Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 16/05/2025
No terceiro episódio do #BoraBrilharCast, Luanda Vieira recebe Luciana Rodrigues e Nathalia Neiva, especialistas em saúde, para um bate-papo sobre Saúde da Mulher. 💜

Apoio: ‪ @GeneraLab

Inscreva-se no canal para não perder os próximos episódios.🎙

Nos acompanhe também:
Instagram: @endemolshinebr
TikTok: @endemolshinebr
X: @endemolshinebr
Luanda Vieira: @luandavieira
Luciana Rodrigues: @luciana_rod
Nathalia Neiva: @nathalianeivasantos
Transcrição
00:00Oi pessoal, eu sou Luanda Vieira, jornalista, e esse é o Bora Brilhar Cash, o videocache da Endemol Shine Brasil.
00:07Ter disposição é uma equação difícil de equilíbrio no dia a dia, mas o jogo muda para mulheres cis e pessoas com ciclo menstrual
00:16que, além disso, precisam lidar com oscilações hormonais e doenças que são ignoradas.
00:21No episódio de hoje, nós vamos conversar com duas especialistas em saúde.
00:26A Natália Neiva, médica de família e comunidade, representante do Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde,
00:34e a biomédica Luciana Rodrigues, especialista em genética e representante da marca Genera.
00:49Bom, é um prazer receber vocês aqui, obrigada pela disponibilidade.
00:54E para começar essa conversa sobre saúde feminina, eu queria que vocês destacassem para mim
01:00quais que são os principais desafios que as mulheres enfrentam em relação à saúde no ambiente de trabalho.
01:07Sempre quando a gente fala em saúde, é sempre dentro de uma perspectiva ampliada.
01:11Se a gente for pegar a definição da Organização Mundial de Saúde mais atualizada,
01:15e até a nossa própria Constituição Federal, saúde é sempre um conceito muito amplo.
01:19Então, ele vai envolver, por exemplo, pelo OMS, um bem-estar físico, psíquico e emocional.
01:23Então, vamos supor que a gente transpõe isso para o ambiente de empresa.
01:26Então, a gente tem que falar sobre, por exemplo, relações de trabalho que sejam preventivas
01:29com relação a assédio moral, assédio sexual.
01:33A gente não está falando, por exemplo, de um corpo nesse momento físico,
01:36mas a gente está falando de como que essas relações dentro do trabalho
01:39podem afetar a saúde das mulheres, que a gente sabe que estão mais vulneráveis a esse tipo de violência.
01:45A gente pode colocar assim.
01:46A gente pode também, talvez, ampliar dentro de uma perspectiva física,
01:50de como que a gente garante espaços de acesso às demandas mesmo das mulheres individualmente
01:56ou coletivamente dentro do espaço de empresa,
01:59que seja com relação à dignidade menstrual,
02:01você tem um banheiro, você tem uma pausa, você tem um momento de cuidado de si.
02:05Então, quando a gente pensa, por exemplo, em mulheres gestantes,
02:08nesse caso, o retorno é um trabalho que é muito precoce,
02:12a gente não garante os seis meses de aleitamento materno,
02:15reinsere a mulher de forma muito precoce, inclusive também no mercado de trabalho,
02:19então tem grandes impactos, né?
02:21Até uma avaliação, muitas vezes, que passa por uma questão financeira,
02:24mas também passa por uma avaliação de,
02:26será que eu volto realmente para o trabalho?
02:29Será que eu deixo uma criança sob cuidados de quem?
02:31Existe uma rede de apoio suficiente para dar conta?
02:34Então, tem questões que passam, assim, pela vida das mulheres,
02:36quando a gente, quando, eu falo até nós, né?
02:38Quando nós estamos inseridas, para que a gente garanta uma saúde,
02:42às vezes, muitas vezes, por nossa própria conta,
02:44porque a empresa em si, ela não garante, né?
02:47Seja de forma privada ou seja de forma pública,
02:50questões de trabalho que nos dão condições de nos manter ali dentro
02:54de uma forma saudável, de uma forma sem sofrimento de assédio,
02:59sem desvalorização, inclusive, dentro de uma perspectiva de gênero, né?
