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DiversãoTranscrição
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04:12Ele falou que nós temos o mesmo sangue.
04:17Por conseguinte nós somos da mesma família, mamãe!
04:24A que ponto chegamos? Eu queria saber o que foi que eu fiz pra merecer isso.
04:30Obrigada.
04:32Obrigada.
04:42Caquinho está subindo as escadas com um pouco de dificuldade.
04:45Caquinho está subindo as escadas com um pouco de dificuldade.
04:57Vem! Vem! Vem devagar! Deixa solto! Deixa solto!
05:01Aí! Olha! Freia! Freia! Freia! Freia! Freia!
05:03Volta pra esquerda! Mais pra esquerda! Mais pra direita! Aê!
05:08Bom, tem que pagar agora, porque se não pagar agora, no final eu arranho essa lataria loura todinha, tá legal?
05:15E essa placa aí, essa placa aí, está em número um. O Rodrigo vai multar você.
05:23Estou indignado. Estou revoltado e não vou perdoar nenhum de vocês por terem me colocado no hospital público.
05:31Era uma visão do inferno.
05:34Uma gente pobre, de chinelinho pintada de mertiolate.
05:39Com aquelas camisolinhas deixando a bunda de fora.
05:43Não existe nada pior do que bunda de pobre.
05:46É uma bunda que tem três cores. Uma lista marrom, uma lista café com leite, uma lista meio roxa e umas pintas, assim, de pitiriz de branca.
05:56Eu não sabia se estava olhando pra bunda de pobre ou pro rabo de uma jaguatirica.
06:01Estou em estado de choque. Eu tenho horror a bunda de pobre.
06:05Meu amor, eu achei aquele hospital cinco estrelas. Gente, tinha pai de santo pra atender os pacientes.
06:11Não era pai de santo, sua anta descompensada.
06:15Eram médicos. Aliás, médicos não, porque os médicos estavam em greve.
06:19Eram veterinários, que estavam dando uma força pra galera.
06:23Agora imagine, eu, um homem louro, um homem alto, um dinamarquês nobre, um fidalgo, fui curado, tratado por um veterinário.
06:31Uma anta, que me operou mexendo as patas.
06:35E você não sabe da pior? Enquanto ele me operava, ele fazia a dança da bundinha.
06:40E a equipe fazia coreografia.
06:43Amor, você com esse turbantinho tá uma baiana perfeita.
06:47Vem cá, por que a gente não aproveita a muleta e faz um serviço de entrega de acarajé a domicílio?
06:51Magda, não piora as coisas.
06:54Não dá pra piorar? Eu passei os piores dias da minha vida.
06:59Me colocaram numa enfermaria de gente comum.
07:02Eu e umas 40.
07:05Agora vocês imaginem aqueles leitos todos, e pra dormir o inferno que era.
07:10Sim, que vocês reparem, a rainha da Inglaterra.
07:13Agora, com essa tragédia do passamento de leite.
07:17Ela dando uma entrevista, quando tem que tossir emocionado, o que faz ela?
07:28Agora pobre não.
07:29Pobre tosse.
07:35Aquela chuva de perdigotos, uma coisa horrorosa.
07:39Eu tenho horror pobre, chega até a me dar um arrepio.
07:43E aconteceu uma coisa terrível.
07:46No meio da noite, escutei ao longe uma tosse.
07:54Aproximei-me cauteloso, sem saber o que encontraria.
07:57Numa enfermaria deserta havia uma moça.
08:00Uma moça simples.
08:02Com uma camisolinha de chita, as nádegas secas de fora, com um toco de giz escrevendo na lousa.
08:10Por favor, salvem a professorinha.
08:14Foi muito triste.
08:15Vocês vão me pagar por isso.
08:17Não, não, não.
08:19Quem vai pagar é o dono da Ferrari que te atropelou.
08:22Um milionário não pode sair por aí atropelando um jovem empresário.
08:28Um arrimo de família.
08:30Um verdadeiro workaholic.
08:32E transformá-lo num parasita.
08:35Não, peraí, Cassandra.
08:37O Caco não ficou parasita por causa do acidente.
08:40Ele sempre foi assim.
08:42Ninguém precisa saber disso.
08:43Ao olharem pra figura nórdica de Caco, sugarão que se trata de um milionário.
08:49E nos darão uma boa indenização que nós saberemos como gastar.
08:53O que você disse aí?
08:55Nós?
08:57Nós?
08:59Disseste nós?
09:01Pois fique sabendo que nós era aquilo que teu falecido marido ruía no Natal.
09:06Aliás, ruía não, chupava.
09:09Porque o velho brigadeiro, que Deus o tem em Santa Glória,
09:12teve um problema de descalcificação nos dentes devido a inalação constante de laque.
09:17No final...
09:20No final, o velho só falava assim,
09:23essa desgraçada não para, e ela...
09:29Todo mundo achando que ele estava com esclerose múltipla, não era.
09:32Ele estava com a junta dura de laque.
09:38Você só pôr a mão nesse dinheiro, Gesandra,
09:41passando por cima do meu cadáver.
09:43Você tem preferência de carro ou pode ser a Ferrari mesmo?
09:47Sabe o que acontece, você reclama demais desse hospital,
09:50você sobreviveu, podia ter sido pior, Caco.
09:53Você está enganado, podia ser muito melhor.
09:56Caco Antibes podia ter morrido e a indenização seria muito maior.
10:00Mira essa boca pra lá, sogra coral.
10:02Eu acho que nós devemos comemorar o fato do Caco voltar para casa vivo e são.
10:08É isso mesmo!
10:10Vamos lá, Titio, até comprei, olha só, um shampoo francês.
10:14Isso é champanhe, magra?
10:16Neide e Ribamar, vem pra sala, vamos tomar champanhe para brindar o Caco.
10:21Opa!
10:23Você vai oferecer champanhe para os criados?
