O Palácio do Planalto defende uma resposta rápida às possíveis sanções dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, vendo a medida como uma ameaça à soberania brasileira. Já o Itamaraty prega cautela e prefere aguardar ações concretas do governo norte-americano antes de reagir. As informações são do jornal O Globo.
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00:00Quero contar também que Planalto e Itamaraty divergem sobre o tom de reação a ameaças da gestão Trump ao ministro do STF, Alexandre de Moraes.
00:07O André Anelli vai trazer as informações porque o chefe da diplomacia dos Estados Unidos afirmou que o governo americano avalia sanções ao ministro.
00:16Conta aí, Anelli, bem-vindo.
00:21Sim, Evandro, muito boa tarde a você, boa tarde a todos aqui no 3 em 1 da Jovem Pan.
00:26Então, são opiniões divergentes.
00:29No Palácio do Planalto, o entendimento é pela necessidade de uma rápida resposta ao governo americano
00:35que deixe claro que as ameaças contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, são consideradas ingerência sobre a soberania do Brasil.
00:44Mas no Itamaraty, ainda prevalece aquela ideia de que é melhor não reagir enquanto não houver algo concreto.
00:53Essas informações são do jornal O Globo, que destaca ainda que a avaliação da área diplomática
00:58é que não vale a pena entrar no embate midiático que a oposição ao governo tenta incitar.
01:05Relembrando que, na última quarta-feira, durante a audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos,
01:12o chefe da diplomacia do presidente Donald Trump, Marco Rubio, afirmou que Alexandre de Moraes poderá ser alvo de sanções.
01:20Foi a primeira vez que um integrante do governo americano admitiu publicamente essa possibilidade.
01:28O ministro poderia enfrentar bloqueio de bens e contas bancárias no país,
01:33além de ter o visto cancelado e ser proibido de entrar também nos Estados Unidos.
01:38A tendência é que Itamaraty e Palácio do Planalto aguardem a aplicação prática ou não de alguma dessas sanções
01:47para que só depois escolham como vão se manifestar.
01:51Evandro.
01:52Obrigado pelas informações, André Anelli. Um ótimo trabalho para você.
01:56Ô, Fábio Piperno, como é que você avalia essa divergência que está em torno da maneira como o governo deveria reagir
02:03sobre as possíveis sanções dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes
02:08por conta de acontecimentos envolvendo empresas americanas?
02:12Eu acho que a posição do Itamaraty é, de longe, a mais sensata.
02:17Por enquanto, todo esse ruído é por conta de um não problema.
02:23Ainda não existe absolutamente nada a não ser uma frase, um comentário.
02:31Ou seja, o pessoal está se preocupando com uma ideia.
02:33Então, eu acho que uma ideia é algo muito vago.
02:38Então, o Marco Rubio falou, é verdade, ele disse e tal.
02:41Mas e de concreto? O que foi feito?
02:43Por enquanto, nada.
02:44O governo americano, até onde se sabe, não tomou medida alguma.
02:48Então, se o governo americano não tomou medida alguma,
02:52então não tem que haver reação alguma.
02:56Ué, você vai reagir a um problema que não existe ainda.
02:59Então, muita calma nessa hora.
03:01A palavra já fala, reação.
03:03Você vai ter uma reação sobre uma ação que ainda não aconteceu, Alangani?
03:06Pois é, não faz o menor sentido.
03:08Aliás, o Itamaraty é cumprindo com o seu papel histórico de pragmatismo,
03:14de bom senso, de acordo com o bom senso na política e na geopolítica.
03:22Agora, Evandro, a gente pode, essa questão da soberania, inverter.
03:26A gente pode falar o seguinte, a partir do momento que empresas norte-americanas
03:33ou cidadãos norte-americanos não têm as suas leis respeitadas,
03:39os seus direitos, melhor dizendo, respeitados,
03:42portanto, o Brasil está afetando a soberania dos Estados Unidos.
03:46Também é possível fazer essa leitura.
03:48Então, a gente tem que esperar esse desfecho.
03:51Evidentemente, Itamaraty está correto nessa posição,
03:55mas essa história, essa ladainha de ataque à soberania é muita narrativa.
04:00A gente está falando de um caso específico com uma autoridade específica.
04:03Fala, Sérgio.
04:04Descumprir a lei não é um ataque à soberania.
04:06Não pode ser considerado um ataque à soberania em nenhum dos dois casos.
04:10É um descumprimento da lei e apenas está prevista nos códigos penais eventualmente.
04:14Eu acho que o governo, sem responder, está mordendo a isca.
04:19Porque a diplomacia trabalha para evitar a guerra, não para resolver uma guerra.
04:23O importante na diplomacia é evitar o problema, não resolver.
04:28Então, o que está sendo agora colocado?
04:31Veio uma informação.
04:33Um integrante do governo americano, Marrúvio,
04:36está indicando que poderia ter sanções em função de uma lei.
04:40A lei não é feita pelo Poder Executivo,
04:42é feita pelo Poder Legislativo.
04:44Então, se tiver alguma penalidade, não é do governo Trump,
04:49é dos Estados Unidos, em cumprimento de uma lei.
04:52E uma lei que foi aprovada pelo Legislativo.
04:55Inclusive, foi aprovada não por esse governo.
04:57Dito seja de passo.
