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  • 25/05/2025
MISTÉRIO NA MANSÃO O CASO DIANE WARD

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Transcrição
00:00:00Numa manhã de nevoeiro em fevereiro de 2021, Alexis e eu chegamos a um centro comercial
00:00:13nos arredores de Atlanta, na Geórgia, para um encontro na loja de antiguidades Queen
00:00:18of Hearts.
00:00:27Através das longas fileiras de curiosidades e itens colecionáveis, encontramos a pessoa
00:00:31que estávamos aqui para ver.
00:00:32Oi, eu sou o Billy.
00:00:35Muito prazer.
00:00:36O prazer é meu.
00:00:37Eu sou a Lexi.
00:00:38É um prazer conhecer você.
00:00:39Muito prazer.
00:00:40Aqui é tão legal.
00:00:41Deve ser divertido trabalhar aqui.
00:00:43Eu adoro.
00:00:44É muito bacana.
00:00:45Eu adoro.
00:00:46Adoro as compras e adoro fazer os leilões também.
00:00:49Então foi através de um dos leilões que você conheceu a família Ward?
00:00:53Isso.
00:00:54Em abril de 2018, Jolie McCaleb foi contratada para liquidar os bens de um casal próspero
00:01:00chamado Bob e Diane Ward.
00:01:05Esses eram da Diane?
00:01:06Uhum.
00:01:07Quando aceitou o trabalho, você sabia que havia circunstâncias tristes envolvidas?
00:01:14Sabia.
00:01:15E você achou alguma coisa que realmente te surpreendeu?
00:01:19Com certeza.
00:01:20Foi uma das últimas coisas.
00:01:22Eu tava vasculhando o armário dela.
00:01:24Então subi numa escada pra olhar na prateleira do topo e encontrei um bloquinho.
00:01:31Tinha um cartão de visitas de uma cabeleireira na Itália.
00:01:36E em seguida encontrei a habilitação dela.
00:01:39E atrás da habilitação tinha um bilhete.
00:01:43A nota escrita à mão num papel personalizado estava dirigida às duas filhas, Mallory e
00:01:52Sarah.
00:01:53E ela revelou uma mensagem perturbadora e obscura.
00:01:57Querida Mallory e Sarah, saibam que amo muito vocês.
00:02:01Não sei o que aconteceu pra eu acabar assim.
00:02:04Quero que vocês tenham vidas maravilhosas e saibam que vou estar sempre observando.
00:02:09Cuidem dos cachorros, eles vão precisar de vocês.
00:02:13Uau.
00:02:14É.
00:02:15Isso mesmo.
00:02:16Uau.
00:02:17É.
00:02:18Com certeza.
00:02:19E qual foi a reação da família?
00:02:20Mallory, ela chegou e leu.
00:02:24Ela se ajoelhou e disse, essa é a letra da minha mãe.
00:02:28É a letra da minha mãe.
00:02:30O que você achou que isso era?
00:02:31Achei que era um bilhete de suicídio.
00:02:35Achei mesmo.
00:02:37Era como uma pista que precisava ser encontrada.
00:02:40MISTÉRIO NA MANSÃO
00:02:53O CASO DIANE WARD
00:02:59Na noite do dia 21 de setembro de 2009, Diane Ward, de 55 anos, morreu com um único tiro
00:03:06dentro do quarto principal da mansão da família Ward.
00:03:11Mas as circunstâncias da morte dela permanecem um mistério até hoje.
00:03:15A carta de despedida foi escrita por Diane, mãe de duas filhas e esposa de Bobby por
00:03:2226 anos.
00:03:24Pra todo mundo na família de Diane, a descoberta desse bilhete em 2018 era a única prova que
00:03:30possuía as respostas para esse mistério que vocês estão prestes a ouvir.
00:03:37Será que a Diane tirou a própria vida naquela noite?
00:03:39Ou como os promotores do estado da Flórida argumentaram com sucesso, ela foi assassinada
00:03:44pelo Bobby, o próprio marido?
00:03:46Nós do júri declaramos o réu culpado de homicídio doloso conforme acusado na denúncia.
00:03:53Eu sou Alexis Linklater.
00:03:55E eu sou Billy Jensen.
00:03:56A Alexis e eu somos parceiros em podcasts de crimes verídicos e jornalistas investigativos.
00:04:03Agora estamos prestes a dar as pessoas envolvidas nessa história, as filhas da Diane, os amigos
00:04:08dela, a defesa e a acusação, e ao próprio Bobby Ward, a chance de contar o que acham
00:04:15que realmente aconteceu naquela noite.
00:04:17O mistério começa com uma ligação chocante para o número de emergência.
00:04:22Alô, qual é a emergência?
00:04:34Atirei na minha mulher.
00:04:36Você fez o quê?
00:04:39Atirei na minha mulher.
00:04:40Onde está sua mulher?
00:04:44Ela está aqui no chão.
00:04:45E ela está respirando?
00:04:46Não, ela está morta.
00:04:49Você tem certeza?
00:04:50Sim, acho que sim.
00:04:53Fica na linha, não desliga.
00:04:54Tá bom, obrigado.
00:05:02Pouco depois, a polícia chega na casa, Bobby é algemado e levado para a delegacia do condado
00:05:07de Orange para ser interrogado.
00:05:09Isso é um pesadelo, mas precisamos seguir em frente e chamar o advogado.
00:05:15Não sei o que aconteceu.
00:05:16Sim, eu sei, mas precisamos chamar o advogado.
00:05:18Sua esposa faleceu.
00:05:27Estamos preparando um mandado de busca e apreensão para revistar sua casa.
00:05:30Ok?
00:05:31Tudo bem.
00:05:32Por que não fala com a sua advogada, vê o que ela fala para você e a gente continua.
00:05:40Após não conseguir entrar em contato com a advogada dele, Bobby faz outra ligação
00:05:43logo depois da meia-noite.
00:05:45Dessa vez, ele liga para a casa da cunhada.
00:05:48Paula?
00:05:49Oi?
00:05:50Eu quero falar com o Glenn, por favor.
00:05:52Quem está falando?
00:05:53É o Bobby, seu cunhado.
00:05:54Ah, tá.
00:05:55Você está bem?
00:05:56Sim, eu estou bem, obrigado.
00:05:57Tá.
00:05:58Alô?
00:05:59Glenn, é o Bobby.
00:06:00Você pode sair do quarto e ir para outro lugar?
00:06:01Claro.
00:06:02Ah, a Diane morreu.
00:06:03Sério, Bobby?
00:06:04Ah, não.
00:06:05Nesse momento, estou preocupado com as meninas.
00:06:06Não sei o que fazer em relação a Mallory e a Sam.
00:06:07Vê o que sua cunhada sugeriu.
00:06:08A primeira coisa que elas vão perguntar é por que e como isso aconteceu.
00:06:25Não posso falar mais nada agora, além de que ela está morta e que foi um acidente.
00:06:35E vou contar mais sobre isso para você depois, mas saiba que foi um acidente muito
00:06:41trágico.
00:06:42E, além disso, tudo o que gostaria era poder dar um tiro na minha própria cabeça e continuar.
00:06:52Mas, nesse momento, temos que manter a sanidade das minhas filhas.
00:06:59Paula, a irmã de Diane, lembra o que aconteceu depois.
00:07:03O Glenn disse, não sei como contar isso, mas ela está morta.
00:07:08E eu reagi, o quê?
00:07:10E ele disse que foi um acidente e que o Bobby estava na cadeia.
00:07:17Ele foi acusado de atirar nela.
00:07:19E eu falei, isso não pode estar acontecendo.
00:07:24O Bobby nunca, nunca machucaria a minha irmã.
00:07:29Ele adorava ela.
00:07:30O Bobby nunca teria feito isso com a Diane.
00:07:38Na manhã seguinte, Mallory, de 21 anos, está prestes a começar o dia na George Washington
00:07:42University quando o telefone dela toca.
00:07:44Eu vi que a minha tia estava ligando e pensei, que estranho, por que a minha tia está ligando
00:07:49às sete horas da manhã de uma terça-feira?
00:07:52E ela disse que teve um acidente e eu falei, entendi, tá bom, tá todo mundo bem?
00:08:04Ela estava sendo muito vaga.
00:08:06Eu falei pra minha tia, eu preciso que você me diga, minha mãe está bem?
00:08:13E ela disse, acho que foi fatal.
00:08:21Eu me virei pra minha colega de quarto e falei, a minha mãe morreu.
00:08:26E a minha colega começou a chorar.
00:08:28Eu na hora fiquei doente, eu fui pro banheiro, sentei na frente do vaso e eu estava tentando
00:08:32vomitar porque eu estava muito enjoada.
00:08:36Eu coloquei as mãos no meu rosto e comecei a solução.
00:08:44Naquela manhã, Sarah Ward, de 19 anos, está no Dormitório dos Calouros na Universidade
00:08:49da Carolina do Sul.
00:08:50A minha irmã me ligou.
00:08:51A mamãe levou um tiro.
00:08:55E aí eu perguntei pra ela, ela morreu?
00:08:59E ela teve que dizer que sim.
00:09:03Até hoje eu me sinto a pior pessoa do mundo por ter colocado ela na situação de ter
00:09:07que me falar isso.
00:09:08E aí eu descobri que ele estava preso e a única razão de eu ter descoberto foi porque
00:09:14eu fiz o que todo mundo disse pra não fazer, pesquisei na internet.
00:09:20O milionário de Aisworth dá um tiro no rosto da esposa.
00:09:22Peraí, espera um pouquinho.
00:09:25E foi literalmente isso que eu li nas manchetes e eu quis morrer na hora.
00:09:30O meu pai não podia ter amado ninguém mais do que a minha mãe, até hoje.
00:09:41Não tem como ele ter feito isso.
00:09:44Você ouviu a ligação pra emergência?
