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00:00:00Bom dia, hoje a gente fala da expansão de um produto que nove entre dez pessoas adoram.
00:00:16É o cacau, que além de amado, gera renda sem prejudicar o meio ambiente.
00:00:22Para isso, nós fomos ao habitat natural dessa planta, onde o cultivo imita a natureza.
00:00:30No Pará, a produção do cacau sustentável, fruto da preservação da floresta amazônica e do trabalho da agricultura familiar.
00:00:39Tem colheita quase o ano todo.
00:00:42Quando você trata bem a natureza, ela responde à altura.
00:00:45E a remuneração está compensando.
00:00:47Está rindo à toa.
00:00:48E tem muito mais no programa de hoje.
00:00:54No Vale do São Francisco começou a exportação de frutas.
00:00:58E os produtores estão preocupados se vão conseguir exportar mangas e uvas para os Estados Unidos por causa da taxação elevada.
00:01:06Produtores de pimenta do Reino do Norte do Espírito Santo estão armazenando a colheita e aguardam definições sobre as tarifas dos Estados Unidos.
00:01:15Em Roraima, a cheia dos rios deixa comunidades indígenas isoladas e destrói lavouras.
00:01:23No Rio Grande do Sul, enchente de junho causou atraso na semeadura do trigo e prejuízos na produção de citros.
00:01:32A culinária rural em alta nas redes sociais.
00:01:35Você vai conhecer histórias de pessoas que apostaram na gravação de Receitas da Roça e fazem o maior sucesso.
00:01:45Essa semana, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, assinou o decreto que oficializa a tarifa de 50% ao Brasil.
00:02:10Alguns produtos, como a laranja, ficaram de fora e os outros, se nada mudar, serão taxados a partir de quarta-feira.
00:02:19No Espírito Santo, produtores de pimenta do Reino se preparam para a queda nos preços.
00:02:25Na propriedade do José, em Jaguaré, os pés de pimenta do Reino estão carregados.
00:02:30Excelente qualidade, produtividade e ganho de peso excelente para a pimenta.
00:02:38O Espírito Santo deve colher em torno de 90 mil toneladas de pimenta do Reino.
00:02:4415% a mais que na safra passada.
00:02:47Mas com o anúncio das tarifas do governo dos Estados Unidos, o preço em uma semana foi de 30 para 25 reais.
00:02:55Quase um quarto da produção do Estado vai para o país norte-americano.
00:03:01Por isso, José decidiu vender só metade do que colher.
00:03:06A outra metade, essa o produtor preferiu armazenar.
00:03:10Ele vai esperar como o mercado vai se movimentar para tomar uma decisão.
00:03:14Eu vou aguardar para depois botar a venda.
00:03:17No momento, enquanto eu não decidir, eu não vou vender.
00:03:20O Jarbas, que também planta a pimenta do Reino em Jaguaré, tomou a mesma decisão.
00:03:26Ele acredita que a situação deve se normalizar em breve.
00:03:30São poucos países no mundo que acabam produzindo e tem um volume significativo igual nós temos e de boa qualidade.
00:03:36Então, acho que a gente vai conseguir atingir novos mercados e, consequentemente, essa pimenta vai acabar chegando aos americanos de qualquer jeito.
00:03:43O presidente da Associação Brasileira de Especiarias afirma que estocar a pimenta do Reino é a melhor alternativa nesse momento de incerteza do mercado internacional.
00:03:56A pimenta do Reino e o café são produtos que podem ficar armazenados por um tempo.
00:04:01Então, isso dá uma certa tranquilidade para a gente conseguir aí um acordo entre os governos, diferente de outros produtos que são perecíveis.
00:04:10É, essa coisa do produto perecível é o drama dos agricultores do Vale do São Francisco.
00:04:17Se os Estados Unidos taxarem mesmo a exportação de frutas como manga e uva, as perdas podem ser enormes.
00:04:25As embalagens que já deveriam estar com mangas enchendo os contêineres e acaminho dos Estados Unidos ainda estão vazias.
00:04:34Máquinas paradas e funcionários sem muito o que fazer.
00:04:37Já a Sene tem três filhos e trabalha nesta fazenda há sete anos.
00:04:43Agora está com medo de perder o emprego.
00:04:45Estou um pouco preocupada porque eu dependo daqui, meu salário.
00:04:49E eu fico preocupada porque se a empresa não tem como se manter, então eu vou ter que sair.
00:04:56No ano passado, nesta mesma época, os fumares estavam cheios de trabalhadores.
00:05:01Mas dessa vez, por conta da indefinição da exportação para os Estados Unidos, as contratações ainda não começaram.
00:05:09Mesma realidade de muitas propriedades no Vale do São Francisco, maior produtor e exportador de mangas do Brasil.
00:05:16A região colhe em torno de 1 milhão e 200 mil toneladas por ano.
00:05:22Duzentas e cinquenta e três mil para exportação.
00:05:25E cerca de um quinto disso vai para os Estados Unidos.
00:05:29Mas com a taxação imposta pelo governo do país norte-americano, os produtores estão apreensivos.
00:05:35A previsão para esse ano era de exportar 48 mil toneladas de mangas para o mercado americano.
00:05:42Com essa cobrança da tarifa, isso pode cair até 70%.
00:05:48Ou seja, a gente teria em torno de 35 mil toneladas para ser redirecionadas.
00:05:53E aí teríamos o mercado interno que já não tem o poder de absorção desse volume em tão curto espaço de tempo.
00:05:59Então isso pressionaria os preços da manga comercializada aqui na região, podendo chegar a níveis que inviabilizem até a colheita da fruta.
00:06:08Essas mangas aqui, todas, elas iriam para os Estados Unidos.
00:06:13Eu vou pegar uma delas aqui e a gente pode ver, olha, a manga está boa, está bonita, está consumível.
00:06:20Mas infelizmente ela não vai mais poder ser exportada.
00:06:24Para chegar até os Estados Unidos, a fruta leva até 30 dias.
00:06:28É uma corrida contra o tempo e as frutas não podem esperar.
00:06:33A manga vai para o mercado americano é um ponto de maturação específico para suportar o tempo de viagem, né?
00:06:39Então se a gente for esperar 10, 12 dias para essa fruta ir para o mercado americano, ela não tem mais tempo de prateleira.
00:06:45Só nesta fazenda são cerca de 700 mil frutas que irão para o mercado interno.
00:06:51Quem planta uva também está na mesma situação.
00:06:54Esta cooperativa reúne produtores e exportadores da fruta nos estados da Bahia e Pernambuco.
00:07:01No ano passado, o Vale exportou para os Estados Unidos 13.800 toneladas de uva.
00:07:07Redirecionar para outros mercados, isso faz com que haja uma movimentação muito grande e de muito volume em alguns mercados,
00:07:16principalmente no mercado nacional, onde esses preços podem cair significativamente.
00:07:22Isso pode causar um resultado para o produtor que não lhe remunere nem o custo de produção.
00:07:29A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados
00:07:34defende que os alimentos sejam deixados de fora do tarifácio.
00:07:39Pegar essa fruta e mandar para a Europa vai derrubar o preço na Europa, vai ser ruim também.
00:07:43Se deixar no mercado interno, também vai ser ruim.
00:07:46Então, isso nós precisamos resolver à base do diálogo, da prudência, do bom senso, da flexibilidade.
00:07:54A Associação dos Produtores de Frutas acompanha as negociações do Brasil com os Estados Unidos
00:08:00e acredita que o setor ainda possa conseguir uma isenção nas tarifas.
00:08:05A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em junho deixou muitas marcas.
00:08:10Os agricultores lutam para se recuperar de mais um prejuízo.
00:08:15O milharal ainda está em pé, mas daqui não sai mais produção.
00:08:20Olhando a lavoura hoje, é até difícil acreditar que há um mês ela estava assim.
00:08:26O Rio Jacuí tomou conta dos 12 hectares de plantação dessa propriedade em Rio Pardo.
00:08:31As plantas ficaram submersas por 20 dias.