04:59Então, me parece que não seria prudente para o governo,
05:04se fizer, vai ser mais uma coisa para a gente voltar a bater.
05:08Mas, se ele se antecipar, ele estaria adiantando
05:13uma eventual consequência de um problema que compartilha com o Piperno.
05:16Ainda não está.
05:18E, muito provavelmente, se o governo fizer isso,
05:21vai ter uma retaliação, não através de uma lei,
05:24sino dizendo, peraí, vocês estão reclamando de uma questão de soberania?
05:27É uma lei, não estamos afetando nenhuma soberania.
05:30Não tem um porta-aviões, não tem nada disso.
05:32Mas, se vocês quiserem isso, ok.
05:34Esperem melhor, seria uma vergonha, uma vergonha diplomática.
05:38Esperem melhor que chegue essa eventual sanção,
05:41e aí a gente vê.
05:42Mas tem coisas que o governo americano,
05:44que a legislação americana não permite,
05:46mas não tem a ver com isso.
05:47Por exemplo, esposas, filhos de ministros da Corte,
05:50não poderiam ter trabalhos dentro de processos que estão na Corte.
05:54Nos Estados Unidos isso não é permitido.
05:56E aqui parece que é.
05:57Bom, se não está proibido, parece que é permitido.
06:00Nós temos a participação aí de um telespectador, o AV.
06:03Vamos colocar aí na tela.
06:05Trump quer intervir no Brasil, mas isto não é possível.
06:08Basta ler na Constituição Federal que temos soberania.
06:12Esse tema divide bastante as opiniões.
06:14Fala, Zé Maria Trindade.
06:15Eu entendo, neste caso aí, que há três flancos abertos.
06:21O primeiro é o seguinte, é sobre soberania.
06:24A lei é norte-americana e será aplicada lá nos Estados Unidos
06:28e não aqui no Brasil.
06:30Me disseram lá atrás sobre a possibilidade de corte de contas
06:34do ministro Alexandre de Moraes e de outros ministros do Supremo.
06:38Isso pode acontecer.
06:40Eu não acreditei.
06:41Mas depois me explicaram que, por exemplo, um banco,
06:44americano, que tem as principais bandeiras de cartão de crédito internacional,
06:51ele pode sofrer sanções nos Estados Unidos
06:54se aceitar um cartão de crédito de pessoas,
06:58que não é só o ministro Alexandre de Moraes,
07:01existem outros ao redor do mundo que sofrem essa possibilidade de pressão.
07:09e isso não aconteceu, é só uma possibilidade, né?
07:13Então o banco evitaria, o banco não aceitaria o cartão de crédito
07:17e atingiria o Brasil.
07:18Mas veja bem, é uma lei americana para ser usada nos Estados Unidos
07:23e não há intenção de atingir o Brasil.
07:26Ou seja, não é corte na soberania.
07:28E o Brasil impedir ou tentar impedir os Estados Unidos
07:32de aplicar uma lei norte-americana, aí sim,
07:35é uma invasão da soberania norte-americana.
07:38Segundo, diplomacia, já houve uma reação do Itamaraty
07:43lá atrás, quando os ministros do Supremo solicitaram essa reação.
07:49Houve a reação do Itamaraty e do Supremo Tribunal Federal
07:53em níveis, assim, vamos dizer, de terceiro escalão.
07:58Não foi em nível de primeiro escalão.
08:00No primeiro momento, queriam que o governo reagisse,
08:02aí seria diferente.
08:03Seria de governo para o governo, o presidente Lula.
08:06E aconselharam o governo brasileiro, o presidente Lula,
08:09a não reagir assim, né, diretamente.
08:11O presidente da República se envolver nisso.
08:14Primeiro, porque ainda não foi oficializado, né,
08:18é uma possibilidade e isso poderia precipitar.
08:24E terceiro, o lado político.
08:25Ninguém acreditou nesta possibilidade de uma ação
08:29do deputado Eduardo Bolsonaro no exterior,
08:32fazendo pressão política contra os julgamentos aqui no Brasil.
08:36Ninguém acreditou.
08:37Desdenharam.
08:38Deixaram.
08:39Ah, isso é caricato, isso não vai acontecer.
08:43Aconteceu.
08:44Eu conversei com uma pessoa, uma alta autoridade
08:49da Embaixada do Brasil,
08:51da Embaixada dos Estados Unidos aqui no Brasil.
08:53Ele me disse com todas as letras, assim,
08:56pensar que a família Bolsonaro tem poder
08:59para levar o governo Trump a tomar algumas decisões,
09:03é lenda,
09:04mas desdenhar as relações dele,
09:08de Bolsonaro e do filho do ex-presidente Bolsonaro,
09:12com o Trump e com a equipe de Trump,
09:14se desdenhar, vai perder.
09:16Esta é a frase do embaixador.
09:19Então, é isso que aconteceu.
09:20Acordaram, de repente,
09:22com o lobby muito forte de Eduardo Bolsonaro
09:24em altas autoridades norte-americanas, sim.
09:27Muito interessante essa tua apuração, Zé.
09:29Obrigado por compartilhar conosco aqui no nosso 3 em 1.
09:31Arremato com mais uma opinião da nossa audiência,
09:34o César Roberto Linhares.
09:35Trump está derretendo os americanos
09:37com tantas taxas e impropérios.
09:40Valeu, César.
09:41Valeu a todos que participaram aqui nessa rodada.