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  • 02/06/2025
Especialistas alertam para a necessidade de hábitos saudáveis desde a infância, como alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas, para combater o avanço do sobrepeso entre as crianças.
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Transcrição
00:00O junho é o mês do combate à obesidade infantil.
00:05Você sabia que a OMS estima que em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões?
00:14Pois é, é uma coisa séria e é importante lutar contra essa tendência.
00:19Eu estou aqui com a doutora Poliana Guarçoni, endocrinologista.
00:23Doutora, muito obrigado pela sua participação.
00:25Eu que agradeço, Jorge, pela oportunidade de a gente falar de um tema tão importante
00:29num momento tão importante como agora esse mês de junho,
00:32que a gente vai falar sobre o combate à obesidade infantil.
00:37Aproveitando o gancho da reportagem que falou sobre o arroz e feijão,
00:40o arroz e feijão é super saudável e a gente está vendo que está caminhando para o outro lado.
00:45É verdade. O arroz e feijão é um alimento saudável, bem equilibrado,
00:49que durante muitos anos a gente considerou o nosso prato principal.
00:53Só que a gente está vendo que as coisas estão mudando.
00:55O arroz e o feijão, a comidinha em casa está sendo substituída.
00:59por aqueles alimentos ultraprocessados, que são alimentos que a gente chama de hiperpalatáveis.
01:05São mais fáceis de comprar, são mais baratos atualmente, uma melhor aceitação da criança.
01:11Então, infelizmente, está havendo essa substituição e, como consequência,
01:15não só a obesidade infantil, mas também distúrbios alimentares.
01:19Falando agora da obesidade infantil, a sua especialidade,
01:22por que ela é considerada um dos maiores problemas de saúde pediátrica?
01:26Pois é. A gente agora, nós pediatras, eu como endocrinopediatra, está sendo um grande desafio.
01:32Porque hoje, inclusive, já é considerado uma epidemia mundial.
01:35A gente não está falando mais de uma questão de estética, de uma minoria.
01:41A gente está falando realmente de uma epidemia.
01:43A gente tem visto um aumento crescente.
01:46Então, muito bom isso, né?
01:47Graças a Deus que a gente está enxergando isso.
01:50E estão surgindo novos trabalhos para poder mostrar quais são as consequências dessa obesidade.
01:56Então, quando a gente fala de obesidade, a gente não está falando só dessa questão estética.
02:00A gente fala de uma questão de saúde física e emocional.
02:04Essas crianças que passam por essa obesidade na infância,
02:08elas muitas vezes, elas sofrem questões emocionais importantes que agravam o seu quadro de obesidade.
02:14Doutora, esse aumento da obesidade, o que contribui para ele?
02:20Por que eu estou te perguntando isso?
02:22A gente vê, assim, muita criança que come doce.
02:25As crianças, assim, e os pais não têm um controle.
02:29A criança chora, esperneia e acaba dando a comida para a criança.
02:33Isso é um problema?
02:34É um grande problema.
02:35É um grande problema.
02:36Hoje, a gente está percebendo isso, né?
02:38Uma sociedade que está sobrecarregada de trabalho,
02:41onde a gente não vê mais aquele momento junto com a família,
02:44a gente vê a terceirização da educação, a terceirização do cuidado das crianças.
02:51Os pais ficam pouco tempo com essas crianças dentro de casa.
02:54Então, às vezes, a gente percebe que, no momento que está junto, quer agradar,
02:58não está com muita paciência para poder orientar ou insistir num alimento melhor.
03:03E, como eu disse, são alimentos que as crianças aceitam com mais facilidade, né?
03:06Você falando do doce, hoje tem estudos que mostram,
03:10querem comparar o doce como se fosse uma, de uma forma geral, falando assim, uma droga, né?
03:16Por causa do seu efeito dopaminérgico, libera hormônios da dopamina que estimula o consumo cada vez maior.
03:23E é aquele hormônio que a gente fala da felicidade.
03:26Então, se come um docinho, dá aquela sensação boa.
03:29Isso daí facilita a vida dos pais também, para que seja mais fácil, né?
03:33Porque acaba funcionando, né?
03:35É o caminho mais fácil, mas é o caminho que daqui a pouquinho vai dar problema.
03:38A conta vai chegar, né?
03:40A conta chega.
03:40A conta vai chegar.
03:41Então, quais são as consequências da obesidade infantil, física e psicológica para crianças,
03:46que a senhora vê no seu consultório?
03:47Vamos começar, então, pela física, né?
03:50Porque aí a gente pontua de uma forma fácil.