10:26Coloque um sal de frutas no copo d'água, borbulhando.
10:30E eles vão adorar da mesma maneira.
10:32Que isso, mulher má!
10:34A senhora pode ficar com o champanhe todo pra senhora, viu, dona pinguça?
10:36Mulher má!
10:38Aqui, eu e Ribamar vamos comemorar com a pinga, que é uma delícia e faz o mesmo efeito.
10:43Neide! Neide, bota mais aqui um pouquinho.
10:47Essa aqui levanta até de fundo.
10:49Alguém aí falou em pinga?
10:51Foi nós aqui, nós dois.
10:53Caquinho, quer champanhe?
10:55Quer provar, Caquinho?
10:57Achando que eu vou provar essa pinga.
10:59Mami, eu não posso acreditar.
11:01Toma aí, amor.
11:03Tu não sabe, tu tá perdendo, sogrinho.
11:07Ai!
11:09Bota mais uma aqui, dois dedinhos no capricho.
11:12Vai devagar!
11:14Bota aqui, bota aqui, meu irmão.
11:16Tu já tá o caco, né?
11:18Tu leva um tomba e tu vira a porca.
11:20Bota aí.
11:22Vai devagar, passa a régua.
11:24Ó, meu irmão, tá demais isso aqui, ó.
11:29Você me beijou?
11:31Foi.
11:33Eu gostei.
11:35Vamos brindar a volta do caco.
11:37Espera aí, ele vai voltar pro hospital?
11:39Não, tchim, tchim, tchim, tchim.
11:41Mas que coisa mais primitiva isso.
11:44O caco tá incorporado.
11:47Será que foi o sangue do ribamar que deu esse defeito colateral?
11:50Aqui tá, vem cá.
11:53Pelo amor de Deus, você não toca nesse assunto do sangue do caco.
11:57Ele acha que tem sangue azul.
11:59Se ele souber que o sangue tá marrom por causa da transfusão que ele fez com o ribamar,
12:01ele vai enlouquecer.
12:03Esse aqui já não está louco.
12:05Pura força.
12:07Aí, se rolasse aqui uns bilisquetes perto, aí ia ser o bicho.
12:13Falou, agora deu a ideia.
12:15Neguinho, faz um orelhinho de porco pra nós aí, ó.
12:17Daquelas, ó.
12:19Aí, neidoca.
12:21Pô, demais seria, sabe o quê?
12:23Uma orelhinha de porco no capricho,
12:25uns ovos coloridos
12:27e um bolinho de bacalhau de quatro dias.
12:29Aí, ó, arrebentar.
12:31Entendeu?
12:32Magda!
12:34Neide Aparecida, você está proibida de fazer qualquer orelhinha de porco esperta nessa casa.
12:39Dona Magda, se a senhora quiser uma orelhinha de porco, estamos aí.
12:45Eu vou te contar, hein.
12:47Essa champanhe da produção aqui, eu prefiro sal de fruta.
12:53Acertou, Brutus!
12:55Neidoca, eu nunca tinha reparado o teu frontispício.
12:59Tu é, né?
13:01O front dela é de marbra.
13:03Parece que ela tomou uma pancada de frente e o Zerdéi...
13:08Vou falar uma coisa pra tu, meu irmão.
13:11Se os peitos de Neide fossem buzina, a cidade vivia acordada.
13:16Pô, pô, pô, pô.
13:18Você pegou nos meus peitos.
13:20Pô.
13:21Eu gostei.
13:24Onde é que você vai, cara?
13:25Eu vou lá dentro ver se eu encontro alguma coisa pra forrar o bucho, moro?
13:28Aí.
13:30Eu tô chocada.
13:32E a culpa é toda sua, viu, Vanderlei Matias?
13:35E se o Caco continuar com essa mania de pobre,
13:38a única indenização que eu vou ganhar é o Vale Transporte.
13:44Mas que barulho é esse lá dentro?
13:46Diz que é aquelas escolas de samba.
13:48Mas que barulho é esse lá dentro?
13:50Diz que é aquelas escolas de samba.
13:52O rádio da Neide aparecida.
13:54O rádio da Neide?
13:56É. O Danética não pode vir pra cá e vai atrás.
13:59Você quer baixar esse rádio, Neide?
14:01Neide!
14:03Ai, gente escandalosa.
14:05Tô aqui, macacada.
14:07Se não é a Silvícula que tá ouvindo o rádio,
14:11quem é que pode não ouvir esses tambores tão altos dessa maneira?
14:18Quem quer madrugar?
14:21Faria voar.
14:23Conheço o caminho, encontro um jeitinho.
14:25O outro tem sempre um lugar.
14:27Quem quer força?
14:29É noitadilha.
14:31Não vê que a noitada virou madrugada.
14:33Ou eles tão de filé que eu ou eu é que fiquei bêbado com essa samba?
14:36Eu tô plasma. Eu nunca vi um caquinho assim.
14:40Ele tá parecendo a Carrapelli, o garoche, mano.
14:43Aí, Neidoka, sacode o repolhão que é disso que o povo gosta.
14:47Eu saco!
15:10Mas que barulheira é essa?
15:12Mas que...
15:14Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui nessa casa?
15:17Coisas do caco.
15:19Depois que ele resolveu decorar a casa com um pôster do Palmeiras,
15:23com aquele calendário finíssimo da Sula Miranda,
15:26agora ele resolveu construir um puxado só pra ele lá na área de serviço.
15:32Eu não acredito.
15:38Aí, Sogrona, tudo beleza?
15:40Ô, Reba, meu irmão, a gente tem que descobrir qual é o segredo desse cimento aqui, cara.
15:45Porque esse cimento sustenta qualquer laje.
15:48É daqueles de arquibancada de estádio, brother.
15:51É flexível.
15:54Aguenta qualquer pressão de uma...
15:56Pô, me ajuda. Dá uma mão aqui, meu irmão.
