No quarto e último episódio dessa temporada do #BoraBrilharCast, Luanda Vieira recebe Elisama Santos e Rosana Pierucetti, para um bate-papo sobre Assédio e Violência Contra a Mulher. 💜
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00:00Oi pessoal, eu sou Luanda Vieira, jornalista, e esse é o Bora Brilhar Cash, o videocache da Endemol Shine Brasil.
00:07Imagina a seguinte situação, você está no trabalho e seu chefe pede para você fazer hora extra,
00:14e você faz, principalmente porque você tem medo de perder esse emprego.
00:18Horas mais tarde ele entra ali sozinho na sua sala e se aproxima muito mais do que o limite aceitável
00:25e ainda por cima põe a mão na sua coxa.
00:27Ou então você está numa reunião de trabalho com um chefe que vive te elogiando individualmente,
00:34mas sempre que vocês estão em equipe ou ele te interrompe ou ele te insulta.
00:39Você conhece alguém que já passou por essa situação?
00:42Ou você é a mulher que está passando por essa situação?
00:46Saiba que essas situações são violência, elas são assédio.
00:50E neste episódio nós vamos abordar esse assunto com a Elisama Santos, psicanalista e escritora,
00:56e com a doutora Rosana Piero Sete, advogada e presidente da ONG Recomeçar.
01:11Gente, é um prazer ter vocês aqui para conversar sobre um assunto que é tão urgente e necessário
01:18nessa sociedade que a gente vive hoje, né?
01:21Então eu começo perguntando, vou pedir para você, Elisama, responder primeiro.
01:26Como que você enxerga a evolução do debate sobre assédio e violência no trabalho nos últimos anos?
01:33Primeiro é um prazer imenso estar aqui com você, estar aqui com a doutora Rosana.
01:36Nós estamos evoluindo, infelizmente, a passos mais lentos do que o que precisamos, mas estamos evoluindo.
01:43Vamos olhar para o copo meio cheio agora.
01:46Eu acho que nós estamos começando a dar nome a violências que antes nós não víamos como violências.
01:51Então estávamos numa...
01:53Nós estamos vindo de uma época social em que a violência é muito normalizada.
01:59Nós tínhamos a violência normalizada em várias relações.
02:02O trabalho era mais uma das relações em que a violência era a norma.
02:07E nós agora estamos começando a questionar esse normal dentro do ambiente de trabalho.
02:13Falar nesse tom é normal, é só porque ele é incisivo ou ele está sendo violento comigo?
02:17Então estamos chegando num lugar que fala, peraí, tem algo de errado no tom que você está falando.
02:23E aí nós temos as empresas se esforçando mais também, que é o compliance, né?
02:28RH, todo mundo se esforçando para perceber ali, para reeducar.
02:32Nós também nunca tivemos no mercado de trabalho, no mesmo ambiente, tantas gerações juntas.
02:39Nós estamos nos aposentando com qualidade de vida mais tarde e entrando no mercado de trabalho mais cedo
02:44com uma gabaritação muito grande, então entrando em um novo patamar.
02:49Então aquele jovenzinho, ele não entra como o rapaz do cafezinho.
02:54Muitas vezes, 25 anos, já está ali no cargo de gerência, de liderança.
03:01E essa liderança de 25 anos, de 30 anos, veio de um outro lugar.
03:06E tem questionado mais, tem dado um frescor para o que a gente achava que era normal no mês de trabalho.
03:11E você, doutora, como que você enxerga essa evolução, né?
03:16Estamos avançando? Ainda existe resistência? Como que está o cenário?
03:21Também quero agradecer esse espaço maravilhoso de a gente estar falando sobre isso,
03:25que eu acho que a gente tem que falar constantemente a questão do assédio,
03:30a questão da discriminação contra a mulher de gênero, de raça.
03:33Enfim, a gente teve momentos de muitos avanços.
03:37Hoje, trabalhando com mulheres, nós trabalhamos com acolhimento de mulheres em situação de violência com risco de morte,
03:44a gente vê que a gente está um pouco parado e com muitos retrocessos.
03:50Então eu acho que mais do que nunca o movimento de mulheres hoje tem que ter a consciência
03:55de que a gente tem que estar lutando mais ainda, falando mais ainda desses assuntos que afligem só as mulheres.
04:02Somos nós mesmas é que temos que levantar essas bandeiras.
04:06Não pode nem acalmar, né?
04:08Eu acho que falar do assédio no trabalho, do assédio sexual no trabalho,
04:13que é algo que adoece imensamente as mulheres, né?
04:17Não é só contra as mulheres, mas é as mulheres que sofrem mais com isso na sua grande maioria.
04:24Então a gente estar falando desse assunto, para quem nos ouve saber onde procurar,
04:29quais são os sinais, quais são os primeiros sinais,
04:32porque no assédio no trabalho, aos primeiros sinais, essa mulher já tem que procurar alguém
04:38ou uma instituição que trabalhe com mulheres para ela poder juntar as provas.