00:09:46Na voz dele eu podia ver que tinha alguma coisa errada.
00:09:50É engraçado porque pras pessoas que não conhecem meu pai, ele parece equilibrado.
00:09:55Mas pra mim eu vejo que tem alguma coisa errada, alguma coisa que não se encaixa, alguma coisa
00:10:00acontecendo.
00:10:01Esse é um bairro muito bacana.
00:10:11Uau, essas casas são muito lindas.
00:10:17O caso do Bobby Ward se tornou um espetáculo midiático e alimentou a opinião pública
00:10:21de que um homem rico de negócios teve o que merecia.
00:10:25Ok, estamos chegando perto, eu acho que é essa.
00:10:30Todo mundo estava convencido que a Diane foi assassinada, todo mundo menos a própria família.
00:10:37Essa casa foi reformada, eu tenho certeza que aquele quarto foi pintado, o endereço
00:10:42foi mudado.
00:10:44Sim, mas a vida de toda a família Ward foi destruída nessa casa.
00:10:50É triste.
00:10:53O Billy e eu estamos aqui para investigar esse caso extraordinário, porque queremos
00:10:58descobrir o que realmente aconteceu com a Diane Ward.
00:11:05Alexis e eu encontramos Ken Lewis e Robin Wilkinson, os promotores públicos encarregados
00:11:10de descobrir se um crime foi ou não cometido naquela noite.
00:11:13Com que rapidez você foi trazido para a investigação?
00:11:16Foi no dia seguinte, não lembro qual era o dia da semana que isso de fato ocorreu,
00:11:22mas foi no primeiro dia útil.
00:11:23E no que diz respeito a provas, pode explicar a cena do crime?
00:11:29Era uma casa bem conservada, impecavelmente mantida, exceto na área de uma varanda.
00:11:36Lá havia uma taça de vinho quebrada e o que parecia uma mancha de vinho.
00:11:42Tinha uma garrafa de vinho aberta na bancada que as pessoas estavam bebendo e também havia
00:11:49algumas garrafas de vinho vazias no lixo.
00:11:56Só quando a gente subia até o quarto é que tudo estava em desordem e a Diane estava
00:12:04caída no chão.
00:12:10A prova mais reveladora desde o início e até hoje sempre vai ser a ligação para
00:12:16a emergência feita pelo próprio Bob Ward, é claro.
00:12:20Atirei na minha mulher.
00:12:21Acho que foram cerca de cinco vezes no total que ele declarou ter atirado na esposa dele.
00:12:31Você acha que ele estava em choque?
00:12:33Eu trabalhei apenas em casos de homicídio por um período de oito anos.
00:12:37Lidei com algo em torno de 300 a 500 casos de homicídio nesse período de oito anos.
00:12:43Nenhuma vez alguém, especialmente um indivíduo culto, que chegou e ofereceu uma versão
00:12:49que fez ele parecer mais culpado do que de fato ele era.
00:12:54Você perguntou se seria comum que ele estivesse em estado de choque e dissesse as coisas da
00:12:59maneira que ele disse?
00:13:00Eu nunca vi nada assim.
00:13:02Nunca ouvi nada parecido.
00:13:04E ele dizia com muita naturalidade que tinha acabado de atirar na mulher dele.
00:13:11Não parecia alguém que tivesse se deparado com um acidente perturbador.
00:13:16Senhor fez isso de propósito ou foi um acidente?
00:13:21Foi um acidente.
00:13:22O conceito disso ter sido um acidente foi na verdade trazido pela telefonista, não
00:13:28pelo Bob.
00:13:29Só depois que a telefonista perguntou se foi um acidente ou se foi de propósito que
00:13:36o Bob disse que foi um acidente.
00:13:42Como os policiais descreveram o comportamento dele naquela noite?
00:13:46Eu acho que uma coisa que eles notaram, acima de tudo, é que ele parecia não sentir nenhuma
00:13:50tristeza com a morte da esposa que tinha morrido na frente dele.
00:13:55Não tinha tristeza nenhuma?
00:13:56Nenhuma.
00:14:00Liz, oi, é o Bob de novo.
00:14:02Tô na cadeia do Condado de Orange e a Diane tá morta.
00:14:09É uma coisa maravilhosa de se ouvir, né?
00:14:13A postura casual do Bob na noite em que foi preso chama a atenção dos promotores.
00:14:20Como descreveria o comportamento do Bob quando ele chegou na delegacia?
00:14:24Relativamente relaxado.
00:14:26Não parecia nem um pouco preocupado com a esposa.
00:14:30Assisto muito o programa CSI Miami.
00:14:34Ele estava excessivamente alegre durante algumas partes do interrogatório e depois ele ficava
00:14:39quieto outras vezes, indiferente muitas vezes.
00:14:43Você lavou as mãos essa noite?
00:14:46Não.
00:14:47Ele não parecia alguém que estivesse estressado, magoado ou triste sob qualquer forma.
00:14:55Mas não há nada com o que se preocupar além do fato da minha mulher estar morta, mas
00:14:59os cachorros, os quatro cachorros, por favor, garanta que sejam cuidados.
00:15:05Não teve tipo, minha nossa o que aconteceu e ele tentando ajudar a esposa, não teve
00:15:10nada disso.
00:15:12Os promotores também notam que a explicação do Bob a respeito do que aconteceu naquela
00:15:16noite parece mudar no decorrer de algumas horas.
00:15:20A ligação para a emergência começa com variações diferentes de atirei na minha mulher.
00:15:24A próxima versão foi de acidente, sugerida pela telefonista perguntando isso foi um acidente
00:15:30ou foi de propósito?
00:15:32A versão seguinte foi que a Diane se matou.
00:15:36O que é que está acontecendo?
00:15:38Diane se matou essa noite.
00:15:41Minha nossa.
00:15:43Pois é.
00:15:45Após examinarem as provas, o comportamento do Bob e uma história que parecia estar sempre
00:15:50mudando, os promotores tomaram uma decisão.
00:15:54O que te fez concluir que iriam acusar o Bob de homicídio doloso simples?
00:15:58Eu acho que aconteceu uma discussão.
00:16:02Ele subiu para o quarto, ela foi atrás dele.
00:16:06Ele atirou nela.
00:16:09Não acredito que ele planejava atirar, não havia nenhum indício de homicídio qualificado.
00:16:15No que diz respeito à premeditação, as provas apontavam para uma briga que começou
00:16:20na varanda.
00:16:21Tínhamos uma taça de vinho quebrada, tínhamos vinho nas costas dele.
00:16:26Alguma discussão e aí eles acabaram no quarto.
00:16:32Por isso, acreditávamos que homicídio simples se enquadrava mais nesse crime.
00:16:37Então por favor, liga para ele de manhã e traz o advogado criminal aqui e vamos começar
00:16:42a trabalhar nisso.
00:16:46Enquanto a promotoria forma uma teoria sobre o que aconteceu naquela noite, Alexis e eu
00:16:50ainda estamos tentando entender quando e por que as coisas deram tão errado.
00:16:55Como era a vida da família Warden os dias e meses que levaram à morte da Diane, nós
00:17:00nos encontramos com a Sarah e a Mallory na fazenda da família que a Diane tanto gostava,
00:17:04nos arredores de Atlanta, na Geórgia.
00:17:07A minha mãe estava no processo de reformar o celeiro quando ela morreu.
00:17:10Entendi.
00:17:11E essa foi a única peça que ela finalizou.
00:17:13Ia ser um lugar para passar o tempo, colocar as fotos.
00:17:18É a minha foto favorita dela.
00:17:26Ela parece feliz.
00:17:27Minha mãe era a pessoa mais calorosa que alguém poderia conhecer.
00:17:35Era impossível não se sentir à vontade na presença dela.
00:17:43Às vezes eu ainda consigo ouvir a risada da minha mãe.
00:17:48Ela fazia a gente se sentir muito importante.
00:17:52A minha mãe era uma figura.
00:17:57Ela era muito divertida, ela queria estar com todo mundo o tempo todo.
00:18:02Ela era despreocupada, boba e engraçada, espalhafatosa, muito mesmo.
00:18:12Era a parte italiana dela.
00:18:17Fala do relacionamento dos seus pais.
00:18:20Meus pais tinham um relacionamento muito bom.
00:18:24Eles estavam sempre rindo.
00:18:27Eles discutiam sobre coisas ridículas como casais fazem, mas a gente era uma família
00:18:33bem normal.
00:18:35Tínhamos nossos altos e baixos, como todos têm, era isso.
00:18:40Meus pais faziam tudo que a Sarah e eu tínhamos interesse.
00:18:42Tudo que podiam fazer por nós, que sabiam que gostávamos, eles faziam, e nós éramos
00:18:50uma família normal.
00:18:51À medida que a empresa de desenvolvimento imobiliário do Bob se tornava mais bem sucedida,
00:18:57a família Ward curtia um estilo de vida mais charmoso, que incluía residências secundárias,
00:19:01título de sócios de clubes de campo e acesso a jatos particulares.
00:19:04No início da nossa infância, a gente não tinha muito dinheiro e foi uma loucura.
00:19:08A gente saiu do nada para ter muito, com muita rapidez.
00:19:13Foi uma adaptação grande, da maneira mais desagradável.
00:19:18A gente foi muito privilegiado.
00:19:21De repente, a gente tinha um barco, uma casa no lago e cotas, um avião.
00:19:27Era incrível mesmo.
00:19:39Lembro de passar o dia de ação de graças lá em 2007, mas eles decidiram se mudar para
00:19:43lá de vez cerca de um mês antes dela morrer.
00:19:48No máximo, antes dela morrer, eles falaram assim, muito bem, essa vai ser a nossa residência
00:19:52permanente.
00:19:53A gente vai continuar com a casa em Atlanta, mas vamos manter a casa em Edgeworth.