00:08:34O milho não estava bem granado, aí o que acontece?
00:08:39O grão mofou dentro da espiga, porque ficou muito tempo dentro da água.
00:08:45E o pé morreu, o pé está morto, liquidado.
00:08:49E contaminado com a água suja da enchente.
00:08:53Sem o milho, falta comida para os animais.
00:08:56O custo de produção cresce e a produtividade diminui.
00:09:00Eu comprei mais de 500, 600 toneladas de silagem a preço alto, mas o que vão fazer?
00:09:07Os animais têm que ser alimentados, né?
00:09:09No Rio Grande do Sul, 174 municípios registraram estragos na cheia de junho.
00:09:15O Departamento de Pesquisa Agropecuária do Estado aponta que, em vários pontos,
00:09:20a chuva foi mais de 200 milímetros acima da média para o mês.
00:09:24E os impactos foram sentidos em diferentes culturas.
00:09:28Nas frutíferas, principalmente nos citros, rachadura de frutos, atraso na semeadura do trigo,
00:09:36em função da alta umidade do solo, em junho mesmo, após as chuvas.
00:09:42E aí a necessidade de ressemeadura em algumas áreas, porque lavou o solo, perdendo semente, adubo.
00:09:50O excesso de chuva também causou danos estruturais.
00:09:53Mas aqui existiu um açude que estourou com a quantidade de água.
00:09:57Cerca de 500 quilos de peixe foram perdidos.
00:10:01Em primeiro lugar, eu perdi água. Em segundo, foram os peixes, né?
00:10:04E aí a taipa, tudo foi junto, né? Limpou.
00:10:08Na mesma propriedade, também em Rio Pardo, perda na produção de hortaliças e de frutas.
00:10:13Nós perdemos 2 mil quilos de fruta, mais ou menos.
00:10:16Por conta da chuva, deu um mofo e as frutas começaram a cair.
00:10:21E aí essa alface, rúnculo, essas coisas destruíram tudo.
00:10:25Couve-flor, pretinho toda.
00:10:27É que a chuva sempre é danada, né?
00:10:29Ela sempre destrói quando ela vem pesada, que nem vem a saúde.
00:10:33Os produtores tentam se recuperar.
00:10:36É hora de plantar mais uma vez.
00:10:38Não adianta nem pensar pra trás, é recomeçar e recomeçar sempre.
00:10:44Em Goiás, os agricultores estão colhendo a safra de algodão.
00:10:48As lavouras de sequeiro sofreram pouco com a falta de água.
00:10:53Nessa fazenda em Cristalina, leste de Goiás, o algodão ocupa uma área de 8 mil hectares.
00:11:00As máquinas já estão retirando as plumas do campo.
00:11:04Toda a produção é destinada ao mercado externo.
00:11:07Países como Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Paquistão, Índia, China têm grandes indústrias têxteis, né?
00:11:15E que acabam absorvendo boa parte da produção brasileira em função, principalmente, da indústria nacional ainda estar em crescimento e não consegue absorver toda a produção brasileira.
00:11:24Na fazenda do Carlos Moresco, em Lusiânia, são pouco mais de 1.700 hectares destinados ao cultivo da fibra.
00:11:33Na área irrigada, o agricultor espera uma produtividade de 400 arrobas por hectare.
00:11:39Situação bem diferente no sistema de sequeiro.
00:11:42Esse ano nós vamos colher em torno de 25% a menos de produtividade em função da seca.
00:11:50Os agricultores dizem que a queda na produção da pluma neste ano é resultado de um veranico mais longo, entre os meses de fevereiro e março.
00:11:59Aqui nesta fazenda em Cristalina, por exemplo, foram 45 dias sem cair uma gota d'água do céu.
00:12:05A área irrigada é uma segurança, um drible contra um período de seca.
00:12:10Nós temos a área irrigada na fazenda, porém, não é toda a nossa área.
00:12:13Nós temos uma área bem considerável de sequeiro, no qual nós não contamos com essa saída.
00:12:19Segundo a estimativa da Conab, Goiás deve colher mais de 134 mil toneladas de algodão neste ciclo.
00:12:2811% a menos que na última safra.
00:12:31Nesse início de colheita, existe uma preocupação a mais com o preço pago pela Arroba.
00:12:37O preço da pluma caiu bastante mundialmente, então nós estamos aí com em torno de R$ 125,00, R$ 128,00 a Arroba,
00:12:48que é um preço bem abaixo do que foi comercializado no ano passado.
00:12:54A queda no preço da Arroba do algodão se deve principalmente a uma redução nas vendas para o exterior.
00:13:01E falando em exterior, vamos ver como ficou a cotação dos principais produtos agrícolas nas bolsas internacionais no mês de julho.
00:13:09O cacau caiu 14%, café com nilon 8%, soja 5,8%, café arábica 3,8% e o algodão 0,6%.
00:13:21Já o trigo subiu 0,7%, milho 1%, açúcar 4,8% e o suco de laranja 9,8%.
00:13:32Aqui no mercado interno, os preços do boi reagiram um pouco essa semana.
00:13:38Em Gurupi, Tocantins, a Arroba Vista foi negociada na sexta-feira por R$ 270,00, o mesmo preço de Feira de Santana, na Bahia.
00:13:46Pirapózinho, São Paulo, R$ 300,00.
00:13:49A média CPI, com os preços do estado de São Paulo, fechou em R$ 294,35, uma alta na semana de 0,9%.
00:13:58Vamos ver agora outras notícias do campo.
00:14:03Em São Paulo, a colheita do café está avançando bem.
00:14:06O estado deve produzir mais de 5,5 milhões de sacas de 60 quilos, pouco acima do conseguido na safra passada.
00:14:14E como boa parte do que é colhido vai para fora do país, os agricultores estão conseguindo aproveitar a forte valorização dos preços no mercado externo,
00:14:23que subiram mais de 25% em 12 meses.
00:14:26No primeiro semestre deste ano, o Brasil deixou de exportar mais de 450 mil sacas de café por conta da falta de infraestrutura nos portos do país.
00:14:37Um impacto de mais de R$ 1 bilhão nas receitas do setor.
00:14:42Além disso, só em junho, os custos adicionais com armazenagem superaram os R$ 3 milhões.
00:14:48Em Santa Catarina, há poucos meses do início da colheita da cebola, uma força-tarefa composta por consultores do SEBRAE
00:14:56está vistoriando propriedades rurais no município de Ituporanga.
00:15:01O objetivo é orientar os produtores sobre as legislações trabalhistas e garantir boas condições de trabalho.
00:15:08O município, que tem a maior área plantada com cebola no país, registrou 86 casos de trabalho análogo à escravidão nas lavouras ano passado.
00:15:18Camas, colchões, cobertores, armários, banheiros e água potável são avaliados nos alojamentos.
00:15:27Imagine só cultivar hortaliças dentro de piscinas.
00:15:31Cris, foi usando essa técnica ainda pouco conhecida no Brasil que uma empresa de São Paulo conseguiu reduzir custos e aumentar a produtividade.
00:15:42Veja na reportagem do Pedro Málaga.
00:15:46Um cultivo sem terra.
00:15:50Aqui as hortaliças criam raízes na água.
00:15:54Esse é o conceito da hidroponia, técnica que dispensa o uso do solo do plantio.
00:16:05O que as plantas comem no sistema convencional com solo, na hidroponia tradicional, nesses sistemas, é a mesma coisa.
00:16:11Ela se alimenta dos mesmos nutrientes, a diferença é como esses nutrientes são ofertados e em qual momento eles são ofertados.
00:16:17O Tiago trabalha numa empresa em São Roque, São Paulo, que decidiu ir além da hidroponia tradicional para produzir mais, gastando menos.
00:16:27A resposta estava do outro lado do oceano.
00:16:30Foi na Holanda que os donos conheceram um novo método, o floating.
00:16:36Do inglês para o português, floating significa flutuando.
00:16:40É exatamente o que ocorre nesse cultivo de hortaliças.
