- 17/06/2025
No Direto Ao Ponto, os especialistas debatem qual seria a posição diplomática do Brasil diante da escalada entre Israel e Irã. A bancada também discute a tradicional postura brasileira e os desafios da diplomacia em um cenário de alta tensão no Oriente Médio.
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NotíciasTranscrição
00:00E aproveitando que nós estamos falando desses ataques, eles impactam muito os espaços aéreos daquela região.
00:06O espaço aéreo de Israel está fechado, assim como o do Irã.
00:10Israel menciona que dominou por completo esse espaço aéreo.
00:14O quanto isso de fato impacta, seja a logística, seja o transporte, os passageiros,
00:22porque a gente viu, por exemplo, uma comitiva de prefeitos brasileiros ficando presa em Israel
00:28e agora com uma operação que foi concluída nesta segunda-feira com o encaminhamento dessas pessoas até a Jordânia.
00:36Parte conseguiu deixar o território com voos particulares, parte vai deixar com voos comerciais saindo do Catar.
00:45Mas o quanto isso, comandante Farinazo, impacta não só esses dois estados que estão agora num conflito entre si,
00:53mas toda aquela região do Oriente Médio?
00:56Pois é, Evandro, o problema ali é que é uma região estratégica para todo mundo, né?
01:01Porque os voos, por exemplo, que vão para a Índia, vão para a Arábia Saudita, vão para Dubai,
01:06teriam que passar por ali, né?
01:08Eu estava conversando com o pessoal que estava operando naquela área e do cockpit do avião,
01:13você via os mísseis passando a longa distância, mas você vê.
01:16Porque não só, na verdade, como a...
01:18Isso, amigos seus que são pilotos hoje de companhias aéreas.
01:21Exatamente. Como a Terra é redonda, você vê, embora haja quem discorde,
01:26você vê uma distância grande os mísseis passando.
01:30Então, na verdade, não é um problema que afete única e exclusivamente Israel e o Irã, né?
01:36Afeta os outros países também.
01:37E essas rotas, são rotas...
01:39Você vê, Dubai é um grande rubio aeronáutico, né?
01:42Para ir em direção à Índia, em direção à China, etc.
01:45Então, altera a vida de todo mundo.
01:47Ou seja, esses países que não estão envolvidos, eles estão também totalmente, digamos,
01:52apreensivos de que os seus espaços aéreos sejam impactados a ponto de também se impedir
01:58que as viagens passem por ali, comandante?
02:00Sim, mas... E o prejuízo...
02:01Por exemplo, a Arábia Saudita e etc.
02:04Você para para pensar o seguinte, quando uma aeronave, ela faz um desvio,
02:08ela sai ali, evita o espaço aéreo de Israel, evita o espaço aéreo,
02:12e eu não sei se o Iraque está fechado também, né?
02:14Iraque e Síria estão fechados.
02:16Mas isso são toneladas de combustível a mais que você vai gastar,
02:20você vai mexer no esquerdo das aeronaves, elas vão chegar com mais tempo, né?
02:25Então, impacta a vida de todo mundo.
02:27Quer dizer, numa situação ainda que nós estamos nos primeiros embates ainda,
02:31a gente está vendo todo esse atropelo, né?
02:34Graças a Deus, aí, nossos prefeitos estão voltando aí em segurança.
02:37Mas você imagina se, por exemplo, se houver uma interrupção do tráfego marítimo,
02:42tráfego petrolífero em Hormuz, o problema é que a gente vai ter.
02:45Então, é um mundo interconectado e que acaba afetando a vida de todo mundo, né?
02:50Você pega, por exemplo, tem muitos brasileiros que têm parentes, têm familiares em Israel,
02:54e as pessoas ficam apreensivas pelas vidas dos brasileiros que estão lá.
03:01Então, é realmente muito difícil tudo isso.
03:04E eu aproveito esse exemplo da comitiva de prefeitos que acabou ficando ali em Israel
03:08diante dessa situação, para falar de diplomacia.
03:11Porque muito tem se questionado sobre o posicionamento do Brasil nessa escalada de conflito.
03:16O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mencionou que as autoridades brasileiras
03:22tinham avisado a essa comitiva e a outros brasileiros que pretendiam participar de eventos,
03:26porque, se não me engano, segundo as informações que a gente recebeu hoje do Senado,
03:30havia também uma comitiva de pessoas que participaria de um desfile LGBT-QIAPN+,
03:36lá em Israel, e que também foi impactada por essa situação.