15:58Vamos nessa aí que nós marcamos oito horas com as meninas lá no forró.
16:02Vai ser demais, cara.
16:04Nós não podemos atrasar, né não, amigão?
16:06É não.
16:08Coleguinha, você é meu coleguinha, eu gosto de você.
16:11A gente te dá...
16:13Que isso? Que intimidade é essa? Que chamego é esse agora com o caco?
16:18O que é isso aí, Valopim? Você tá com ciúme?
16:22Ah, vai te mexendo, vai.
16:25Vai fazer o papel de ajudante aí que tu vai acabar na cadeia aí com as mutreta que ele vai te arrumar.
16:30Eu confio nele, cara.
16:32A gente é irmão, compadre. Vai lá, vai lá, vai lá.
16:34É problema seu, tá?
16:37Vai lá, vai lá, vai lá, vai lá, vai lá, vai lá.
16:39Devagar aí, ó.
16:41Aí, ó, aí, ó.
16:43Sai do meio, rapaz!
16:45Ai, de repente, colega.
16:47Droga!
16:49Atrapalhando a casa, rapaz. Não sabe o que é o trabalho de um homem, não?
16:52É parasita, ele não trabalha, né?
16:55Ajuda aí, coleguinha. Ajuda aí.
16:57Pô, mulher passa o tempo todinha só botando laque na cabeça.
17:01Não sabe o que é o trabalho.
17:04Quer dar uma congelada não aqui com o laque pra segurar a onda aqui?
17:09Vai pelo quarto dela.
17:11Faz a cadeira aí um pouquinho.
17:13Faz alguma coisa, ajuda a caçar.
17:15Nunca pegou numa enxada, as mãos tem um calo.
17:17Amor, vai pelo quarto dela.
17:19Não, pelo meu quarto não!
17:21Pelo meu quarto não!
17:24Vavá, não adianta. O sangue de um corre pelas veias do outro.
17:29Estão como unha e carne.
17:31Vavá, me ajude aqui, Vavá.
17:34Me ajude aqui, vamos tirar essas canecas horrendas antes que o Caco volte.
17:38Eu tô fora, não quero me misturar com essa encrenca aí.
17:42Mami, o meu maridão há três dias que não dá um tapa na macaca.
17:48Que linguagem chula é essa, minha filha?
17:52Por que você não olha pra mim?
17:56Me diz o que eu tenho de mal.
17:58Não!
18:01Aí, tu não leva mal não, hein?
18:03Mas tu é muito patricinha pro meu gosto.
18:06Quem é essa patricinha?
18:08Mulher pra mim tem que ter ziriguidu, tem que saber fazer o remelexo, saca?
18:14Que que tá fazendo com as minhas canecas aí?
18:17Nada não, eu tava tentando tirar um pouco a poeira.
18:21Então larga isso aí, tira essa mão cheia de dedo que isso aí é papa fino, sacou?
18:26Caco!
18:28As suas ferramentas estão lá dentro, te esperando.
18:33Fala precisa, lá.
18:36Eu marquei alguma coisa com elas?
18:39Seguinte, neidoca, tu vai dar uma segurada com carinho no prego,
18:43que mais tarde eu dou uma martelada.
18:46Só se for agora, seu Caco.
18:48E mais tarde eu vou te levar naquele pagode esperto, morô?
18:52Vamos lá naquele cantão do pagode.
18:54Magna, tu precisa ver.
18:56O pagode tem uma parte gramada assim no fundo,
18:59que é a maior escuridão, mas é a maior escuridão.
19:02Outro dia eu tava com uma mina lá, neidoca,
19:04naquele breu, naquele breu, e a gente numa boa, ilesco, ilesco, ilesco.
19:08De repente ela falou pra mim,
19:10aí Caco, tu não tem uma lanterna não?
19:13Eu falei, pra que mina? Tá legal assim no escurinho.
19:16Ela falou, tudo bem, mas tem cinco minutos tu tá comendo graminha.
19:19Vamos lá.
19:25Mami, se essa neidoca der uma raquetada no musquitão do Caco,
19:31eu vou ser obrigada a dar uma bifa nessa maranga, mami.
19:35Raquetada no musquitão?
19:39Bifa? Maranga?
19:42Magna, eu gastei uma fortuna pra colocar você nos melhores colégios de São Paulo,
19:47e você me vem com uma linguagem dessas?
19:50A culpa é toda sua, vava.
19:52É sua, vava.
19:54Foi você que inventou essa história de colocar a família de pobre nas veias do Caco.
19:59A culpa é toda sua.
20:04Alô? Sim.
20:07Quer falar com quem?
20:09Quem quer falar?
20:11Assim, um momentinho.
20:13Atenda aí, Cassandra, é pra você.
20:15É o milionário que atropelou o Caco com a Ferrari.
20:18Ai que Deus seja louvado, há uma semana eu tô esperando isso.
20:20Alô? Sim, sim.
20:23Posso, claro que eu posso, amanhã, às quatro horas.
20:27Perfeito, estarei aí sem falta.
20:30Mas o que é isso?
20:32Que você nunca foi com a cara do Caco, isso eu já sabia.
20:34Agora, daí até marcar um encontro com o homem que atropelou ele é um pouco demais, né não?
20:38Não é nada disso, Baco, não é nada disso.
20:40Eu quero me encontrar com esse milionário e exigir dele uma poupum da indenização
20:46pelos danos que ele causou ao Caco, entendeu?
20:48A hora que ele ver essa mania do Caco de ser pobre...
20:52Ele não vai ver nada porque eu vou sozinha.
20:56Ai que horas são?
20:58Duas horas, é? E até agora nada do almoço?
21:02Onde a Neide aparecida? Onde estava a Menuca?
21:05Pois não, senhazinha.
21:08Não está na hora de você botar a mesa?
21:11Não, está na hora de eu virar a mesa.