03:52A gente vai aumentar, quando a gente tiver essa criança com obesidade, excesso de peso,
03:57ela vai estar com um distúrbio metabólico que pode acarretar numa resistência insulínica,
04:03consequentemente, um diabetes.
04:05A obesidade também, hoje, os estudos mostram que estão ligados com aumento de doenças autoimunes,
04:11desculpa, doenças autoimunes e até com câncer.
04:15Então, a gente tem todos esses problemas de saúde física.
04:18Emocional é devastador, né?
04:21É devastador.
04:21Hoje a gente vê o bullying, essas crianças têm uma autoestima baixa,
04:25elas começam a ter um isolamento social grande.
04:29Isso daí vai fazendo com que cada vez mais ela se isole,
04:32ela tenha menos vontade de sair de casa, que é um causador também,
04:36para piorar a obesidade, né?
04:38Então, ela sai menos de casa, faz menos atividade física
04:42e acaba, então, aumentando a obesidade e os problemas psicológicos vão aumentando.
04:47A gente vê, doutora, que muitos pais acabam fazendo, né?
04:51Indo ao médico ou controlando a alimentação da criança,
04:55mas eles mesmos não dão o exemplo.
04:58É, é porque é uma mudança de hábito de vida, né, Jorge?
05:01Quando a gente fala aqui, vamos falar de mudar o prato de comida,
05:05vamos falar de mudar a alimentação, a forma que essa alimentação vai ser oferecida para essa criança.
05:11Não vai mudar só a criança, vai mudar a estrutura da família.
05:16Então, é muito mais difícil, realmente.
05:17E qual a chance de uma criança obesa se tornar um adulto com problemas de saúde e também obeso?
05:24Olha, eu vou te falar assim, vou te dar até em porcentagem.
05:27Uma criança é assustador, né?
05:29Primeiro, vou até te falar, vou voltar um pouquinho.
05:32Hoje, a cada três crianças, uma criança está acima do peso.
05:36Então, é um dado realmente alarmante.
05:41E essa criança obesa, ela tem 75% de chance de se tornar um adolescente obeso.
05:48E esse adolescente obeso, 90% de chance de se tornar um adulto obeso.
05:53Nossa!
05:54Então, realmente, a gente tem que cuidar da prevenção da obesidade, quanto mais cedo, melhor.
06:01Eu falo para os meus pacientes que a gente não tem só memória de gordura, de músculo.
06:05Nós temos memória de gordura.
06:08Então, na infância, quando a gente faz com que essas células se multipliquem,
06:12porque na infância as nossas células de gordura se multiplicam,
06:15a gente vai ter esse depósito de gordura que vai ficar armazenado.
06:19Eu falo que é uma poupança ruim que a gente está fazendo para os nossos filhos, né?
06:24Durante toda a vida, aumentando a chance que essas crianças se tornem adultos obesos
06:28e as consequências da obesidade na vida adulta.
06:30Doutora, para a gente finalizar, né?
06:32Para o pai, para a mãe, para o parente que está assistindo agora,
06:36que tem uma criança que está fora do peso, que já apresenta problema.
06:39O que a senhora tem a dizer?
06:41Olha, procure ajuda o mais rápido possível.
06:45Abra o coração.
06:47Não tente fazer coisas restritivas.
06:50Não julgue.
06:51Cuidado com as palavras.
06:52Eu acho que a obesidade, hoje, a gente tem que trabalhar muito com a nossa empatia.
06:56A forma que a gente vai atender esse paciente,
06:59a forma que a gente vai acolher essa criança,
07:01porque eles já passam por sofrimentos demais com os amiguinhos, na própria escola.
07:07Então, como pai, acolham essa criança,
07:10entendam como uma doença, porque a obesidade se trata de uma doença,
07:14e não sejam rígidos, não sejam, realmente a palavra é isso, é rigidez.
07:21Não tenham tanta rigidez e tenham mais empatia pelo seu filho que está passando por aquela situação.
07:25Doutora Poliana Guarçoni, endocrinologista pediatra, não é isso?
07:29Isso.
07:30Especialista.
07:30Muito obrigado pela sua participação.
07:32Gostaria de deixar sua rede social aqui para o nosso amigo e amiga do TN.
07:36Ah, sim, claro.
07:37Gente, muito obrigada por essa oportunidade.
07:39Foi fantástico falar por esse tema nesse mês, importantíssimo.
07:43Eu sou Poliana Guarçoni, endocrino,
07:46e meu Instagram, estou à disposição de vocês,
07:49é polianaguarconi.
07:51Ok, doutora.
07:52Muito obrigado mais uma vez.
07:53Obrigada.
07:54Obrigada.
07:55Obrigada.

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