03:41Que o governo havia avisado essas pessoas de que não se recomendava viajar para aquela região
03:48nesse momento por conta da possibilidade da escalada de tensão,
03:53seja envolvendo os países que estão ao redor, seja entre Israel e Irã,
03:56e que, mesmo assim, essa comitiva decidiu participar desse encontro,
04:00dessa feira de tecnologia que aconteceria lá em Israel.
04:04Agora, essa comitiva sai, mas há uma crítica feita pela comissão do Senado
04:10que lida com esses assuntos, pela Comissão Parlamentar Brasil-Israel,
04:14de que as autoridades brasileiras, diante da falta de identificação que se tem
04:19entre o presidente Lula e as autoridades israelenses,
04:21ou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de que as autoridades brasileiras
04:25ficaram inertes, não olharam para os seus cidadãos que estavam sendo impactados
04:30por esse conflito lá.
04:31Inclusive, eles pretendem acionar agora o Itamaraty, o primeiro,
04:35o ministro das Relações Exteriores, para ouvir explicações sobre essa história.
04:41Professor Alexandre Pires, como é que o senhor avalia o posicionamento do Brasil
04:44nesse momento e o que esperar também de qualquer tipo de posicionamento
04:50diante desse desencontro ideológico e de outras histórias que já aconteceram
04:56entre o presidente Lula e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu?
05:02Com relação à posição do Itamaraty, a letargia não surpreende.
05:06Ou seja, o Itamaraty, enquanto um órgão de alta competência,
05:09já perdeu esse status há muito tempo.
05:11O senhor entende dessa forma?
05:12Tem falhado recorrentemente, não tem focado tanto na proteção dos cidadãos,
05:19tem demorado, tem respondido de modo reativo.
05:23Ou seja, uma situação dessa já tinha uma escalada desenhada,
05:27já devia ter um aviso bem claro de não ter nenhum tipo de agenda
05:31de brasileiros naquela região.
05:33O ministro disse que isso acontecia.
05:36Ou um dos integrantes da comissão do Senado, que é o senador Carlos Viana,
05:41com quem eu conversei hoje, menciona que não.
05:44Que o governo não garantiu ou não tentou impedir de fato que essa comitiva
05:50acessasse aquele território.
05:52O que é extremamente preocupante.
05:53É como se você envolvesse o Brasil indiretamente.
05:56Imagina se uma bomba, um míssel, algo atinge os brasileiros.
06:01O Brasil teria que se posicionar e teria um posicionamento talvez muito contrário ao conflito.
06:05E aí isso iria no rumo que o Brasil tem tomado na fala.
06:10Ou seja, o que o Brasil é historicamente?
06:12Ele é neutro em relação à comunidade árabe e à comunidade israelense, historicamente.
06:17Mas nos últimos anos, sobretudo quando há uma mudança de governo,
06:21e o governo do Partido dos Trabalhadores está no poder,
06:24ele tem sido muito crítico.
06:26Inclusive muitas vezes sendo acusado pela comunidade de um antissemitismo disfarçado.
06:31E isso é extremamente preocupante.
06:34Essa nunca foi a posição histórica do Brasil-Estado.
06:37Mas a posição de governo tem levado sim essa preocupação.
06:41Inclusive a fala, se não me engano, da semana passada do presidente Lula,
06:44foi extremamente desastrosa.
06:47Inclusive por um governo que começou querendo ser mediador internacional.
06:52Praticamente o Brasil se colocou fora, com a fala indicando genocídios e outras coisas por parte de Israel,
06:58se coloca fora, numa mesa de negociação, que o Brasil inclusive poderia servir muito bem,
07:03por ter uma comunidade árabe e uma comunidade judaica muito grande aqui.
07:08Então o Brasil mudou demais nos últimos 20 anos.
07:12Fala, Struvieck.
07:13O complementar ao que o professor Alexandre falou,
07:15historicamente o Brasil sempre foi muito respeitado.
07:18Inclusive quando eu mencionei da sessão da ONU, que fez a partilha em dois países,
07:23quem presidiu essa sessão foi um diplomata brasileiro, na época em 1947, Oswaldo Aranha.
07:30O Brasil foi, de certa forma, a parteira do Estado de Israel.
07:33Porém isso tem ido por água abaixo nos últimos anos.
07:37O Brasil hoje, o governo atual, tem uma visão muito ideológica
07:41de um anti... um sul global, a ideia de se opor aos Estados Unidos a qualquer custo.