04:44Ela tem que colher essas provas que são bem difíceis no ambiente de trabalho.
04:49Então ela tem que ser muito bem orientada para ela poder estar forte emocionalmente,
04:54para poder colher essas provas.
04:56Sim.
04:56E quais são os tipos de provas que ela precisa para começar aí uma denúncia?
05:02Sim.
05:02Bom, a gente fala primeiro dos sinais, né?
05:05Quando que é um assédio moral?
05:07Quando ela não se sente bem com alguma situação.
05:11Porque se confunde muito aquela coisa,
05:13ah, está interessado nela, está gostando dela,
05:16mas se ela está incomodada com isso,
05:18é um sinal que ela tem que falar também,
05:20ela tem que expor isso,
05:21olha, eu não gostei, não me sinto confortável com esse tipo de comentário.
05:26Aí sim, se isso continuar, se progredir,
05:30e aí com piadinhas, né, de cunho sexual,
05:33e ela não se sente bem, aí ela vai ter que começar a ver.
05:36São bilhetes, mensagens de WhatsApp.
05:41E o que eu falo muito é as pessoas que assistem isso.
05:47Eu acho que a importância, né, das mulheres mesmo,
05:50que estão ali próximas de se sentir até no compromisso
05:55de numa hora que ela precise de uma testemunha estar lá.
06:00Eu acho que isso nós mulheres temos que nos dar as mãos,
06:03porque as provas são difíceis,
06:06vai levar um bom tempo para ela conseguir essas provas,
06:09porque tem que ser provas robustas, né?
06:11Não dá para ir para uma ação, para um processo,
06:15sem ter essas provas.
06:17Então eu acho importantíssimo ela colher essas provas,
06:19mensagens, testemunhas, contar também para alguém,
06:24mesmo que a pessoa não esteja naquele momento,
06:27mas ela fala, olha, hoje eu me senti muito mal,
06:29não estou bem,
06:30porque isso acaba adoecendo se a pessoa também não fala.
06:33E essa pessoa que ouviu vai poder falar,
06:36olha, já tem um bom tempo que ela vem reclamando
06:38as condutas de tal pessoa.
06:40Sim, e eu acho muito importante trazer, né,
06:44esse tipo de informação,
06:45porque até a mulher, de fato,
06:48entender que ela está sofrendo o assédio,
06:51leva um tempo, né?
06:52Então não é que ela está ali pensando
06:54em registrar essas provas,
06:56porque muitas vezes,
06:57primeiro que a gente pensa que
06:59eu preciso aceitar tudo no trabalho,
07:02você tem medo de perder o emprego,
07:04então você apenas vai vivendo,
07:07então é muito importante a gente
07:08estar com a antena aberta, né,
07:11a antena ligada, de fato,
07:12porque demora para a gente perceber
07:15que está passando pela situação, de fato.
07:18Agora, Elisama,
07:20quais que são os mitos mais comuns
07:22sobre assédio no ambiente de trabalho
07:25e como que a gente pode derrubar eles, né?
07:28Tem tanta coisa para a gente falar
07:30a respeito do assédio no ambiente de trabalho
07:32e a doutora Rosana trouxe algo
07:35que eu acho essencial que a gente fale,
07:38que é quem assiste.
07:39Porque quando nós estamos falando dessa violência,
07:41normalmente a gente tem esse assediador,
07:43a gente tem um assediador
07:44e a gente tem uma plateia.
07:46Em regra,
07:47o grupo vê,
07:48não os assédios maiores,
07:51mas a gente já vê.
07:53E aí, para nós,
07:55digamos aqui a plateia,
07:57muitas vezes nós não nomeamos
07:58aquilo como violência,
07:59porque para nós era normal
08:01desde crianças
08:02vermos mulheres passando por aquela situação.
08:04Eu vou te dar um exemplo.
08:06Há um tempo eu vi uma moça
08:07que ela prestou queixa,
08:10ela estava andando de bicicleta
08:11e um rapaz passou e bateu na bunda dela,
08:14ela prestou queixa,
08:15aí passou no jornal
08:16e olha,
08:17eu assistindo,
08:18eu sou feminista,
08:19eu sou ativista de um monte de coisa,
08:21ela fez,
08:21ai, meu Deus do céu,
08:22se a gente for para a delegacia
08:23cada vez que um bater na bunda,
08:24a gente não vai viver.
08:26Quando eu pensei isso,
08:27eu tenho uma respiração,
08:28eu fiz, gente,
08:29a gente tinha que dar uma alegacia
08:31para o cara a tapar da bunda,
08:32sim.
08:33Mas você entende
08:34que é tão normal
08:36que a gente já pensa,
08:39a gente nem percebe como violência.
08:41E nós aprendemos que o homem é assim,
08:43nós aprendemos desde muito pequenininhas.
08:45Então, até para quem está assistindo,
08:47reconhecer que aquilo é uma violência,
08:49quantas vezes a tal brincadeira,
08:50porque ele é brincalhão,
08:52a tal brincadeira
08:53deixa todo mundo desconfortável.
