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  • 04/06/2025
Gonzalo Vecina, médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa, Luiz Henrique Mandetta, médico e ex-ministro da Saúde, e Jean Gorinchteyn, infectologista e ex-secretário de Saúde de São Paulo, participaram do programa Visão Crítica dessas terça (03) e analisaram quais são os principais desafios da Saúde Pública no Brasil.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=e_xD1fRc_Wg

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00:00A primeira questão aos nossos convidados, agradecendo ter aceito o nosso convite,
00:04é uma questão, eu sei que pode ser uma espécie de Deus e sua obra,
00:07mas, doutor, vamos começar com o doutor Vecina.
00:13Qual é o principal, se é possível dizer isso, doutor Vecina,
00:16qual é o principal desafio da saúde pública no Brasil hoje?
00:23Não entender de que sem SUS não tem solução.
00:27Nós precisamos de ter um sistema de saúde público, universal,
00:33com entrega integral de assistência à saúde,
00:37tanto medicina preventiva quanto medicina curativa.
00:40Esse modelo de assistência à saúde, ele tem que ser um dos instrumentos
00:48para resolver o maior problema do Brasil.
00:50E o maior problema do Brasil é desigualdade social.
00:54Eu moro aqui no Alto da Lapa.
00:56Aqui no Alto da Lapa, a expectativa de vida ao nascer é de 85 anos.
01:01Se eu morasse em cidade de Tiradentes, aqui na cidade de São Paulo,
01:05a 70 quilômetros de onde eu estou, a expectativa de vida ao nascer é de 65 anos.
01:11Como é que explica esses 20 anos de vida a mais que tem no Alto da Lapa?
01:17Pela desigualdade social.
01:19Então, o maior problema é a população entender.
01:23Neste momento, o governo está discutindo, e uma frase que eu tenho ouvido com muita frequência é
01:30os direitos sociais da Constituição de 88 não cabem no orçamento.
01:38Ou seja, nós temos que cortar direitos sociais.
01:42Temos que cortar o piso da saúde, o piso da educação e a equiparação da correção da aposentadoria,
01:53dos benefícios de prestação continuada, do Bolsa Família, que estão vinculadas hoje ao salário mínimo.
02:00Será que é isso mesmo que nós temos que fazer?
02:04É isso que você que nos está assistindo acha que deve ser feito?
02:09Nós temos que diminuir direitos para caber no orçamento?
02:13É mais importante a saúde fiscal do que a saúde pública?
02:19Doutor Mandetta, o senhor que teve experiência lá no Ministério da Saúde, especialmente,
02:26no entender do senhor, qual é o principal desafio da saúde pública no Brasil hoje?
02:33Bom, Vila, primeiro agradecer o convite e parabenizar aqui nessa casa, aqui na Jovem Pan,
02:39toda a diretoria, Jean, meu amigo aqui, companheiro de luta do SUS durante a pandemia aqui no estado de São Paulo,
02:46e o Gonçalo Vecina, esse ícone nosso da saúde pública que arquitetou e organizou a Anvisa
02:54e que é aí uma referência para todos nós.
02:58O Brasil é uma complexidade até na sua sociedade em parâmetros de igualdade e desigualdade,
03:07como lançou o Gonçalo, mas você tem algumas bombas.
03:11A primeira, eu diria que é a virada e o envelhecimento da nossa população aceleradamente,
03:19o que a Europa levou quase 70, 80 anos para fazer, nós estamos fazendo um tempo muito curto.
03:24Nós já devemos ter, a partir de 26, matematicamente, mais pessoas acima de 60 do que abaixo de 20.
03:30Se a gente está fazendo discussões sobre reforma da Previdência,
03:35porque você está tendo muitos idosos e poucas pessoas para trabalhar para poder custear a Previdência,
03:40na saúde, o período que você mais gasta também é na terceira idade, doenças degenerativas e etc.
03:46Então, a carga que vem pela frente nos próximos 15, 20 anos vai ser muito pesada.
03:52Eu sou nascido em 30 de novembro de 64, que é a geração do baby boom,
03:58foi um dos anos que mais nasceram crianças na história do Brasil.