21:14Que história é essa, Neide?
21:16Entrei em greve.
21:19Quando é que escravo entra em greve?
21:22Escravo entra no mínimo é na bolacha.
21:24Deixa, mami, deixa.
21:26Vamos pedir pro Ribamar lá embaixo pegar uma pizza pra gente.
21:28A gente pede meia-meia, meia-calça, meia-soquete, pronto.
21:31Ok.
21:33Vou falar uma coisa, tá legal?
21:35Eu não trabalho mais, eu também estou em greve.
21:38Ribamar parou, minha irmã.
21:40Ribamar parou, Ribamar agora só quer o que é dele.
21:43A não ser que a senhora deixe ele pegar no que é o da senhora, entendeu?
21:45Olha o respeito! Olha o respeito!
21:48Eu quero saber mais.
21:50Quero saber que ideia absurda é essa
21:52e quem foi que botou na sua cabeça essa história de greve.
21:55Fui eu, companheiro Farroupilha.
21:57A transa vai ser outra aqui agora.
22:00Vem cá, nós somos da classe trabalhadora.
22:02O problema é de vocês.
22:04O problema é de vocês e nós não vamos mais permitir
22:06que a classe dominante fique...
22:08Peraí, peraí que eu vou virar esse jogo.
22:10É revolução.
22:12Eu não vou admitir mais que a classe dominante
22:14pegue pesado, entendeu?
22:16Nós agora que manda nesse pedaço aqui
22:18da classe trabalhadora.
22:20Falou, riba meu irmão, meu irmão,
22:22que isso é irmão meu.
22:24Vamos quebrar tudo aí.
22:26Ai, caceta, pô, tira o pé do caminho.
22:28Riba, tu vai lá dentro e pega um travesseiro pra mim.
22:30Ô Neide, mesmo capenga tu me descola uma cervejinha.
22:33Vamos lá, vamos lá.
22:35Mas que loucura é essa, cara?
22:37Eu acabo de emprantar aqui
22:39o fim de semana prolongado de sete dias.
22:42Companheiro, está aqui o travesseiro.
22:45Esse travesseiro é meu.
22:46Fica tranquila que eu já tosse ele todinho,
22:48a barba saiu toda.
22:50Isso é uma total falta de respeito.
22:52Companheiro Caco,
22:54fui na geladeira e socializei a cervejota de alguém.
22:57De alguém não, a minha cerveja.
22:59A nossa, me dá aqui, peraí.
23:01Peraí que eu tô tirando um bicho do pé aqui, peraí.
23:03Ih, olha lá, correu, correu.
23:05Pega ele ali, pega ele ali, olha lá.
23:07Aí, aí.
23:09Aí.
23:10Aí.
23:16Agora é o seguinte,
23:18depois do socialismo moreno,
23:20eu emprantei o socialismo louro.
23:23Leidoca, bota um som esperteleco pra gente.
23:26Só se for agora.
23:28Quem deu ordem pra você botar no meu casaco de peles?
23:30Fui eu.
23:32Fui eu, cabeluda, fui eu.
23:34A partir de agora,
23:36nessa casa, exceção dos neurônios de Magda,
23:38tudo vai ser dividido igualmente.
23:40É, isso aí.
23:42Nós vamos fazer aqui uma reforma magridrária.
23:44É, o senhor fica com a cabeça, eu fico com as patas.
23:48Companheiro Calango,
23:50se não quiser perder os dentes, é bom fechar a boca.
23:52Desculpa, companheiro.
23:54Eu vou dividir os meios de produção,
23:56não os meios de reprodução.
23:58Agora silêncio.
24:00Companheiro farroupilha da classe dominante,
24:03companheira cabeluda,
24:05sogra do cabelo duro,
24:06Magda,
24:08companheiro Calango,
24:10vou fazer um pronunciamento
24:12baseado nas estatísticas da dialética
24:14da população
24:16que me cobra esse pronunciamento,
24:18essa colocação.
24:20Eu, como classe de povo,
24:22de gente que precisa se exprimir também,
24:24vou dizer isso.
24:26Nesse momento em que eu vejo
24:28que a hência da essência
24:30participa da ciência espacial,
24:32sou obrigado a dizer que estou fundando
24:34nesse local, nessa hora,
24:36a Ama Pobre,
24:38a Associação dos Amigos
24:40que se Amarra em Pobres.
24:42Ô Neide,
24:44sacode a berinjela mesmo.
24:46Era rebolha, agora é berinjela.
24:48Aqui é o verdadeiro festival de legumes,
24:50a gente vai sacudir no que a gente pode.
24:52Vamos lá.
24:54Ama Pobre!
25:06O problema não vai ser solução.
25:08O problema não é esse, meu irmão.
25:10O problema é chegar na Brasília
25:12e falar com os ministros.
25:14Falar com os ministros
25:16para ajeitar nossas vidas.
25:18Companheiros Caco e companheiro Ribamar,
25:20nosso comício da Ama Pobre
25:22vai entrar para a história.
25:24Está todo mundo aí embaixo,
25:26o secretário dos sindicatos,
25:28dos porteiros, das domésticas,
25:30uma beleza.
25:32Está também o presidente da Ama Pobre,
25:33dos porteiros, das domésticas,
25:35uma beleza.
25:37Está também o líder dos planelinhas.
25:39O sindicato dos boys chegou?
25:41Chegou não.
25:43O presidente deve estar fazendo algum pagamento
25:45em banco aí pela Paulista.
25:47Olha, vou falar uma coisa para vocês.
25:49A Ama Pobre demorou, mas arreventou.
25:51Companheiro Caco,
25:53veja só a nossa lista de adesões,
25:55já temos mais de 200 pessoas
25:57e todos querem contribuir com a nossa vaquinha.
25:59Que vaquinha é essa, companheira ruminante?