08:55Não é só a pessoa.
08:56quantas vezes tem aquele cara
08:59no ambiente de trabalho
09:00que, se ele estiver bebendo água,
09:02você chama a sua amiga para ir junto.
09:04Não podemos normalizar isso.
09:07Mas nós normalizamos.
09:08Quando nós pensamos,
09:09ah, quais são os mitos?
09:10O mito é que o assédio só é sério
09:11quando ele é sério.
09:13Ele só merece ser falado
09:14quando ele é muito grande,
09:16quando ele te tacou na parede
09:17e te agarrou.
09:18Se ele só está falando,
09:19se ele só está soltando uma piadinha,
09:21ah, não, vai seguir a tua vida.
09:22Está bem sensível.
09:23Por isso que não presta a mulher
09:26no ambiente de trabalho.
09:27Cheia de mimimi.
09:29Então, nós temos tanto medo
09:30da forma que o outro vai nos olhar
09:32e nós somos educadas para agradar,
09:33todas nós mulheres,
09:35nós somos educadas para agradar,
09:36que a gente não consegue olhar esse lugar
09:38e falar,
09:38espera aí,
09:39esse desconforto,
09:40ele não deveria ser natural.
09:42Talvez seja esse o maior mito
09:44que a gente precisa jogar no chão.
09:47Não precisa ser enorme
09:48para você denunciar.
09:49o olhar,
09:51aquele olhar desconfortável,
09:53o te cheirar,
09:55sabe,
09:55comportamentos que,
09:56aquele abraço que é um pouco mais demorado
09:57do que o normal,
09:58que está aquela fungada em você,
09:59eu sou baiana,
10:00aquela fungada, sabe,
10:01no seu pescoço.
10:02Gente,
10:03não,
10:04não é só o cara que te agarra,
10:06não é só o cara que te fala
10:08coisas sexuais propriamente ditas.
10:10Coisas sutis,
10:12elas também são violência.
10:13E tem algo que,
10:15quando nós falamos da,
10:16eu trabalho com não violência,
10:18que a gente nomeia a violência como,
10:20toda vez que alguém quer conhecer algo de você,
10:24te despertando dor,
10:26culpa,
10:27vergonha,
10:28e senso de obrigação,
10:30estão sendo violentos com você.
10:31Olha,
10:32é importante.
10:33A ideia,
10:34a forma que a pessoa está ali,
10:35ela está te despertando,
10:37culpa,
10:37vergonha,
10:39meu amor,
10:40ela está sendo violenta com você,
10:42e dá para ser violento sorrindo.
10:44Sim.
10:44Dá para ser violento sendo muito doce.
10:47E aí,
10:47talvez o outro mito,
10:49seja que o assediador,
10:50ele é aquele cara nojento,
10:52sabe,
10:52aquele cara quase baba,
10:53que você olha e faz,
10:54de filme,
10:56sabe,
10:56que faz,
10:56quando você passa.
10:58Normalmente,
10:59não é esse cara.
11:00Muitas vezes,
11:01é o cara mais gentil,
11:02mais simpático do escritório.
11:04É aquele que você nunca imagina.
11:06Não,
11:07é o jeitinho dele,
11:07é porque ele é muito gentil.
11:09É que ele é muito legal.
11:11E quando ele te abraça,
11:12a mão desce para a tua bunda
11:13e você não percebe,
11:14ou você percebe,
11:15mas,
11:15ah, não,
11:16foi sem querer.
11:17Muito sem querer,
11:19perto,
11:20é algo para a gente ligar o alerta.
11:22Então,
11:23não vamos colocar
11:24a imagem do assediador
11:26como essa imagem
11:27que a gente tem pronta
11:28de alguém muito violento,
11:30muito nojento.
11:31O assédio pode vir
11:32de qualquer pessoa,
11:33qualquer pessoa.
11:34E se nós formos
11:35para os números
11:35da violência sexual no Brasil,
11:37a gente está falando
11:38sempre de alguém muito perto.
11:40E doutora,
11:41a gente percebe
11:42que a maioria das vítimas,
11:45se não todas,
11:46tem muito medo
11:47de denunciar,
11:48tanto pensando no futuro
11:50dela ali naquela empresa,
11:52quanto pensando no quanto
11:54as pessoas não vão acreditar
11:56naquilo.
11:57Eu acho que essa é a primeira coisa
11:59que pega.
12:00Ai,
12:00será que vão acreditar?
12:02Porque é isso,
12:02o cara é tão legal,
12:03será que vão entender?
12:05Como é que a gente cria
12:06ambientes mais seguros
12:08no trabalho,
12:08para que a mulher
12:10se sinta confortável
12:11para fazer essa denúncia?
12:13Tá.
12:13Vamos falar então
12:14do medo, né?
12:15Mais um medo
12:15que ela tem de denunciar.
12:18Mas é importante
12:19que as mulheres saibam
12:20que aquele ambiente
12:21já não é
12:22um ambiente saudável
12:24para ela.