00:16:43Numa piscina, bandejas com mudas de alface flutuam.
00:16:47Assim, as raízes das plantas ficam inteiramente debaixo d'água por uns 30 dias.
00:16:53É como se elas navegassem do plantio à colheita.
00:16:57O floating, na verdade, é uma técnica muito difundida no mundo, principalmente no hemisfério norte.
00:17:02Ela não é comum aqui no Brasil.
00:17:04No Brasil, nós somos a primeira empresa a produzir hortaliças no floating em escala comercial.
00:17:10Na hidroponia convencional, as mudas são colocadas em canaletas e a água com nutrientes apenas passa pelas raízes.
00:17:19No floating, a solução não corre.
00:17:23As raízes ficam o tempo todo submersas.
00:17:28O arita em piscinas que usam a mesma água há dois anos.
00:17:32A gente tem uma economia nas piscinas da ordem de 60% versus a hidroponia tradicional.
00:17:37Por um grande básico motivo.
00:17:39Na hidroponia tradicional, a cada 30 ou 40 dias, você precisa descartar a solução nutritiva do reservatório,
00:17:47porque ela começa a ficar desbalanceada.
00:17:50Nas piscinas, você faz uma correção constante, repondo apenas o nutriente que as plantas estão consumindo.
00:17:58Isso porque o floating permite que o volume de solução nutritiva por planta seja até 15 vezes maior que no sistema tradicional.
00:18:06E aí, as correções ocorrem a cada semana.
00:18:10Como na hidroponia convencional, o reservatório é menor e podem surgir vazamentos nas canaletas,
00:18:16a reposição de nutrientes precisa ser feita algumas vezes ao dia.
00:18:21Mas tem uma desvantagem.
00:18:23No método tradicional, a água corrente garante o oxigênio das plantas.
00:18:28No floating, isso não ocorre, já que a água fica parada.
00:18:32Para driblar esse desafio, foi necessário investir num aparelho capaz de captar o oxigênio do ar
00:18:39a uma concentração que permite que ele seja injetado na água sob a forma de nanobolhas.
00:18:45O custo do dispositivo corresponde a 10% do valor total de implantação do floating.
00:18:53Como é um método ainda pouco conhecido no Brasil, é difícil encontrar os equipamentos necessários para fazer a estrutura funcionar.
00:19:02É o caso das plataformas flutuantes que posicionam as mudas na piscina.
00:19:07Foi preciso um pouco de criatividade para colocar a ideia em prática.
00:19:10No nosso projeto artesanal, eu comprei as placas numa papelaria.
00:19:15É como a gente faz trabalho de escola para os filhos, enfim.
00:19:18E foi com isso que a gente fez os testes.
00:19:20Para fazer em escala comercial, eu precisei desenvolver as placas.
00:19:23E fizemos o nosso modelo próprio aqui para poder produzir em escala comercial.
00:19:31Quando sai o mar de nutrientes, entra a água corrente.
00:19:36Depois de colhidas, as verduras são trazidas para esta fábrica.
00:19:42Aqui, passam por um processo antes de irem para o mercado como salada.
00:19:48Separadas das raízes, as folhas são higienizadas e vão para o enxado.
00:19:54Passam pela esteira, caem no balde e seguem para as mãos da douralice.
00:20:01Ela tem a delicada tarefa de selecionar as folhas que serão embaladas.
00:20:08Às vezes tem algumas que tem uma bordinha meio queimada, ou tem que tirar um pedacinho, assim, a gente tira, ó.
00:20:13Aí ela segue.
00:20:15Bastante cuidado.
00:20:16Muito cuidado, muito cuidado, muita atenção e carinho com as folhas.
00:20:21Além de quase não terem falhas, as hortaliças que chegam aqui são mais pesadas.
00:20:26Toda a parte de nutrição que acontece no sítio faz com que essa planta, ela cresça mais.
00:20:33Você vê que uma planta no float, ela vem com raízes maiores do que plantas de um sistema convencional.
00:20:39São 45 toneladas de hortaliças produzidas por mês no sistema floating.
00:20:46Por enquanto, a empresa só vende para o estado de São Paulo, já que é um produto que não resiste a longas distâncias.
00:20:52Mas isso é questão de tempo.
00:20:54Daqui para frente, a gente espera continuar evoluindo, né?
00:20:58A gente tem um sonho de levar a nossa empresa para ser a primeira empresa de saladas operando em todo o território brasileiro.
00:21:05Segundo os proprietários, a manutenção desse tipo de cultivo em piscinas tem um custo cerca de 40% menor que na hidroponia convencional.
00:21:26Hora de tirar a sua dúvida.
00:21:28Você pergunta e a gente leva para um especialista, Cris.
00:21:32Nelson, o Adriano de Uberaba, Minas Gerais, mandou a foto do chuchu que ele tem em casa e quer saber por que o fruto cai do pé antes de amadurecer.
00:21:43A Bruna Marim foi buscar a resposta.
00:21:46Bom dia, Adriano.
00:21:47Para tentar entender o que está acontecendo com o chuchu aí na sua casa, eu converso com o Galderes Magalhães,
00:21:54que é agrônomo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, o INCAPER.
00:22:00Então, Deres, por que o chuchu cai do pé antes de se desenvolver?
00:22:05Então, o chuchu cai do pé por três fatores.
00:22:08O primeiro fator, o fator nutricional, onde essa planta talvez não está sendo nutrida adequadamente.
00:22:14A primeira coisa que o Adriano vai ter que fazer é realizar uma análise de solo e fazer uma recomposição nutricional de acordo com a recomendação técnica.
00:22:22Como você diz, ter apenas um pé de chuchu na sua casa, Adriano, talvez não compense fazer a análise de solo.
00:22:31Por isso, o Galderes recomenda uma outra opção.
00:22:34Nesse caso, ele pode ou ir numa casa agropecuária.
00:22:37Normalmente, elas vendem pequenos pacotes de adubos formulados.
00:22:41Aí ele pediria um com micronutrientes, cálcio, magnésio e, essencialmente, também o boro, que é o que garante o melhor pegamento do fruto.
00:22:49Ou então, visitar alguma propriedade rural e conseguir esterco de animais que vai nutrir a planta dele.
00:22:56Ele pode fazer uma adubação inicial e fazer pelo menos aí umas três a quatro coberturas.
00:23:01Ou seja, fazer a reaplicação desse fertilizante de dois em dois meses.
00:23:07O segundo fator que pode causar a queda precoce do fruto é a falta de abelhas para fazer a polinização.
00:23:14Se for uma área de produção grande, ele pode ir lá pegar uma colmeia de abelhas, sem ferrão de preferência,
00:23:22colocar próximo dessa parreira dele.
00:23:25Ou então, planta de quintal, ele pode ir lá fazer um melaço, água com açúcar,
00:23:30e dispor para atrair abelhas ou outros insetos que vão contribuir com essa polinização.
00:23:35Por fim, se nada disso resolver o problema, Adriano,
00:23:39fique atento ao clima da sua região.
00:23:41Temperaturas muito altas podem atrapalhar o processo de polinização da flor.
00:23:48O chuchu, ele se desenvolve bem de 17 a 27 graus.
00:23:52Então, a alta temperatura, ela tira a viabilidade do pólen.
00:23:55Quando ela tira a viabilidade do pólen, mesmo que o inseto vá lá,
00:23:59coleta esse pólen no órgão da flor masculina e leve para a flor feminina,
00:24:03aquele pólen vai estar inviável e não vai fecundar a flor feminina, garantindo aí a produção do fruto.
00:24:08Adriano, as temperaturas muito baixas também podem prejudicar a polinização das flores do pé de chuchu.
00:24:16Você já viu uma orquídea deste tamanho?
00:24:20Olha só, mais de um metro e meio de altura.
00:24:23Quem mandou a foto foi a Cláudia Renata, de São José do Rio Preto, São Paulo.
00:24:28Ela quer saber o que fez a planta crescer tanto.