26:01Companheiro,
26:03vamos fazer uma vaquinha
26:05para comprar uma van
26:07para trazer os companheiros do interior
26:09para o nosso comício.
26:11Urra!
26:13É a companheira com licença da pergunta
26:15que comeu cocô?
26:17A companheira acha que a gente se metendo com pobre
26:19vai arrecadar o quê? Nada?
26:21Mas, mas, companheiro Caco,
26:23pense bem, em São Paulo é cheio de pobre.
26:25Imagine,
26:27se cada pobre der um real,
26:29um...
26:33Nós ficamos ricos.
26:35Oba!
26:37Mas tem um problema,
26:39se a gente fica rico,
26:41a gente não pode continuar na presidência da Ama Pobre.
26:43Não, mas aí a gente funda a Ama Rica.
26:45Não, isso não!
26:47Porque eu não vou com os corno de rico.
26:49Aquela gente branca,
26:51aquela gente que come umas comidas moles,
26:53sem gosto de nada,
26:55umas mulheres secas que andam com celular no shopping
26:57falando, tá caro, tá caro,
26:59não gosta, tá caro.
27:01Essas mulheres não sabem do remelexo não, comadre.
27:03É o temperinho embaixo da unha,
27:05de alho com cebola,
27:07é o temperinho.
27:09Amor!
27:11Seu bifão acebolado chegou.
27:13Vai querer beliscar uma coisinha
27:15ou ir direto pro prato principal, hein?
27:17Leva a mão não, Magda.
27:19Mas agora eu tô comendo de marmita.
27:21Amor, eu também quero me filiar a Ama Pobre.
27:23Se você é o presidente,
27:25eu vou ser a primeira dona.
27:27Você não pode ser nada!
27:29Tu é patricinha, olha pra tuas costas,
27:31tu é patricinha!
27:33Lembra?
27:35E depois eu mudei, eu sou outra.
27:37Você falou que eu tinha que aprender a dividir
27:39as coisas com minhas companheiras.
27:41Olha aqui, benzinho.
27:43Olha aqui, uma companheira fica com sua,
27:45outra com o tia.
27:47Que beleza.
27:49E esse casaquinho que graça, olha,
27:51pras companheiras usarem na minha estação.
27:53Olha que fofo.
27:55Cala tua boca, cala tua boca,
27:57tu toma uma chinelada, hein?
27:59Tu vai tomar uma chinelada aqui nos corpos.
28:01Dá.
28:03Isso aí.
28:05O rico fica nessa palhaçada aí
28:07que o Voz Bicê falou,
28:09eu queria fazer um pronunciamento.
28:11Por favor, com a palavra, companheiro Ribamar.
28:13Companheiro Ribamar, 4.602,
28:15meu nome de sério do sindicato, certo?
28:17O rico é que vive bem, o pobre é que nada tem.
28:19Já o pobre é diferente, tem nome de APRA,
28:21do emprego é de serventes,
28:23são de carro lotado.
28:25O Vigê é um concotó, a casa é um brechó,
28:27pequeno e torta do lado, é isso aí.
28:29E a filha do rico e a filha do pobre?
28:31A filha do pobre, a filha do homem pobre
28:33que a mãe quer matar,
28:35ela corre pra cozinha,
28:37a mãe grita, essa galinha tá querendo se lascar.
28:39É um poeta, é um poeta, tá vendo?
28:41Fala que nós pobres não tem poesia,
28:43nós também tem poesia.
28:45Magda, mexe uma coisa na tua cabeça, Magda.
28:47Tu não pode fazer nada,
28:49porque eu ajumento a Magda.
28:51Agora vambora.
28:53Vambora pro comício.
28:55Primeiro a ser comida.
28:57Comício.
28:59Tu acha que alguém come alguém
29:01num comício, companheira?
29:03De repente, né?
29:05Companheira.
29:08Com esse escandelabo pendurado na orelha,
29:10tu vai ver.
29:12Vambora, vambora pro comício.
29:14Os povos unidos jamais serão vencidos.
29:16Os povos unidos jamais serão vencidos.
29:18Os povos unidos jamais serão vencidos.
29:20Os povos unidos jamais serão vencidos.
29:22Caaco Antibes,
29:24ângulo geral é restrito.
29:26Caaco Antibes,
29:28ângulo geral é restrito.
29:30Caaco Antibes,
29:32ângulo geral é restrito.
29:34Companheiro Canguru Peneta,
29:36quer fazer uma hora extra?
29:38Meu Deus do céu,
29:40mas que gritaria é essa?
29:42Essa casa tá uma zona, Magda.
29:44Eu vou te dizer uma coisa, hein.
29:46Se continuar essa porcaria de greve,
29:48eu vou contratar outra empregada.
29:50Eu, eu, eu me ofereço.
29:52Eu quero ser a nova empregada.
29:54Pelo amor de Deus, Magda,
29:56você de faxineira,
29:58vai tirar dentro dessa caixola
30:00essas ideias que você tem.
30:02Não, tio Vavá, o Caco agora só anda
30:04com as empregadas do prédio,
30:06então eu me torno uma,
30:08me filio a uma pobre.
30:10Olha lá, a Lula falida jamais será vencida.
30:12Magda, não é Lula, é povo.
30:14Enfim,
30:16seguinte,
30:18eu vou reconquistar o Caco.
30:20Eu vou fazer tudo o que for possível.
30:22Eu agorinha mesmo vou botar um avental
30:24e vou virar a chofer de fogão.
30:26Me aguarde.
30:28Mas eu preciso mesmo de alguém
30:30para desabafar.
30:32Fala, Cassandra, o que foi?
30:34Me conta tudo, não me esconda nada.
30:36Vem cá, você foi falar com o milionário
30:38lá que atropelou o Caco?
30:40Nem me fale, nem me fale, Vavá.
30:42Eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida.