12:24Se ela não denunciar,
12:26se ela não ceder
12:27a essas investidas,
12:29vai acabar
12:30que esse ambiente machista,
12:34uma hora ela vai acabar
12:35saindo desse local
12:36de trabalho.
12:37É importante
12:38que elas denunciem
12:39porque as empresas,
12:40hoje a gente tem
12:41várias empresas
12:42que já colocaram
12:43dentro da empresa
12:45canais de denúncia,
12:48comissões mistas
12:49que vão analisar
12:51as denúncias
12:52dentro das empresas
12:53e são empresas
12:54que fazem o seu nome
12:57em cima dessa,
12:58que é a LGPD,
13:01que tomam essas providências
13:02para que a mulher
13:04tenha um ambiente
13:05saudável no trabalho.
13:06Então, essas denúncias
13:08ajudam nisso.
13:09É justamente isso.
13:11Porque lá na frente
13:12a gente vai falar
13:12que também vai ter
13:14uma ação de dano moral,
13:16porque se a empresa
13:17não tomou providências
13:19para que esse ambiente
13:20fosse bom
13:21para todo mundo,
13:22então ela também
13:23vai responder por isso.
13:24Então, as empresas
13:24somente vão se preocupar
13:26com isso
13:27a partir do momento
13:28que as denúncias
13:29acontecem.
13:30Então, se calar,
13:31eu falo sempre,
13:32se calar,
13:32sempre vai beneficiar
13:34os assediadores.
13:36Então, é importante
13:36essas denúncias.
13:38E tem empresas aí
13:39que têm canais
13:41de denúncias
13:41que funcionam muito bem
13:43e que hoje, né,
13:44a gente fala aí
13:45do Magazine Luiza,
13:46que é um exemplo, né,
13:48a Luiza é um exemplo
13:49disso,
13:49de trazer dentro
13:50do trabalho,
13:51não só para as mulheres,
13:52como para todos,
13:53um ambiente muito bom.
13:54Sim.
13:55E quando a gente fala
13:56dessa vítima,
13:57Elisama,
13:57como é que ela se resguarda
13:59desses comentários,
14:02tipo,
14:02ih, olá,
14:03está querendo denunciar
14:05um assédio,
14:06como que ela não se sente
14:07culpada em fazer o certo,
14:10né,
14:10tanto socialmente
14:11quanto para ela?
14:12Como é que ela consegue
14:14fazer o certo
14:14apesar da culpa?
14:16Exato.
14:16Porque nós somos educadas
14:18para sentirmos culpa.
14:19Talvez,
14:20adoram talvez,
14:21porque não dá
14:22para ter certeza de nada,
14:23mas nós temos
14:24muita dificuldade
14:27de denunciar
14:28porque existe um preço
14:29para denunciar, né,
14:31o preço de ser
14:32a chata
14:33do escritório,
14:35tem o preço de ser aquela
14:36que, olha só,
14:36por causa dela,
14:38aquele homem que é brilhante,
14:39saiu do escritório,
14:41saiu do trabalho,
14:42saiu da empresa,
14:42olha só,
14:43a mulher terminou,
14:44a culpa é dela,
14:44a culpa nunca é do homem.
14:47Nós fomos educadas
14:49para sermos culpadas
14:49e nós precisamos saber
14:51que a culpa,
14:52ela vai existir,
14:53e que eu preciso de amparo
14:54e de cuidado
14:54para eu ir além da culpa.
14:56Eu não posso acreditar
14:57nessa culpa,
14:57porque a sensação de culpa,
14:59ela existe,
15:00ela é comum.
15:02Há um tempo,
15:03eu participei
15:03de um documentário
15:05em que a personagem principal,
15:08ela havia sido abusada
15:09pelo padraço
15:10dos oito
15:11aos onze anos.
15:13E ela conta
15:13que sentiu culpa
15:14inúmeras vezes
15:15e que somente hoje,
15:16adulta,
15:17com mais de trinta anos,
15:19ela olha para uma criança
15:20de oito anos
15:20e pensa,
15:21mas ela nunca poderia
15:22ter seduzido.
15:25Olhando a criança
15:26de oito anos,
15:27ela consegue reconhecer
15:28que, caramba,
15:28é impossível
15:29ela ter sido a culpada.
15:30Então,
15:30eu nunca fui a culpada.
15:33Nós aprendemos
15:34a carregar essa culpa.
15:35Isso é social.
15:36Não é uma questão
15:37de eu quero
15:38ou eu não quero.
15:38Você vai carregar
15:39essa culpa.
15:40O que você faz?
15:41Você fala,
15:41peraí,
15:41sociedade,
15:42essa culpa aqui não é minha não.
15:42toma.
15:44É um esforço diário
15:45e constante
15:45de todas as mulheres.
15:46A gente está tirando
15:47essa culpa que a sociedade
15:48coloca nas nossas costas.
15:49É o short,
15:50é a roupa.
15:52Então,
15:52quando acontece o assédio,
15:53nossa primeira pergunta
15:54é,
15:55será que eu dei motivo?