00:24:32Cláudia, o agrônomo Shukit Kurosawa, consultor do Globo Rural,
00:24:37disse que essa é a orquídea mariposa, uma variedade muito comum no Brasil.
00:24:42Tem a versão miniatura, que não chega a 30 centímetros,
00:24:45e a padrão, que pode passar de um metro.
00:24:49E além da questão genética, sua planta pode ter crescido bastante também
00:24:52pela forma como você cuida dela.
00:24:55Cláudia, está muito bonita.
00:24:57O Sebastião, de Américo Brasiliense, São Paulo, quer começar um plantio de pitaia
00:25:02e pede uma cartilha.
00:25:04Sebastião, vamos lá, pegue o seu celular, abra a câmera e aponte para o código
00:25:09que está aparecendo no cantinho da tela.
00:25:11Você já vai ter acesso a essa publicação da Emater de Minas Gerais,
00:25:15que reúne informações para o cultivo dessa fruta exótica, linda e muito apreciada pelos brasileiros.
00:25:21O livrinho mostra desde a escolha da área para fazer os canteiros
00:25:25até a colheita da pitaia.
00:25:28O link para baixar o material também fica disponível lá no nosso site,
00:25:32g1.com.br barra Globo Rural.
00:25:35É de graça.
00:25:36Caso que vem de Rinópolis, São Paulo,
00:25:39o Sérgio da Costa tem uma égua que rejeitou o potrinho recém-nascido.
00:25:44E ele não sabe se o filhote tomou o colostro, o primeiro leite da mãe.
00:25:49A dúvida é como alimentar esse animal a partir de agora.
00:25:54Eu conversei com uma veterinária para te dar algumas orientações.
00:26:01Sérgio, embora não haja uma estatística precisa,
00:26:04a rejeição de potro é um acontecimento relativamente comum
00:26:08e pode ser fatal ao recém-nascido.
00:26:11Quem nos adverte sobre isso é a Ana Flávia Grilo,
00:26:14que trabalha com assistência neonatal em Tietê, município do oeste do estado de São Paulo.
00:26:20Ana Flávia, o que precisa ser feito uma vez constatada a rejeição?
00:26:25Olha, geralmente as rejeições acontecem nas éguas primíperas,
00:26:28que são éguas de primeira cria.
00:26:30E uma vez constatada, você deve garantir que esse potro receba as imunoglobulinas,
00:26:34que é feita através do colostro.
00:26:36São os tais anticorpos.
00:26:37São os anticorpos.
00:26:38Então deve-se garantir que ele mome o colostro.
00:26:41E que prazo que isso tem que ser feito?
00:26:43É num prazo bem curto, entre as primeiras 8 e 10 horas de vida,
00:26:46você deve fornecer esse colostro para o potro.
00:26:48Sérgio, esse é o famoso plano B da criação de potros.
00:26:52Guardar no freezer mamadeiras com leite das éguas recém-paridas.
00:26:57Todo aras, hospitais de equinos costumam ter.
00:27:01Aí é só descongelar e dar ao enjeitado.
00:27:04Ana Flávia, agora o Sérgio disse que não sabe se o potro mamou colostro o suficiente ou não
00:27:10e que ele tá dando leite de vaca diluído com água e dextrina, que é um suplemento de amido, né?
00:27:16Isso, o assunto.
00:27:17Pergunta, tá correto isso?
00:27:19Olha, nesse caso, ele deve procurar dosar as imunoglobulinas desse potro
00:27:23pra garantir que houve a transferência de imunidade passiva.
00:27:26A imunidade passiva nada mais é do que a garantia de que esse potro recebeu anticorpos suficientes.
00:27:33É um exame de sangue, é coletado o sangue do potro, pode ser feito na propriedade com testes rápidos
00:27:38ou enviar ao laboratório pra quantificar essas imunoglobulinas,
00:27:41pra garantir que esse potro teve os anticorpos transferidos.
00:27:45Esse kit é vendido nas casas de produtos veterinários e também está disponível em hospitais de equinos.
00:27:51Se o exame mostra que o potrinho não adquiriu os anticorpos, ele vai precisar tomar na veia uma transfusão de plasma.
00:27:59É um soro feito a partir de animais hiperimunizados, se retira o plasma e se administra no potro
00:28:06pra garantir que ele tenha esses anticorpos.
00:28:08Mas estaria correto dar o leite de vaca junto?
00:28:11Olha, existem no mercado formulações comerciais que são próprias pra espécie equina,
00:28:15que é o mais recomendado nesses casos.
00:28:17Ah, seria um leite em pó?
00:28:18Sim, é um leite em pó, um substituto do leite, que é o que mais se assemelha nutricionalmente ao leite de égua,
00:28:23que seria a melhor opção nesses casos em que não há disponibilidade de leite da égua.
00:28:27E aí vai ter que criar na mamadeira?
00:28:30Você pode criá-lo na mamadeira, mas a melhor opção é que se ache uma ama de leite,
00:28:35uma égua com boa habilidade materna e produção de leite que possa adotar esse potrinho.
00:28:39A égua, além dela fornecer a dieta normal dele, que é o leite,
00:28:43ela vai auxiliar nesse desenvolvimento social dele.
00:28:46Ele aprende a comer, aprende a viver como cavalo mesmo, com animais da própria espécie.
00:28:52Sérgio, a gente espera que dê tudo certo por aí.
00:28:55Vida longa, o seu potrinho!
00:28:58Quer participar do Globo Rural?
00:28:59Mande uma mensagem pra gente, anote aí o número do nosso WhatsApp,
00:29:0211 98895 5505.
00:29:08Vale enviar texto, foto e vídeo.
00:29:10E não se esqueça de colocar sempre o seu nome e o do seu município.
00:29:14Agora, a programação do campo.
00:29:18Em Minas Gerais, congresso sobre doenças de plantas em Lavras,
00:29:24seminário de apicultura e feira do bode em Turmalina,
00:29:30encontro sobre agricultura regenerativa em Chapecó, Santa Catarina,
00:29:34e de agricultura familiar em Santa Rosa, Rio Grande do Sul.
00:29:38Palestra sobre empreendedorismo feminino no campo em Lucélia, São Paulo.
00:29:44No Paraná, exposição de flores em Pato Branco e feira de agricultura familiar em Santa Helena.
00:29:51Festa da banana em Paraty, Rio de Janeiro.
00:29:54E do bode em Mossoró, Rio Grande do Norte.
00:29:58E tem mais evento em nosso segundo giro de notícias.
00:30:02Termina hoje a Expo Acre, a maior feira agropecuária do estado.
00:30:06O evento, que acontece no Parque de Exposições de Rio Branco,
00:30:09conta com expositores que trouxeram equipamentos e serviços para os agricultores.
00:30:13Também houve exposição de animais.
00:30:15Além disso, a feira abre espaço para que pequenos produtores,
00:30:18como os da cadeia do mel, possam vender diretamente para o público.
00:30:21No Rio Grande do Sul, 19 tutores de cachorros foram indiciados por ataques a rebanhos de ovelhas.
00:30:28Há duas semanas, o Globo Rural mostrou o caso.
00:30:32Em um mês, 360 ovelhas morreram e 194 ficaram feridas.
00:30:37A Rede de Proteção Ambiental e Animais vem monitorando os ataques pelo estado
00:30:42e prepara uma cartilha com orientações de prevenção aos produtores.
00:30:47No Distrito Federal, dois servidores do IBGE morreram durante o combate
00:30:52a um incêndio florestal em uma reserva do órgão.
00:30:56Manuel José de Souza Neto e Valmir de Souza e Silva
00:30:59eram funcionários do instituto desde o começo dos anos 80
00:31:03e trabalhavam na brigada de incêndio.
00:31:06Este vídeo mostra os dois bem próximos ao fogo, momentos antes de desaparecerem.
00:31:11O motorista do caminhão-pipa conseguiu escapar das chamas.
00:31:15A Polícia Civil investiga o caso.
00:31:17O Ministério da Agricultura publicou uma portaria que regula a importação
00:31:21de sementes de cannabis ativa.