03:02Por exemplo, vamos pegar aqui a igualdade salarial,
03:05então hoje, se a gente for olhar as pesquisas,
03:07as mulheres que ocupam cargos semelhantes aos homens recebem menos, né?
03:11Seja cargos de alta escolaridade, de alta formação,
03:15então, vou pegar, por exemplo, nós médicas,
03:16quando você pega cargos que os homens costumam ocupar mais,
03:19que estão mais relacionados a cirurgias, a ortopedias,
03:23e você compara com salários que estão muito atrelados
03:26a relações de cuidado, como pediatria,
03:28então, se tem uma desvalorização salarial, né?
03:30Quando a gente vai para uma parte física, trazendo novamente, né?
03:33Sempre é interessante, é muito avanço, por exemplo,
03:36colocar perspectivas laborais que sejam promotoras de saúde.
03:41Então, a gente fala de tempo de pausa,
03:43tempo de ginástica laboral, isso tudo é um grama de conquista,
03:46mas não dá para a gente focar, porque muitas vezes a saúde,
03:48ela tem essa tendência de a gente caminhar muito para o corpo físico,
03:52e esquecer o conjunto de questões que fazem com que a gente adoece
03:55no ambiente de trabalho, que muitas vezes não está relacionado com o físico,
03:58está relacionado com questões que passam por isso que a gente tem conversado, né?
04:01As formas como é tratada, as formas de desvalorização,
04:05as formas de não reconhecimento, os próprios assédios, né?
04:07Que são muito comuns hoje, e a gente identifica como assédio
04:11por uma questão de avanço, de que a gente tem reconhecido como algo
04:13que é violento, né? Que não deveria fazer parte do nosso cotidiano.
04:18Então, acho que no geral, a gente poderia, talvez, trabalhar nesses vários aspectos.
04:23Sim, tem muita coisa.
04:24E, doutora Luciana, o que você destaca de desafios aí no ambiente de trabalho?
04:29Acho que mais que um desafio, uma tendência, né?
04:32A mulher, cada vez mais, ela está postergando o planejamento familiar.
04:36Então, acho que uma tendência próxima, em algumas empresas já ocorre,
04:41de preservação da fertilidade.
04:43Então, acho que esse vai ser um desafio.
04:45A mulher, ela tem uma carreira, ela quer seguir com uma carreira,
04:49e ela acaba postergando uma gestação.
04:51Então, acho que será um desafio próximo,
04:54essa questão também de trabalhar a fertilidade feminina,
04:58de preservar essa fertilidade em ambiente de trabalho.
05:02Sim, nossa, completamente.
05:04E, doutora Natália, de que forma as questões hormonais,
05:07como o menopausa, o ciclo menstrual,
05:11empatam na produtividade e o bem-estar das mulheres?
05:14A gente, sempre o ciclo menstrual, ele é um ciclo,
05:19o ciclo menstrual, a TPM, ele é algo que faz parte das nossas vidas,
05:24a partir do momento que se menstrua.
05:27Você precisa dessa construção, dessa, não vou nem dizer oscilação hormonal,
05:31mas você precisa dessa orquestra hormonal que acontece,
05:34que eu acho que é a forma mais correta de dizer,
05:36que se libera hormônios e eles não passam de uma forma imperceptível.
05:40A gente sente essas modificações ao longo do ciclo,
05:45que podem trazer, desde sintomas de tensão pré-menstrual,
05:48que é muito comum,
05:50que pode impactar, sim, na nossa produtividade,
05:53mas também é interessante a gente pensar
05:55que produtividade é essa que está sendo colocada muitas vezes,
05:58muito para além do que o nosso corpo talvez dê conta.