15:57O que foi que eu falei
15:58que ele achou
15:59que eu estava interessada?
16:00Quando é que ele achou
16:01que eu dei abertura para isso?
16:02O que eu fiz
16:03para que ele achasse
16:05que eu queria?
16:06A gente vai procurar
16:08essa culpa,
16:08porque isso é social.
16:10E aí eu me fortaleço
16:11com ONGs,
16:12com grupos,
16:13com amigas.
16:15Quantas vezes
16:16é conversando com alguém
16:17que a pessoa fala,
16:19amiga,
16:19mas isso é sério?
16:21E você faz,
16:22é?
16:24Depois de falar
16:25no encontro
16:26com uma outra mulher
16:27que você entende
16:28que você foi vítima
16:28de violência
16:29que às vezes
16:29você nem percebeu na obra.
16:31Quanto mais eu tenho
16:31essa rede
16:32que me dá suporte
16:33para nomear
16:34essa violência,
16:36mais eu consigo lidar com ela.
16:40O Sandor Ferenczi
16:41era um psicanalista,
16:42que eu sou apaixonada
16:43pelo trabalho.
16:44O Ferenczi dizia
16:45que é o desmentido
16:46que causa o trauma.
16:47O desmentido
16:48é você falar
16:49eu sinto isso,
16:49eu vivi isso
16:50e alguém fala
16:50não,
16:51não é isso não.
16:52Nós somos socialmente
16:53desmentidas o tempo inteiro.
16:55O tempo todo.
16:56Então várias vezes,
16:58nossa,
16:58eu fiquei desconfortável
16:58com o jeito que ele me olhou.
16:59Ele olha assim
16:59para todo mundo,
17:00tu também se acha demais.
17:02Tem sempre alguém
17:02te desmentindo.
17:04É importante
17:04que eu tenha
17:05essa testemunha
17:06perto de mim,
17:06essa testemunha,
17:07essa pessoa
17:07que vai me ouvir
17:08e que não vai duvidar.
17:11Sabe?
17:11Que vai segurar na minha mão
17:12e falar,
17:13olha,
17:13isso é sério.
17:15Eu preciso procurar
17:15essas pessoas
17:16para que eu consiga
17:17lidar com a culpa.
17:19Essa culpa,
17:19ela vai aparecer
17:20volta e meia.
17:22Em algumas de nós
17:23em maior grau,
17:23em outras em menor grau,
17:25mas a não ser
17:26que nós tenhamos
17:28uma,
17:29um problema
17:30neurológico
17:32que a gente
17:32perca completamente
17:33a memória,
17:34a gente zera
17:35e resete o jogo,
17:37nós,
17:38como mulheres criadas
17:38nessa sociedade,
17:39sentiremos culpa.
17:41Não é opção.
17:42O que a gente vai fazer
17:43com essa culpa,
17:44com quem a gente
17:44vai se amparar
17:45é que faz toda a diferença
17:46nesse processo.
17:47E acho que ter
17:48essa ideia
17:49de que a gente
17:50sempre vai ter culpa
17:51ajuda, inclusive,
17:53a aliviar a culpa.
17:54Sim.
17:55Ter noção
17:56ajuda, sim.
17:58E não é que a gente
17:59lembrar que, assim,
18:01essa culpa
18:01a sociedade me deu,
18:03mas não é minha.
18:03A sociedade está
18:05empurrando ela
18:06para mim
18:06o tempo inteiro,
18:07mas não é minha.
18:08É, mas é um exercício
18:09diário mesmo.
18:09É um exercício
18:10consciente,
18:11constante,
18:12que a gente vai ter
18:13que fazer
18:13até os últimos dias.
18:14Sim.
18:15E agora,
18:15você citou ONG
18:17como uma forma
18:18de recorrer
18:19e eu queria que a doutora
18:20contasse o trabalho
18:22da ONG Recomeçar,
18:24como que começou,
18:26enfim.
18:27A ONG Recomeçar,
18:28ela surgiu,
18:29é aquela necessidade mesmo,
18:30da sociedade civil
18:31de fazer alguma coisa
18:33para mulheres
18:33que estão morrendo
18:34todos os dias.
18:36Ela nasceu
18:37com um grupo
18:37de advogadas,
18:39na região
18:39de Mogi das Cruzes.
18:41Infelizmente,
18:42acabou tendo
18:43que se expandir,
18:44eu falo sempre
18:45que é infelizmente,
18:46porque expandir
18:47abrigos sigilosos
18:48para uma mulher
18:48que está correndo
18:49risco de vida
18:50nunca é bom.
18:52Então,
18:52hoje a gente atua
18:53no Vale do Paraíba
18:54e no Alto Tietê
18:55com três acolhimentos
18:56sigilosos.
18:57só vão para lá
18:59as mulheres
18:59que estão correndo
19:01risco de vida,
19:02elas são levadas
19:03até nós
19:04pela delegacia,
19:05pelo fórum,
19:06pelo Ministério Público
19:07e elas ficam lá.
