- 25/05/2025
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DiversãoTranscrição
00:00Posso te fazer uma pergunta?
00:04Você, quando chegava em casa e sofria bullying, eu sofri muito bullying, tá?
00:08Minha mãe era HIV positivo, a minha avó adotou a minha mãe, era mãe solteira, era deficiente física,
00:16e a minha tia, que também foi adotada, era esquizofrênica.
00:19Eu sofria muito bullying na rua porque meu pai morava em Santa Catarina,
00:23então não tinha ali uma figura masculina.
00:25E eu sei que é difícil quando as pessoas olham pra mim hoje, mas eu tive uma infância muito, muito difícil,
00:31muito delicada, muito rica, que me ajuda também a contar histórias.
00:36Mas uma coisa que eu senti, e sempre senti em relação ao bullying,
00:39é que às vezes chegava em casa e eu não tinha ninguém pra falar, eu tinha vergonha.
00:43Minha mãe tava correndo atrás da vida, foi mãe muito nova, então eu não falava pra ninguém.
00:50Aí eu entrei no jiu-jitsu aos 14 pra 15 anos e eu comecei a encontrar uma forma de defesa,
00:57de autoestima, de autoconfiança, me ajudou muito o início da minha caminhada como atleta,
01:02independente do esporte que você escolha.
01:04Mas eu me sentia muito solitário, eu não dividia com ninguém.
01:07Como é que era isso pra você?
01:09Olha, eu meio que dividia com a minha mãe, assim, de vez em quando, né?
01:12Porque eu também não vou sobrecarregar ela, porque ela era empregada doméstica, diarista na época.
01:16Muitas das vezes não tinha aquela questão de ter aquele cuidado, né?
01:22Ter toda aquela atenção pra mim naquele momento, tá?
01:25Meu pai, ele deixou a gente ali quando eu tinha 10 anos.
01:29Então veio toda aquela sobrecarga de ser irmão mais velho, né?
01:33De dois filhos, no caso, lá na época.
01:36Hoje em dia eu já ganho até a tua irmã.
01:38Ter que cuidar das coisas de casa, cuidar do irmão, né?
01:41Então, quando eu conversava, quando eu tinha um tempo, falava...
01:45Mãe, tô falando da minha aparência.
01:46Mãe, que é isso? Mãe, que é aquilo?
01:48Ela sempre pegava, me olhava assim nos olhos, botava a mão no meu ombro e falava...
01:53Filho, você é meu Cauã Reimonte, entendeu?
01:55Independente.
01:57Mãe é mãe, né?
01:59Mãe é mãe.
02:01Ô Cauã, você recebeu alguns, algum ou muitos, não?
02:06Eu recebi, fiquei emocionado com a sua história, Cafu, porque eu tive um empresário que falou
02:12pra mim que eu não era louro e não tinha olhos azuis e eu nunca ia ser protagonista da
02:16Rede Globo pra eu encontrar um plano B.
02:19E eu nunca consegui ter um plano B, assim.
02:21Minha mãe era astróloga, ela já virou estrelinha, mas ela falava que no meu mapa eu ia ser ator,
02:28né?
02:30E o meu pai, que me deu um toque, falou...
02:33Cara, por que você não tenta ser ator?
02:34Eu morava em Nova York, tava terminando esse momento, assim, como modelo, tive uma crise
02:39de espinha, eu tinha muitas espinhas internas, assim, aquela espinha que dói, aí eu parei
02:44de trabalhar como modelo e aí eu fui numa escola de atuação e a minha Booker, Booker
02:50é a pessoa que vende os modelos, né?
02:53Ela chegou pra mim e falou assim, ela foi um pouco cruel, ela falou que ela já tinha mandado
02:57os modelos mais importantes do mundo pra essa escola, que a professora não gostava
03:02de ninguém.
03:03Era Susan Betts, uma mulher preta, assim, já de mais idade, uma grande professora, assim,
03:08que tinha o estilo Actor's Studio e tinha a própria escola, Black Nexus.
03:12E quando eu cheguei lá, ela, cara, ela me adorou.
03:15Eu nem sabia o que era atuar direito, eu fui lá, decorei um pequeno monólogo, não
03:18falava inglês direito também.
03:21E aí ela me perguntou, você volta amanhã?
03:23E aí eu falei, volto.
03:24Eram aulas avulsas, assim, não era um curso, assim.
03:27Tinha um curso, mas tinham aulas onde você ia lá trabalhar a nossa ferramenta como
03:31ator, né?
03:32E eu voltei no dia seguinte e aí ela me perguntou a mesma coisa, você volta amanhã?
03:35Eu falei, não volto que acabou meu dinheiro.
03:37Ela falou, eu te dou uma bolsa de estudos.
03:41E, pô, caramba, tu me pegou, cara.
03:45E eu falei, cara, mas eu não tenho onde morar.
03:49Ela falou, eu te dou um emprego.
03:50Eu estudava de manhã, chegava mais cedo, varria o chão, limpava o banheiro, os banheiros,
03:59fazia aula com os alunos, eles iam embora, eu limpava tudo, varria e tal, ia na rua, comprava
04:04coisas.
04:05E aí, à noite, eu comecei a dar aula de jiu-jitsu, que eu fui numa academia da Aliança, que é
04:09da minha equipe.
04:10E o cara gostou de mim.
04:12E aí eu fazia um trocadinho a mais, morava num quarto de cachorro.
04:17Morei dois anos em Nova York, ganhando só 20 dólares por dia, escolhendo qual refeição
04:23eu ia poder comer.
04:24E vou te falar, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
04:27Eu tinha que escolher se eu ia almoçar ou se eu ia jantar um prato de comida.
04:31Senão, era uma frutinha, uma outra coisinha, assim, mais barata.
04:36Legal.
04:36O Cauã, agora, olhando pra trás, não é?
04:45Olhando pra trás, o que você acha?
04:48Olhando pra trás, eu tô falando que tem sua filha aqui atrás.
04:53Oi, Sofia.
04:55Tudo bem?
04:55Você achou que era olhando pra trás?
05:01Ô, Sofia.
05:03A gente tá gravando hoje, terça-feira, não é?
05:06Quem faz aniversário hoje, terça-feira?
05:09Meu papai.
05:11Hoje ele faz aniversário.
05:13Quem faz terça-feira?
05:14Eu.
05:15Ela.
05:16É, dois aniversários e um hoje aqui.
05:18Parabéns, Raul.
05:19Parabéns.
05:20Parabéns, Cauã.
05:21Você, mamãe Grazi, papai Cauã.
05:45Cauã, toda vez que vem aqui, mostra uma foto sua.
05:49Desde que você era assim.
05:51Ha, ha, ha.
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