00:31:24O objetivo da medida é facilitar o cultivo da planta para pesquisa e uso medicinal no país.
00:31:28As sementes deverão respeitar os critérios sanitários de importação
00:31:32e estar acompanhadas de um certificado,
00:31:34que garante, entre outras coisas, que o material foi inspecionado
00:31:38e está livre de pragas e doenças.
00:31:40Domingo é dia de reunir a família e preparar aquele almoço caprichado.
00:31:46E receita de roça, Nelson, é sempre uma boa pedida, né?
00:31:50Pois olha, Cris, a inspiração pode vir da internet hoje, né?
00:31:55Tem gente que faz o maior sucesso nas redes sociais ensinando as delícias do campo,
00:32:01como mostra o repórter Bruno Mendes.
00:32:03É dessa chácara em Cocalzinho de Goiás que saem vídeos de receitas como essa,
00:32:09que arrancam suspiros na internet.
00:32:12Se você nunca fez rosca caseira em casa, essa é a sua chance.
00:32:16Frango frito com esse copão de molho.
00:32:18A gente não podia ficar fora dessa.
00:32:20A Dani e a Nilza têm mais de 800 mil seguidores em uma rede social.
00:32:25Mãe e filha ganham a vida ensinando as delícias da roça.
00:32:29Nós gravando aqui, aí traz assim aquele ar de aconchego, de roça, de sítio.
00:32:36O cenário das gravações é sempre a chácara da família,
00:32:40de onde vem alguns dos ingredientes usados nas receitas.
00:32:46Aqui elas cultivam frutas e mandioca.
00:32:50O quintal verdinho, o fogão a lenha, as panelas e vasilhas esmaltadas
00:32:56tornam o ambiente ainda mais agradável.
00:32:58Com o celular, as duas gravam o passo a passo das receitas.
00:33:03Colocando fermento, ovo, óleo, açúcar, a água e misture tudo muito bem.
00:33:08Elas já mostraram o preparo de arroz carreteiro.
00:33:10Super molhadinho e fica uma delícia.
00:33:13De macarrão no disco de arado.
00:33:15Super saboroso.
00:33:16Mas a especialidade da dupla são as quitandas,
00:33:19como pães, bolos e essa rosca de queijo.
00:33:22Com o sucesso nas redes sociais,
00:33:28a Nilza deixou o trabalho de vendedora e veio morar de vez na chácara.
00:33:32A Dani se formou em análise de sistemas e, graças aos vídeos,
00:33:39pôde trabalhar com a paixão que tinha desde criança.
00:33:43Mas não se enganem, dá um trabalho danado.
00:33:45Para gravar um vídeo, mãe e filha geralmente demoram de duas a três horas,
00:33:50a depender do prato que está sendo preparado.
00:33:53E para editar o material depois, são mais duas horas.
00:33:56Tem que pensar em tudo, em roteiro, na edição de vídeo,
00:34:00em receitas novas para mostrar para o público.
00:34:02Então, é um trabalhinho.
00:34:04Um dos primeiros vídeos publicados por elas
00:34:07foi esse frango frito na panela de pressão.
00:34:11A receita teve mais de 58 milhões de visualizações.
00:34:16A gente nunca imaginou que ia dar tão certo.
00:34:18A gente até fez um fogãozinho improvisado
00:34:20e fizemos o almoço e postamos e deu muito certo.
00:34:24E explodiu.
00:34:24E explodiu.
00:34:26Há pouco mais de 100 quilômetros dali,
00:34:30no município de Planaltina, Goiás,
00:34:33encontramos outro sucesso nas redes sociais.
00:34:36A dona Maria Antunes,
00:34:38cozinheira de mão cheia,
00:34:40que virou influencer digital.
00:34:42Vocês têm pão amanhecido em casa?
00:34:44Que tal nós fazer um pudim de pão?
00:34:46Vem comigo que eu vou ensinar.
00:34:48A vovó Maria, como é conhecida pelos seus quase 800 mil seguidores,
00:34:53foi criada na roça e aprendeu a cozinhar com a mãe.
00:34:56Eu comecei a fazer comida, eu tinha mais ou menos uns sete anos,
00:35:00porque minha mãe precisava trabalhar, né?
00:35:02Aí minha mãe caçava um toque e o fogão não era alto,
00:35:06era baixo, era fogão caipira, porque não existia fogão a gás.
00:35:09Nem a Laila fazia ideia do sucesso.
00:35:17Hoje, a neta trabalha com a avó.
00:35:19Ela é quem grava, edita e posta os vídeos.
00:35:23Tipo, eu venho pra cá cedo, aí a gente decide o que a gente vai fazer.
00:35:26A gente grava almoço, grava lanche da tarde,
00:35:29aí às vezes tem publicidade, aí a gente sai, grava.
00:35:32Esse aí é o bolinho perfeito pra tomar café.
00:35:35Olha aí que delícia que fica.
00:35:37Fica bem sequinho.
00:35:38Outra neta, a Michele, é responsável por gerenciar as contas.
00:35:43Fãs, que ela tem muitos segnetos, né?
00:35:46Que ela fala, aí também tem que responder todas as mensagens que chega,
00:35:50que é muita mensagem.
00:35:51O estilo da roça cativa o público e é marca registrada da vovó Maria.
00:35:57Sabendo disso, ela faz questão de manter os móveis mais antigos,
00:36:01da época da fazenda.
00:36:03Eu continuo com minhas panelinhas de ferro aqui,
00:36:06que eu gosto muito delas.
00:36:08principalmente dessa aqui, ó.
00:36:10Essa panela aqui foi do casamento da minha mãe.
00:36:12Vocês fazem o cargo pra vocês lerem.
00:36:14O fogão a lenha, companheiro de longa data, é indispensável.
00:36:18E o lenço na cabeça completa o figurino.
00:36:21Com o dinheiro das redes sociais, a aposentada já reformou a casa,
00:36:27comprou móveis e fez várias viagens.
00:36:31Em uma delas, realizou um dos sonhos, conhecer o mar.
00:36:36E agora, os próximos passos?
00:36:38Os próximos passos que eu quero é comprar uma chacra.
00:36:41E eu vou comprar, ainda vou te chamar pra você ir lá.
00:36:44Eu quero ir, hein?
00:36:45Eu quero ser o primeiro.
00:36:46É, vai ver.
00:36:49A onda das receitas da roça tá tão em alta na internet,
00:36:53que até influenciadores famosos estão se rendendo ao preparo dessas delícias.
00:36:59E aí, vamos fazer uma peixada comigo?
00:37:00A fazenda do Caio Afiune fica em Anápolis, na região central de Goiás.
00:37:06O ex-BBB tem mais de 6 milhões de seguidores.
00:37:10Ele sempre postou a rotina em eventos e as curiosidades da vida na roça.
00:37:17Vendo o sucesso das receitas, começou a gravar os pratos rústicos que aprendeu com a família.
00:37:23Minha avó sempre cozinhava muito, meu tio sempre cozinhava muito, minha mãe.
00:37:26Então, eu sempre fui reparando alguns detalhes que eles utilizavam.
00:37:30E fui tentando trazer pra cada prato.
00:37:32E aqui, nesse lindo cenário que a gente desafiou o Caio a preparar pra gente,
00:37:36uma receita que ele sabe fazer muito bem.
00:37:39Bom, vamos fazer a famosa rabada, né?
00:37:41O passo a passo é simples.
00:37:43Primeiro, ele sela a rabada em um disco de arado.
00:37:46Depois, pica tomate, cebola e alho.
00:37:50Tudo vai pra panela pra virar molho.
00:37:53Aí, ele adiciona a carne e o sal.
00:37:55Agora, é esperar uma hora na pressão.
00:38:01Qual que é o alcance desses vídeos?
00:38:03Nós temos um alcance aí de um milhão, um milhão e meio de pessoas por vídeo.
00:38:07A carne sai assim, suculenta, soltando do osso.
00:38:20Rapaz, mas que delícia!