04:03Portanto, nós seremos os maiores entre 56 e 64, agora chegou a nossa vez de sermos os idosos do Brasil.
04:12Esse é um ponto de muita pressão.
04:14O segundo é que o Brasil já deveria ter resolvido as doenças infecciosas,
04:19típicas de países de desenvolvimento.
04:21Então, é uma outra carga de doença.
04:23Cada dois, três anos, uma epidemia de dengue, que deveria já ter sido melhor enfrentada.
04:29É uma doença que nós deixamos de fazer um bom trabalho sobre ela.
04:32Agora que conseguimos uma vacina que o Butantan está sinalizando com uma dose única,
04:38que parece que vem para ser um diferencial.
04:41O Rio de Janeiro ainda é a segunda cidade com maior índice de tuberculose.
04:45Nós temos na região centro-oeste, norte, nordeste, ranceníase.
04:49Doenças que deveriam ter sido erradicadas com saneamento, com educação, com alimentação, com nutrição.
04:55Então, sofremos carga de doenças de países em desenvolvimento que não fez o dever de casa.
05:01E aí, dentro de uma cidade como São Paulo, você tem bairros sem saneamento básico,
05:05com índices baixíssimos de desenvolvimento humano,
05:08convivendo com bairros de altíssimo desenvolvimento humano,
05:11que explica a desigualdade de expectativa de vida.
05:13Isso também vai ser um peso.
05:15Depois, a gente tem dois sistemas convivendo.
05:19Um sistema privado, chamado saúde suplementar,
05:22que são os planos de saúde, que a classe média tem como um desejo.
05:27Se você somar todos, algo em torno de 45 milhões de pessoas,
05:31porque daí você conta os odontológicos, chega a 50 milhões.
05:34E você tem algo em torno de 170 milhões, que são 100% SUS dependente.
05:42Se você tivesse mais renda passível, de você ter mais pessoas no sistema privado,
05:49mas não é o que está acontecendo.
05:50O sistema privado, o custo está assim e a renda da população assim.
05:54Então, a classe média não está conseguindo pagar o plano de saúde
05:58e está pressionando de volta, por razão econômica,
06:02refluindo para dentro do sistema de saúde.
06:05O orçamento público, você está vendo aí o governo indo atrás de IOF para arrumar o déficit,
06:10não tem capacidade de investimento nas necessidades de construção de hospitais, equipamentos, etc.,
06:16sem falar do custeio para os profissionais que você quer atingir.
06:20Então, a gente está trabalhando com uma pressão de financiamento no setor público,
06:26uma pressão de renda na classe média, que historicamente queria expandir o seu plano de saúde,
06:34com envelhecimento acelerado da população, convivendo com doenças infecciosas
06:39e enfrentando a alta complexidade.
06:43Nós temos UTI neonatal, nós tiramos criança de 700 gramas,
06:47nós fazemos cirurgias cardíacas, transplantes cardíacos.
06:50Nós agora incluímos o medicamento mais caro do mundo,
06:53foi incluído por o governo agora com compartilhamento de risco,
06:56que é o Zolgesma para atrofia medular espinhal.
06:59Quer dizer, é um sistema extremamente forte,
07:05porque em termos de tempo,
07:08ele nasce de uma máxima que se colocou na Constituição
07:12de que saúde é um direito de todos e um dever do Estado de 1988.
07:17Em termos de tempo, o nosso sistema não tem 37 anos.
07:23É muito pouco para um sistema de saúde ser julgado.
07:26Você precisa de pelo menos um ciclo de vida de 100 anos
07:28para você falar, quem nasceu no SUS e morreu no SUS,
07:32100% da população, para você fazer a primeira medição,
07:35o primeiro centenário de um sistema de saúde,
07:37nós ainda temos 36, 37 anos.
07:40Nós temos pessoas que passaram a infância sem ter saúde pública,
07:44não tomaram vacina.
07:45Nós temos pessoas com sequela de pólio
07:47vivendo atualmente dentro da sociedade,
07:50ainda da fase pré-sistema.