00:19:58E foi lá, na mansão em Orlando, que a vida começou a mudar para a Diane.
00:20:05A gente sabia que tinha que se mudar para Orlando por causa da empresa e pelo meu pai,
00:20:09mas nunca foi um lar de verdade para ela.
00:20:14Foi muito difícil para ela se mudar e assumir esse tipo de compromisso.
00:20:19Ela não gostava de estar longe dos amigos, ela não gostava de ficar longe da fazenda.
00:20:23Ela não tinha nada para fazer.
00:20:28Depois que a minha irmã foi para a faculdade, as coisas mudaram com a minha mãe.
00:20:34Eu notei que a parte mais radiante dela não estava mais tão radiante.
00:20:41Foi difícil para ela.
00:20:43Só mais tarde eu percebi como ela estava sofrendo mentalmente.
00:20:50Dois dias depois do pai ter sido preso, Sarah falou com Bob pela primeira vez desde o incidente.
00:20:56Mas não foi como ela esperava.
00:20:58Quando você finalmente falou com seu pai pela primeira vez, ele contou o que aconteceu?
00:21:05Não.
00:21:06Fomos instruídos pelos advogados para não falar sobre a minha mãe.
00:21:11Ele só podia fazer uma ligação de 15 minutos da prisão e a gente se dá conta de como
00:21:1615 minutos são curtos quando é só o que você tem.
00:21:19Eu disse para ele, eu vou vender os cavalos, eu vou dar um jeito, eu vou me livrar de
00:21:25tudo.
00:21:26E ele disse, não, você trabalhou muito, por isso é o que a sua mãe ia querer.
00:21:30E eu lembro que o foco dele era na minha sanidade.
00:21:37Dois dias depois, a Mallory e a tia Paula agendam uma visita ao Bob.
00:21:42Minha tia marcou o horário para a gente ver o meu pai na prisão em Orlando.
00:21:48E nós fomos para lá e dava para ver que já tinha carros da imprensa lá.
00:21:53A gente sabia que as pessoas ficariam interessadas nisso.
00:21:56Era óbvio que era uma coisa grande, mas a gente não entendia qual a gravidade daquilo.
00:22:00Ninguém fazia a menor ideia do que ia enfrentar.
00:22:03A visita de Paula e Mallory ao Bob dura 45 minutos e é registrada pela câmera.
00:22:13Não tem água fria e mal tem água quente, mas a descarga funciona.
00:22:18Então acredito que eu estou no Hotel Ritz.
00:22:24Que mudança no seu estilo de vida, eu fico imaginando, eu sei a falta que você sente
00:22:27de um bidê.
00:22:29Em poucas horas, o vídeo viraliza nas emissoras de notícias nacionais que começam a veicular
00:22:34comentários condenatórios sobre a família Ward.
00:22:39Agora vejam esse vídeo.
00:22:40Esse é Bob Ward.
00:22:42Parece que ele está fazendo um striptease, não parece?
00:22:44Isso parece uma família que está sofrendo.
00:22:47É um encontro estranho, dada a gravidade da situação.
00:22:53O vídeo mostra a família agindo de maneira muito despreocupada, quase irreverente.
00:22:58Acho que você está usando uma linda peça da coleção de outono.
00:23:00Alexis e eu queríamos saber se havia mais alguma coisa nessa história.
00:23:04E ao que parece, há muito mais vídeo do que a imprensa optou por não reproduzir sem parar.
00:23:09A visita durou 45 minutos.
00:23:11O advogado disse que em nenhuma circunstância deveríamos falar sobre o que aconteceu no
00:23:18quarto.
00:23:19Nada mesmo.
00:23:21Eu amo muito você e estou totalmente com você, 100%.
00:23:26Você sabe que estamos rezando muito por você.
00:23:28Estou muito feliz que você esteja segurando as pontas.
00:23:31É isso que você tem que fazer e você vai ficar bem.
00:23:34Todo mundo ama tanto você.
00:23:36A mamãe era uma pessoa tão maravilhosa.
00:23:39Não consigo acreditar que ela não esteja mais aqui.
00:23:41Você sabe que sua mãe se sente feliz que vocês dois se saíram tão bem?
00:23:45Tenho certeza que ela está orgulhosa de vocês.
00:23:51Ali tem uma filha.
00:23:52Ela não consegue descobrir o que aconteceu com a mãe.
00:23:55Esse é o primeiro contato com o pai.
00:23:59Só rimos e brincamos sobre coisas.
00:24:01Nem lembro o que a gente falou.
00:24:03Foi qualquer coisa para evitar falar sobre o que os advogados disseram que a gente absolutamente
00:24:09não podia falar.
00:24:10Faz tempo que estou tentando fazer você usar pijama.
00:24:14Tudo o que fizemos lá foi parar nos noticiários para ser escrutinado por especialistas como
00:24:24Nancy Grace, Dr. Drew, Shepard Smith.
00:24:30Mas ninguém realmente quis uma explicação.
00:24:32Mas todos, todo mundo tinha uma opinião sobre o porquê.
00:24:36E eu pensei...
00:24:39Vocês estão de brincadeira.
00:24:41Era nojento que estivessem tentando retratar minha irmã assim.
00:24:46O que é que estava acontecendo?
00:24:48Eu queria fazer o meu pai se sentir melhor.
00:24:50E eu não podia entrar lá e dizer,
00:24:51Papai, eu não culpo você pelo fato da mamãe estar morta.
00:24:56Quem não ama alguém que tem senso de humor?
00:24:58Fala sério, eu sou assim.
00:24:59Eu mantenho a minha família rindo.
00:25:01Isso é bom.
00:25:02Isso é muito bom.
00:25:04Era ele tentando me dizer que estava tudo bem.
00:25:06E eu tentando dizer que estava tudo bem comigo.
00:25:09Mesmo que nenhum de nós estivesse bem.
00:25:11Ninguém estava bem.
00:25:12E...
00:25:13Eu me encontrei com o repórter Drew Petrimont
00:25:15para entender como a imprensa foi capaz de ter acesso à história
00:25:18com tanta rapidez.
00:25:19Você tem que entender que isso remonta ao caso da Casey Anthony
00:25:22e criou esse frenesia entre as estações de notícias aqui.
00:25:27Foi notícia nacional.
00:25:28As redes de notícia estavam reproduzindo isso
00:25:30nos programas matinais e...
00:25:32Estava tudo bem.
00:25:33E eu não sabia o que eu estava fazendo.
00:25:35Eu não sabia o que eu estava fazendo.
00:25:37Eu não sabia o que eu estava fazendo.
00:25:39Eu não sabia o que eu estava fazendo.
00:25:42Os programas matinais e...
00:25:44Estavam em todos os lugares.
00:25:46Tinha ligação para emergência.
00:25:48Esses vídeos da prisão.
00:25:50Isso meio que virou uma...
00:25:52Bola de neve.
00:25:54É preciso ter todos os elementos de uma história atraente.
00:25:57Pessoa rica mata esposa num condomínio exclusivo.
00:26:02A história continuou a se desenrolar em público
00:26:05à medida que a imprensa procurava mais e mais sujeira
00:26:08sobre o Bobby Ward.
00:26:10E surgiu uma nova alegação.
00:26:12E ela foi explosiva.
00:26:14Essa mulher estava morta.
00:26:16E não tinha dúvida na minha cabeça
00:26:18que tinha sido ele.
00:26:20Não tinha nenhuma dúvida que tinha sido ele.
00:26:22Porque eu sei o que aconteceu comigo.
00:26:24No dia 24 de setembro de 2009
00:26:26o Orlando Sentinel
00:26:28um jornal local bem respeitado
00:26:30publicou uma história
00:26:32que mais tarde se espalhou nacionalmente.
00:26:34Como é que você se envolveu
00:26:36no caso do Bobby Ward, Diane?
00:26:38Alguém de forma anônima enviou meu nome
00:26:40para o Orlando Sentinel
00:26:42depois que ele supostamente
00:26:44assassinou a esposa.
00:26:48Quando o meu nome se espalhou por aí
00:26:50eu comecei a receber muitos telefonemas
00:26:52porque foi notícia nacional.
00:26:54E essa é você?
00:26:56Sim. E aquele é ele.
00:26:58Eu namorei ele durante cinco anos.
00:27:00Numa noite em 1983
00:27:02a Diane alega que um incidente assustador
00:27:04ocorreu no apartamento do Bobby.
00:27:06Eu deveria estar no apartamento
00:27:08a uma certa hora
00:27:10e acho que cheguei 30 minutos atrasada.
00:27:12Ele estava bebendo
00:27:14e começou a agir feito um louco
00:27:16porque eu cheguei em casa tarde.
00:27:18Então
00:27:20eu fui para o quarto onde tinha uma cama
00:27:22com docel, com quatro colunas
00:27:24e ele disse
00:27:26eu não quero que você encontre
00:27:28mais os seus amigos.
00:27:30Ele abriu a gaveta
00:27:32pegou uma arma e apontou para mim.
00:27:34Eu disse
00:27:36se você vai me impedir
00:27:38de ver minha mãe e meus amigos
00:27:40é melhor você atirar agora.
00:27:42Eu disse isso para ele
00:27:44porque eu não sabia se aquela arma era verdadeira
00:27:46eu nunca tinha visto ela antes.
00:27:48Aí ele abaixou a arma
00:27:50pulou em cima da cama
00:27:52e quebrou
00:27:54as colunas da cama
00:27:56com docel
00:27:58e estamos falando de uma coluna grande
00:28:00e ele me atingiu com ela.
00:28:03Ele agarrou
00:28:05aquilo e apontou na minha direção
00:28:07e naquela altura
00:28:09eu acabei ficando encurralada
00:28:11e aí
00:28:13ele me atingiu no lado da cabeça.
00:28:15Entendi. E depois o que aconteceu?