00:38:22Ficou muito bom.
00:38:24O molho muito bem apurado, tempero na medida, carne desmanchando.
00:38:29Tá bom demais!
00:38:30Cris, a reportagem do Bruno Mendes é uma provocação, né?
00:38:40Dá pra tirar daí uma inspiração pro almoço.
00:38:43Pro almoço, pro café da manhã, pro café da tarde, tudo uma delícia.
00:38:47O Pará é hoje o maior produtor de cacau do Brasil.
00:38:51A valorização do produto estimula agricultores familiares.
00:38:56O cultivo se tornou uma ótima fonte de renda.
00:38:59E lá, Cris, ele ainda é amigo da natureza.
00:39:03Quase todo mundo planta no sistema agroflorestal.
00:39:07O cacau, no meio de outras árvores nativas da Amazônia.
00:39:11A reportagem é do César Daci e do Guilherme Timóteo.
00:39:20Este é o alimento dos deuses.
00:39:23Foi assim que o botânico sueco, Linneu, classificou o cacau, batizando-o de Theobroma.
00:39:35Em grego, Theos significa Deus e Broma, alimento.
00:39:41A escolha do nome foi perfeita, concorda?
00:39:43Aqui nós temos o alimento dos deuses para todos nós.
00:39:47E quando o agrônomo Fernando Mendes diz aqui, é aqui na Amazônia, terra do cacau.
00:39:57E mesmo sendo nativo daqui, os maiores produtores são hoje dois países africanos.
00:40:03Costa do Marfim e Gana respondem por 60% da produção mundial.
00:40:08No Brasil, o Pará, segundo o IBGE, é hoje o principal produtor, com mais da metade da produção nacional, superando a Bahia.
00:40:21A produção de cacau no Pará está concentrada nos municípios que compõem toda essa área verde no mapa.
00:40:28Em um estudo da Embrapa, constatou que as lavouras do estado estão diretamente associadas aos sistemas agroflorestais e também ao trabalho da agricultura familiar.
00:40:40Juntos, os 32 mil cacauicultores paraenses cultivam algo em torno de 230 mil hectares.
00:40:49Tudo em pequenas plantações, que muitas vezes não passam de 10 hectares.
00:40:53É um povo pequeno, que com o pouco que tem, faz essa indústria com mais de 150 bilhões de dólares por ano,
00:41:01que é a indústria do chocolate, que alimenta o europeu, o americano.
00:41:06O chocolate bom sai daqui.
00:41:10Muitos desses agricultores chegaram à região com a abertura da rodovia transamazônica,
00:41:16na década de 70 do século passado, época da ditadura.
00:41:21O presidente Médici inaugurou oficialmente os trabalhos de construção da rodovia transamazônica.
00:41:28Sob o lema, integrar para não entregar, a floresta foi obrigada a abrir espaço para o homem.
00:41:39O primeiro trabalho que teve quando o senhor chegou aqui era desmatar?
00:41:42Era desmatar e fazer o prontinho.
00:41:45Seu José Hamilton e Dona Maria Augusta vieram do Ceará e chegaram em Toméaçu em 1965.
00:41:53Naquela época, já encontraram muitas áreas desmatadas.
00:41:58Primeiro plantava arroz, milho e no segundo ano já plantava pimenta.
00:42:02Monocultivo.
00:42:03Monocultivo, né?
00:42:04E aí quando a pimenta ia mal para uma área, você abandonava aquela área e preparava outra.
00:42:10Começamos do nada.
00:42:13E fomos construindo nossa família, nossos filhos.
00:42:19Uma das joias é esse.
00:42:21É.
00:42:22Orleans.
00:42:22Orleans.
00:42:24Todos eles são...
00:42:25Cada um uma benção na minha vida, na nossa vida.
00:42:29Mas ele é o que está fazendo a continuação do pai, né?
00:42:35Orleans, que elogio de mãe, hein?
00:42:38Deixou emocionado e meio sem graça, né?
00:42:40É.
00:42:44Orleans continua o trabalho do pai, mas fazendo diferente.
00:42:50No dia de hoje, falar assim que você chegou numa área e desmatou, né?
00:42:53Desbravou.
00:42:54Era meio assustador hoje.
00:42:55Uhum.
00:42:56Mas era o recurso que tinha de sobrevivência naquela época.
00:42:59Mais de 50 anos depois, nós estamos aí com essa responsabilidade de fazer o caminho inverso.
00:43:06Hoje, dentro da propriedade, nós já temos tudo mapeado e a gente não desmata nenhuma área.
00:43:14E nessa contramão da antiga forma de cultivo, Orleans conta com o filho, Overlan, de 28 anos.
00:43:23Uma parceria na mão de obra e na troca de conhecimentos.
00:43:26O Overlan está fazendo agronomia, tá?
00:43:30Eu só consegui fazer curso técnico, então cada vez mais a gente procura melhorar.
00:43:36Meu pai trabalhou de uma forma, a gente está inserindo mais tecnologia.
00:43:41E o Overlan hoje está sendo preparado para assumir isso aqui mais tarde, com mais tecnologia ainda.
00:43:48Ah, é minha paixão, né?
00:43:49Cresci, me criei aqui no sítio, aqui na roça, na propriedade.
00:43:55Então, isso foi adentrando ali no meu DNA e hoje em dia eu não me vejo mais fora da propriedade rural.
00:44:04Ele, que conhecia a prática no campo, levou seus saberes para a sala de aula e trouxe outros dos professores.
00:44:11Foi na faculdade que descobriu que a irrigação que fazia estava mais para a molhação.
00:44:19A irrigação não é simplesmente só chegar e jogar água.
00:44:23Envolve cálculos, envolve dimensionamento, clima, vento.
00:44:29Tudo isso está em volta da irrigação para que a gente possa estar dando a quantidade certa de água que a planta necessita.
00:44:35Essa, que parece uma lavoura abandonada, é um cultivo de pimenta do reino que terminou seu ciclo e já cedeu espaço para as mudas de cacau.
00:44:46Então, aqui é um ciclo. Começa a pimenta a produzir com um ano e meio, o açaí começa a produzir com três anos e o cacau entra logo após o início do plantio dele, três anos e já está produzindo.
00:45:00Três anos.
00:45:00Hoje, a principal produção já é de cacau. São 35 hectares.
00:45:08As mudas aqui são clones, carregam características desejáveis em termos de produtividade e de resistência a doenças e a desafios do clima.
00:45:18Além disso, as plantas são bem tratadas com adubo, água e já respondem.
00:45:26Média nacional que está em torno de 900 a 1.000 quilos por hectare, a gente já está aqui em torno de 2.000 quilos por hectare.
00:45:35E tem margem ainda para aumentar?
00:45:37Com certeza. Com a medida do conhecimento que a gente vai adquirindo, novas tecnologias, com certeza a gente pode conseguir até mesmo dobrar essa produção que temos hoje.
00:45:47No cultivo que imita a floresta, a natureza agradece e os trabalhadores também.
00:45:55Eu trabalhava em outro lugar e era mais apertado, aquele negócio de sol, essas coisas, era mais agoniante, entende?
00:46:03Aqui é mais tranquilo.
00:46:06A sombra é uma benção. Agricultura, muitas pessoas não querem por causa do calor.
00:46:11E aqui não, é tranquilo. A gente trabalha o dia todo e não se cansa.
00:46:15É o fruto do nosso trabalho.
00:46:18Quem viu o antes e o depois, aprova a mudança.
00:46:22Mudou tudo, né?
00:46:23Você se sente alegre, você se sente satisfeito de ver uma beleza dessa, uma maravilha, né?
00:46:29Esse solo, como ele está coberto, micro-organismo, minhoca trabalhando dentro da área.
00:46:34E quando a gente vê essas plantas super carregadas de frutos, tanto cacau como açaí, é como o meu pai falou, hoje transformou.
00:46:43É outra tecnologia que se usa hoje, né?
00:46:48E o que o senhor acha dessa cultura do cacau?