07:53Nós tivemos um país extremamente sem dente,
07:56nós éramos um país dos banguelas.
07:58Nós conseguimos colocar dentadura nos últimos 15 anos,
08:01mas a dentição se perdeu.
08:03Então, são tantos os pontos de atritos, desafios,
08:08e ao mesmo tempo, são tantos os pontos de elogios ao sistema
08:12que fica uma coisa dúbia para quem olha.
08:16Aqueles que defendem e não querem a crítica
08:19e aqueles que só criticam e não defendem.
08:22É preciso equilíbrio.
08:23O sistema pode sim avançar.
08:25Tem, cada governo tem feito uma parte,
08:28agora precisa de um pacto nacional
08:30para enfrentar alguns dilemas
08:33que só um Congresso Nacional maduro e forte
08:35vai poder fazer essa discussão.
08:38Doutor Goura Gitaim,
08:39o senhor participou de um momento dificílimo
08:42da vida nacional recentemente
08:44como secretário estadual da Saúde.
08:45E agora está numa cidade das mais importantes do Brasil,
08:49que é a cidade de São Bernardo do Campo,
08:51para quem nos acompanha,
08:52ou no ABC Paulista.
08:53Como é que o senhor vê então essas questões,
08:55tanto que levantadas por doutor Mandetta,
08:57por doutor Vestina,
08:58como os principais desafios da saúde pública no Brasil?
09:01Eu acho que a primeira grande questão
09:04que se vê de forma clara
09:06é o subfinanciamento do SUS.
09:10Esse subfinanciamento não aconteceu
09:13durante a pandemia.
09:16E foi graças a isso,
09:17a injeção e colocação de recursos
09:21que permitiram a resposta
09:24que se teve naquela oportunidade.
09:26rapidamente ampliação de equipes,
09:30de leitos,
09:31de equipamentos,
09:32de investimento em vacina.
09:35Isso fez com que
09:37esse grande SUS
09:38pudesse dar a resposta
09:41que deu durante a pandemia.
09:45Só que naquele momento
09:46nós focávamos numa única doença,
09:49que era o Covid.
09:50Nós deixávamos de lado
09:51todas as outras doenças.
09:55E esse foi o grande problema.
09:56Porque à medida que
09:57a pandemia acabou esvaecendo
10:01por advento da vacina,
10:04nós passamos a aumentar
10:06sobremaneira
10:07doenças como o câncer,
10:09que sobrecarregavam
10:10os nossos sistemas de saúde,
10:13especialmente em condições
10:15muito mais avançadas.
10:17Porque aquele indivíduo
10:18que tinha um câncer
10:20numa fase inicial,
10:22que muitas vezes sequer sabia,
10:24era encorajado a ficar em casa.
10:26Fica em casa.
10:28E quando ele então procura
10:30um hospital já
10:30na presença de sintomas,
10:33claramente ele tem
10:34uma doença avançada,
10:36que quando não leva
10:38a uma insuficiência
10:40de tratamento,
10:41ou seja,
10:42riscos
10:42do seu tratamento em si,
10:46para a resolução
10:47do seu problema,
10:48acaba levando
10:50a um custo,
10:51um alto custo
10:52para o erário.
10:53E é exatamente isso
10:54que a gente acabou
10:55entendendo do número
10:57de pessoas que saíram
10:58da pandemia
10:59com doenças graves,
11:02doenças em condições
11:03avançadas,
11:04e que necessitavam
11:06muito mais
11:08do nosso serviço
11:09de saúde
11:11do SUS.
11:12Então,
11:13a partir desse momento,
11:15isso acabou
11:16se acumulando
11:17por todos
11:18os 5.570 municípios,
11:22mas especialmente
11:22aqueles polos
11:23que poderiam
11:25dar a resposta
11:27para esses pacientes.
11:29E hoje,
11:30nós estamos
11:30trabalhando
11:31o Brasil,
11:33de forma geral,
11:34com um sistema
11:35que ele visa
11:36a doença,
11:37e não a promoção
11:39da saúde.