06:01E eu acho que pensar hoje jornadas de trabalho
06:03que sejam compatíveis com poder equilibrar trabalho e qualidade de vida
06:08seria interessante, porque vai ter impacto,
06:11como, por exemplo, o processo de envelhecimento tem impacto na produtividade,
06:14como, por exemplo, quando você ingressa no mercado de trabalho
06:16sendo um profissional novo, sem experiência, vai ter impacto,
06:20quando você ganha experiência tem impacto,
06:22mas eu acho que a gente poderia pensar em formas mesmo de equilibrar,
06:25ao invés de dizer simplesmente que mulheres em idade fértil
06:28porque menstruam ou mulheres no climatério porque estão deixando de menstruar,
06:33acaba trazendo uma carga muito biológica para se dizer
06:37que você não consegue cumprir determinada tarefa,
06:39sendo que é possível, na verdade, você trazer esse encaixe
06:43de como é possível, na verdade, a gente prevenir essas questões
06:46que aparecem ao longo da nossa vida
06:48e como que a gente também pode ganhar consciência corporal
06:51de quando elas estão surgindo,
06:52o que nos ajuda a nos manter de uma forma mais consciente
06:55e talvez controlando, não é a melhor palavra controlar,
06:59mas tentando amenizar os impactos das nossas questões hormonais mesmo
07:05porque elas fazem parte, né, a gente não tem como bloquear isso,
07:09acho que inclusive bloquear seria medicalizar um corpo saudável,
07:12que não é um objetivo, né, então seria mesmo a gente tentar refletir sobre
07:17existem possibilidades, assim, de a gente ter uma jornada de trabalho
07:21mais respeitosas no mundo para que isso possa acontecer, né,
07:24a nossa existência enquanto seres, né, enquanto indivíduos
07:29sejam combinados com a nossa capacidade também de trabalho
07:32porque deveria ser assim, né, em alguns países eles estão fazendo
07:35essa compreensão e trazendo já com grandes resultados, né,
07:40de mudanças, por exemplo, quatro dias de trabalho, três dias de folga,
07:43você pode fazer uma atividade física, você pode se preocupar melhor
07:46com a sua alimentação, você não precisa ficar o tempo todo
07:49focado no resultado do seu trabalho, na sua produção e no seu salário, né,
07:54você tem como cuidado de outras esferas de vida que fazem parte do seu bem-estar
07:59que a gente sabe inclusive que tem impactos, por exemplo, no controle de sintomas
08:04premenstruais, né, de sintomas do climatério, né, até focando fora disso
08:11até no cuidado anterior, né, não precisa nem aparecer para a gente começar a cuidar
08:14mas de uma forma até preventiva.
08:16Tá, e eu acho que te ouvindo falar, tudo isso impacta também no nosso mental, né,
08:22porque a partir do momento que eu estou menstruada, eu tenho muita cólica, eu tenho mesmo
08:27e eu fico preocupada em como que eu vou avisar isso no trabalho
08:32olha, não consigo chegar num determinado horário porque eu estou morrendo de cólica
08:37só que é uma preocupação, a gente acha que tem que passar por cima do sintoma
08:42para aguentar tudo e ir trabalhar porque essa é a estrutura social, né,
08:47só que a longo prazo isso pesa, a gente adoece mentalmente por tentar ser forte
08:54tentar evitar uma coisa que é inevitável.
08:57Exatamente, exatamente, mas tem impacto sim, eu acho que inclusive porque a gente olha para
09:01eu não sei se a gente for perguntar assim para nós mesmas ou para as pessoas que estão nos ouvindo
09:06assim, quantas horas dos nossos dias a gente dedicar ao trabalho
09:09e quantas horas são dedicadas às outras coisas.
09:13Então existe essa coisa de você, realmente você engole aquilo que você precisa engolir
09:17para ir para o trabalho, mas cadê o outro tempo, né, cadê o tempo de qualidade
09:20para o cuidado do nosso corpo?
09:22E aí ele não vai ficar muito evidente, às vezes ele está relegado ao segundo plano
09:27quando der tempo eu vou, né, é assim que a gente faz.
09:29Essa semana saiu uma pesquisa inclusive que fala que mulheres não têm hobby, né,
09:35e isso é muito evidente que é em relação à estrutura social, né, a gente de fato vai
09:40deixando porque a gente tem muita coisa para cuidar, né, e a gente deixa o hobby.
09:46Não preciso fazer, depois eu faço e isso vai acarretando na nossa saúde mental também.