00:46:50É boa. Na época que nós estamos agora, está a um bom preço, né?
00:46:55E a gente gosta de mexer com o cacau.
00:46:58É?
00:46:59Está rindo à toa.
00:47:00É.
00:47:00A alegria tem razão de ser. O preço está para lá de bom.
00:47:07Ao longo dos últimos quatro anos, o mercado internacional do cacau vem passando por fortes turbulências devido à instabilidade do clima.
00:47:16Costa do Marfim e Gana sofreram com chuva, depois com seca, o que reduziu drasticamente a safra e fez os preços dispararem.
00:47:25Mais de 300% no ano passado, em relação a 2023.
00:47:30E ainda hoje, continuam em níveis elevados.
00:47:35Os preços altos deixaram o mercado interno mais interessante para o produtor brasileiro.
00:47:42Orleans e outros 109 cacauicultores vendem sua produção para a cooperativa de Toméaçu.
00:47:49Até essa supervalorização, 80% das amêndoas iam para o Japão, que pagava até prêmio, um valor a mais para o cacau agroflorestal.
00:48:00Em torno de 3.800 dólares para este ano.
00:48:03Por tonelada.
00:48:04Por tonelada.
00:48:05O preço, alto demais, inviabilizou essa exportação e o cacau passou a ser vendido para o mercado interno, ainda recebendo mais.
00:48:14Em torno de mil, mil e poucos dólares aí por tonelada.
00:48:17O mercado interno não paga pelo sistema agroflorestal.
00:48:20Ela paga porque falta produto para a quantidade que a agroindústria daqui precisa.
00:48:27Com a alta no preço, claro, muita gente passou a cultivar cacau.
00:48:32E quando essas novas plantas iniciarem a produção...
00:48:36Esse aquecimento não vai durar a dia eterna.
00:48:39Provavelmente, este ano que vem, já vai começar, já tem o mercado, vai começar a reagir.
00:48:45Os compradores vão estar com o seu estoque abastecido e o preço deve cair.
00:48:49As perspectivas, segundo os analistas de mercado, é que em 2025 esse preço fique numa média entre 7 mil dólares e 8 mil dólares a tonelada.
00:49:00E que, para 2026, recue ainda um pouco mais, que fique entre 5 e 6 mil dólares a tonelada.
00:49:07Essa tem sido a tendência.
00:49:08Para manter seus ganhos, a cooperativa já tem a orientação aos produtores.
00:49:13A nossa recomendação é melhorar a produtividade por hectare e não a área em plantar.
00:49:21Produtividade. Maior produção numa mesma área e preservando as matas.
00:49:26Segundo o secretário de Agricultura do Estado, Giovanni Queiroz, o cacau já rende mais do que o boi, na realidade do Pará.
00:49:35O boi a pasto só te dá 700 reais por hectare ano.
00:49:40O cacau te dá 60 mil reais por hectare ano.
00:49:45Mas a ideia é melhorar ainda mais.
00:49:48E ele fez uma projeção.
00:49:50Nós temos hoje a maior produtividade do mundo, com 912 quilos por hectare, querendo elevar isso para 2 mil quilos por hectare.
00:49:58Em quanto tempo?
00:49:59Em 2030 nós queremos atingir 2 mil quilos por hectare.
00:50:04É o que o Orleans e o Overland já conseguem hoje.
00:50:09Sinal de que o caminho da convivência com a floresta pode dar muitos e bons frutos e garantir a permanência no campo.
00:50:17Esse sistema agroflorestal não tem volta.
00:50:20O mundo está pedindo isso.
00:50:22Então não tem como voltar para o monocultivo.
00:50:26A produção de cacau no Pará pode ir além da agrofloresta.
00:50:31Você vai conhecer agora um casal que faz um cultivo orgânico e agroecológico.
00:50:36A cultura se fortalece na região amazônica também graças à pesquisa.
00:50:41E gente encantada pelo cacau.
00:50:47Essa é uma coleção de pés de cacau.
00:50:5249 mil plantas diferentes de vários lugares.
00:50:58Trinidad, Tobago, Costa Rica, Peru, Venezuela, Colômbia e 17 mil só da Amazônia brasileira.
00:51:07Nós começamos a coletar cacau em 1965.
00:51:13Fizemos 17 expedições botânicas pela Amazônia.
00:51:18Em lugares que não se imaginava nem chegar.
00:51:21Não se imagina em 1965 você internalizar aqui na Amazônia, por dentro do rio Tocantins,
00:51:27para você coletar os primeiros materiais.
00:51:29O agrônomo Fernando Mendes ajudou a formar essa área da CEPLAC,
00:51:36a Comissão da Lavoura Cacaueira, no município de Marituba, no Pará.
00:51:41Esse é um banco de germoplasma, um dos maiores do mundo em genética de cacau.
00:51:47O banco de germoplasma é o lugar onde você guarda o maior tesouro genético de uma planta.
00:51:55Então, tesouros você guarda em banco.
00:51:59Aqui nós temos o tesouro do cacau.
00:52:05Você já percebeu que o doutor Fernando é um apaixonado, né?
00:52:10Daquelas pessoas raras de encontrar.
00:52:12E ele está sempre por aqui, observando as árvores em busca de algo que vale a pena ser melhorado pela pesquisa.
00:52:21Eu ando todo dia 24 quilômetros, venho feliz para cá, porque é aqui que está a minha vida.
00:52:30Eu estou aqui há 46 anos.
00:52:33Nós vimos essas plantas chegarem.
00:52:35Nós vimos essas plantas crescerem.
00:52:37É com ela que hoje tem 230 mil hectares no Pará.
00:52:46Eu fiz agronomia.
00:52:48E essa foi uma primeira lição que eu aprendi.
00:52:51Que o gênero agrônomo, ele tem que estar do lado,
00:52:56mas do lado, quase dentro da sociedade agrícola,
00:53:01para fazer com que o que ele aprendeu seja desse pessoal também.
00:53:05Um pessoal que luta para produzir e que muitas vezes só consegue visibilidade em feiras como esta,
00:53:15realizada em Belém.
00:53:18Aqui se saboreia o produto.
00:53:20É maravilhoso.
00:53:21Olha que grossura.
00:53:23Gente, esse é original.
00:53:25Ao mesmo tempo em que se divulga o modo de produzir.
00:53:28Eu vim também para conhecer um pouco mais da história das pessoas que fabricam chocolate no estado.
00:53:34É a produção do campo chegando a todos.
00:53:38Foi quando a gente realmente despontou.
00:53:41Estávamos lá tipo assim meio isolados e aqui a gente aparece.
00:53:45O local de isolamento a que Tomire se refere é o sítio da família.
00:53:50Uma área de 26 hectares e meio no município de Igarapé-Açu.
00:53:55Aqui o cacau não é apenas agroflorestal.
00:54:00É agroecológico.
00:54:03Para entender como funciona a produção do cacau agroecológico,
00:54:07é preciso entender a cabeça do agricultor que escolheu trabalhar com esse sistema.
00:54:13A Luciana e o Tomire são certificados pelo Ministério da Agricultura,
00:54:17que reconhece a sua propriedade como o quê, Tomire?
00:54:21Como orgânica.
00:54:22E onde é que entra essa história de agroecologia, Luciana?
00:54:26A agroecologia consiste em imitar a natureza.
00:54:30E nós fazemos exatamente isso.
00:54:32Nós imitamos o que de mais sublime a natureza tem a partir do nosso sistema agroflorestal.
00:54:40E nem todo produtor orgânico é agroecológico?
00:54:43Não.
00:54:43Basicamente, para ser agroecológico, você tem que ser autossustentável.
00:54:48Não depender de insumos externos.
00:54:50Você precisa produzir aquilo que você consome.
00:54:55A nossa dependência de insumos é zero.
00:54:58A nossa dependência é só com mão de obra.
00:55:03Tomires e Luciana chegaram por aqui em 2009 e fizeram uma transformação.
00:55:09Qual era a situação aqui da propriedade?
00:55:12Capim.