30:44Quando eu acabei de explicar para o milionário
30:46que o meu gerro era um empresário
30:48bem-sucedido,
30:50ele abriu o jornal
30:52e me mostrou uma foto do Caco Antibes
30:54vestido de operário.
30:55Fazendo o comício na Praça da Sé.
30:57Eu te falei.
30:59Ah, o Caco Antibes me paga
31:01já com essa mania de ser pobre.
31:03Apagar como? Só se for com um cheque cardápio.
31:05Que a moeda que ele tem, é.
31:07Seu Vavá, eu não acabei de falar com o Caco Antibes.
31:09Isso é horrível.
31:11Isso é horrível.
31:13Aconteceu nas nossas vidas.
31:15Meu Deus, o gato foi atropelado por outra Ferrari.
31:17Com uma Kombi carregada de palmões.
31:20Outro atropelamento.
31:22Ele está morrendo.
31:23Ele está fazendo o comício para uma pausa.
31:25A Kombi veste pela rainha.
31:27Tem palmonha para todos os lados.
31:29Se a senhora quiser,
31:31se a senhora come palmonha lá embaixo.
31:33Uma coisa horrível.
31:35O comício virou uma bagunça.
31:37Os companheiros pobres se atracando
31:39para pegar uma companheira palmonha.
31:41Uma coisa horrível.
31:43Não vou arrumar.
31:45Pobre não pode ver comida que se descontrola logo.
31:47Pera um pouquinho, eu quero saber o Caco.
31:49O que foi que fizeram com ele?
31:51Levaram o que sobrou dele para o hospital.
31:53O Caco virou uma pasta.
31:55Parecia uma palmonhona gigante.
31:58Cassandra, pelo amor de Deus.
32:00A coisa deve ter sido grave.
32:02Nós vamos ter que ir lá.
32:04Deus me livre. Eu detesto palmonha.
32:06Olha, olha.
32:08Essa mulher é muito hernobe, né?
32:10Ela é má.
32:12A senhora nunca comeu palmonha, não?
32:14Com esse estrangulador no pescoço aí, né?
32:16Eu não vou mais nem falar.
32:18A senhora se revolta, né?
32:20Revolta.
32:22Vou ficar calado, tá?
32:24Eu não dou um litro de sangue mais para o seu Caco, tá?
32:28Nem um palmo de sangue.
32:30Senão vai fazer falta de noite quando eu for.
32:32É.
32:34Nem mais uma gota.
32:36Eu vou precisar de todo torneirinho do Ribamar.
32:38Cassandra, eu vou te dizer uma coisa, hein?
32:40Se o Caco precisar de uma transfusão,
32:42dessa vez você é que vai ter que doar o sangue.
32:44Só acha?
32:46Essa mulher aí, ela não dá nem uma gotinha de colírio para o seu Caco
32:49que dirá sangue.
32:51Cassandra, eu vou te dizer uma coisa.
32:53Nós estamos nessa situação por causa da transfusão de sangue
32:57que o Ribamar deu para o Caco.
32:59Agora, se você der o teu sangue para o Caco,
33:01quem sabe ele não fica curado.
33:03Será?
33:05Será?
33:07Será que ele deixa dessa história de ser zumbi dos palmares,
33:09versão oxigenada?
33:11Mas é claro, Cassandra!
33:13Nós temos que ir para o hospital agora!
33:15Tá bem, então vamos.
33:17Mas eu quero te avisar uma coisa, papai.
33:19Se depois da transfusão,
33:21ele continuar como pobre,
33:24eu vou cobrar aluguel para o meu sangue correr naquelas meias, hein?
33:28Fechado! Vamos embora.
33:30Vai! Se o Caco morrer, tu vai ver, viu?
33:32Zaza! É!
33:34Eu sei!
33:36Se o Caco morrer, eu conheço essa mulher,
33:38ela vai pessoalmente nos cemitérios só para economizar coroa.
33:40É!
33:52A Aventura do Caco
34:00Pouco, Caco!
34:02Seja bem-vindo outra vez a sua casa,
34:06mas agora sem comemorações,
34:08sem champanhe, sem cachacinha, tá entendido?
34:11Com atropelamento por semana, não há orçamento que aguente!
34:16Ei!
34:18O que é isso?
34:19Isso aqui tá parecendo um comitê eleitoral de gente marrom.
34:23Que horror!
34:24É, esse horror todo foi feito por você, meu filho, com o seu delírio de líder popular
34:29e pensar que eu tive que derramar o meu próprio sangue pra essa casa voltar ao normal.
34:33Agora, Caco, foi engraçado, você precisava ver, você entrou, você surtou, entrou numas
34:38de pobre...
34:39Chuta, me lembre disso que isso demigra a minha imagem, pelo amor de Deus.
34:42Olha que coisa mais linda, mais cheia de graxa.
34:46Salve, companheiro Caco!
34:48Gostou do modelo, hã?
34:50Vamos à luta?
34:51Capinando e pastando e cuspindo a ração...
34:54Cala a boca, Magda!
34:58Que roupa é essa, palhaça?
35:00Vá tirar essa roupa e aproveita e pega o meu terno.
35:02Tá.
35:03Seu Caco, quando acabar o serviço eu posso largar e ir pra casa?
35:09Mete uma coisa na tua cabeça, criatura.
35:12Você não é doméstica, quando muito você é um animal doméstico.
35:16Vai lá dentro buscar o meu terno, anda.
35:18Tô entendendo, mami.
35:20Só, seu Caquinho, tô entendendo, mami.
35:24Quero estar afogado em grifes.
35:27Eu quero estar com um grife até aqui, pra poder me livrar da pecha que essa roupa proletária
35:33me deu.
35:34Ela me deu até um ciricutico no joanete, me deu uma pipoca.
35:36O que é isso?
35:37O que é isso?
35:38Ô, grevista!
35:39Quê?
35:40Tá se recusando a lavar roupa suja?
35:42Que história é essa?
35:43Nada disso, seu vavá burguês.