11:40a gente tem
11:41o nosso sistema
11:41de vacinação,
11:43o nosso plano
11:44de imunização,
11:46mas,
11:47por outro lado,
11:48o grande problema
11:49que nós temos
11:50visto hoje
11:52é a doença
11:54com a necessidade
11:55de hospitais,
11:56de tratamentos
11:58mais avançados,
11:59da alta complexidade,
12:01encarecendo muito mais.
12:03Por que eu digo
12:04que este olhar
12:05da prevenção
12:06e da promoção
12:07de saúde
12:07é fundamental?
12:08porque é ele
12:10que vai olhar
12:11o envelhecimento
12:12de uma forma
12:13saudável,
12:15mas ele começa
12:15já na poericultura,
12:18já nas avaliações
12:21que são feitas
12:21ainda durante
12:22a gestação,
12:23a prevenção
12:24de doenças
12:25e acompanhamento
12:26dessas gestantes,
12:29mas olhando
12:29os nossos jovens
12:30no seu desenvolvimento
12:32para nós não termos
12:33crianças obesas.
12:35nós temos
12:36já uma
12:37identificação
12:39de que
12:40em 10 anos
12:41nós teremos
12:4250%
12:44da nossa população,
12:46incluindo adultos
12:47e crianças
12:49obesos.
12:51E quando a gente
12:51fala de obesidade,
12:52a gente não está falando
12:53aumento
12:54apenas de peso
12:56corporal,
12:57a gente está pensando
12:58que essas
12:59pessoas
13:01vão
13:02carrear
13:03juntamente
13:04com esse
13:05incremento
13:06de peso
13:06doenças.
13:08E essas
13:08doenças
13:09vão impactar
13:10mais e mais
13:11o nosso
13:12serviço de saúde.
13:13Então,
13:14é muito importante
13:15que a gente
13:16olhe
13:17que as
13:18secretarias
13:19da saúde
13:19elas têm
13:20que olhar
13:20a saúde
13:21e a doença.
13:23Fazer a promoção
13:24e prevenção
13:25de saúde
13:26já desde
13:27a tenridade
13:27ainda
13:28fazendo
13:29no intraútero,
13:32acompanhando
13:33essas mulheres
13:33durante a gestação
13:35e ao mesmo tempo
13:37acompanhando
13:38esses jovens
13:38adultos
13:40e também
13:41através dos nossos
13:42programas de saúde
13:43da família
13:43indo
13:44buscar
13:45essas pessoas
13:46em fases
13:46muito mais
13:47precoces
13:49para que elas saibam
13:50se elas têm
13:50colesterol aumentado,
13:52se elas têm
13:52triglicérides aumentados,
13:54se elas têm diabetes,
13:55se elas têm
13:56a pressão elevada,
13:58porque hoje
13:59nós recebemos
14:00essas pessoas
14:01nos nossos
14:02hospitais
14:03que descobrem
14:04ter todos esses
14:05problemas
14:06porque tiveram
14:07AVC,
14:07o derrame,
14:08porque tiveram
14:10um infarto
14:10e assim vai.
14:12Então,
14:12nós temos que
14:13trabalhar com
14:14essas duas
14:14métricas,
14:15mas volto a dizer,
14:16se nós não
14:17voltarmos
14:18a ter
14:18um incremento
14:21financeiro
14:22no sistema
14:23que ele é
14:24único
14:25na saúde,
14:26nós seguramente
14:28não vamos poder
14:29ter fôlego
14:30de dar
14:31a resposta
14:32necessária.
14:33na nossa
14:35na saúde,
14:36nós temos que
14:36ter fôlego
14:37de dar
14:38uma
14:39plana
14:40que ele é
14:41que ele é
14:42mais
14:42que ele é
14:42um
14:43íntimo
14:44que ele é
14:44que ele é
14:46que ele é
14:46que ele é
14:47que ele é
14:48um
14:48milagre,
14:49que ele é
14:50que ele é
14:51a uma
14:52uma
14:53de
14:54um
14:54em
14:55um
14:56e
14:56e
14:56um
14:57um
14:57de
14:58um

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