09:52Agora, doutora Luciana, como que as empresas, elas podem criar políticas mais inclusivas
09:58para apoiar a saúde feminina?
10:00Eu acho que eu sou um pouco suspeita para falar porque eu trabalho em uma grande empresa,
10:04eu trabalho na DASA e a gente tem vários programas ali direcionados para a saúde feminina, né,
10:09então a gente tem programa durante o período gestacional, programa com relação à parte
10:15de saúde mental, de atividade física e reeducação alimentar.
10:21Então, acho que eu estou inserida no ambiente, claro, que é uma empresa de saúde,
10:25mas ela já coloca alguns programas com relação a esse tipo de direcionamento, saúde e bem-estar.
10:32Sim, aí é o mundo ideal, né, já estar num lugar que olha para isso, enfim, que sirva de exemplo
10:39para outras empresas.
10:40Acho que a gente estava vindo nesse caminho, mas como que a desigualdade de gênero
10:45no acesso à saúde mesmo impacta a vida profissional das mulheres em geral?
10:50Olha, existe uma questão assim, quando a gente vai olhar quem acessa a saúde,
10:54no geral, na verdade, são as mulheres, né, porque tem muito essa relação com o cuidado,
10:59então, na verdade, quando se olha numericamente, quem vai acessar mais a saúde são, de fato,
11:04mulheres, mas o que a gente muitas vezes vê é que essa saúde, muitas vezes,
11:09ela pode não ser integral, né, ela pode não ter esse cuidado.
11:12Eu acho que tem empresas que fazem um esforço de construir uma saúde mais integral,
11:16no sentido de que mulher não é reprodução, né, mulher não é útero, ovário e mama.
11:22Então, quando a gente tenta fazer uma, acho que uma integralidade, um aprofundamento
11:27do que é o estado de saúde, talvez a gente consiga quebrar um pouco as desigualdades de gênero,
11:32porque justamente as desigualdades, elas perpassam o processo de adoecimento.
11:36Então, violências, né, contra as mulheres fazem parte do seu adoecimento,
11:40relações familiares, a gente estava falando de mulheres não têm hobby,
11:46a grande parte das mulheres, né, claro que algumas conseguem ter,
11:48mas quem são essas mulheres que não têm hobby, né, estão fazendo dupla jornada, tripla jornada.
11:54Em que região elas moram, né?
11:56Exato, eu estava aqui pensando, por exemplo, se você pega, a gente fala muito dos brasismas,
12:00eu estava pensando hoje, antes de sair de casa, a gente tem que falar, por exemplo,
12:02dos São Paulo também que existe, né, Capão Redondo, por exemplo,
12:05como é que você olha para essa desigualdade de gênero dentro da saúde,
12:10quem são essas mulheres que moram nessa região, como vivem, o que fazem, né,
12:13então tudo isso vai construir uma questão de como a desigualdade de gênero vai perpassar,
12:19na verdade, o processo de construção de saúde delas.
12:21Mas quando você olha os números, né, quem acessa mais saúde no geral são as mulheres,
12:25que inclusive levam seus filhos, parceiros, maridos, avôs,
12:31elas inclusive ficam responsáveis pelo cuidado dos homens, muitas vezes, né.
12:35Tanto que tem até pesquisa, assim, homens casados vivem mais do que homens solteiros, né.
12:40Porque tem a mulher ali.
12:43Então, acho que quando a gente fala em desigualdade, é como o desigualdade de acesso, ele existe,
12:47porque quando a gente pensa em saúde, claro, a gente está pensando em como que o acesso à saúde,
12:51ele se estrutura, né, então lugares menos privilegiados, com menos recursos,
12:55eles vão ter muito mais gente para acessar uma unidade de saúde,
13:01então a gente fala isso em densidade populacional, né, uma pressão assistencial muito maior,
13:05mas é que a gente tem que, às vezes, compreender como que a desigualdade de gênero afeta o processo
13:09antes dela chegar na unidade de saúde, né, antes dela chegar no pronto-socorro,
13:12antes dela chegar na UBS, porque ela chega, de alguma forma ela vai vir.
13:16Mas como que a gente valida também essa desigualdade?