07:47E aí o governo que se diz defensor da democracia, a vote pela democracia, etc.,
07:53está no colo, nos braços de algumas das piores ditaduras do mundo.
07:58Passando pano para a ditadura da Venezuela, o Maduro,
08:01passando pano participando da posse do presidente do Irã.
08:04Temos a foto lá do nosso vice-presidente Alckmin, lado a lado, com os líderes terroristas.
08:09Uma foto ficou famosa.
08:10Indo em desfile militar na Rússia, o Lula teve agora em Moscou,
08:13com 27 ditadores, nenhum chefe de Estado democrático.
08:17Só ditador, e o Putin e o Lula lá.
08:21E agora, não surpreendentemente, quando o Irã mandou os mísseis em Israel ano passado,
08:26uma agressão gratuita contra a população civil, mirando na população civil,
08:30em abril, Itamaraty ficou em silêncio.
08:33Fez uma declaração genérica, ah, queremos acalmar aqui.
08:36Outubro, mísseis balísticos do Irã contra Tel Aviv.
08:39Itamaraty em silêncio.
08:41E agora, quando Israel faz esse ato para destruir o programa nuclear,
08:45um ato cirúrgico voltado para armas atômicas,
08:48o Lula e o Itamaraty se apressam em condenar Israel.
08:52Então, assim, nenhuma palavra sobre ditadura,
08:54nenhuma palavra sobre espancamento de mulheres que acontecem em Teherã.
08:57Ano passado, uma menina de 22 anos estava sem o véu.
09:01A polícia religiosa do Irã pegou essa menina e espancou.
09:04Ela ficou três dias no hospital e morreu pelos ferimentos.
09:07No ano anterior, uma menina de 13 anos foi espancada até a morte pela polícia da moralidade do Irã,
09:14gays sendo mortos, e esse governo não fala nada sobre isso.
09:18Então, é dois pesos, duas medidas.
09:19Eu entendo que é uma vergonha.
09:21Como é que o senhor avalia, professor João Estevam?
09:23Olha, para a gente analisar a posição de um Estado,
09:25particularmente de um país como o Brasil,
09:27que, vamos lembrar, um país que tem uma certa relevância histórica,
09:30não só nas relações com o Oriente Médio,
09:32como também em termos de, vamos dizer, pacificador,
09:35de mediador de conflitos internacionais,
09:38isso sempre acontece de um ponto de vista...
09:40Tem que sempre levar em conta a situação, tanto interna quanto externa.
09:44Então, em termos externos, a gente tem o início de um governo
09:48que se busca sendo mediador desse conflito,
09:51não somente desse conflito, evidentemente,
09:53mas somente do conflito que se encontra na Rússia, entre Rússia e Ucrânia.
09:58Só que, dado esse processo de polarização constante na ordem internacional
10:02e de um aumento, um acirramento nas relações entre as partes envolvidas,
10:07além disso, o próprio processo de desmantelamento,
10:12de incapacidade das instituições internacionais,
10:15que é a arena-chave que o Brasil sempre busca ocupar
10:19para poder incentivar processos de paz, diálogos de paz,
10:23historicamente falando, com o desmantelamento dessas instituições,
10:27acaba que o país não consegue ter esse tipo de medidas,
10:31esse tipo de postura.
10:34Ao mesmo tempo, com esse desgaste,
10:37que a gente tinha comentado anteriormente,
10:39da postura do Netanyahu, do governo israelense,
10:43isso tem gerado uma pressão internacional,
10:47inclusive de países de potências ocidentais,
10:51e fora movimentos internacionais, organizações internacionais,
10:55a própria ONU também, criticando algumas posturas que Israel tem tido ao longo do conflito.
11:03Então, conforme isso vai avançando, existem também pressões internas e externas
11:07sobre o governo brasileiro, que faz com que ele seja cada vez mais crítico
11:12em relação às medidas que Israel tem construído, tem agido,
11:18tanto em relação à Gaza e também agora em relação ao Irã.
11:21Tem um outro ponto importante também.
11:24A gente está vendo uma postura de política externa do governo Lula,
11:29que de fato é muito parecida com aquela postura adotada durante os anos 2000,
11:33mas num cenário internacional extremamente diferente.
11:36Pois é.
11:36Então, por exemplo, havia também um esforço de aproximação com relação ao Irã,
11:41como foi no caso de 2009, 2010, com o acordo tecido com a Turquia.
11:45Entretanto, hoje, ter essa postura é um pouco mais complicado, no mínimo.