00:28:17Eu gritei para os vizinhos do lado
00:28:19para ligar para o hospital
00:28:21para ligar para a emergência
00:28:23aquilo foi traumático
00:28:25eu estava furiosa
00:28:27estava em choque com o que aconteceu.
00:28:29Mas a polícia apareceu e prendeu ele?
00:28:31Eu acho que ele não foi preso
00:28:33o Bob tinha muitos amigos com poder
00:28:35ele era muito bem relacionado
00:28:37em Atlanta
00:28:39eu era apenas alguém fazendo faculdade
00:28:41A história de Diane Callahan
00:28:43foi acrescentada ao cada vez maior
00:28:45número de relatos escandalosos na imprensa
00:28:47todos eles visíveis
00:28:49para um potencial grupo de jurados
00:28:55Bom, é claro que levantou muitas perguntas
00:28:57tipo, será que isso era um padrão?
00:28:59E se por acaso ele agiu assim no passado
00:29:01ele agiria assim de novo?
00:29:03E isso explica
00:29:05porque nós vimos o que vimos?
00:29:11Quando você divulgou essa acusação
00:29:13qual foi o processo de decisão?
00:29:15Foi só baseado na publicação do Sentinel?
00:29:17Quando a gente está com o prazo apertado
00:29:19e tentando colocar alguma coisa no ar
00:29:21e o Orlando Sentinel, que é uma organização
00:29:23de imprensa respeitável, publica alguma coisa
00:29:25existe uma urgência para acompanhar
00:29:27o que eles estão dizendo
00:29:29Mas Billy e eu
00:29:31não acatamos a história
00:29:33após meses de pesquisa
00:29:35não fomos capazes de verificar
00:29:37se um boletim de ocorrência foi feito
00:29:39ninguém envolvido nesse caso
00:29:41tem alguma prova de que isso realmente aconteceu
00:29:43Embora nunca tenha havido menção
00:29:45a uma arma, conseguimos localizar
00:29:47documentos mostrando que Diane Callahan
00:29:49processou Bob Ward na vara civil
00:29:51por 50 mil dólares por danos
00:29:53em relação ao incidente de 12 de junho
00:29:55de 1983
00:29:57Ela alegou que Bob intencionalmente
00:29:59cometeu agressão com lesões corporais
00:30:01substanciais, muita dor e sofrimento
00:30:03perda de trabalho
00:30:05e possível desfiguramento
00:30:07Mas curiosamente
00:30:09isso mostrou que o Bob também processou a Diane
00:30:11negando as alegações dela
00:30:13Na verdade
00:30:15é o Bob que traz a tona à história da cama
00:30:17afirmando que a Diane
00:30:19em um ataque de fúria
00:30:21quebrou um pedaço grande de madeira dos pés da cama
00:30:24e violentamente golpeou e feriu James R. Ward
00:30:26com o pedaço de madeira mencionado
00:30:28Ele também alega
00:30:30que ela danificou o capô do carro dele
00:30:32no valor de 535 dólares
00:30:34após ela correr atrás dele no estacionamento
00:30:36O julgamento civil
00:30:38nunca aconteceu
00:30:40já que ambas as partes retiraram as queixas
00:30:42A família foi instruída a não fazer comentários
00:30:44na época
00:30:46Mas perguntei a Paula o que ela sabia sobre o incidente
00:30:50Ele namorou ela
00:30:52Eles estavam casando juntos
00:30:54Mas ele não ia casar
00:30:56Ela queria casar e ele não ia casar com ela
00:30:58Acho que o Bob falou isso pra ela
00:31:00e eles tiveram uma discussão
00:31:02E na versão dele
00:31:04ela perseguiu ele
00:31:06com a coluna da cama
00:31:08e acho que tentou acertar ele com aquilo
00:31:10Mas a versão dela
00:31:12o Bob que era agressivo
00:31:14e tentou atingir a coluna da cama nela
00:31:16Quer saber, tem um lado dele, o dela
00:31:18e o que realmente aconteceu
00:31:20Não foi possível processar a alegação no tribunal
00:31:22Mas a juíza negou
00:31:24Aconteceu muito tempo atrás
00:31:26Não foi encontrado
00:31:28nenhum registro do hospital
00:31:30Não foi feito o boletim de ocorrência
00:31:32Eles claramente
00:31:34processaram um ao outro
00:31:36Claramente era um relacionamento conflituoso
00:31:38por isso a juíza a critério dela
00:31:40decidiu manter isso de fora
00:31:44Mas era tarde demais
00:31:46À medida que o Billy e eu investigávamos
00:31:48a juíza lidou com esse caso
00:31:50parecia que a pressa deles em ganhar a audiência
00:31:52tinha prioridade sobre o relato das histórias completas
00:31:54Nos perguntamos se essas notícias sensacionalistas
00:31:56tiveram um impacto no direito do Bob
00:31:58a um julgamento justo e imparcial
00:32:00Eu acho que é muito importante
00:32:02que o público tenha informação
00:32:04Muitas vezes em casos mediáticos
00:32:06como esse
00:32:08a notícia se espalha
00:32:10e isso leva a questões com a seleção do grupo de jurados
00:32:12e pode acabar prejudicando
00:32:14a capacidade do réu
00:32:16Não é um julgamento justo
00:32:18Vimos isso quando foi feita a seleção dos jurados
00:32:20Tinha pessoas que tinham que ter sido excluídas
00:32:22Mais de 50 dos 60 jurados em potencial
00:32:24disseram que tinham ouvido falar
00:32:26do caso em vários níveis
00:32:28Foi um assunto muito falado lá no meu grupo social
00:32:32Em setembro de 2011
00:32:34o tribunal selecionou 6 jurados
00:32:36Na Flórida, a menos que seja um caso de homicídio qualificado
00:32:386 jurados é tudo o que é exigido por lei
00:32:42Indo para o primeiro julgamento
00:32:45Eu acho que tudo ia dar certo
00:32:47Meu pai parecia confiante
00:32:49Os advogados pareciam confiantes
00:32:51Eu pensava que o sistema de justiça
00:32:53funcionava bem
00:32:55E que ia ser como deveria ser
00:33:03O que temos aqui é uma planta do quarto principal
00:33:09Tem duas entradas aqui e aqui
00:33:11Essa é obviamente a cama
00:33:13Essa é a mesa de cabeceira da Diane
00:33:15E esse é o lado do Bob
00:33:17Essa é a mesa de cabeceira do Bob
00:33:19Que é onde a arma estava
00:33:21E aqui é onde o corpo da Diane foi encontrado
00:33:25O que sabemos com certeza é que os dois lados
00:33:27concordam que o que aconteceu naquela noite
00:33:29começou na varanda
00:33:31Seja uma discussão ou uma queda acidental
00:33:33dessa taça de vinho
00:33:35A taça de vinho estava quebrada
00:33:37E o Bob acabou com o vinho nas costas
00:33:39da camisa dele
00:33:41Eles também concordam que o Bob veio para o quarto primeiro
00:33:43A Diane veio atrás dele
00:33:45E os dois acabam parados
00:33:47bem aqui, por assim dizer
00:33:49Nessa área
00:33:51E o Bob estava
00:33:53em frente à mesa de cabeceira
00:33:55Mas não sabemos
00:33:57quem tinha a arma nas mãos nesse momento
00:33:59É aqui que os dois lados
00:34:01começam a discordar
00:34:03A promotoria diz que o Bob
00:34:05a certa altura
00:34:07foi até a mesa de cabeceira e pegou a arma
00:34:09Sabemos disso porque é onde ele mantinha a arma
00:34:11Dá pra ver nessa foto que tem um coldre ali
00:34:13E até na ligação para a emergência
00:34:15ele disse que deixou a arma ali
00:34:17A seguir
00:34:19ele se virou, atirou nela
00:34:21A Diane caiu desse jeito
00:34:23Podemos ver os respingos de sangue aqui
00:34:25E aí o corpo dela
00:34:27caiu aqui
00:34:31E a defesa, o que eles acreditam que aconteceu
00:34:33é que, sim
00:34:35eles concordam que o Bob entrou primeiro
00:34:37O Bob entrou depois dele
00:34:39O Bob se virou
00:34:41E a Diane já estava com a arma nas mãos
00:34:43Eles não sabem quando ela pegou a arma
00:34:45Mas ela pegou antes do Bob se aproximar da mesa de cabeceira
00:34:47que é onde a arma fica
00:34:49E é nesse ponto, nesse pequeno espaço que a luta acontece
00:34:51E de alguma forma
00:34:53a arma dispara
00:34:57Acho que a questão importante aqui é
00:34:59quem estava com a arma
00:35:01Pois é
00:35:03Porque mostra, no mínimo, uma certa intenção
00:35:06da pessoa que pegou a arma primeiro
00:35:08Exato
00:35:10Queremos dar uma olhada nas provas
00:35:12que foram apresentadas ao júri
00:35:14Primeiro vamos conversar com o analista
00:35:16da cena do crime pela defesa
00:35:18Stuart James
00:35:20Ele visitou a residência da família Ward
00:35:22mais ou menos duas semanas após o incidente
00:35:24Havia diversos padrões projetados
00:35:26na parede inferior
00:35:28abaixo da janela do lado oeste
00:35:30E eles estavam
00:35:32mais perto
00:35:34da cabeceira da cama
00:35:36Olhando para o chão
00:35:38havia um rastro de sangue
00:35:40que levava de volta em direção
00:35:42à área do quarto
00:35:44entre a mesa de cabeceira
00:35:46e o lado oeste da cama
00:35:50Vamos dar uma olhada nas roupas
00:35:52do Bob
00:35:54Bob Ward tem alguns
00:35:56respingos na camisa
00:35:58e na bermuda
00:36:00Dá para ver os pontos de sangue aqui, aqui
00:36:02Os respingos, respingos pequenos
00:36:04que foram salpicados pelo ar
00:36:06Isso coloca o Bob próximo dela
00:36:08no momento do tiro
00:36:10Consegue dizer qual a distância?