13:19Não que a gente tenha poder de mudar essa estrutura, né,
13:23assim, cabe só ao indivíduo que está ali profissionalmente trabalhando,
13:27porque seria ótimo se a gente conseguisse.
13:29Isso vai depender de política pública, de muitas questões,
13:33mas como que a gente escuta, dá lugar de existência dessas vidas e dessas histórias, né?
13:38Sim, completamente.
13:40E como que, falando mais de genética, assim, como que a genética influencia
13:45na pré-disposição das mulheres a terem certas doenças,
13:49como que isso pode afetar sua vida profissional?
13:53Acho que, num contexto geral, a gente tem falado que a genômica, a genética,
13:57ela, a gente fala de quatro P's, né?
13:59Ela é preditiva, então ela consegue predizer o risco de uma doença,
14:03ela é preventiva, então a gente consegue prevenir algumas doenças com informação genética,
14:08ela é personalizada, então a gente consegue direcionar tratamentos
14:11que podem ser customizados de acordo com a alteração genética que aquela mulher tem,
14:16e ela é participativa, então o paciente, a mulher, naquele momento,
14:20ela consegue participar, por exemplo, de uma decisão terapêutica
14:23de acordo com a informação genética.
14:25Então a gente tem alguns casos, né, dentro da genômica que a gente consegue trazer um exemplo.
14:30Então você tem um caso de depressão, transtorno de ansiedade,
14:33em tratamento com alguma medicação que não tem um resultado,
14:37o desfecho não está sendo esperado.
14:38Então hoje a gente tem exames genéticos,
14:40a gente tem um exame que se chama Pharma One,
14:42então ele estuda alguns genes que fazem interação com mais de 200 medicações.
14:47E aí o médico vai avaliar com aquele resultado
14:49se o medicamento ele está metabolizando de maneira adequada,
14:54ou muito rápido, ou muito lento,
14:56e com isso a gente consegue melhorar o tratamento,
14:59e claro, o desfecho da paciente com relação ao sintoma que ele tem.
15:03Então acho que esse é um exemplo que a gente tem,
15:05falando aqui de saúde mental na mulher,
15:07que a gente já usa na prática e no dia a dia da genômica e da medicina.
15:12Tá. E como que você vê a divulgação dessas informações hoje em dia?
15:18Porque eu imagino que não é todo mundo que saiba o quanto a genética pode prevenir
15:24e ajudar a gente no dia a dia mesmo a lidar com doenças, enfim.
15:28Eu acho que a gente vai evoluindo cada vez mais, né?
15:31A gente trabalha ainda com muita educação médica,
15:34mas a genética, ela tem entrado cada vez mais em outras especialidades.
15:38Então, antes a gente falava muito de doenças raras na parte neurológica também,
15:43hoje a gente já fala dentro de medicina fetal,
15:46medicina reprodutiva, ginecologia, obstetrícia, endocrinologia.
15:50Então, ela está inserindo cada vez mais em outras especialidades médicas
15:54e cada vez mais a gente tem também desenvolvimento de tecnologia
15:58e consegue colocar esses exames dentro dessas áreas.
16:02Então, acho que a gente está num caminho correto de comunicação, educação médica.
16:07Já tem muita participação em congressos, em eventos científicos,
16:10que a gente aborda o benefício da genômica dentro da medicina.
16:14Sim. E eu queria perguntar para vocês duas,
16:17como que as empresas podem colaborar para essa divulgação de informação, de fato?
16:25Porque, às vezes, o funcionário está ali fazendo uma ginástica laboral
16:28e ele não está nem sabendo por que aquilo é importante.
16:32Geralmente, é aquele momento que a gente bufa e fala
16:35que tem que levantar aqui para fazer,
16:37mas porque não consegue raciocinar o quanto aquilo é importante naquele momento.
16:43Então, quais são as medidas que as empresas têm que ter
16:46para entender que esses funcionários entendam que é em pró da saúde?
16:52Acho que o compartilhamento de informação poderia ser o primeiro caminho.
16:55A gente precisa ser instigado a refletir.