35:44Companheiro Caco, olha a nossa campanha para comprar a van, foi um sucesso, todo mundo
35:50deu um real.
35:51Tira esse saco de lixo daqui que eu vou pegar bengue, sai daqui!
35:53Isso é lixo não, isso é dinheiro, nunca viu dinheiro não, seu Caco?
35:56Desde quando real é dinheiro?
35:58Olha aqui, a garagem tá cheia desses sacos de donativo, se você quiser eu posso devolver.
36:03Caco.
36:05Vem cá.
36:08Ele vai cair.
36:12Tá bem, tá bem, tá bem.
36:15É, eu tô tendo uma ideia.
36:17Cassandra está tendo uma ideia, já estou ouvindo o maracá de uma cascavel.
36:24Você não acha um delírio devolver o dinheiro pra essa gentalha?
36:28E você sabe como pobre é, se devolver o que eles vão fazer logo com o dinheiro?
36:33Vão abrir uma prestação, vão gastar tudo com cachaça, é melhor não devolver pro
36:37próprio bem deles.
36:40Minha sogra é uma mulher humanitária.
36:43Tens razão, Cassandra.
36:45Sabe o que Neide me levou no barraquinho dela?
36:48Ela não tem instalação sanitária, né?
36:50Ela tem um buraco com dois suportes pros pés, assim.
36:53Eu, com pena dela, comprei um vaso sanitário.
36:58Sabe o que ela fez?
36:59Plantou salsa, cebolinha e cheiro verde.
37:04Plantou menta.
37:07Plantou menta.
37:09Ou seja, ela não faz cocô, mas a casa recém-indica uma beleza.
37:12Cheirinho de hortelã fresco.
37:15Você tem toda razão, Cassandra.
37:17Vamos embolsar este dinheiro, minha sogra.
37:20Enrola esses trouxas, Caco.
37:22Faz esse sacrifício.
37:24E eles nos devem isso depois de tudo que eles aprontaram.
37:27Você continua bancando o líder e faz eles trazerem todos os sacos de dinheiro pra cá.
37:32E depois, a gente acerta o resto, não é, Vavá?
37:36Eu tô fora. Eu não vou entrar em mais esse golpe, não.
37:39Essa casa tá parecendo o ringue de boxe de Las Vegas.
37:42É golpe pra todo lado. Parece luta de peso pesado.
37:45Eu não vou entrar em golpe nenhum.
37:47Doméstica? Lacaia?
37:49Deixa esse saco aí e vai buscar o resto.
37:51Lacaia? Doméstica? O que é que houve?
37:53Você tá encebando de novo essa cara?
37:55Não, não.
37:57Tive uma recaída pequeno burguesa, minha companheira.
38:00Nada disso.
38:02A luta continua.
38:05A luta continua.
38:07A luta continua.
38:09Isso é uma cascavel criada além de jurutu.
38:12Que ideia essa cascavel.
38:15Nossa batalha vai continuar.
38:17Nós venceremos essa luta.
38:19Eu tive uma ideia genial. Senta aqui, né, Idoca.
38:21É o seguinte. Nós vamos com esse dinheiro pagar a primeira prestação da van.
38:25Entendeu?
38:26Depois nós dividimos as outras em 1.200 as prestações.
38:29E cada mês a gente sorteia um associado pra pagar. Que tal?
38:32Eu não entendo.
38:34Por que que todo real vem amassadinho assim?
38:36É porque pobre não gosta de carteira.
38:38É.
38:40Pobre é contra carteira.
38:42Eles armafunham tudo assim, enfiam no bolso.
38:44Eu tenho um compadre meu que fez tanta armafunhada
38:47que veio uma gaivota, botou um ovo, criou um passarinho.
38:49Olha aquele passarinho lá dentro.
38:51Com a boca pra fora do bolso.
38:53Você tá falando mal da nossa classe prejudicialmente economicamente prejudicada financeiramente?
38:57Não, não. Que isso, meu irmão.
38:59Eu amo pobre, cara.
39:01Eu amo pobre. Eu adoro.
39:04Eu adoro pobre. Eu tô louco pro pobre.
39:06Entendeu?
39:08A luta continua.
39:10É, tô vendo que amar pobre é um sucesso, Caco.
39:14Vamos comemorar.
39:16Tomar uma cachaçinha que você adora.
39:18Olha aqui, ó.
39:20Olha que beleza.
39:22É da purinha.
39:24Essa é purinha. Pode ficar com a garrafa aí que ele vai querer mais.
39:26Eu adoro uma cachaçinha, né?
39:28Me amarro.
39:30Pena que você não trouxe também um pedacinho de mortadela pra...
39:33Trouxe. Tá aqui a mortadelinha que tu gosta.
39:35Lhe chegado uma mortadela.
39:37É.
39:39Não vai cuspir, não, meu irmão.
39:43Vai ter que comer.
39:49Esse cachorro...
39:51O que é isso?
39:53Não tá gostando da pinga da nossa classe, não, cara?
39:55Não, meu irmão. Isso é um pouquinho pro santo.
39:57Já babado assim, bicho?
40:00É que o caboclo de louro preguiçoso é assim.
40:02Que é tudo já prontinho, mastigadinho.
40:06Seu Caco, tá aqui o seu terno.
40:08O que é isso, minha irmã?
40:10Eu sou um homem do povo.
40:12Não vou vestir uma frescurada dessa.
40:14O que é isso?
40:16Ô, homem do povo, come a mortadela que você gosta tanto.
40:18Não tá comendo a mortadela.
40:24Você é corajoso.
40:26Toma mais um pouco aí que ajuda a descer, ó.
40:28Aí, ó.
40:30Eu vou adorfar, eu vou adorfar.
40:32Come agora.
40:34Botou na boca, tem que comer.
40:36Come tudo aí. Come aí.
40:38A produção podia ter arrumado a mortadela boa.