00:36:12Provavelmente a menos de um metro
00:36:16E se houvesse uma luta teria havido
00:36:18mais sangue na bermuda?
00:36:20Não sei
00:36:22Se a luta ocorreu
00:36:24antes do disparo
00:36:26não haveria nenhuma prova disso
00:36:28É difícil determinar uma luta nesse caso
00:36:30E os sapatos dele?
00:36:32Os sapatos dele tinham algumas manchas
00:36:34pequenas e pingos
00:36:36O que de novo coloca Bob
00:36:38próximo dela quando ela estava
00:36:40em pé e sangrando
00:36:42Então temos os dois razoavelmente próximos
00:36:44um do outro
00:36:46Mas a questão crucial ainda permanece
00:36:48Quem estava segurando a arma?
00:36:50E se os dois estavam segurando a arma
00:36:52qual deles estava
00:36:54com o dedo no gatilho?
00:36:56Investigadores procuraram
00:36:58resíduos de pólvora
00:37:00no revólver Smith & Western 357
00:37:02do Bob
00:37:04Com relação aos resíduos de disparo
00:37:06o que eles explicam para você?
00:37:08Se alguém está perto de uma arma
00:37:10que está disparando
00:37:12era onde a Diane teria estado
00:37:14e era onde ele também teria estado
00:37:16Isso com certeza não explica
00:37:18muita coisa
00:37:20Houve uma partícula de resíduo de disparo
00:37:22encontrada nas mãos da Diane
00:37:25Assim, a equipe de defesa do Bob
00:37:27argumentou que a prova do resíduo de disparo
00:37:29indicava que a Diane puxou o gatilho
00:37:31As mãos do Bob
00:37:33foram testadas para resíduo de disparo na delegacia
00:37:35Houve algum indício que ele talvez tenha
00:37:37lavado as mãos no local do crime?
00:37:39Não temos como determinar isso
00:37:41Temos aquela casa enorme
00:37:43Ele fez a chamada
00:37:45Ele iniciou a cronometragem
00:37:47Ele poderia ter lavado as mãos facilmente
00:37:49Existe alguma prova
00:37:51de que a arma estava
00:37:53na mão das mãos do Bob?
00:37:55As palavras do Bob
00:37:57Atirei na minha mulher
00:38:01Com os resíduos de disparo inconclusivos
00:38:03a questão é
00:38:05Uma análise de impressões digitais
00:38:07ou indícios de DNA explicariam
00:38:09quem puxou o gatilho?
00:38:11É verdade que
00:38:13os peritos que estavam conduzindo os testes
00:38:15tiveram que decidir entre testagem
00:38:17de impressões digitais na arma
00:38:19ou testagem de DNA?
00:38:21Isso é uma decisão que eles tiveram que tomar
00:38:23E por que isso?
00:38:25Eu fiz isso porque eu queria coletar o material
00:38:27para ser enviado para o laboratório
00:38:29e eu não queria contaminar o possível DNA
00:38:31que estava lá com um pó de impressões digitais
00:38:33Você pode obter
00:38:35impressões digitais dessa arma?
00:38:37Bem, eu não consegui
00:38:39A maior quantidade
00:38:41de DNA na arma correspondia
00:38:43ao DNA do Bob
00:38:45Mas isso não foi uma surpresa, já que a arma era dele
00:38:47A questão é se tinha DNA da Diane
00:38:49na arma
00:38:53E é aí que ninguém concordava
00:38:55Os especialistas da promotoria afirmaram que não
00:38:57Os especialistas da defesa disseram
00:38:59que ela não deveria ser excluída
00:39:03Nos níveis de DNA dela que estavam na arma
00:39:05realmente não havia nenhum valor probatório
00:39:07conclusivo
00:39:09Mas houve um problema
00:39:11Apesar dos investigadores terem coletado
00:39:13duas amostras de DNA
00:39:15de diferentes partes da arma
00:39:17Ela misturou as duas amostras
00:39:19eliminando a possibilidade de descobrir
00:39:21de quem era o DNA que estava no gatilho
00:39:23Perde-se a capacidade
00:39:25de determinar de que parte
00:39:27do elemento de prova
00:39:29veio o perfil de DNA
00:39:31porque uma vez misturado
00:39:33não dá para distinguir
00:39:35Se fosse conclusivo
00:39:37que o DNA dela foi encontrado
00:39:39no gatilho, você teria
00:39:41uma percepção diferente desse caso?
00:39:43Não necessariamente nas circunstâncias
00:39:45Não teria nos falado nada
00:39:47porque não sabemos se na noite anterior
00:39:49a arma estava em cima da mesa da cabeceira
00:39:51e ela colocou de volta na gaveta
00:39:53aí o DNA dela estaria na arma
00:39:55e ela pode não ter tocado na arma naquela noite
00:39:57A defesa de Bob
00:39:59alegou que a arma disparou por acidente
00:40:01quando Bob lutou para tirar
00:40:03a arma das mãos de Diane
00:40:05Mas isso é possível?
00:40:07Os promotores acreditam que não
00:40:11Teria sido possível
00:40:13ela disparar a arma
00:40:15mas era uma arma de duplação
00:40:17o que criava um esforço substancial
00:40:19para disparar. Ela não dispara acidentalmente
00:40:21quando se tem esses componentes
00:40:23e o fato dela ser de alguém
00:40:25que não era fisicamente forte
00:40:27a arma tinha que ter sido disparada
00:40:29ela não dispara de maneira acidental
00:40:33Para complicar mais as coisas
00:40:35a Mallory e a Sarah dizem que a mãe delas
00:40:37não gostava de armas e elas nunca viram
00:40:39a Diane segurando ou disparando uma
00:40:41Com nenhuma prova conclusiva
00:40:43vindo da arma
00:40:45recorremos ao médico legista
00:40:47para saber as conclusões dele
00:40:49O que você lembra da autópsia da Diane Ward?
00:40:51No geral foi um ferimento de bala na cabeça
00:40:53foi assim que chamamos a causa da morte
00:40:55e foi da frente para trás
00:40:57no lado esquerdo do nariz dela
00:40:59mas o que foi interessante para nós foi a queimadura
00:41:01a gente nem sempre obtém isso
00:41:03Em suma, as queimaduras
00:41:05são as marcas que aparecem na pele
00:41:07causadas pela pólvora após um projétil
00:41:09que pode sair do cano de uma arma
00:41:11O fato de que tínhamos um padrão significativo
00:41:13no rosto dela
00:41:15indica que ela estava numa distância
00:41:17muito próxima ou numa distância intermediária
00:41:19no mínimo do cano da arma
00:41:23A queimadura também revelou algo além
00:41:25como a implicação de arrepiar
00:41:27Tinha queimadura nos globos oculares dela
00:41:29e isso me diz que
00:41:31os olhos dela estavam abertos na hora
00:41:33e dá para deduzir
00:41:35que ela provavelmente não sabia que o tiro estava vindo
00:41:39O que quer que tenha acontecido
00:41:41naquele quarto, agora sabemos
00:41:43que ocorreu num instante
00:41:45e que a Diane não estava esperando
00:41:47Mas ainda não sabemos
00:41:49o que ocorreu nos momentos anteriores
00:41:51ao disparo
00:41:53Nesse caso, quando você fez
00:41:55os cálculos a que distância
00:41:57você acredita que a arma
00:41:59teria de estar da vítima
00:42:0146 centímetros é a distância mais próxima
00:42:03para o padrão de queimadura
00:42:05no rosto da vítima
00:42:07Não estou afirmando
00:42:09que são 46 centímetros exatos
00:42:11Essa é a distância mais próxima
00:42:13que podemos dar
00:42:15No tribunal, o doutor Stephanie
00:42:17foi questionado pela defesa a respeito
00:42:19da exatidão das descobertas dele
00:42:21A sua opinião é que era mais do que 15
00:42:23e menos de 60 centímetros?
00:42:25Menos de 76
00:42:27Menos de 76
00:42:29Não há nada na sua comparação que sugere
00:42:31que uma extremidade dessa distância
00:42:33é melhor do que a outra, correto?
00:42:35Sim, é correto
00:42:37É possível descartar uma luta
00:42:39no que se refere à maneira
00:42:41como a arma foi descarregada no final?
00:42:43Uma luta pode ter acontecido
00:42:45durante
00:42:47o disparo
00:42:49Mas para mim é improvável
00:42:51com base na prova que ela estivesse segurando
00:42:53a arma. Para mim, o mais provável
00:42:55é que foi um homicídio
00:43:01Apesar da prova forense ser inconclusiva
00:43:03a promotoria ainda apresentou
00:43:05provas de que Bob tinha motivos
00:43:07para matar a esposa
00:43:13Você não está sustentando que foi uma coisa planejada?
00:43:15Não acredito que ele planejou atirar nela
00:43:17e nem mesmo sustentamos isso
00:43:19O que tentamos dizer foi
00:43:21não podemos provar o motivo
00:43:23mas vamos falar sobre o que acontecia
00:43:25com a família
00:43:29É preciso dar ao júri um cenário
00:43:31do que acontece na família
00:43:33e porque alguém acaba
00:43:35matando a esposa
00:43:39O cenário foi a recessão
00:43:41que em última análise
00:43:43levou a empresa de desenvolvimento imobiliário
00:43:45do Bob à falência
00:43:47e deixou a família Ward com problemas financeiros
00:43:49significativos
00:43:53O Bob e a Diane se mudaram para a Flórida
00:43:55Muito disso foi
00:43:57para proteger o dinheiro deles
00:43:59Eles tentavam evitar que a falência
00:44:01atingisse os recursos da família
00:44:03Não pagavam a hipoteca da casa há muito tempo
00:44:05A casa deles ia ser penhorada
00:44:07Muita coisa estava acontecendo
00:44:09Naquela mesma semana
00:44:11teve um depoimento sobre a falência
00:44:13na qual a Diane iria comparecer
00:44:15Acho que isso colocou a família
00:44:17sob pressão
00:44:21Foi esse depoimento que segundo a promotoria
00:44:23pairava fortemente
00:44:25sobre a Diane Ward
00:44:27Quanto a esse depoimento que a Diane
00:44:29estava convocada a dar, você sabe o que estava em jogo?