16:59Por exemplo, quando a gente está falando sobre adoecimento,
17:02vamos supor, no local de trabalho,
17:03muitas vezes está relacionado ao tipo de postura, ao tipo de trabalho executado.
17:07Então, por exemplo, a gente pode até particularizar esse tipo de compartilhamento.
17:10Se trata de uma empresa onde os funcionários passam a maior parte do tempo sentados, digitando,
17:15vamos levantar, vamos alongar esse corpo, né?
17:17Será que a sua dor que você tem desenvolvido,
17:19ela também não passa por uma questão de posição?
17:23Então, acho que quando a gente compartilha,
17:25quando a gente faz educação em saúde, né?
17:27Isso é a forma mais, talvez, fácil e acessível
17:31de gerar um tipo de informação, um tipo de conhecimento
17:34e é talvez uma aceitação.
17:36Pode ser que, inclusive, a pessoa venha.
17:38Isso não vai garantir que ela venha sem bufar, né?
17:40Talvez ela bufe porque está com um relacionamento com a empresa ruim, enfim.
17:44Tem outras coisas que fazem, mas eu acho que a primeira forma da gente...
17:48É isso.
17:48Quando você torna a informação acessível, ela destrinchada,
17:53ela é algo que faz parte do cotidiano,
17:55acho que esse exemplo da genética médica é muito interessante, né?
17:58Antes era muito isso mesmo.
17:59Genética era uma coisa relegada a coisas muito raras
18:02e agora cada vez mais vem fazendo parte do nosso cotidiano
18:04porque a gente avançou na tecnologia,
18:07mas ao mesmo tempo a gente avançou no compartilhamento da informação.
18:09Se você não compartilha a informação, não tem como a pessoa saber, né?
18:12Não tem como ela identificar que aquilo pode ser bom para ela.
18:15Então, acho que seria a primeira forma,
18:17seria realmente trazer as coisas,
18:19então, desmecanizar, sabe, as relações humanas,
18:22diz para a pessoa, conversa,
18:24entenda também por que ela está bufando.
18:26Ah, por quê, né?
18:27A gente talvez precise entrar mais com a nossa capacidade de diálogo e conversas
18:31do que, de fato, tem que fazer porque tem que fazer,
18:34porque está na hora, né?
18:35A gente já tem muita coisa na vida que é assim,
18:37então, acho que cada vez mais a gente pode quebrar esses muros, né?
18:41Vamos entender, vamos fazer parte porque é bom,
18:44é bom para o nosso corpo, né?
18:45Sim.
18:46Eu acho muito interessante a gente ter a possibilidade
18:49de usar a genética no nosso dia a dia,
18:52mas que, de fato, falta informação
18:53para entender onde a genética pode ajudar na saúde feminina.
18:58Então, eu queria que você contasse quais são os outros caminhos,
19:01para onde a gente pode olhar para a genética e saúde.
19:05Acho que a gente tem bons exemplos para compartilhar aqui dentro do mundo genética
19:09e as especialidades médicas, né?
19:11Então, um outro exemplo que a gente trabalha bastante dentro da genética
19:14e junto com a ginecologia e obstetrícia
19:16é o exame que a gente chama NIPT,
19:17é um teste pré-natal não invasivo.
19:20Então, o que é esse teste?
19:21A mulher, quando ela está ali em torno de 10 semanas, 12 semanas de gestação,
19:25ela tem a possibilidade de fazer um teste genético não invasivo.
19:29Então, através de uma coleta de sangue da gestante,
19:31a gente consegue separar pedacinhos, frações de DNA do feto
19:35e fazer uma análise genética daquele feto
19:37para ver se ele tem um risco aumentado
19:39para a gente ter uma incidência maior de algumas síndromes
19:44que a mulher pode ter uma informação de maneira precoce
19:47e se preparado durante aquele momento dos 9 meses,
19:50inclusive para um parto mais adequado.
19:52Então, acho que é um exemplo que a gente já vê isso na prática,
19:55bastante disseminado dentro da especialidade
19:58e que a gente só colhe benefícios, né?
20:01A gente tem acesso à informação de maneira precoce,
20:04pode ser que a gente evite procedimentos invasivos
20:06que sejam desnecessários para aquele caso,
20:08então acho que a genética contribui para isso.
