“A oportunidade que eles me deram foi muito importante para mim, muito importante para o meu meio. Minhas amigas (trans) também são CLT, não são de rua como eles querem que a gente seja”, afirma Layla Valgas, de 26 anos. Para ela, que é uma mulher trans, trabalhar, mostrar sua competência e evoluir dentro de uma empresa não é algo trivial, mas um diferencial entre pessoas que muitas vezes são barradas do mercado de trabalho pelo preconceito.
Leia a íntegra da reportagem https://www.em.com.br/gerais/2025/05/7155640-pessoas-trans-competencia-para-vencer-o-preconceito.html
O Notícia em áudio é um podcast do jornal Estado de Minas que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo. Sem deixar que a pressa do dia a dia atrapalhe a imersão no tema. Afinal, uma boa história merece ser contada e recontada muitas vezes. E em vários formatos.
Reportagem: Laura Scardua
Locução: Laura Scardua
Arte sobre foto de Marcos Vieira/EM/D.A Press
Coordenação: Rafael Alves
#minasgerais #trans #mercadodetrabalho #preconceito
Leia a íntegra da reportagem https://www.em.com.br/gerais/2025/05/7155640-pessoas-trans-competencia-para-vencer-o-preconceito.html
O Notícia em áudio é um podcast do jornal Estado de Minas que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo. Sem deixar que a pressa do dia a dia atrapalhe a imersão no tema. Afinal, uma boa história merece ser contada e recontada muitas vezes. E em vários formatos.
Reportagem: Laura Scardua
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Arte sobre foto de Marcos Vieira/EM/D.A Press
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, eu sou Laura Escárdoa e este é a Notícia em Áudio, um podcast do Jornal Estado de Minas
00:09que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo.
00:14O texto de hoje é de minha autoria.
00:16Pessoas trans, competência para vencer o preconceito.
00:21A oportunidade que eles me deram foi muito importante para mim, muito importante para
00:25o meu meio. Minhas amigas trans também são CLT, não são de rua como eles querem que
00:31a gente seja, afirma Laila Valgas, de 26 anos.
00:35Para ela, que é uma mulher trans, trabalhar, mostrar sua competência e evoluir dentro de
00:41uma empresa não é algo trivial, mas um diferencial entre pessoas que muitas vezes são barradas
00:46do mercado de trabalho pelo preconceito.
00:49Atualmente, Laila é chefe de setor de frente de caixa, posição de liderança no supermercado
00:54apoio mineiro, onde trabalha há quase oito anos.
00:58Eu sempre fui muito acolhida, tanto no trabalho quanto em casa, conta a jovem.
01:03A rede varejista propiciou o primeiro emprego a Laila, que começou como repositora de prateleiras
01:08e passou por outros cargos antes de chegar ao atual.
01:12Estou num lugar onde muitas pessoas não queriam que eu estivesse, diz ela, que reconhece também
01:18o próprio mérito para alcançar o cargo.
01:20A transição de gênero de Laila começou em fevereiro de 2018, bem no começo da trajetória
01:27no emprego, onde foi admitida em dezembro de 2017.
01:31Foi um baque para mim, para todo mundo.
01:34Era tudo novo, tanto para mim quanto para eles.
01:37Eu tive sorte de ter um gerente abençoado.
01:40Fomos aprendendo um com o outro, eles me respeitando e abrindo portas para mim aqui dentro,
01:45conta a Laila.
01:46A jovem ressalta que se trabalhasse em outra empresa ou com outras pessoas envolvidas,
01:51talvez não fosse tão bem acolhida.
01:53Ela conta que desde o início teve o nome e os pronomes respeitados pelos colegas de
01:57trabalho, que também a apoiaram em situações externas.
02:01Laila diz que os casos de preconceito não são frequentes e, quando aconteceram, foram
02:06por parte de clientes e no início da transição.
02:09Devido à boa experiência, Laila diz que se sente confiante para buscar outras oportunidades
02:14no mercado de trabalho no futuro e até mesmo ingressar na vida acadêmica.
02:19Eu tenho o pensamento de que eu posso, de que eu consigo, lógico, mas será que todo
02:24mundo vai ter a mentalidade que as pessoas aqui têm?
02:27Então tenho sempre um pé atrás, afirma.
02:30Homem trans de 24 anos, JM, conta que enfrentou muitos desafios no mercado de trabalho belo-horizontino,
02:37especialmente por parte dos empregadores.
02:39O jovem, que preferiu não se identificar, justamente para se resguardar, relata que
02:44teve as portas fechadas na área de formação por ser uma pessoa trans.
02:48É uma grande frustração.
02:50Concluí a minha graduação, falo duas línguas, estou no mesmo patamar que qualquer pessoa
02:54da minha idade que acabou de sair da faculdade.