00:44:31Acredito que haveria muitas
00:44:33perguntas sobre onde
00:44:35estavam os ativos
00:44:37Havia muitos ativos
00:44:39da empresa que estavam faltando
00:44:41Ele fez algumas coisas com as finanças pessoais
00:44:43dele para proteger o que eles iriam atrás
00:44:47Acho que isso era uma tempestade perfeita
00:44:49para tudo o que estava acontecendo
00:44:51e aí isso explodiu numa discussão que acabou mal
00:44:53Para ter um melhor entendimento
00:44:55de como a falência estava afetando
00:44:57Bob e a família,
00:44:59conversei com Beth Nowlin
00:45:01Por mais de 20 anos,
00:45:03Beth foi a assistente de Bob na empresa
00:45:05Alô?
00:45:07Oi Beth, aqui é o Billy Jansen
00:45:09Podemos falar agora?
00:45:11Claro
00:45:13Beth afirma que a sugestão de que
00:45:15Bob matou a esposa para proteger a fortuna
00:45:17deles não faz sentido
00:45:19por uma razão importante
00:45:21A maneira
00:45:23que eles configuraram
00:45:25todo o planejamento financeiro
00:45:27no estado da Flórida
00:45:29desde que Diane estivesse
00:45:31viva, ela era
00:45:33dona de todos os ativos
00:45:35igualmente, tanto quanto
00:45:37Bob, assim eles não
00:45:39poderiam ir atrás dos ativos
00:45:41da Diane, assim que ela morresse
00:45:43essa proteção morreria também
00:45:45totalmente ao contrário do que
00:45:47tinham trabalhado durante todo esse tempo
00:45:49para o planejamento financeiro
00:45:51Então não haveria nenhum motivo
00:45:53para o Bob querer matar
00:45:55a Diane
00:45:57porque a Diane era capaz de
00:46:01proteger muito da renda
00:46:03Exatamente
00:46:07Mas e a versão da defesa
00:46:09de que uma luta aconteceu
00:46:11e que resultou na Diane
00:46:13acidentalmente levando um tiro
00:46:15Sabendo que o estresse financeiro
00:46:17era muito real para a Diane
00:46:19é possível que ela tivesse as próprias
00:46:21intenções naquela noite?
00:46:23Essa bonde safeguard
00:46:25pressionou, levou ela além dos limites
00:46:27pressionou
00:46:29ela além do que devia
00:46:39Para entender como a Diane estava
00:46:41lidando com a situação nos dias que antecederam
00:46:43a sua morte, Alexis e eu
00:46:45analisamos quem estava em contato com ela
00:46:47naquela época
00:46:49Christine Steinhaus conheceu a família Ward
00:46:51quando as filhas andavam a cavalo juntas
00:46:53e ela considerava a Diane uma das suas melhores
00:46:55amigas. Ela se recorda
00:46:57que a crise financeira atingiu
00:46:59a empresa do Bob duramente
00:47:01Você tem que entender
00:47:03que o país estava quebrando
00:47:05principalmente por causa da habitação
00:47:07e dos bancos
00:47:09Fomos todos pegos de surpresa
00:47:11pelo que estava acontecendo
00:47:13e ninguém
00:47:15conseguiu entender rapidamente
00:47:17como ia ficar ruim
00:47:19e ficou muito ruim mesmo
00:47:23Christine também lembra que a tensão
00:47:25estava aumentando no processo de falência
00:47:27com as cobranças da empresa de seguros
00:47:29Bond Safeguard e isso
00:47:31pesou muito para a Diane
00:47:33Em 2008 ficou
00:47:35óbvio que
00:47:37essa empresa de seguros era
00:47:39o maior problema
00:47:41Na vida da Diane
00:47:43eles ficavam sentados do lado de fora
00:47:45da casa num carro
00:47:4724 horas que eu saiba
00:47:49eles estavam levando o carro
00:47:51das meninas
00:47:53estavam tirando fotografias
00:47:55estavam espiando eles, estavam caçando eles
00:47:57Isso era
00:47:59perturbador
00:48:01Eles não só tinham que lidar
00:48:03com as perdas financeiras e tentar
00:48:05equilibrar as coisas e
00:48:07refinanciar, mas ainda tinham isso
00:48:09Foi
00:48:11horrível
00:48:13Que tipo de impacto você notou que isso teve nela?
00:48:15Grande, foi um impacto
00:48:17muito grande, ela ficava muito irritada
00:48:19e emotiva
00:48:21Sabe, ela adorava
00:48:23beber
00:48:25Mas ela estava tomando
00:48:27antidepressivos
00:48:29e tomando
00:48:31medicação para dormir
00:48:33Ela tomava muitos remédios
00:48:35Às vezes ela nem lembrava
00:48:39Nos últimos anos de vida
00:48:41ela estava tomando remédios
00:48:43para ansiedade e depressão
00:48:45E
00:48:47ela esquecia que tinha tomado os remédios
00:48:49e tomava de novo
00:48:51E isso somado
00:48:53a bebida fazia ela
00:48:55Eu ligava para o meu pai e dizia
00:48:57Mamãe está louca de novo
00:48:59Eu não sei o que está acontecendo
00:49:01O que estava acontecendo
00:49:03é que
00:49:05o peso mental
00:49:07estava se tornando
00:49:09muito grande
00:49:11Então as coisas em que normalmente
00:49:13não temos reação
00:49:15ela estava reagindo
00:49:19Nós estávamos
00:49:21em um concurso ípico
00:49:23no meio de abril de 2009
00:49:25Alguém disse
00:49:27alguma coisa
00:49:29e a Dayane surtou e foi
00:49:31publicamente
00:49:33atrás dessa pessoa
00:49:35e cutucou e gritou com ela
00:49:37na cara dela
00:49:41E isso durou
00:49:4345 minutos, uma hora
00:49:45A raiva era de tirar o fôlego
00:49:47Eu nunca
00:49:49tinha visto uma coisa assim
00:49:53Mas a Dayane perdia a cabeça
00:49:55Ela chegou a me ligar
00:49:57da estrada, dizendo que não sabia
00:49:59qual remédio tinham dado
00:50:01para ela, que o coração dela estava acelerado
00:50:03e que não sabia o que fazer
00:50:05Algumas vezes
00:50:07especialmente
00:50:09se ela bebia vinho tinto
00:50:11isso parecia ficar pior
00:50:19Uma vez minha mãe me levou para almoçar
00:50:21e eu podia notar
00:50:23que ela estava sob muito estresse
00:50:25e ela começou
00:50:27a me criticar, ela disse
00:50:29O seu pai está perdendo tudo
00:50:31e se você não tivesse tantos cavalos
00:50:33a gente estaria bem
00:50:35Ela ficou me criticando o tempo todo
00:50:37Dava para ver
00:50:39o pânico e o estresse
00:50:41e o que isso fazia com ela
00:50:43Naquela época
00:50:45ninguém entendia
00:50:47porque essas coisas
00:50:49estavam acontecendo, então onde
00:50:51descarregar a raiva
00:50:53Na única pessoa que ela achava que podia
00:50:55controlar em parte, essa pessoa
00:50:57seria o Bob
00:51:01Você estava preocupada com o consumo de bebida dela?
00:51:03No dia que ela morreu
00:51:05eu falei com meu pai
00:51:07e ela aparecia bem
00:51:09mas o que chamou a minha atenção
00:51:11ainda mais olhando para trás
00:51:13é que ela estava bebendo vinho tinto naquela noite
00:51:15ela não fez aquilo o verão todo
00:51:17porque sabia que isso deixava ela um pouco zonza
00:51:19então foi bem estranho isso estar acontecendo
00:51:23Além do Bob, a última pessoa
00:51:25que falou com a Diane
00:51:27na noite em que ela morreu
00:51:29foi a infância dela
00:51:33Oi Georgia, é o Billy Jansen
00:51:35Tudo bem? Tudo bem, e você?
00:51:37Tudo bem
00:51:39Podemos falar agora?
00:51:41Ela claramente lembra da conversa que tiveram
00:51:43pelo telefone naquela noite
00:51:45Como você diria que estava o comportamento geral dela?
00:51:49Ela estava tão animada
00:51:51por estarmos reconectadas
00:51:53e por isso a gente só pôs a conversa
00:51:55em dia pelo telefone
00:51:57Quando vocês estavam conversando pelo telefone
00:51:59pareceu que ela estava bebendo
00:52:01ou ela contou que estava bebendo vinho
00:52:03ou alguma bebida?
00:52:05Não pude perceber que ela estava bebendo
00:52:07ela não estava enrolando as palavras
00:52:09a única razão pela qual eu sabia
00:52:11que ela estava foi porque ela mencionou
00:52:13que ia servir outra taça de vinho
00:52:15e em seguida o Bob chegou
00:52:17e ela desligou para preparar
00:52:19o jantar dele
00:52:21Você lembra a que horas isso aconteceu?
00:52:23Foi por volta das
00:52:257h15, 6h30 da tarde
00:52:31Menos de duas horas depois
00:52:33Diane Ward estava morta
00:52:35O que ocorreu nessas duas horas?
00:52:37Será que álcool ou medicamentos
00:52:39podem ter contribuído de alguma forma
00:52:41para o que aconteceu naquela noite?