19:09Elas têm
19:09um atendimento integral
19:11de atendimento jurídico,
19:13de saúde
19:13para a mãe,
19:14para a mulher
19:15e para as crianças
19:16também que vão para lá.
19:17Então,
19:18as crianças,
19:18elas fazem todas
19:20as lições
19:21dentro do acolhimento
19:22e saem com a escola
19:23em dia também,
19:24não perdem,
19:25é comunicado à escola.
19:26e é um serviço público,
19:29as mulheres agradecem
19:31muito a gente,
19:31eu sempre falo,
19:32você quer agradecer,
19:33você agradeça,
19:33mas é um serviço público,
19:35é um direito
19:36de vocês.
19:37E falando um pouco,
19:38Luana,
19:39quando a gente falou
19:39do assédio
19:41no trabalho,
19:44um momento como esse
19:46que a gente está discutindo
19:46esse assunto,
19:47acho que é importante
19:48a gente falar
19:48e na instituição
19:49a gente tem falado,
19:50a gente fala muito
19:51entre nós,
19:52mulheres das violências,
19:53mas a gente também
19:54tem que falar
19:54com quem pratica
19:56a violência.
19:57Então,
19:57eu acho que é importante
19:58a gente falar
19:59que para as empresas
20:00que é importante
20:01estar levando palestras,
20:03rodas de conversa
20:04que falem,
20:05porque os assediadores
20:06normalizam tudo isso.
20:08Para ele é muito natural,
20:10ele fazer uma cantada,
20:11ele fazer uma piada
20:13horrível,
20:15ele acha que é legal,
20:16que as mulheres
20:16têm que achar graça,
20:18que ele é bonito,
20:19que ele é charmoso
20:20e que ele tem o direito
20:21de fazer isso.
20:21Então,
20:21eu acho que falar
20:22com esses homens
20:23dentro das empresas
20:24é muito importante
20:25para a empresa,
20:26as empresas saberem
20:27que isso tem que ser feito
20:28e que isso vai melhorar
20:30em tudo.
20:31Então,
20:31por isso que eu falo
20:32das denúncias.
20:33A denúncia,
20:34ela faz estatísticas
20:35e os locais
20:37de denúncia também.
20:39O Ministério Público
20:40tem canal de denúncia,
20:43a delegacia da mulher
20:44e não só a delegacia da mulher.
20:46Eu queria esclarecer
20:47que às vezes as mulheres falam
20:48lá, eu tenho que ir
20:48na delegacia da mulher.
20:49Não,
20:50mesmo uma violência doméstica,
20:51ela pode ser denunciada
20:52em qualquer delegacia.
20:54Eles têm que atender
20:55e têm que fazer
20:56o boletim de ocorrência,
20:57embora seja depois
20:58encaminhado
20:59para uma delegacia da mulher.
21:00Então,
21:01tem canais
21:01para denúncia,
21:03mas antes de fazer denúncia,
21:05eu sempre falo,
21:05procure uma instituição
21:06que trabalha com mulheres
21:08porque você falar
21:09com alguém
21:10que entende
21:11e acredita
21:12no que você está falando
21:14também empodera muito você.
21:15porque você fala
21:17com muitas pessoas
21:17que te ouvem,
21:19viram as costas,
21:20depois não tocam mais o assunto.
21:21Eu acho importante
21:22procurar alguém
21:23para você já ir informado
21:25porque informação
21:26é uma das melhores formas
21:29que a gente tem
21:29de combater essas violências.
21:31E a gente sabe
21:32que acontece muito
21:33essa descrença,
21:34porque muitas mulheres
21:36falam,
21:36nem vou denunciar
21:37porque eu vou chegar lá
21:38e eles não vão acreditar
21:39em mim mesmo.
21:40Então,
21:41acho que
21:42ter esse acolhimento
21:43muda tudo,
21:44completamente.
21:45Muda muito.
21:46A gente faz palestras
21:47nos locais,
21:50nos bairros
21:51e a gente vê,
21:52a gente leva uma cartilha
21:53e muitas vezes
21:53na segunda-feira,
21:54a palestra foi na sexta,
21:56na segunda-feira
21:57as mulheres vão
21:57para a delegacia
21:58muitas vezes
21:58com a cartilha
22:00e com o artigo lá,
22:01dizendo,
22:01olha,
22:01eu tenho direito
22:02do afastamento,
22:04da pensão alimentícia,
22:05enfim,
22:06uma série de direitos
22:07que ela ouviu,
22:08ela fala,
22:09olha,
22:09eu tenho,
22:09está escrito aqui,
22:10eu tenho.
22:10Então,
22:10acho que realmente
22:11a informação
22:12é algo essencial.
22:14Sim.
22:15E Elisama,
22:16como que essas violências
22:17impactam no psicológico
22:19dessas mulheres
22:20a longo,
22:21não a longo prazo só,
22:22mas a curto,
22:23médio e longo prazo?