20:11É, e prevenção, né?
20:12Prevenção.
20:13Nesse caso, é acesso à informação precoce, né?
20:18Saber que você tem um risco aumentado,
20:20aquele bebê tem um risco aumentado para determinada síndrome,
20:23eu fico sabendo de maneira precoce,
20:25a gente consegue fazer um programa gestacional
20:27também mais adequado para aquela situação
20:29e não chega a ser uma surpresa ali
20:31numa gestação avançada no momento do parto.
20:34É, se prepara mentalmente para isso, muda tudo, né?
20:38E agora, para finalizar, eu queria que vocês duas falassem,
20:42de acordo com a área de vocês,
20:44pontuassem coisas que faltam em políticas públicas
20:48para a gente garantir que a mulher tenha um acesso adequado à saúde.
20:53Eu acho que falta implementar, assim.
20:55Se a gente for pegar os últimos documentos,
20:57inclusive o Brasil tem uma formulação de política integral à saúde da mulher, né?
21:01Tem uma formulação sobre política com relação ao climatério
21:06e quando você sente e lê esses documentos, eles são belíssimos,
21:09porque partem na compreensão de tudo isso que a gente está falando,
21:12de que a mulher é uma história, né?
21:13E cada mulher é uma história, é um ser, é um indivíduo muito particular.
21:17Quando você pega os documentos hoje elaborados, que já existem,
21:21claro que eles podem serem ainda complementados,
21:24porque a gente tem trazido outras questões com relação à diversidade sexual,
21:28mas eles já partem de uma estrutura muito interessante,
21:31porque analisa as mulheres dentro do seu...
21:35Quando a gente está falando de integralidade, a gente está falando de sujeitos,
21:37a gente não está falando de corpos, né?
21:40Somente.
21:40A gente está falando de corpos inseridos em um contexto, em uma história.
21:43Então, quando você pega essas políticas, se a gente fosse capaz de implementá-las,
21:48vamos supor, colocar as pessoas com acesso a práticas complementares de saúde.
21:54Então, quando a gente está falando, ah, como prevenir, vamos supor, sintomas de TPM,
21:59ou como tratar sintomas de TPM?
22:01A gente está falando de, muitas vezes, não só os medicamentos, né?
22:04Que eles podem ser deixados de lado, fitoterápicos também,
22:07então, por exemplo, garantir um acesso a um fitoterápico,
22:09acho que seria interessante, né?
22:10Não só aos anticoncepcionais, mas a uma yoga.
22:13Gente, quem acessa uma yoga hoje, né?
22:15Quem acessa uma meditação?
22:17Quem acessa...
22:17Então, a gente está colocando assim, ah, ele existe essa recomendação,
22:20mas eu acho que está mais no sentido da implementação e da atualização.
22:25Então, eu não veria...
22:26A gente não tem que criar a roda mais.
22:28A roda, ela já foi criada, talvez ela só precisa ser pintada de uma cor diferente,
22:32fazer alguns ajustes, né?
22:33Mas a gente já avançou muito em alguns aspectos de elaborações e de formulações,
22:39mas carece essa colocação em prática.
22:43Sim.
22:43Acho que seria isso.
22:45Acho que concordo com a Natália, vai para o mesmo caminho.
22:48A grande dificuldade é a execução, né?
22:49Acho que os programas, eles estão aí, eles são bem estruturados, né?
22:54Com pessoas, com grupo de especialistas.
22:56Acho que a grande dificuldade é colocar em prática, é fazer a execução.
23:00Sim.
23:01Meninas, muito obrigada pela disponibilidade de vocês,
23:04por compartilharem aí todo o conhecimento.
23:07Obrigada.
23:08Obrigada.
23:08Obrigada.
23:13O bem-estar é fundamental para uma vida produtiva,
23:17mas já passou da hora da ciência e da medicina
23:20enxergarem as diferentes realidades nos corpos presentes na sociedade.
23:25e até a noite até o fim.
23:28E até o fim.
23:33E aí
23:35E aí
23:39E aí

Recomendado