00:52:45Quando falei com o médico legista Joshua Stephanie
00:52:47abordamos o relatório toxicológico
00:52:49da Diane
00:52:51Ele confirmou que ela de fato tinha
00:52:53medicamentos no organismo
00:52:57Eu acredito que ela tinha álcool, citalopran
00:52:59e trazodona
00:53:01no organismo
00:53:03O que são citalopran e trazodona?
00:53:05Trazodona é uma
00:53:07medicação antidepressiva
00:53:11Citalopran é um depressor de humor
00:53:13Ele faz praticamente a mesma coisa
00:53:17O antidepressivo citalopran foi prescrito
00:53:19a Diane Ward para ser tomado
00:53:21Ele foi prescrito a dia
00:53:23Os níveis da droga que apareceram
00:53:25no relatório toxicológico eram
00:53:27quatro vezes o limite letal
00:53:29Isso seria uma descoberta
00:53:31significativa durante o relatório
00:53:33toxicológico?
00:53:35Nem tanto, e eu vou explicar o porquê
00:53:37Então, drogas e níveis de droga
00:53:39não funcionam num tipo linear
00:53:41de associação, o que significa que
00:53:43se você toma um advil, o nível vai ser muito
00:53:45Se você toma dois, vai ser o dobro
00:53:47Não funciona assim, e da mesma forma
00:53:49Quando vemos um nível de droga
00:53:51e depois está mais alto, não se pode dizer
00:53:53que alguém tomou
00:53:55quatro vezes mais a quantidade para chegar nesse nível
00:53:59O que alguns argumentam que ajudaria a determinar
00:54:01se a Diane tomou muitos comprimidos
00:54:03naquela noite
00:54:05era o conteúdo do estômago dela
00:54:07No conteúdo do estômago da Diane Ward, você viu
00:54:09prova de comprimidos recentemente
00:54:11ingeridos?
00:54:13Eu não vi
00:54:15Acredito que descrevi o conteúdo gástrico como um líquido rosa
00:54:17de dez mililitros
00:54:19E foi feito o exame toxicológico
00:54:21no conteúdo do estômago?
00:54:23Não lembro especificamente, mas acho que não
00:54:25Se tivesse pedido um teste de citalopran
00:54:27o que isso teria provado pra mim?
00:54:37Não vai provar pra mim que isso matou ela
00:54:39porque eu sei o que matou a Diane
00:54:41Foi um ferimento de bala na cabeça
00:54:43Eu acho que isso é completamente
00:54:45irrelevante nesse caso
00:54:49Irrelevante pra determinar a maneira
00:54:51da morte, talvez
00:54:53Mas e o estado mental da Diane Ward
00:54:55naquela noite?
00:54:57No momento da morte dela, ninguém
00:54:59incluindo os promotores
00:55:01ou a própria família da Diane
00:55:03sabia que ela deixou pra trás
00:55:05uma carta de despedida emocionante
00:55:07que ainda não tinha sido dada
00:55:09A Sarah e a Mallory acreditam
00:55:11que isso explica o que levou
00:55:13à morte trágica dela
00:55:17Era o papel de carta da minha mãe
00:55:19estava escrito Diane Ward
00:55:21e ela estava dizendo adeus
00:55:27Eu vi isso aqui
00:55:29e na hora eu pensei
00:55:31caramba
00:55:33isso aqui
00:55:35prova que ela estava super triste
00:55:37ela escreveu
00:55:39queridas Mallory e Sarah
00:55:41me desculpem
00:55:43eu não sei o que aconteceu
00:55:45pra eu acabar assim
00:55:47saibam que eu amo muito vocês
00:55:49e eu não sei o que aconteceu
00:55:51pra eu acabar desse jeito
00:55:53ela disse pra gente
00:55:55cuidar dos cachorros
00:55:57o que é bem típico da minha mãe
00:55:59e disse pra gente cuidar do nosso pai
00:56:01falou papai vai precisar de vocês
00:56:03eu quero
00:56:05eu quero
00:56:07que tenham vidas maravilhosas
00:56:09e que saibam que
00:56:13que eu vou estar sempre aqui olhando pra vocês
00:56:15cuidem do papai
00:56:17eu amo vocês
00:56:19mais do que vocês jamais saberão
00:56:25foi bem difícil de ler
00:56:27mas ao mesmo tempo
00:56:29foi como um sopro de ar puro
00:56:31porque
00:56:33não estávamos loucos
00:56:35sabíamos que
00:56:37isso tinha acontecido
00:56:39e que ela chegou nesse ponto
00:56:41ninguém quer pensar que a própria mãe está se sentindo assim
00:56:43mas foi
00:56:45uma
00:56:47ligação com ela
00:56:49e com o que aconteceu
00:56:51a família está convencida de que o bilhete é prova de que a Diane pretendia tirar a própria vida naquela noite
00:56:53mas um juiz decidiu que isso era imaterial ao caso devido ao fato do bilhete não estar datado
00:56:55os promotores também consideraram o bilhete irrelevante
00:56:57não sabemos quando aquela carta foi escrita
00:56:59quando eu li
00:57:01ela não dizia nada
00:57:03não disse nada
00:57:05não disse nada
00:57:07não disse nada
00:57:09não disse nada
00:57:11não disse nada
00:57:13não disse nada
00:57:15não disse nada
00:57:17não disse nada
00:57:19não disse nada
00:57:21não disse nada
00:57:23não disse nada
00:57:25não disse nada
00:57:27não disse nada
00:57:29não disse nada
00:57:31não disse nada
00:57:33não disse nada
00:57:35não disse nada
00:57:37não disse nada
00:57:39não disse nada
00:57:41não disse nada
00:57:43não disse nada
00:57:45não disse nada
00:57:47não disse nada
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01:11:19Nilce
01:11:33Ela seria a avó
01:11:41Por mais que eu ainda sinta a falta da minha irmã
01:11:43e elas sintam falta da mãe
01:11:45é um capitulo novo
01:11:47É, sim. E a vida... a vida segue adiante.
01:11:52Ela segue.
01:11:54Hoje, o Bobby Ward está cumprindo pena numa penitenciária da Flórida.
01:11:58Ele aguarda para descobrir se vai ter uma terceira chance de exoneração.
01:12:02Desde que o Billy e eu começamos essa investigação,
01:12:05estamos esperando a oportunidade de conversar diretamente com ele.
01:12:09Nossas tentativas foram dificultadas pelas restrições da penitenciária,
01:12:13mas na primavera de 2021, finalmente recebemos uma ligação.
01:12:18Alô? Essa é uma ligação pré-paga de...
01:12:21Bobby Ward.
01:12:26Oi, Bobby.
01:12:28Oi, Bobby. Como vai?
01:12:30Eu também. E vocês?
01:12:33Essa é a primeira vez desde a condenação que o Bobby falou publicamente
01:12:37sobre o que aconteceu na noite em que a Diane morreu.
01:12:41Bobby, queremos ir direto ao assunto.
01:12:43Por que não explica pra gente exatamente o que aconteceu naquela noite?
01:12:47Tá certo.
01:12:49Tínhamos saído aquela tarde. Quando chegamos, ela disse...
01:12:53Pode abrir uma garrafa de vinhos pra mim?
01:12:56Ela sempre se chamava de garrafa de vinhos,
01:12:58porque ela sabia que não seria só uma.
01:13:00Isso era engraçado.
01:13:02E foi por volta das seis horas.
01:13:04Fui pra varanda, comecei a beber Martini's.
01:13:07Eu não costumo beber, mas pensei em experimentar.
01:13:11Então, sentei na varanda bebendo Martini's.
01:13:14Até tarde, não sei, caí no sono na cadeira.
01:13:18Ela veio me dar boa noite.
01:13:21Mais tarde, senti que tinha vinho nas costas da minha camisa.
01:13:24Não sei como isso foi para lá.
01:13:27Ela pode ter tropeçado quando passou pela porta.
01:13:31Porque tinha espingo de 15 ou 20 centímetros na porta.
01:13:41Acordei mais tarde, subi pro quarto e entrei no quarto principal.
01:13:48Caminhei até a mesa de cabeceira.
01:13:52Comecei a esvaziar os meus bolsos.
01:13:55Depois de colocar o telefone celular na mesinha.
01:13:58Aí senti alguém atrás de mim.
01:14:01Estava escuro, mas percebi que a Diane estava atrás de mim.
01:14:06Eu me virei.
01:14:07Ela tinha uma arma que estava apontada pra mim,
01:14:10mas eu não sabia o que estava acontecendo.
01:14:13Então, agarrei o braço dela e empurrei pra trás.
01:14:17Mas quando a empurrei, ela estava com o dedo no gatilho.
01:14:21A arma disparou e o tiro atingiu o rosto dela.
01:14:30Então liguei pra emergência e disse...
01:14:35Atirei na minha mulher.
01:14:37Acho que foi aí que realmente as coisas foram pro caminho errado.
01:14:43Eu estava, obviamente, um pouco embriagado também.
01:14:48Eles perguntaram se foi um acidente.
01:14:50E eu respondi, claro que foi um acidente.
01:14:52Mas o ponto principal foi que eu não sabia o que ela ia fazer.
01:14:56Atirar nela mesma ou atirar em mim?
01:15:00Não sei o que ela estava tramando, mas foi uma noite ruim.
01:15:05Bob, quando você disse que se virou e ela tinha uma arma apontada pra você,
01:15:09ela falou alguma coisa?
01:15:11Não falou uma palavra.
01:15:13E no que diz respeito à arma nas mãos da Diane?
01:15:16Ela já tinha a arma ou ela pegou assim que entrou no quarto?
01:15:20Ela deve ter pegado a arma antes.
01:15:22Porque, com certeza, não foi até a mesa de cabeceira pegar a arma pra atirar em mim.
01:15:27Ela estava parada lá.
01:15:29Ela não foi até a mesa de cabeceira.
01:15:31Se o Bob está falando a verdade, ele temia pela própria vida naquela noite.
