar
28:06justamente
28:06à nova realidade
28:08do setor.
28:09do setor.
28:10Então,
28:10vamos lá.
28:10Vamos lá.
28:11Vamos lá.

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