22:26Nós ficamos em alerta
22:27e nenhum corpo,
22:29nenhum humano
22:30foi feito,
22:31nenhum,
22:31não,
22:32de um ser vivo
22:32foi feito
22:33para viver em alerta.
22:34Esse estado
22:35de hiperalerta
22:36aumenta a nossa ansiedade
22:37e aí a gente
22:39nem precisa falar muito
22:39porque a gente já sabe
22:40o que é que a ansiedade
22:41faz com a gente.
22:41quando você se torna
22:43incapaz de relaxar
22:44nos ambientes,
22:46você não consegue
22:47ser criativa,
22:49você não consegue
22:50ser amorosa
22:51com você
22:52e é importante dizer
22:54que não fica restrito
22:55ao ambiente de trabalho.
22:57A violência que eu vivo
22:57no ambiente de trabalho,
22:59ela vaza
23:00para as minhas relações.
23:02Então,
23:02o sapo que eu engulo
23:02no ambiente de trabalho,
23:03eu vomito na minha mãe,
23:04eu vomito no meu filho,
23:05eu vomito no meu marido.
23:07Eu vou botar para fora,
23:08ele não vai ficar comigo.
23:09Quantas e quantas
23:11situações de violência
23:12contra a mulher
23:12a criança é quem sofre.
23:14Porque na criança,
23:15ela não tem mais paciência,
23:16então ela vai gritar mais
23:17e vai bater e vai...
23:18Você entende?
23:19A violência,
23:19ela vai se espalhando
23:21pelas nossas relações.
23:23E é importante entender
23:24que quando eu digo
23:26esse não,
23:27eu estou cuidando de mim
23:28e estou cuidando
23:29de todo mundo
23:30que está ao meu redor também.
23:32Mas eu estou cuidando de mim.
23:33E essa é a parte
23:33mais importante da história,
23:35é saber que eu estou cuidando de mim.
23:36Porque nós ficamos
23:37em um estado de alerta
23:38e de ansiedade,
23:40que aí adoece
23:40o nosso corpo físico também.
23:42Porque uma coisa
23:42puxa a outra,
23:43não é separado.
23:44E aí nesse estado
23:44de hiperalerta,
23:45o nosso corpo adoece,
23:46nossos órgãos
23:47ficam sobrecarregados.
23:49E não existe uma divisão,
23:51como eu falei,
23:51entre a vida profissional
23:53e a vida pessoal,
23:54que a gente acreditou
23:54tanto que existia.
23:56O corpo que recebeu
23:59um toque indevido
24:00não é o corpo
24:01da Elisama escritora,
24:03é o corpo da Elisama escritora,
24:05da Elisama que é mãe,
24:06da Elisama que é esposa,
24:07da Elisama que é amiga,
24:07da Elisama que é filha,
24:09todo mundo mora aqui,
24:10sabe?
24:11Então não vai ficar lá,
24:12não vai ficar quando fechar a porta.
24:13Por mais que eu ache
24:14que eu sou forte o suficiente
24:15para lidar com isso,
24:16porque a nossa sociedade,
24:17ela é tão cruel com a mulher,
24:19ela é tão violenta
24:21que ela nos diz
24:21que se nós fossemos fortes
24:22de verdade,
24:24a gente ia dar conta.
24:25Então você vive uma violência,
24:26algo que é inimaginável,
24:28algo que ninguém deveria viver
24:29e dizem que você deveria
24:32ser forte o suficiente
24:33para lidar com isso.
24:33se você não está lidando com isso bem,
24:35o problema é que você é fraca.
24:37E eu não quero ser fraca,
24:38eu quero ser uma boa menina
24:39que recebe 10
24:40e que não incomoda ninguém.
24:42É o oposto
24:43do que a gente precisa fazer
24:44ao denunciar.
24:45Quando a gente denuncia,
24:46a gente causa incômodo,
24:48a gente leva zero
24:49para uma galera.
24:50É difícil demais
24:52e é essencial.
24:54Sim.
24:55Te ouvindo falar,
24:56eu lembrei muito
24:57do período que eu tive
24:58um burnout
24:59e durante muito tempo
25:01eu ficava me questionando
25:03o que eu fiz
25:05para chegar nesse lugar.
25:07Você pensa que está sempre
25:08só relacionada
25:09a sua doação ali
25:10ao trabalho,
25:11mas quando a gente para
25:13para analisar,
25:14são todas essas violências
25:16que foram adoecendo a gente
25:18até chegar nesse lugar
25:20de explosão,
25:22digamos assim, né?
25:23Mas a gente nunca relaciona
25:26uma doença mental
25:28a questões do dia a dia
25:30que não estão relacionadas
25:31a nós, né?
25:32O que é do outro.
25:34A gente está sempre
25:34se perguntando
25:35o que eu fiz
25:36para chegar nesse lugar,
25:37como eu deixei eu chegar
25:39nesse lugar
25:39sem questionar que,
25:41poxa,
25:42o outro me colocou
25:43nesse lugar.
25:44É a crueldade
25:45do nosso tempo, né?