01:15:37Mas então, como ele pode explicar o fato de nunca aparecer perturbado no vídeo da polícia?
01:15:42Os cachorros, os quatro cachorros, por favor, garanta que sejam cuidados.
01:15:47Obviamente, uma coisa que as pessoas falam é sobre o seu comportamento naquela noite.
01:15:52Muitas pessoas dizem que o Bob estava com uma arma apontada.
01:15:57Uma coisa que as pessoas falam é sobre o seu comportamento naquela noite.
01:16:00Muitas pessoas não conseguem esquecer isso.
01:16:02Como você pode explicar o que se passava na sua cabeça?
01:16:06Estava embriagado. Apaguei na cadeira da varanda de tanto beber martinis,
01:16:10uma coisa que eu não costumava beber.
01:16:13Bob, além da embriaguez e quanto à ligação pra emergência,
01:16:17como você explica isso?
01:16:21Ela veio por trás de mim e a arma disparou.
01:16:24Obviamente, eu estava bêbado.
01:16:27Só falei, atirei na minha mulher.
01:16:29Não sabia se eu tinha atirado nela ou se ela tinha atirado nela mesma.
01:16:36E quanto ao fato de você ficar dizendo, atirei na minha mulher,
01:16:40mas não diz que foi um acidente, até que a telefonista induz você a isso.
01:16:46Bom, eu estava em choque e também totalmente embriagado.
01:16:52Aconteceu muito rápido, não sei de que outra forma explicar isso.
01:17:00Bob não fez um teste do bafômetro nem um exame de sangue naquela noite.
01:17:04Por isso, não temos como verificar a quantidade de álcool que havia no organismo dele
01:17:08ou que papel isso pode ter tido.
01:17:11Ela estava segurando a arma com uma ou com as duas mãos?
01:17:14As duas mãos.
01:17:17Tudo o que eu fiz foi empurrar pra trás
01:17:20e a arma disparou e atingiu ela no rosto.
01:17:23Então a arma estava invertida?
01:17:26Isso, exatamente. Estava invertida.
01:17:31Tudo o que consegui pensar é que ela veio por trás de mim com uma arma.
01:17:36Ela estava se preparando para atirar em mim.
01:17:39Isso era provavelmente o que ia acontecer.
01:17:42Perdi tempo perguntando pra ela.
01:17:44A gente estava sob muita pressão.
01:17:47Não sei, acho que ela surtou naquela noite.
01:17:57Mas por que ela agiria daquela maneira?
01:18:01Eu não sei. Eu achei que ela estava tentando me matar.
01:18:12Bob Ward não testemunhou em nenhum dos seus julgamentos.
01:18:15Não podemos deixar de nos perguntar
01:18:16como os jurados teriam reagido ao ouvir o testemunho dele.
01:18:22Eu devia ter testemunhado, mas não iam perguntar nada disso.
01:18:26Os dois advogados disseram,
01:18:28não testemunhe, mas foi o maior erro que cometi.
01:18:31Eu devia ter contado tudo, olhar os jurados nos olhos,
01:18:34contar o que estava acontecendo, mas disseram,
01:18:36não testemunhe, isso foi um erro.
01:18:38Bob, qual é a situação do seu recurso?
01:18:41Quais são as suas expectativas?
01:18:44O problema é que já me julgaram duas vezes.
01:18:46Juízes não gostam de julgar algo três vezes.
01:18:49Não estou numa boa posição. Posso acabar morrendo aqui.
01:18:55O Bob está recorrendo da segunda condenação.
01:18:59Os advogados de defesa dele vão argumentar
01:19:01que a carta de despedida deixada pela Diane
01:19:04é uma prova justificável que deveria ter sido ouvida por um júri.
01:19:09É simplesmente muito bom falar sobre isso,
01:19:11já que nunca falei sobre isso com tanta profundidade antes.
01:19:14Amo minhas filhas. Todos nós amávamos muito a Diane.
01:19:18Nossa família era unida. Nos divertíamos muito juntos.
01:19:24Ainda sofro. Penso nela o tempo todo.
01:19:30Bob, muito obrigada. Foi bom falar com você.
01:19:32Está certo. Muito obrigado.
01:19:35Falamos com tantas pessoas e finalmente conversamos com ele.
01:19:38E eu pensei que teríamos algum esclarecimento,
01:19:41mas só tenho mais perguntas.
01:19:43Sim.
01:19:44Eu acho que a coisa que mais chamou a minha atenção
01:19:46foi a descrição dele da arma e onde a arma estava.
01:19:50Ele disse que ela estava segurando a arma com as duas mãos.
01:19:55Ele a empurrou e eles lutaram pela arma.
01:19:58E aí a arma fica invertida.
01:20:00A arma está invertida.
01:20:02E aí a arma dispara.
01:20:04E sabemos que a bala entrou exatamente aqui.
01:20:09Essa é a versão do Bob.
01:20:11Esse é um cenário que nunca ouvimos ninguém falar antes.
01:20:15E parece que isso contradiz o que muitos especialistas falaram
01:20:19sobre a distância que a arma estava do rosto dela quando disparou.
01:20:25Isso pode significar duas coisas.
01:20:27Ou Bob está confundindo o que aconteceu com a arma.
01:20:31Ou os testes que foram feitos para determinar
01:20:33a distância em que a arma estava da Diane quando disparou
01:20:36estão errados.
01:20:40A questão é que tudo o que o Bob contou
01:20:42vai contra todas as outras versões que ouvimos,
01:20:44tanto da defesa quanto da acusação.
01:20:46Houve uma briga, ela joga vinho nele,
01:20:50e a briga se intensifica no quarto,
01:20:53e é aí que a arma aparece.
01:20:55Mas ele disse que não houve briga.
01:20:57Ele disse que estava no quarto sozinho,
01:20:59se virou e que a esposa dele,
01:21:01que ele amava tanto,
01:21:03apontava uma arma para ele.
01:21:05E ele não sabia o que a Diane ia fazer.
01:21:07Ele imaginou que a Diane talvez,
01:21:10por causa da frustração, ressentimento, medo,
01:21:13estresse e depressão, iria matá-lo.
01:21:17Sabe de uma coisa?
01:21:19Se eliminarmos a ligação para a emergência,
01:21:21eu acho que temos um jeito de fazer isso.
01:21:24Acho que a ligação é o que realmente pega ele.
01:21:27Ela foi o elemento crítico do caso.
01:21:31Mas a questão é a seguinte.
01:21:33Acabamos de falar com ele,
01:21:35e ele soa da mesma maneira.
01:21:37Essa é a atitude dele.
01:21:39E a voz dele soa bastante monótona desse jeito.
01:21:43Eu sinto que não temos mais nenhuma percepção,
01:21:47depois de falar com ele.
01:21:49Eu sinto que não temos mais nenhuma percepção,
01:21:52depois de falar com ele,
01:21:54em relação a onde encaixar a chamada para a emergência.
01:21:57É exatamente isso.
01:21:59Eu não estou nem perto de saber exatamente o que aconteceu.
01:22:03Trabalhamos em tantos casos juntos,
01:22:05e eu não consigo lembrar de nenhum outro caso
01:22:08em que a família da vítima aponta para o acusado e diz,
01:22:12não foi ele que matou.
01:22:15A única coisa que queríamos,
01:22:17e o que ainda queremos,
01:22:19é a justiça.
01:22:21Justiça é o Bob ser solto,
01:22:23porque um homem inocente está na prisão há dez anos.
01:22:29Isso é absolutamente horrível.
01:22:31E isso é justiça?
01:22:33Isso é justiça.
01:22:35Acho que a Diane obteve justiça hoje.
01:22:39É fascinante, por causa das personalidades envolvidas,
01:22:42por causa do sentimento que meu colega e eu,
01:22:46além dos investigadores,
01:22:48somos as únicas pessoas defendendo a Diane.
01:22:54Acha que o Bob Ward algum dia vai sair da prisão?
01:22:56Não.
01:22:57Eu acho que 30 anos é uma pena adequada
01:22:59para quem mata a esposa com um tiro no rosto.
01:23:05Acha que a Flórida prendeu um homem inocente,
01:23:07no caso do Bob Ward?
01:23:10Bom, acredito que prendemos alguém
01:23:12que não teve a culpa provada.
01:23:20O quanto é emocionalmente conflitante
01:23:23apoiar o seu pai como a única família dele,
01:23:28enquanto a promotoria acredita que o seu pai
01:23:32matou a sua mãe?
01:23:34Eu sei que, no final das contas,
01:23:36a minha mãe quer que eu apoie o meu pai.
01:23:40Não importa o que aconteceu naquela noite,
01:23:42eu sei que ela queria,
01:23:44no fundo do coração dela,
01:23:46não estar mais aqui,
01:23:48não estar presente.
01:23:50Mas...
01:23:52não acho que ela quis tirar o meu pai da gente.
01:23:56Ela amava o meu pai.
01:23:58Então, ao apoiar ele,
01:24:00e fazendo tudo o que eu posso,
01:24:02quer dizer, fazemos tudo,
01:24:04e vamos continuar fazendo tudo,
01:24:06mesmo cansada como eu estou,
01:24:08ele ainda está aqui,
01:24:10e ela é a razão para lutar,
01:24:12e ela ia querer que eu lutasse.
01:24:19Até 2021, Bob Ward cumpriu três anos
01:24:22dos 30 anos da sua pena.
01:24:26Ele tem 73 anos.
01:24:29Um possível terceiro julgamento
01:24:31ainda é incerto.
01:24:34As pessoas querem fingir que
01:24:37o sistema judicial existe
01:24:39para as vítimas,
01:24:41mas não, porque se fosse assim,
01:24:43o meu pai não estaria onde está,
01:24:45porque a minha mãe,
01:24:47ela jamais teria desejado isso.
01:24:51Versão Brasileira, DTN Santos