11:52Entretanto, isso ainda é uma postura que o governo tem se colocado
11:56e que, novamente, não é uma postura meramente ideológica,
11:58é uma postura que corresponde a interesses históricos,
12:01não só do partido, mas também historicamente da própria Estado brasileira.
12:04É bom a gente lembrar, por exemplo, que mesmo em momentos em que o Brasil
12:09tecnicamente se alinharia com países ocidentais, como foi o caso pós-guerra dos seis dias,
12:16a postura do governo brasileiro foi, inclusive, ter essa aproximação com a comunidade árabe
12:21durante os anos 70 e 80, a fim de poder corresponder aos seus interesses estratégicos.
12:26A mesma coisa que a gente pode ver também um pouco nessa busca do governo
12:29de caminhar rumo a uma modificação na ordem multipolar, na ordem internacional.
12:34O problema é o momento em que isso está acontecendo,
12:38que é o momento em que você tem uma radicalização da disputa entre as potências,
12:43no primeiro plano, no segundo plano, na disputa também entre as potências regionais,
12:49inclusive no próprio Oriente Médio.
12:51E a volta pela busca do protecionismo até em algumas regiões, né?
12:54Com certeza.
12:54Diferentemente do que se buscava de globalização lá atrás.
12:57Com certeza. E também é importante lembrar, né?
12:59Até 2015 foi colocada sobre o governo Obama, né?
13:02Que conseguiu tecer um acordo.
13:06Até 2015 havia uma tentativa, pelo menos, de se utilizar instituições multilaterais
13:12ou os canais multilaterais para se chegar a uma construção de paz.
13:15Agora?
13:16Isso não acontece mais, né?
13:18A própria forma como a proposta brasileira no Conselho de Segurança Nacional
13:22foi tratada também pelas grandes potências, né?
13:25Particularmente dos Estados Unidos, mas também outras grandes potências,
13:27acaba sendo um reflexo disso.
13:30E as inúmeras reuniões que não chegaram a nenhuma resolução.
13:34Exatamente.
13:35Então, a gente está vendo uma fragmentação da ordem internacional
13:38que, infelizmente, impede que países que têm um grande potencial de diálogo, né?
13:45Como o caso do Brasil, de ocupar esses espaços como mediador de conflitos,
13:50como, pelo menos, como propositores de resolução de disputas.
13:54E, cada vez mais, a gente vê uma escalada de tensões em vários focos regionais.
14:00Seja no Pacífico, seja, no caso, no Oriente Médio.
14:03E, consequentemente, a gente também vê uma mudança na própria relação do Brasil com esses atores, né?
14:09Felberto, e como é que você avalia os desafios diplomáticos agora?
14:13O professor Estevão foi muito feliz, dizendo que a postura do Brasil
14:16é praticamente a mesma nos anos 2009, 2010, mas em tempos mais complicados.
14:21E tempos mais complicados exigem atenção e cuidados redobrados.
14:26E o que a gente vê, como meus antecessores colocaram,
14:29é uma desídia da diplomacia brasileira, é tratar as coisas com dois pesos, duas medidas.
14:34Enquanto Israel se defende ou ataca preventivamente ou ataca, que seja,
14:39há uma condenação com requintes de crueldade, chegando a querer comparar até com o nazismo.
14:44Ano passado, até o presidente do Congresso fez uma reprimenda ao presidente da República
14:48de usar termos comparando o nazismo com exercício de defesa.
14:52É muito cruel para quem sofreu isso.
14:55E, de outro lado, o Irã, com todo o armamento que ele vem fazendo e a ameaça que ele representa,
15:03exige uma medida.
15:04Então, assim, a diplomacia brasileira, no caso, que trata Israel com má vontade,
15:10procura também fazer vistas grossas quando comenta os ataques que vêm do outro lado.
15:15E o Brasil sempre teve uma tradição democrática, de conciliação, de liderança,
15:20o exemplo do Oswaldo Aranha.
15:22Então, é triste ver o momento atual da diplomacia brasileira,
15:24que confirma, infelizmente, aquilo que se diz do Brasil ter sido, nos últimos tempos,
15:30um votação a não diplomático.
15:32O Brasil poderia estar ocupando o protagonismo,
15:34poderia estar procurando agir de maneira efetivamente conciliatória,
15:37mas essa ideia de ter que atacar os Estados Unidos a qualquer modo
15:40e de se alinhar com outros regimes que fogem do democrático
15:46realmente deixa o Brasil numa situação muito delicada do ponto de vista diplomático.