02:57Desabafa.
02:58A falta de oportunidades na área de formação fez com que JM precisasse buscar empregos
03:03em outros setores, como no comércio.
03:05Ele já ocupou funções que têm muito contato com o público, como atendimentos em bares
03:10e em feiras de brinquedos, o que foi um aspecto que escancarou a transfobia, especialmente antes
03:15dele passar pela harmonização e realizar a mastectomia, a retirada completa das mamas.
03:22Ele conta que em alguns dias, os contratantes pediam a ele que ficasse atrás do balcão ou
03:27que não atendesse clientes.
03:28A sensação é que os patrões pensam assim.
03:31Além do preconceito dos patrões, o jovem relata que também já foi alvo de transfobia
03:43em entrevistas de emprego e por parte de colegas de trabalho e de clientes, especialmente em
03:48bares, onde o consumo de álcool é alto.
03:51Após realizar a cirurgia de retirada de mamas e começar a harmonização, os ataques
03:56diminuíram.
03:56Tamer Alaf, de 31 anos, é uma pessoa trans e trabalha com atendimento no Café Magri,
04:03no Parque do Palácio das Mangabeiras.
04:05No geral, ela diz que o ambiente é tranquilo, apenas um ou outro cliente destoa.
04:11Antes, eu ligava muito para isso.
04:13Às vezes, ainda me afeta um pouquinho esses olhares o tempo todo, alguns dias estranheza,
04:18mas no geral, com o meu comportamento profissional, eu sou muito interativa, eu faço a pessoa
04:22se sentir à vontade.
04:24Explica.
04:24Em casos de clientes com atitudes transfóbicas, ela diz receber apoio dos colegas de trabalho,
04:30que assumem o atendimento para tirá-la da situação.
04:33No entanto, há alguns funcionários do parque onde o café está localizado que têm resistência
04:37a ela.
04:38Em relação aos patrões, a funcionária diz que a relação é boa e que foi respeitada
04:42desde quando iniciou a transição.
04:44Confesso que ando com alguns medos.
04:47Não tenho muita vontade de sair por causa de disforias e isso me traz um pouco de desconforto.
04:52Mas no Magri é uma coisa de trabalho.
04:54Eu visto minha camisa profissional porque eu preciso disso.
04:57Senão, eu não consigo fazer as coisas que eu sonho para a minha vida.
05:01Afirma.
05:01Uma das proprietárias do café Magri, Marília Balzani, acredita ser fundamental que empresas
05:07que contratam pessoas trans ou de outro grupo minoritário se posicionem claramente contra
05:12qualquer tipo de preconceito.
05:14A gente sempre teve intervenções muito diretas para o cliente entender que aqui não é permitido
05:19discriminações e que não é um lugar para ele se sentir à vontade ou confortável nesse
05:24sentido, afirma a empreendedora.
05:27Ela acredita que esse posicionamento incisivo traz segurança para os funcionários, uma vez
05:32que eles podem hesitar em se defenderem ou a reportarem uma conduta inadequada por medo
05:37de os contratantes não os apoiarem diante dos clientes.
05:40Todos os funcionários também são instruídos que se acontecer qualquer coisa nesse sentido,
05:45eles têm total direito de se defender, de se posicionar, de pedir para a pessoa ir embora,
05:50diz a empresária, que não se priva de acionar a polícia em determinados casos.
05:55Marília conta que quando o café Magri se mudou para o local onde está atualmente, no
05:59Parque do Palácio, os casos de discriminação eram recorrentes, especialmente de racismo.
06:04Por isso, ela e o marido, também proprietário do estabelecimento, levaram um profissional da
06:10área da saúde mental e educação para instruir os funcionários sobre situações dessa
06:14natureza e condutas adequadas.
06:17Vitor Veloso é dono do Bar Pirex, do Nimbus Bar e do Restaurante Pacato, todos os estabelecimentos
06:23de Belo Horizonte que tem ou já tiveram funcionários trans.
06:26Ele também acredita ser imprescindível um posicionamento efetivo dos contratantes e
06:31ressalta ser importante a atenção dos empregadores às atitudes menos explícitas dos clientes,
06:36que podem acontecer pelas costas dos funcionários, como a hipersexualização das pessoas trans,
06:42que ele nota ser recorrente.
06:44Nós recebemos mais de uma vez mensagens em rede social de pessoas perguntando, qual
06:49o nome daquela pessoa?
06:50Você tem o contato daquela pessoa?
06:52Conta Vitor, que entende que, em casos em que funcionários trans sofrem algum tipo de
06:57discriminação, é fundamental a conversa e o acolhimento.
07:00A íntegra desta reportagem foi publicada no Jornal Estado de Minas em 25 de maio de
07:062025.
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07:16Até a próxima notícia em áudio.
07:18E aí