00:55:13Solo extremamente degradado.
00:55:15Não se produzia, não dava para cultivar do jeito que estava.
00:55:18Essa é a realidade, né?
00:55:20E aí o que vocês fizeram, Luciana?
00:55:22Substituímos o pasto pela agrofloresta com muita diversidade e riqueza de espécie.
00:55:29Nesse novo cenário, tem piquiá, copaíba, ingá, cupuaçu, açaí e o cacau, que chegou
00:55:43há oito anos e hoje ocupa cinco hectares.
00:55:47São quatro variedades diferentes.
00:55:50Tem mais arredondado, mais avermelhado, com a casca enrugada, outro de casca lisa.
00:55:57Se você provar um fruto desse individualmente, você vai ver que eles são diferentes.
00:56:01Tudo é cacau, mas a diversidade de sabor é enorme também.
00:56:04E aí na hora que junta tudo...
00:56:06Exatamente.
00:56:07Na hora que junta tudo, você tem um produto final de melhor qualidade, de um sabor único.
00:56:12E uma curiosidade, que na verdade é também uma estratégia, é que aqui eles não plantam
00:56:18cacau clonado.
00:56:21Exatamente.
00:56:21É de semente.
00:56:22É de semente.
00:56:22Por que, Tomires?
00:56:24Para preservar essa questão da variedade genética, né?
00:56:28Quem planta uma variedade só, ele corre um sério risco de ter um problema que vai expandir
00:56:34na sua lavoura toda, porque do ponto de vista genético são iguais quando é clone.
00:56:39Já aqui não.
00:56:40Ela vai chegar aqui nessa planta específica e vai terminar aqui, porque a outra já é um
00:56:46outro fator genético.
00:56:47Então, do ponto de vista do equilíbrio fitossanitário, isso é extremamente importante
00:56:51na lavoura.
00:56:54A nutrição das plantas vem da própria natureza.
00:56:59A poda para estimular a frutificação e a queda natural das folhas vão formando essa
00:57:05cobertura de matéria orgânica sobre o solo, que nunca fica descoberto.
00:57:10Tudo em equilíbrio.
00:57:12A única coisa que nós não temos aqui é praga.
00:57:15Nosso cacau, ele não tem, assim, nada que nos cause dano econômico, né?
00:57:20Porque praga é aquilo que causa dano econômico.
00:57:22Tem vassoura de bruxa?
00:57:24Tem.
00:57:24Tem formiga?
00:57:25Tem.
00:57:25Mas não nos causa um prejuízo.
00:57:27Ela está tudo assim, em harmonia.
00:57:31Quando aparece um problema, como nessa árvore, com sintomas de vassoura de bruxa, a pior doença
00:57:38do cacaueiro, Tomires corta o galho e tira da área.
00:57:43É por isso que eles precisam estar sempre de olho nas plantas.
00:57:48São 1.500 pés de cacau, mil já produtivos.
00:57:53E o sistema agroecológico tem se mostrado generoso.
00:57:57A nossa expectativa pra esse ano é acima da média pra esse tipo de manejo, né?
00:58:02A média pra esse tipo de manejo é meio quilo de amêndoa por árvore.
00:58:06E aqui vocês conseguem quanto?
00:58:08De 800 a 1 quilo de amêndoa por árvore.
00:58:10Qual é o milagre?
00:58:12O milagre é esse cuidado que a gente tem com o nosso sistema.
00:58:16Quando você trata bem a natureza, ela responde à altura, né?
00:58:19Repare que no mesmo pé há flores, frutos em formação e cacau pronto pra colheita.
00:58:30Sinal de que a safra por aqui é espaçada.
00:58:33Na realidade, até existe um pico de colheita, que vai aí do meados de junho até o fim de julho,
00:58:41mas aqui você colhe o ano inteiro.
00:58:43Exatamente.
00:58:44O manejo agroecológico, ele te dá essa possibilidade, né?
00:58:48Você vê, aqui não é um plantio de cacau.
00:58:51Ele tá no seu natural, né?
00:58:52Essa é a forma que ele produziria na floresta.
00:58:57Pra fazer chocolate de qualidade, a gente precisa colher frutos no seu estágio de maturação ótimo.
00:59:03Não podemos nem mais nem menos.
00:59:05Você vê que aqui, ó, desses três frutos, esses dois eu colho.
00:59:08Esse daqui já fica pra próxima.
00:59:10Os frutos colhidos vão permanecer no campo pra uma primeira etapa de pré-fermentação.
00:59:18Ocorre assim, com eles cobertos por folhas.
00:59:21Ele ainda fica cinco dias.
00:59:24Aqui os micro-organismos estão trabalhando nessa pré-fermentação.
00:59:29Passado esse período, o cacau é então cortado.
00:59:33As cascas ficam na própria lavoura, como adubo orgânico, e as amêndoas seguem seu curso até a secagem.
00:59:43O objetivo de todo cuidado é a produção de chocolate.
00:59:51Um sonho que a baiana Luciana acalentava desde a infância, quando já convivia com o cacau.
00:59:57Eu era criança na época, quando eu me mudei aos quatro anos para o sul da Bahia, e lá era o apogeu, a época do apogeu do cacau.
01:00:08Toda vez que eu consumia cacau, eu colocava minhas amêndoas dentro de um vidrinho e falava pra minha mãe que queria produzir chocolate.
01:00:16E aí virou realidade.
01:00:17Depois de 30 anos.
01:00:19Eu não deixei o sonho morrer.
01:00:21Com a fabricação do chocolate na propriedade, Luciana não calcula a produção em amêndoas, mas em barras.
01:00:31Por ano, eu faço 12 mil barras de chocolate.
01:00:34De 40 gramas.
01:00:3640 gramas.
01:00:39E o processo de produção do chocolate é lindo de ver.
01:00:43Vamos provar o que já encheu os olhos de muita gente aí, né? Nessa reportagem, né?
01:00:54O que que eu tenho que perceber nesse chocolate?
01:00:57Percentual de 70% é um percentual intenso.
01:01:01Nesse chocolate, você não vai sentir amargo.
01:01:04E o que vai, de fato, aparecer é o sabor do cacau.
01:01:08É verdade. Tem um sabor bem forte, mas ao mesmo tempo é suave.
01:01:17Pois é, a gente entende, César, que o agricultor familiar, ele precisa sair da produção de matéria-prima pra produção de produto final.
01:01:26O preço da amêndoa está muito bom para o produtor.
01:01:29Mas quando a gente agrega valor ao produto e transforma ele em chocolate, ele pula num valor agregado 10 vezes mais em referência ao preço atual da amêndoa.
01:01:41Hoje a nossa produção é autossustentável, do ponto de vista econômico também.
01:01:46A realidade superou o sonho de infância da Luciana.
01:01:50Cultivado e regado, ele vai dar frutos por muitos anos.
01:01:55A natureza nos dá mais do que a gente deixa.
01:01:59E aqui a gente tenta causar menos impacto possível na natureza exatamente por isso, porque ela tem muito pra oferecer.
01:02:07E a gente não pode se afastar disso.
01:02:09A natureza é parte da gente.
01:02:12O pessoal da agroecologia fala que tu tem que se transformar pra poder transformar.
01:02:16Eu quero ganhar dinheiro sim, mas eu não quero pisar em ninguém, eu não quero maltratar a natureza, eu quero viver com ela.
01:02:22O cultivo agroflorestal não traz de volta a biodiversidade da floresta intocada, mas é uma forma eficiente de convivência entre o homem e a natureza.
01:02:41Principalmente na Amazônia, esse bioma tão essencial pro planeta.
01:02:47E o Globo Rural de hoje termina aqui.
01:02:48Você pode rever essa edição sábado às seis da manhã.
01:02:52E um aviso importante, domingo que vem o nosso encontro é mais cedo, às sete e meia da manhã.
01:02:58Fique ligado, hein?
01:02:59Um ótimo dia.
01:03:00Bom domingo, até semana que vem.
01:03:02Transcrição e Legendas Pedro Negri
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