25:46A gente acreditar
25:46que tudo somos nós.
25:48Sim.
25:49E eu não dou conta
25:51pode ser substituído
25:52por eu não tenho
25:53apoio suficiente para.
25:55Se eu saio do ar,
25:55eu não estou dando conta
25:56dessa situação
25:57e penso, ok,
25:59que apoio me falta
26:00para que eu consiga lidar
26:02com tudo isso
26:02que está aqui?
26:04Quantos braços
26:05e cabeças
26:05e corpos
26:06eu precisaria
26:07para dar conta
26:08desse meu malabarismo
26:09diário aqui?
26:10Quantas pessoas
26:11precisariam estar comigo
26:12para que nenhum
26:13pratinho caísse?
26:14Eu paro de achar
26:15que sou eu,
26:15que não tenho pra...
26:16a habilidade é suficiente
26:18para fazer esse malabarismo.
26:19Doença mental
26:20é contexto
26:20na maior parte
26:21das vezes.
26:22Tirar um
26:23doença mental
26:24do contexto,
26:26do ambiente
26:27é violento.
26:28É reviolentar a pessoa.
26:30E doutora,
26:30para finalizar,
26:31eu queria que você falasse
26:33quais são
26:34os principais desafios
26:35jurídicos
26:36quando
26:37a gente
26:38denuncia
26:39um assédio.
26:41Os desafios
26:41são as provas.
26:43As provas
26:43a ação
26:43é aquilo
26:44que vai
26:45reverter
26:46numa pena,
26:48não só
26:48uma pena
26:49para quem
26:49praticou a ação,
26:51como ações
26:52daquela empresa
26:53para evitar isso.
26:54Enfim,
26:54o desafio é esse,
26:55encorajar as mulheres
26:57a realmente
26:58fazerem a denúncia.
27:01Eu queria fazer
27:01um parênteses
27:02aqui e dizer o seguinte,
27:04a gente já lidou,
27:05já atendeu
27:06mulheres que sofreram
27:07o assédio
27:08moral no trabalho
27:10que
27:11está tudo junto.
27:13O assédio moral,
27:14o assédio sexual
27:14se mistura muito.
27:16E são psicólogas,
27:18são assistentes sociais
27:19que estão atendendo
27:20muitas vezes
27:21a própria população
27:23que sofre.
27:24Também é um mito
27:25que só as mulheres
27:26mais vulneráveis
27:27é que sofrem
27:28o assédio sexual.
27:30Não, não é.
27:31É uma advogada
27:31que está dentro
27:32de uma empresa,
27:33ali está começando
27:34a sua profissão,
27:35não quer perder
27:36aquilo ali
27:36e acaba sofrendo
27:38muito tempo
27:39e adoecendo
27:39como você falou.
27:41Então, a gente
27:41falar sobre isso
27:42também é que não
27:44só as mulheres
27:45vulneráveis,
27:46que também não é só
27:47porque a pessoa
27:49que está te assediando
27:50é uma pessoa
27:51que tem um cargo
27:52superior a você.
27:53Não, o seu colega
27:54da mesma,
27:55que está hierarquicamente
27:57igual a você,
27:58também pode praticar
28:00esse assédio,
28:01porque às vezes
28:01acha-se que é porque
28:02é um superior
28:03e não é.
28:04Então, acho que esclarecer
28:05isso é importante.
28:06Então, esses são
28:07os desafios.
28:08São as denúncias
28:09porque é um crime,
28:11é um crime subnotificado.
28:14São poucas ainda
28:16as pessoas que denunciam
28:18o assédio sexual
28:19por vergonha,
28:21por temer ser julgado
28:22pela própria sociedade,
28:24pelos próprios colegas
28:25de não ser forte.
28:27Isso é o que mais nos cobram,
28:29você não foi forte o suficiente,
28:30não precisava disso.
28:32Precisa sim.
28:33É isso que vai fazer
28:34que as leis endureçam mais,
28:37fazer novas legislações
28:38para evitar isso.
28:39Enfim, acho que os desafios
28:41são esses,
28:41de fazer com que
28:42a gente seja ouvida mesmo.
28:45Gente, muito obrigada.
28:46Foi extremamente importante,
28:49essencial ter vocês aqui
28:51no Bora Brilhar,
28:52porque esse assunto é,
28:54de fato,
28:54como eu comecei falando,
28:56urgente e muito necessário.
28:58Obrigada.
28:58É um prazer gigantesco.
29:00Obrigada.
29:06Bom, a doutora Rosana
29:08fala que cada mulher
29:10tem o seu tempo
29:11antes de buscar ajuda
29:12e nós devemos respeitar
29:14esse tempo.
29:16Já a Elisama
29:16ressaltou quatro sentimentos
29:18que trazem sinal de alerta,
29:20que são culpa,
29:21medo, vergonha
29:22e senso de obrigação.
29:24Esteja atenta a eles
29:26e saiba que o silêncio
29:27só é benéfico
29:28para os agressores.
29:29Música
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