40:42Tá ali, Caco, tá ali.
40:44O que a gente não faz por um saquinho de dinheiro, hein, cara?
40:46Me aguarde.
40:50Sai agora.
40:53Isso aí, ajuda a descer melhor.
40:55Vamos nessa. Vamos comprar nossos proleta móveis.
40:57Vamos lá, vamos embora.
40:59Olha lá, Caco, olha lá o que você vai aprontar.
41:01Olha lá o que tu vai fazer, hein.
41:03Não adianta, não adianta.
41:05O Caco inserta as coisas, é como eu.
41:07Teimoso feito uma mula.
41:09É, Magda.
41:11Mas eu fico preocupado se ele pegar essa mania
41:13de ser pobre, como é que faz?
41:15É como diz o ditado, viu?
41:17Cabeça mole, em pedra dura, tanto bate que até fratura.
41:23Música
41:43Não sei mais o que o Caco quer que eu seja.
41:45Ele muda tanto.
41:47O Via das Dúzias botei uma coisa assim,
41:49uma roupa dupla.
41:52Magda, minha filha, você tem que decidir
41:54ou categoria luxo
41:56ou categoria originalidade.
42:00Estou tão preocupada
42:02com o Caco, gente.
42:04Você está preocupada que ele fuja com aquele
42:06dinheirão todo. Essa é a tua preocupação.
42:08Seu Vavá,
42:10Dona Cassandra, era tudo golpe
42:12do seu Caco. Ele não era defensor
42:14dos pobres coisa nenhuma.
42:16É um gênio. Olha, eu vou dizer uma coisa.
42:18É um absurdo, Neide.
42:21Ele é o tipo de pessoa que só consegue
42:23enxergar uma parede depois que bate nela com o nariz.
42:25Seu Caco
42:27pegou o dinheiro da van
42:29e deu uma entrada numa Ferrari.
42:31Você acredita, Dona Cassandra?
42:33Chegou aqui, no Largo do Aroche,
42:35esnobando o pessoal da associação,
42:37caiu de pau nele, ele e o Ribamar
42:39fugiram e foram atropelados pelo caminhão
42:41de lixo.
42:43Outro atropelamento,
42:45mas o Caco já está virando um profissional.
42:48Alô?
42:50Não, não é do hospital.
42:52Aqui não é do hospital.
42:54Não, não é.
42:56Aí é do hospital, perfeitamente.
42:58Certo.
43:00Nossa. Mami,
43:02Caco e Riba deram entrada na emergência.
43:04Estão virando emergentes. Que luxo!
43:06Me dá aqui.
43:08Alô, alô. Desculpe.
43:10O senhor podia repetir pra mim, por favor?
43:12Como? Ah, meu Deus.
43:14Sei.
43:17Ah, tá bom. A gente vai providenciar.
43:19Muito obrigado, hein?
43:21Agora quem tá precisando
43:23de transfusão é o Ribamar.
43:25Mas é o verdadeiro mercado negro
43:27de sangue que acontece nessa casa?
43:29Onde é que nós estamos?
43:31Na Transilvânia?
43:33Segundo o que me informou, rapaz,
43:35no hospital, parece que o Caco levou uma cacetada
43:37na cabeça, mas está passando bem.
43:39Se ele quiser, eu posso doar meu cérebro.
43:41Não, não, não.
43:43Ah, amor.
43:47Tá rindo de quê?
43:49Da desgraça minha.
43:51Tô na Rua da Amargura,
43:53no Beco da Desgraça.
43:55Eu estou indignado
43:57com aquele hospital.
43:59Você sabia que nós dois íamos pro hospital agora
44:01nesse mesmo momento?
44:03Mas você tá entrando tanto naquele hospital,
44:05você vai pegar um vírus hospitalar.
44:07Impossível. Aquele hospital é tão fértil
44:09que o vírus, quando vê, sai correndo batido.
44:12Que bom que você não morreu, amor.
44:14É, vaso ruim não quebra,
44:16minha filha. Ele tentou três vezes
44:18e não conseguiu.
44:20Engula a própria língua, cascavel criada
44:22a leite de urutu.
44:24Tu devia doar este teu veneno pro butantã.
44:26Seria um serviço público.
44:28Eu não morri.
44:30E sabe por que eu não morri?
44:32Porque eu sou um gato, e como tal, tenho sete vidas.
44:36Agora estou pensando seriamente
44:38em processar aquele hospital.
44:41Porque enquanto eu estava lá desacordado,
44:43fui assaltado.
44:45Roubaram meu sangue azul de fidalgo dinamarquês
44:47e colocaram, sabe em quem?
44:49No ribamar.
44:51Ah, não acredito.
44:53Você fez uma transfusão e deu teu sangue pro ribamar.
44:55Esta foi a melhor do dia.
45:11Que silêncio é esse aqui dentro?
45:13Você, Cassandra?
45:19Que recepção fria é essa que eu estou
45:21tendo dentro desta casa?
45:25Vocês estão gelados.
45:29Eu quero uma recepção calorosa.
45:31Gelado só champanhe,
45:33que eu tomarei a partir de hoje nesta casa.
45:35Porque vocês vão ter que me engolir.
45:37Eu voltei.
45:41Tchau pra vocês, tá?
45:43Ei, Cassandra!
45:45Onde é que você vai?
45:47Me atirar debaixo de um carro
45:49porque dois carros antigos é demais pra mim.
46:11Me dá uma chance
46:13Me dá uma chance
46:15Me dá uma chance
46:17pra tudo acontecer
46:21Meu amor, meu amor, encendê-la
46:41Me dá uma chance
46:43Me dá uma chance
46:45Me dá uma chance
46:47pra tudo acontecer
46:49Meu amor, meu amor, encendê-la
46:51Me dá uma chance
46:53Me dá uma chance
46:55Me dá uma chance
46:57pra tudo acontecer